Nosso coração sabe - chakra cardíaco
Nas profundezas do nosso ser, no âmago do nosso centro do
coração, há um lugar protegido e seguro. É aí que a consciência crística é
mantida dentro de nós, o coração é a vida de contato com a Alma, com
a Divina Presença. Todos temos
esse espaço, que independe da religião ou da espiritualidade. Esse lugar
simplesmente existe.
Quando agimos a partir desse espaço, nada nem ninguém pode
nos aborrecer ou nos magoar, pois nos ligamos com a energia Universal do amor
incondicional.
Como abrir o centro do coração
A cor do chakra do coração é verde-claro brilhante, o elo
entre o amarelo do plexo solar e o azul do centro da garganta. O núcleo do
coração é cor-de-rosa.
Aprendi sobre as maravilhas do cor-de-rosa — a cor e a
energia — de um estranho modo, no início da minha carreira. Eu vivia numa
casinha pintada de cor-de-rosa por fora e cor-de-rosa pálido por dentro.
Na minha sala de estar, eu tinha cortinas rosa e, à noite,
uma lâmpada rosa iluminava as cortinas e irradiava a mais bela luz de paz. Mas
eu trabalhava em outro cômodo.
Uma de minhas clientes, além de ser agente de cura, era uma
senhora muito religiosa, mas eu sentia que havia um bloqueio no seu chakra do
coração.
Orientei-a para examinar a questão e ela viu sombras e
detritos ali, que eliminou. Eu estava para pedir-lhe que abrisse os olhos
quando aconteceu algo extraordinário: de súbito, vi raios de luz — de um
rosa-escuro intenso — a cor exata da luz nas cortinas da sala de estar —
começarem a fluir do seu coração. Eram tão brilhantes que a cor iluminou toda a
sala.
Levantei-me e fui até a janela verificar se não havia
alguém lá fora dirigindo um forte refletor de luz rosa para dentro da sala e,
por meio de algum truque, fazendo parecer que os raios vinham do interior da
minha cliente!
Quando voltei a me sentar, os raios estavam saindo com
intensidade ainda maior do seu centro do coração, e dedos de luz começaram a se
estender pela sala como se fossem os tentáculos de uma anêmona do mar.
Não sei por quanto tempo contemplei essa incrível visão;
mas quando minha cliente abriu os olhos, eu lhe falei sobre o que vira com
certa excitação. Ela não tinha percebido coisa alguma, mas se sentia muito tranquila
com relação ao problema que estávamos resolvendo. A qualidade da bela energia
que dela fluíra servira para comprovar o bem- estar que sentia.
Quando estamos totalmente concentrados no nosso centro do
coração, sentimos tamanha segurança que não há nada que nos possa abalar ou
assustar. A partir desse espaço, estamos receptivos à nossa orientação
superior.
Rose me telefonou pedindo uma consulta urgente. Ela estava
tendo um ataque de pânico e seu corpo estava coberto por uma dermatite de
origem nervosa.
“Julguei que estava indo bem, mas de repente e senti
perdida e muito assustada”, disse ela. Durante sua infância, vários membros de
sua família faleceram. Ela sabia que estava recebendo lições de desapego nesta
vida, mas vivia apavorada com a possibilidade de perder o marido ou os filhos e
esse medo a estava atormentando.
Há muito tempo Rose queria mudar para uma casa maior e agora eles
finalmente podiam arcar com os custos. Sua casa estava à venda, mas de repente,
ela começara a sentir uma grande insegurança. “Tudo o que quero na vida é um
lar feliz e seguro”, ela reiterava sem parar.
Como Rose estava muito abalada, recordei-a de que a
segurança está dentro de nós e de que todos temos no fundo do centro do coração
um santuário em que podemos encontrar paz. É a partir desse santuário que
podemos enfrentar nossos medos e ver sua natureza ilusória.
Uma maneira de chegar a esse porto seguro que existe no
nosso íntimo consiste em visualizar dentro de nós um santuário que podemos
visitar sempre que precisarmos de paz interior ou de respostas para os nossos
problemas.
Perguntei a Rose onde ela se sentia segura e ela me disse
que precisava ir para uma pequena sala de estar com um carpete grosso, um sofá
e uma lareira. Ajudei-a a relaxar e chegar a um estado receptivo e dei-lhe
tempo para criar essa sala de estar.
Quando pôde senti-la
com clareza, Rose imaginou-se andando pela sala sobre o veludo macio do
carpete, sentindo a textura do papel de parede e tocando a pedra fria da
lareira.
Depois, ouviu o
tique-taque do relógio do avô no canto e o crepitar das chamas na lareira. Por
fim, sentiu o cheiro da cera da mobília e das pinhas ardendo na lareira, bem
como a fragrância das flores que estavam num vaso sobre uma mesinha.
A essa altura, ela já se sentia bem relaxada e segura. Rose
sabia que nenhum medo poderia influenciá-la enquanto estivesse nesse lugar
seguro.
