A
teia dos sonhos 2
No
início podemos ter começado com a perspectiva de um camundongo, que só consegue
enxergar as pequenas folhas de grama como uma floresta gigante a ser desbravada.
Com o tempo, chegamos a perceber tudo aquilo que nos cerca de uma outra
maneira, talvez como o cervo, cujo olhar atravessa o pasto e chega ao
horizonte, onde montanhas majestosas se elevam sobre colinas ondulantes.
Depois
de passar por experiências transformadoras, talvez alcancemos o direito de ver
o panorama como a águia, observando tudo o que se desenrola lá embaixo enquanto
plaina no alto. Todas essas perspectivas são naturais, e cada uma nos oferece
diferentes lições de vida. Quando conseguimos enxergar pela perspectiva da
águia, precisamos ao mesmo tempo manter o tipo de atenção que permite que o
camundongo veja todos os detalhes.
Cada ponto de vista é válido e necessário,
nenhum é maior ou menor do que os outros. Quando crescemos, aprendemos a incorporar
novos pontos de vista, sem abandonar nada do que aprendemos antes. Adotamos
novas visões da realidade, mais expandidas, com mais camadas, que nos oferecem
o benefício de inumeráveis novas oportunidades.
Até
começarmos os sete caminhos da iniciação, nossa percepção da realidade e do
panorama geral da Criação é necessariamente limitada.
Se a limitação é maior ou
menor, depende de quantas vezes nos fechamos desde que nascemos. Tendemos a nos
fechar em função de traumas, dor psicológica e emocional, abuso físico, ou
falta de um ambiente que nos alimente.
Estes eventos desagradáveis criam véus
de separação, que incluem o esquecimento e a negação. Estes véus de separação
escondem o espírito ou a energia que envolve todas as formas físicas,
deixando-nos apenas com a visão concreta daquilo que acreditamos ser real.
Se,
por acaso, pudéssemos ver a energia das palavras agressivas no momento em que
elas rompem nossos campos energéticos, e se
pudéssemos
observar a diminuição de nossa força vital quando o golpe verbal é recebido,
nunca mais iríamos gritar ou insultar outra pessoa.
Palavras ásperas ou cruéis,
dirigidas contra outra pessoa, criam a mesma destruição que uma arma produz ao
ser usada violentamente contra um corpo. Os sentimentos de dor e tristeza que experimentamos
quando outros nos tratam assim deveríam ser suficientes para nos ensinar, mas
muitos de nós não entendem esta simples verdade.
A necessidade humana de
vingança normalmente não é curada até o final do segundo ou terceiro caminhos
de iniciação. Antes disso, costumamos responder com uma reação impulsiva e
instintiva, e o ciclo vicioso recomeça novamente.
QUAIS
SERÃO OS BENEFÍCIOS SE EU EMPREENDER ESTA JORNADA?
As
metas fundamentais de todos os ritos de passagem, ou iniciações da vida humana,
são: (a) aprender a curar as dores e ressentimentos do passado; (b) não ter
medo do futuro; e (c) aprender a estar plenamente presente em todos os
momentos.
Ao trilhar com êxito os primeiros quatro caminhos de iniciação,
restauramos a sensibilidade que tínhamos na infância, que nos permitia
expandir nossa consciência e nossas percepções.
Nos últimos três caminhos,
vamos expandir a consciência universal e retirar as camadas de inconsciência
uma por uma, descobrindo a enormidade dos mundos dentro de mundos que existem
na natureza, no planeta e no universo.
Nós
acabamos entendendo, mais cedo ou mais tarde, que a vida é toda
inter-relacionada e interdependente. Nenhuma resposta existe fora de nós.
Contemos as respostas em nós porque estamos ligados a tudo através do enlace de
nossos caminhos individuais com os fios universais de energia da Teia dos
Sonhos.
Quando não mais carregarmos a consciência de sermos vítimas, ou seres
sozinhos no universo, aprenderemos a participar sem medo da Teia dos Sonhos.
Algumas das qualidades que desenvolvemos, quando dançamos o sonho, são a
capacidade para escolher um caminho,
concentrar
nossa atenção, seguir em frente com dedicação e comprometimento, tomar posse
da sabedoria encontrada na trama invisível da Teia dos Sonhos e utilizar esta
sabedoria.
Quando começarmos a caminhar assim em nossa vida cotidiana, percebemos
que já estamos dançando o sonho.
