E quando o espelho vira
o seu pior inimigo?!
Saiba mais sobre o
transtorno de imagem sofrido por DG, ex-repórter , que a faz se sentir gorda e
ter vergonha do próprio corpo.
Ana Bardella
"Eu odeio o meu
corpo”, “detesto sair em fotos”, “eu me sinto gorda”. Essas são apenas algumas
das frases ditas por DG. ex-repórter , em seu primeiro vídeo para o
YouTube.
Ela decidiu sair da emissora para se dedicar à
criação do canal EuVejo, no qual fala sobre problemas alimentares e um
transtorno com o qual tem sofrido desde a infância: a dismorfia corporal.
Ouvir uma confissão forte como essa vinda de
uma moça que é tão elogiada por sua beleza pode parecer estranho. Mas a verdade
é que Daiana vem sofrendo, e muito, com a maneira como lida com sua própria
imagem.
O que é a dismorfia
corporal?
“A doença está
relacionada a uma compulsão por falhas que a pessoa enxerga em si mesma, mas
que geralmente os outros não veem”, diz Elaine Lopes, psicóloga especialista em
transtornos alimentares e obesidade, de Santos. Ou seja, quem tem o transtorno,cisma
com algo em seu corpo que acha feio e começa a dar proporções gigantescas para
o suposto defeito.
Pode ser o formato da orelha, um nariz muito
grande, uma cicatriz... Ou, como no caso de Daiana, uma distorção relacionada
ao peso, já que ela se vê maior do que é. Pode começar na infância, mas
geralmente se inicia na adolescência. Essa preocupação com a “falha” causa
sofrimento e pode afetar o dia a dia.
DG, por exemplo, relata que às vezes sente
dificuldade de sair de casa pra trabalhar,
que prefere roupas
pretas (porque tem a sensação de que a deixam mais magra) e que não usa
alcinha, por achar que seu braço é grande demais.
“Isso compromete a vida social. A pessoa pode
deixar de ir a restaurantes com amigos, por exemplo, por achar que não pode comer
tanto quanto eles. Nos casos mais graves, pode até acarretar em algum tipo de
depressão”, completa.
Os transtornos
alimentares
Além dos problemas já
citados, a doença também pode ser o estopim para o desenvolvimento de
transtornos alimentares, como
anorexia e bulimia.
Quando alguém se vê maior do que realmente é, tende a querer emagrecer, nem que
seja a qualquer custo.
“No caso da anorexia, o
caminho encontrado para isso é diminuindo drasticamente a quantidade de comida
ingerida, ou até parando de comer por um tempo”, diz a especialista. Isso pode
trazer graves consequências para o organismo, como anemia e até insuficiência
cardíaca. Já no caso da bulimia, a forma encontrada para perder peso é
“compensando” a ingestão de comida.
“A culpa que a pessoa sente
por comer é tão grande que ela pode chegar ao ponto até de provocar o vômito
constantemente, ingerir
laxantes para eliminar
o que está dentro do organismo ou até fazer exercícios físicos em excesso, tudo
para tentar se livrar das calorias”, completa a psicóloga.
Tudo tem uma causa
É impossível dizer com
precisão por que cada pessoa dá um significado diferente para as coisas que
acontecem em sua vida. “Crianças que foram muito cobradas na infância podem se
tornar exigentes demais com a própria aparência quando adultas, por exemplo”,
esclarece Elaine.
Mas um fator muito importante para explicar
por que esses transtornos têm aparecido com cada vez mais frequência nos
consultórios médicos são os chamados “padrões de beleza”.
Como a própria DG diz
em um de seus vídeos: “Alguém colocou na nossa cabeça que nós temos que ser
magras”. Isso ocorre porque na nossa cultura ser bonita ou bonito está
associado à ideia de ser magro. O caminho para escapar dessa noia é aceitando o próprio corpo do
jeitinho que ele é.
Passo a passo do
tratamento
Até chegar à sala do
psicólogo, o caminho é longo. Muitas vezes, a pessoa busca amenizar o defeito
que enxerga em si mesma antes de entender – ou aceitar – que tem um transtorno.
“É comum que se recorra a várias cirurgias
plásticas para mudar algo que, em situações normais, não seriam necessárias.
A própria DG declarou
que já fez três lipoaspirações”, explica o médio, cirurgião plástico de São
Paulo. No entanto, depois de receber o diagnóstico, o tratamento é feito com
terapia e medicamentos receitados por um psiquiatra.
O melhor de tudo é que
existe cura: a pessoa pode mudar completamente a perspectiva que tem
sobre sua própria
imagem e ser feliz novamente.
Revista AnaMaria.
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