Então, sugeri-lhe que um dos seus grandes medos era que
alguém batesse à porta, e que chegara o momento de enfrentá-lo. Ela abriu a
porta e viu a Morte parada ali. Sua forma era a de um esqueleto.
“O que você está fazendo aqui?”, perguntou ela.
Eu lhe perguntei o que a Morte respondera e Rose disse:
“Ela está falando ‘Vim aqui lembrá-la de que a morte não passa de uma
transição. Lembre-se de que a morte da lagarta representa a vida da
borboleta’.” Rose agradeceu à mensageira e relaxou visivelmente.
“Não tenho mais medo de você, Morte”, disse ela, num tom de
voz surpreendentemente claro e firme. Ela viu o esqueleto desaparecer e sentiu
seu medo dissolver-se. Fechando a porta, ela sentiu outra vez a paz e a
tranqüilidade do seu santuário interior.
Da próxima vez que o medo bateu à porta, Rose a abriu para várias
criaturas esguias e acinzentadas semelhantes a fantasmas.
“Somos a solidão”,
disseram-lhe.
“O que querem de mim?”
“Amor. Ame-nos, por favor.”
De súbito, ela viu que as criaturas representavam todas as
pessoas de seu conhecimento que queriam ser amadas! Tudo o que eia precisava
fazer era abrir o coração para que todas entrassem. Depois disso, ela nunca
mais voltaria a estar sozinha.
Rose começou a rir ruidosamente. “Elas se transformaram em
pessoas”, disse ela em meio ao riso, com todo o corpo se sacudindo diante
daquele riso interminável.
A mente precisa de dar “nomes aos bois”, de dar um
significado para a emoção, uma imagem que venha substituir o significado da
imagem que nos aterroriza.
Observei o medo
sendo eliminado dela. Quando ela parou de rir, tinha um sorriso no rosto.
“Quero convidá-las a entrar”, disse. “Não preciso voltar a sentir solidão.”
Quando Rose abriu os olhos, o medo se fora.
O medo é um criado que traz
uma mensagem. Ele não tem poder sobre nós. O mensageiro não tem poder; potente
é o conteúdo da mensagem.
Todos podem criar para si esse santuário interior. Sua
localização não importa. Podemos imaginar uma sala, uma pradaria ou um lugar à
beira-mar. Podemos ir para onde quisermos. O único aspecto importante é que
criemos um lugar onde nos sintamos em paz e em segurança.
No nosso porto seguro de
paz, temos todo o poder de que precisamos. Quando examinamos o medo dessa
perspectiva, compreendemos que ele não passa de uma ilusão.
A orientação da natureza
Não é por acaso que o verde, a cor da natureza, é a cor
associada ao centro do coração.
O amor incondicional não faz julgamentos. A natureza não
faz julgamentos. Por isso, quando estamos em meio à natureza sentimo-nos
seguros. Quando relaxamos nessa segurança, pomos ouvir mais prontamente as
inspirações do nosso Eu Superior.
Quando precisamos de orientação, podemos fazer nossa
pergunta e mergulhar na natureza, tendo a certeza de que a resposta nos será
dada de alguma forma.
Quando dirijo seminários, às vezes peço aos participantes
que formulem uma pergunta que querem ver respondida. Então, sugiro que se
imaginem passeando em meio à natureza e procurem a resposta, sabendo que ela
lhes será dada de alguma maneira.
Certa senhora não se sentia realizada nem valorizada no seu
casamento. Durante anos ela ansiara por deixar o parceiro, mas temera o impacto
que essa decisão teria sobre os filhos. Ela fez a pergunta: “Devo deixá-lo?”
Ela se viu
caminhando sozinha por uma aléia na qual viu um azevim. Um lado da árvore
estava enegrecido e seco, enquanto o outro estava vivo e cheio de frutos.
Enquanto observava isso, ela viu um esquilo com um filhote na boca.
O esquilo parou na
sua frente como se quisesse chamar a atenção para o que fazia. Ela viu que o
animal trazia um filhote na boca e que estava mudando os filhotes de toca. Ela
percebeu que eles estariam seguros na nova toca. A natureza estava juntando
suas forças para dar uma resposta à sua pergunta.
Um homem que não ia para a frente em seus empreendimentos
perguntou até que ponto chegaria com seu negócio atual. Ele sentiu que tudo ia
bem mas duvidava do seu próprio êxito levando em conta suas experiências
anteriores.
Ele começou a andar por um caminho cheio de vegetação
rasteira
e de espinheiros. Quando estava decidindo voltar, saiu numa
clareira
que dava para a areia e para o mar. O mar encontrava o céu
azul e não
havia obstáculos.
Ocorreram-lhe as
palavras: “Não há obstáculos; o céu é o limite.” Voltando para casa, ele se
dedicou de corpo e alma aos seus novos negócios.
O amor incondicional
Quando amamos tanto alguém que formamos com essa pessoa uma
unidade, nós o curamos automaticamente. A unicidade é um estado de Graça. Dura
apenas um momento, e não é determinada pela nossa vontade. A pessoa pode ser um
estranho ou um ente querido.