Meu
mestre Joaquin Muriel Espinosa expressou uma profunda compreensão da condição
humana ao me ensinar por que nos beneficiamos tanto com o desespero quanto com
a alegria. Ele dizia: “Quando a humanidade puder aprender a se regozijar na
alegria, não haverá mais necessidade para o desespero humano.
Da forma como é
hoje, o coração da humanidade raramente acolhe a coragem e a compaixão, a menos
que se veja aprisionado no conflito, na dor ou na tragédia pessoal. Um dia os
seres humanos darão total apoio uns aos outros e a si mesmos, mesmo sem a
presença da dor.”
Joaquin
me lembrou que as lições da vida são comuns a todos os caminhos humanos e são
experimentadas por todos nós, em qualquer sistema de crenças, tradição,
disciplina espiritual ou religião.
Em nossa tradição espiritual, a dos Videntes
do Sul, observamos que todos nós experimentamos dores afetivas, desejos,
sofrimentos, euforia e aflições, que fortalecem nossa resistência e nos fazem
buscar um melhor entendimento do que aconteceu.
Estes eventos que nos impelem
para a frente ocorrem em momentos diferentes para cada um de nós. As lições de
vida daí resultantes constituem os nossos próprios ritos de passagem, que
marcam o processo humano de amadurecimento. Estas passagens pela incerteza ou
pelo caos nos oferecem oportunidades inigualáveis para armazenar coragem e
força.
O mundo da dualidade disfarça esses eventos, fazendo parecer que o
desastre assolou a nossa vida, mas estas lições são verdadeiras bênçãos, porque
nos obrigam a fazer um esforço que vai além de nossas limitações auto-impostas.
Como
cada pessoa tem um Sagrado Ponto de Vista que é único, cada um de nós viverá as
lições dos sete caminhos à sua própria maneira. Do ponto de vista espiritual,
ou energético, todas as lições e todas as responsabilidades humanas são iguais.
Nenhuma pessoa pode medir a alegria ou a dor que outra experimenta, nem
comparar suas lições com as de outra pessoa. A necessidade, ou o desejo, de se
tomar mais consciente dos comportamentos e pensamentos que geram nossas
experiências de vida varia de pessoa para pessoa.
É
muito raro que um indivíduo complete as lições de vida de todos os sete
caminhos em uma única vida. Na verdade, até os tempos de hoje, a maioria das
pessoas nunca passou do terceiro caminho de iniciação, que é o caminho da cura.
Neste momento, quando o novo milênio se inicia, muitos novos portais se abrem
na consciência humana. Novos caminhos através da Teia dos Sonhos foram criados
por aqueles que tiveram a determinação e a boa vontade de explorar as
possibilidades desconhecidas da consciência, tornando estes caminhos seguros
para os que vieram depois.
Os viajantes anteriores podem ter se afundado em
poças de areia movediça, nos séculos passados, quando os caminhos estavam muito
pouco mapeados,
mas cada um de vocês que lê hoje este texto está recebendo um
mapa seguro da consciência e da evolução espiritual humana, que já vem com toda
a sinalização necessária, avisando onde estão os pântanos e os atoleiros, para
que você possa tomar suas próprias decisões, com total segurança.
Nosso
progresso pessoal é uma questão de livre-arbítrio. Até onde estamos dispostos a
ir para conseguir a compreensão depende, em última análise, de nosso desejo de
nos convertermos em exploradores.
Podemos nos ver como vítimas arremessadas
entre a felicidade e o desespero, ou podemos olhar mais fundo e começar a
assumir responsabilidade por nossos pensamentos, sentimentos e ações.
Quando
escolhemos mudar, e nos recusamos a seguir sendo vítimas, estamos escolhendo ver
a vida do ponto de vista da Águia. O poder da ligação pessoal com o Criador e
com a espiritualidade se encontra no indivíduo que está disposto a se
comprometer com os caminhos de iniciação da vida.
Quando reconhecemos que somos
seres espirituais, e que estamos dispostos a lutar nas trincheiras da
auto-suficiência humana, perseverando na integridade pessoal, escolhemos nos
testar, entrando nos caminhos da iniciação humana que conduzem à verdadeira
totalidade.
Todos
podem aprender a contatar a Teia dos Sonhos. Para perceber a trama de energia
que compõe o Manto de Cura, ou a realidade concreta, precisamos estar
conscientes de nossos pensamentos, idéias, opiniões e emoções.
