A Deusa interior - O Mundo das Ideias - Pitágoras
Humberto Hoden
Pitágoras é
conhecido na ciência como grande matemático e geómetra.
Para Pitágoras, o
universo inteiro, material e imaterial, baseado na “harmonia dos números”. Os
“pares” (2, 4, 6, 8) e os “ímpares” (1, 3, 5, 7, 9) não passam de símbolos
externos de um simbolizado interno;
são, em última análise, os fenômenos efêmeros
do eterno Númeno; rios e arroios desse oceano imenso do qual derivam
inicialmente todas as coisas e para o qual voltam finalmente. Os “pares”
representam os “positivos”, os “ímpares” os “negativos”. Aqueles são no mundo
universal o que o masculino é no plano orgânico, ao passo que estes correspondem
ao elemento feminino.
No centro do
alvejante santuário, em forma circular, rodeado de uma colunata de mármore, que
Pitágoras mandara construir no alto da colina, erguia-se a estátua de Héstia (a
Vesta dos romanos), a divindade do fogo sagrado; o rosto coberto por um véu, com
a mão direita apontando o céu, berço da
luz, e com a mão esquerda voltada para a terra, como que a dizer:
das celestes
alturas dimana a luz que as baixadas terrestres acolhem e refletem em forma de
vida, beleza e felicidade.
Héstia simbolizava
o princípio eterno de todas as coisas, o imenso oceano de luz e calor, a fonte
das energias vitalizantes, a Causa-Prima, o Universal, o Eterno, o Todo, o
Infinito, do qual todos os finitos são outras tantas
manifestações.
Dispostas em vasto
círculo, com o rosto voltado para Réstia, rodeavam a figura central as estátuas
brancas das nove Musas — Urânia, Polyhymnia, Melpômene, Callíope, Clio, Euterpe,
Terpsíchore, Erato e Thália — quer dizer, os principais atributos da luz eterna,
revelados nas ciências e artes da humanidade e nas maravilhas da
natureza.
Héstia simbolizava
o grande ‘UM”, o “Infinito” ( ) ao passo que as nove estatuas em derredor
personificavam os pequenos “muitos” 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 A
Potência cósmica do eterno “Um” atualiza se constantemente na estupenda
multiplicidade de fenômenos vários, idéia essa misteriosamente indicada por
essas nove figuras em circulo homenageando o fogo
central.
A Unidade na Multiplicidade Deus e UM na sua
essência, porem muitos nas suas aparências, simples em seu SER invisível, complexo em seu agir
visível.
Para Pitágoras, o
grande “UM” (que não se deve confundir com o número 1) é assexual, pré-masculino
e pré-feminino; é o tronco geral que precede a bifurcação dos sexos . Deus é
neutro, não por falta de fecundidade masculino- feminina, mas por abundância e
plenitude dessas potências sexuais.
Nele não existe a
polaridade ou tensão que vigora entre o ele e o ela, própria do mundo do
dualismo fenomenal - Deus não é antítese, como não é síntese tão pouco — ele é a
grande TESE, da qual nascem todas as antíteses e na qual culminam todas as
sínteses.
Ele está
antes de todos os princípios e depois de todos os fins. Não é nenhum dos
muitos elos da longa cadeia fenomenal, nem
é a soma total desses elos, mas é aquilo que sustenta a cadeia toda e no qual
todos os elos convergem.
O seguinte diagrama
ilustra, mais ou menos, essa idéia:
As nove categorias de finitos, pares e ímpares (polaridade) irradiadas pelo Infinito,
com o qual formam um Todo harmônico e
inseparável.
“Essas Musas — escreve Pitágoras — não são
senão as imagens terrestres das potências divinas, cuja beleza imaterial e
sublime pode cada homem contemplar em si
mesmo.
Do mesmo modo que elas estão com os olhos
fitos no fogo de Héstia, que as produziu e lhes dá movimento, ritmo e melodia —
assim deve todo homem submergir no fogo central do universo, no espírito divino;
e com ele permeiar todas as manifestações visíveis da sua
vida.”
Em seguida, num
como gesto de sublime audácia, apaga Pitágoras ante os olhos de seus discípulos
todas as belezas criadas e arrebata-os, com a irresistível magia da sua palavra
e da sua personalidade, à presença do Ser incriado.
Daí, os faz
regressar ao plano da vida terrestre, aureolados de um halo permanente, que, daí
por diante, ilumina os caminhos da sua peregrinação e os torna profundamente
felizes no meio de todas as infelicidades em
derredor.
Pode-se dizer que
Pitágoras foi o primeiro gênio do pensamento ocidental que realizou em si
perfeita harmonia, o sereno e espontâneo intercâmbio e interlúdio de alma, mente
e corpo, arquitetando a suprema maravilha do homem em toda a sua plenitude,
forças e formosura.
Conseguiu estabelecer o equilíbrio dinâmico entre
o homem-alma, o homem-mente e o homem-corpo, sem sacrificar os interesses de um
setor em prol de outro. Não foi um espiritualista nefelibata, nem um austero
asceta, muito menos um grosseiro
materialista — foi o tipo do homem genuíno e integral. E o que êle era em si
mesmo, criava em tôrno de si, entre os que o podiam
compreender.
Pitágoras insiste
em que ninguém pode conhecer a divindade sem ser o que ela é. A lei do conhecer
é a lei do ser. A completa identificação com o Infinito no plano do ser é que
faculta ao homem a possibilidade de ter verdadeiro conhecimento do Infinito. Só
se sabe aquilo que se é. O ser é a chave para o
saber.
Como a flor de
lótus nasce nas escuras e lamacentas profundezas do lago, e daí se ergue, em
delgada haste, através das águas, rumo às alturas, até atingir a luminosa
superfície e desdobrar as suas imaculadas pétalas aos beijos solares — assim
principia o homem a sua jornada ascensional por entre as trevas da ignorância; e
impelido pela intrínseca divindade de sua alma, dessa alma ainda dormente, ou
semi-dormente, demanda as alturas, através das zonas crepusculares da
consciência em vários graus, até, finalmente, atingir a luz meridiana da
pleni-consciência de si mesmo e do Deus
imanente.
Entretanto, por mais que a flor suba, não se
desprende do fundo do lago; une as alturas celestes com as profundidades
terrestres, o meio-dia com a meia-noite — da mesma forma não deve o homem
espiritual deixar de ser desta terra; deve interessar-se por todos os
departamentos correspondentes à sua tríplice natureza; deve viver intensamente
no vasto cosmos espiritual da alma, no imenso oceano intelectual da mente e no
mundo multicor e multiforme do corpo material
.
este texto está liberado para divulgação desde que seja citada a Fonte:
http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/2013/09/a-deusa-interior-o-mundo-das-ideias.htmlPesquisado por Dharmadhannyael
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