Nesse estado de
Amor, estamos tão sintonizados com o nosso Eu Divino que elevamos a consciência
do outro a Deus, e os milagres acontecem. Não temos de esperar que uma força
Divina exterior a nós venha nos conceder a Graça. Quando sentimos um amor
incondicional, esse sentimento toca o centro do coração da outra pessoa e
acende a centelha Divina que nele existe.
A lição do centro do coração é o amor incondicional. Isso
significa aceitar a pessoa exatamente como ela é. Trata-se da mais elevada
lição de relacionamento e implica um total desapego.
O amor incondicional
se traduz em aceitar que aquilo que o outro escolhe fazer em sua senda de
aprendizagem não pode nos magoar nem nos diminuir de maneira alguma.
Certa vez fiquei num ashram na Índia. Ali eu me sentia
muito amorosa e espiritualmente sintonizada. Quando pedimos uma lição, nós a
recebemos, e eu me atrevi a pedir a lição do Amor Incondicional.
Naquela noite, vi-me dormindo numa tenda com 300 mulheres,
e juro que 299 roncavam. Enquanto tentava dormir em meio ao ruído, virando-me
na cama e com as mãos tapando os ouvidos, percebi o quanto eu estava longe de
amar incondicionalmente.
Algumas pessoas se envolvem em relacionamentos difíceis a
fim de aprender essa forma elevada de amor. Quando alguém é doce e carinhoso
conosco, não estamos passando por um teste.
Se somos seres
evoluídos e os pais, a família ou as condições de vida que escolhemos são muito
cruéis ou exigem muito de nós, estamos dando a nós mesmos oportunidades de
abrir nosso centro do coração.
A mãe de Helen era maníaco-depressiva. Ao longo de sua
infância, Helen conviveu com uma pessoa irresponsável, irracional, incoerente e
exigente, que muitas vezes a rejeitava. A criança nunca sabia o que esperar da
mãe e cedo tomou a decisão de ser independente e de jamais confiar em pessoa
alguma. Ela fechou com firmeza o centro do seu coração à mãe.
Na casa dos cinqüenta anos, Helen era uma pessoa afetuosa e
sábia que se tornara uma incrível mestre espiritual. Apesar de sua percepção,
ela achava difícil abrir o coração à velha mãe complicada e exigente que estava
prestes a fazer oitenta anos.
Um dia, na meditação, Helen conscientizou-se de fato de que
a mãe era alma muito bela e evoluída que se oferecera para vir a esta vida com
problemas mentais com o objetivo específico de proporcionar à filha o difícil
teste de que esta precisava. Ela se propôs a ter uma existência solitária e
cheia de temores para oferecer a Helen a oportunidade de passar no Plano
Terreno por uma lição de amor incondicional.
Depois dessa compreensão profunda, Helen passou a efetuar
em si pequenas mudanças que lhe abriram o centro do coração.
É muito frequente descobrirmos que o nosso pior inimigo no
plano pessoal é o nosso maior amigo no nível espiritual e que ele pode até ter
saído voluntariamente do seu caminho com o objetivo especial de nos ajudar a
aprender uma lição.
O amor incondicional é mesmo assim. Quando amamos alguém de
modo incondicional, dizemos: “Aceito-o tal como você é.” Não imponho nenhuma
condição ao seu comportamento para você ter o meu amor.
Eu o amo mesmo
quando você parece me odiar. Amo-o, ainda que você tenha deixado todo o
dinheiro para o meu irmão. Amo você, mesmo que me abandone.”
Quando amamos incondicionalmente a nós mesmos, vemos com
muita clareza quem somos e como estamos preparados para ser tratados. Amar de
maneira incondicional alguém não significa ter de viver com essa pessoa. Se
tivermos avançado demais para continuar com um determinado relacionamento, a
vida em comum pode já não servir ao nosso Caminho ou ao do outro.
Ainda o aceitamos e
amamos tal como é. É perfeitamente coerente afirmar: “Amo-o tal como você é. E
como também amo a mim mesmo, não quero mais viver com você.”
Todos temos uma alma gêmea, que é a outra metade da nossa
alma,
o nosso par perfeito. A maioria de nós tem uma vaga
lembrança disso e anseia, no nível inconsciente, reencontrá-la. Contudo, no
Plano Terreno, evoluímos por meio de experiências e testes, e não através de
mimos. Por isso, estar com a nossa alma gêmea não é um relacionamento que
promova o crescimento. A nossa alma gêmea pode até não reencarnar ao mesmo
tempo que nós. Não obstante, um dia voltaremos a nos encontrar.
Quando abrimos o coração, tornamo-nos parte da unicidade do
Universo. Somos uma coisa só com os animais e com toda a natureza. Sentimo-nos
parte do batimento cardíaco cósmico eterno. Vemo-nos num estado de Paz Interior”.
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