Quando tomamos
consciência destes elementos não-físicos dentro de nós, ficamos maravilhados
com a forma pela qual nossos fios individuais dançam no universo e mudam com
cada pensamento que temos ou cada decisão que tomamos.
Ao perceber o padrão de
eventos que surge quando reconhecemos o intangível, nossos caminhos de repente
se abrem. Neste momento precisaremos ter a coragem de nos aventurarmos em
território não explorado, e ao mesmo tempo estranhamente familiar à nossa
natureza espiritual.
Algumas
pessoas contatam a Teia dos Sonhos ao dormir e sonhar, enquanto outras alcançam
as mesmas verdades com a meditação ou Tiyoweh, “entrar no silêncio”.
Outros
ainda encontram compreensão em disciplinas espirituais diversas ou em descobertas
pessoais. Qualquer que seja o método, o resultado final será sempre o mesmo.
Estamos evoluindo como uma espécie que sabe reconhecer e usar a energia em sua
forma não-física, e estamos aprendendo como a energia que enviamos pessoal
mente para o universo afeta a nossa própria experiência de vida.
Iniciamos
esta aventura procurando nosso caminho pessoal entre os padrões e desígnios
divinos da Criação. As iniciações se manifestam quando aplicamos estas verdades
à nossa vida física. Como usamos a sabedoria que encontramos constitui o
processo de iniciação humana.
A clareza de nossas intenções e a nitidez de
nossa percepção criam conscientemente os alicerces das realidades físicas
pessoais. Nossa maior ou menor eficácia em atingir o resultado desejado depende
da nossa disposição para seguir adiante.
Cada vez que alteramos o nosso Ponto
de Vista Sagrado a vida responde, e a realidade muda. As impressões
não-físicas, feitas por nossas escolhas mentais, emocionais e espirituais, são
os aspectos intangíveis que pavimentam nosso caminho.
Nós criamos e ordenamos
os padrões de ação que empregamos em nossa vida. Nossas experiências
cotidianas e nossas interações com os outros se entrelaçam, criando o tecido de
nossas vidas, o Manto de Cura metafórico que constitui a nossa realidade
concreta.
Quando
nos recusamos a prestar atenção aos sinais sutis que informam a necessidade de
uma mudança em nossas vidas, quatro grandes passagens pelo caos e pelo
desespero interiores forçarão nossa vida a mudar dramaticamente.
A frase dos
Videntes do Sul, “A Noite Negra do Espírito”, pode ser traduzida como “Noites
Escuras da Alma”. A vida humana proporciona a experiência destas quatro
passagens através da escuridão, nos níveis espiritual, emocional, psicológico e
físico.
Nestes períodos, achamos que a luz na janela, que representa a
segurança do lar, se apagou, e parece não haver saída. Imaginamos haver perdido
nossa conexão com o Grande Mistério, Deus, o Criador. Temos a sensação de
estarmos abandonados e sozinhos, achamos que ninguém compreende o que estamos
passando e que forças ocultas trabalham contra nós.
A maioria das pessoas
reconhece estas características porque já passaram por algumas Noites Escuras,
em momentos de dor, incerteza ou perda.
Na
tradição nativa americana, consideramos as Noites Escuras da Alma como ritos de
passagem, iniciações que nos fazem reagir de formas que irão inevitavelmente
temperar e fortalecer a natureza guerreira que é parte de nosso espírito.
Qualquer homem, mulher ou criança da Terra traz esta bravura dentro de si, e
conquista a vitória sobre a Noite Escura da Alma simplesmente por haver
sobrevivido, sabendo que fez o melhor que pôde naquelas determinadas circunstâncias.
Aceitar estes duros ritos de passagem nos toma bravos, corajosos, e nos faz
reconhecer a natureza guerreira de nossa essência espiritual. O espírito humano
desperto trilha com graciosa firmeza os caminhos da transformação, esperando
sempre que conectemos a essência do poder que existe em nosso guerreiro
interior.
Se agimos a partir de nossa natureza guerreira, enfrentando
o
que está diante de nós, em vez de nos fecharmos nos momentos difíceis, não
precisaremos repetir as difíceis lições quando somos obrigados a encarar
questões desagradáveis.
Só então começamos a compreender a força oculta
de
nosso Poder de Cura pessoal.
Se
continuarmos a negar o que acontece, recusando-nos a assumir responsabilidade
diante destas situações, a Noite Escura da Alma continua, como uma
montanha-russa, durante anos em nossas vidas. Por exemplo, as compulsões e os
vícios podem destruir certas vidas e criar uma Noite Escura para famílias
inteiras.
Doenças longas são outro exemplo, em que tanto o doente quanto
aqueles que cuidam dele são afetados. A perda de um lar por incêndio ou
desastre afeta a todos que ali viviam. Se as pessoas não tiverem meios de
reconstruir, podem desistir, adicionando mais uma família à massa enorme dos
desabrigados.
O caos pode se abater em nossas vidas de inúmeras formas;
dependendo de nossa atitude, podemos escolher apanhar os pedaços que restam e
começar de novo, ou desistir. Cada decisão que tomamos coloca em movimento um
novo curso de ação, refazendo a trama de nossas vidas e de alguma forma
influenciando os acontecimentos futuros.
É
muito difícil separar as quatro Noites Escuras da Alma. Como a natureza física,
psicológica, emocional e espiritual são profundamente interligadas, muitas
vezes não conseguimos identificar o tipo de Noite Escura que estamos
atravessando.
Algumas pessoas passam pela Noite Escurada Alma mental ou
psicológica durante os anos de adolescência, ou em torno dos vinte anos, quando
estão tentando adotar idéias próprias e formar uma identidade, descobrir quem
são, onde se encaixam, e como podem ser amadas ou admiradas por seus iguais.
Existem muitas lições duras a serem aprendidas quando os jovens tentam, pelo
método da tentativa e erro, descobrir o que funciona e o que não funciona para
eles. As consequências de um comportamento imprudente podem ser fatais no mundo
de hoje.
Para outros, que parecem deslizar suavemente pelos anos dourados da
juventude, a Noite Escura psicológica pode chegar no meio da vida, quando
compreendem que a alegria que esperavam sentir pela vida inteira não está mais
presente naquele momento.
Algumas pessoas de meia-idade não conseguiram alcançar
um senso de identidade, porque seguiram um plano baseado no que achavam que os
outros esperavam delas. Por isso, caem mais tarde em um abismo de desesperança
e depressão.
As
Noites Escuras da Alma sempre chegam para nos ensinar, em última instância, a
abandonar a covardia. Parafraseando Cormac McCarthy, autor de All the Pretty
Horses: O covarde é o primeiro a abandonar a si mesmo, e deste ponto de
covardia em diante, todas as outras traições se tomam mais fáceis.
Qualquer
pessoa que já atravessou com sucesso uma Noite Escura da Alma desenvolveu a
capacidade de resistir, de encontrar força interior, de aprender com seus erros
e se responsabilizar por eles, de recolher os pedaços e seguir em frente,
tornando-se, assim, uma pessoa melhor.
Quando reconhecemos quanta coragem é
necessária para enfrentar a jornada humana, passamos a ver as coisas por outro
ângulo. É um ato de coragem viver neste mundo, neste tempo, por isso devemos
honrar a nós mesmos, reconhecendo o valor inerente a um ser humano que não
abandona sua integridade em seu propósito de existência.
Uma
Noite Escura emocional pode surgir com a morte de um ser amado, ou por um
casamento que acaba, uma traição, um sofrimento por um filho com problemas, ou,
ainda, por uma diversidade de outras situações. A profunda dor, ou o
entorpecimento, que acompanham esta Noite Escura emocional podem levar até
anos para cicatrizar.
As perdas emocionais costumam abalar o âmago de nosso ser
e aparentemente nos tiram a vontade de prosseguir. É durante esta Noite Escura
que aprendemos o valor da capacidade de resistência, e como podemos nos curar
retirando força da bondade oferecida pelos outros, e também através do apoioencontrado na fé.
Esta Noite Escura pode nos ensinar a redescobrir a
esperança e abandonar nossa dor pessoal. Podemos também aprender a reconhecer
os pontos onde negamos nossos sentimentos ou nos tornamos vítimas das emoções.
Aprendemos a confiar no fato de que a cada dia estamos ficando mais fortes.
Por
fim, descobrimos que todas as pessoas que sofreram infortúnios, e sobreviveram,
desenvolvem uma coragem e uma força interior que aquelas que nunca sofreram
ainda não possuem.
A
Noite Escura física é um rito de passagem que nos impede de achar que a
saúde é algo garantido. Este chamado para despertar assume diferentes formas
para diferentes pessoas. Quando um
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médico
nos diz que temos uma irregularidade ou um problema de saúde, normalmente
estamos colhendo o resultado de não dar atenção às necessidades do corpo.
Podemos ignorara advertência ou começar a honrar nossa saúde, mudando os
hábitos que afetam negativamente nosso bem-estar físico. A doença pode nos
forçar a prestar atenção a tudo aquilo que fazemos que contraria as necessidades
básicas de nossos corpos físicos.
Entretanto,
se uma queda ou um acidente de cano causar perda de saúde ou de liberdade
física, temos um outro tipo de obstáculo, que nos ensina a ter mais
determinação pessoal e a como usar nossas habilidades para vencer a
adversidade.
Os resultados dos esforços variam de pessoa a pessoa, mas o
próprio processo de atravessar a situação já constitui em si mesmo a própria
iniciação. Podemos escolher desistir ou então usar nossa vida para inspirar
outras pessoas. Podemos escolher lutar por nosso lugar na vida e pela
recuperação de nossa alegria, ou podemos afundai'nas dificuldades que estamos enfrentando,
até estarmos prontos para usar o livre- arbítrio e nos prepararmos para a
mudança.
As
Noites Escuras físicas podem nos ensinar a ser solidário com os outros.
Aprendemos também as lições inigualáveis da paciência e da resistência, ao
enfrentar o nosso medo da perda e nossa dor. Aprendemos a lidar com o
sacrifício pessoal e como cuidar dos outros. Aprendemos uma variedade de lições
que podem moldar nosso caráter de forma positiva, mas que também podem permitir
que esta experiência seja mais uma desculpa para a fraqueza.
As
Noites Escuras espirituais ocorrem quando colocamos nossa fé na pessoa errada,
em vez de no Criador. Por exemplo, um líder espiritual, que é feito de carne e
osso, cai do pedestal que criamos quando lhe damos um papel grande demais em
nossa vida.
Será que por isso devemos jogar fora toda e qualquer confiança,
abandonando a fé em tudo o que um dia já consideramos sagrado?
Ou aceitaremos
este rito de passagem como uma oportunidade para crescer? Em tais casos, temos
a oportunidade de ver que não soubemos enxergar a fonte espiritual autêntica,
ao colocá-la em mãos humanas em vez de confiai' no Grande Mistério, ou Deus.
Esperar que qualquer ser humano seja perfeito, ou semelhante a um deus, costuma
ser um caminho enganoso. Porém quando confiamos em nossa conexão pessoal com o
Criador, o Grande Mistério, Deus, obtemos acesso à fonte autêntica de força
vital e de bem-estar espiritual.
Grandes
perdas, como a morte de entes queridos, podem destruir nossa felicidade e dar
início a uma Noite Escura Espiritual da Alma. Ao não conseguir entender como um
Criador amoroso podería “deixar isso acontecer”, acabamos sentindo raiva de
Deus
. Muitas vezes culpamos Deus pelas perdas em nossa vida, forçando a
destruição dos antigos alicerces de fé e confiança. É preciso ter muita coragem
para aceitar o fato de que nossas experiências são algo que não entendemos, no
momento em que estão acontecendo, e que existe um plano divino, que pode ou não
ser revelado.
O tempo muda nossa perspectiva e a vida continua, mas a
possibilidade de adquirirmos fé e confiança, depende da nossa capacidade de
parar de culpar os outros, a Deus, a vida, ou a nós mesmos. Novamente, a
escolha é nossa.
Permanecer
ligado a uma fé pessoal é um outro tipo de escolha que enfrentamos ao atravessar
uma Noite Escura da Alma. A chave para abrir nossas portas emperradas durante
nossa passagem está na oração e no pedido de orientação. A resposta não virá
necessariamente sob a forma de uma visão ofuscante ou de uma presença
angelical.
Revelações pessoais podem surgir na forma de um sussurro do coração,
um pensamento passageiro, ou um sentimento suave que podemos ignorar se
quisermos, mas a orientação ou a inspiração espiritual estará lá se pedirmos
ajuda e permanecermos abertos para ela.
A sincronia de eventos, como uma
palavra de bondade vinda de uma pessoa estranha, ou a mão amiga que nos toca
com compaixão, podem mudar nossas vidas. Talvez nossas respostas estejam em
observar como uma outra pessoa sobreviveu a um acontecimento trágico.
Tudo o
que experimentamos na vida pode vir a ser uma iniciação, e cada opinião que
temos sobre como iremos sobreviver e crescer pode apoiar o nosso processo, ou
então inibi-lo.
Postado por Dharmadhannya
Primeira parte.
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