A Mente e a
Física Quântica
O universo
apresenta evidência de mente em três níveis, O primeiro nível é o dos processos
físicos elementares na mecânica quântica. Nesta, a matéria não é uma substância
inerte, mas um agente ativo que constantemente faz escolhas entre
possibilidades alternativas, segundo as leis da probabilidade.
Toda experiência quântica obriga a natureza a fazer
escolhas. Parece que a mente, manifestada como a capacidade de escolher, é, até
certo ponto, inerente a cada elétron. O segundo nível em que detectamos.. a
mente, é aquele da experiência humana direta.
Nossos cérebros parecem dispositivos aptos
para a amplificação do componente mental das escolhas quânticas feitas pelas
moléstias que estão dentro da cabeça. . .
Há evidência.. de que o universo como um todo
é hospitaleiro ao crescimento da mente... Portanto, é razoável crer na
existência de um terceiro nível da mente, um componente mental do universo. Se
acreditarmos nesse componente, então podemos dizer que somos pequenos pedaços
do aparato mental de Deus. Freeman
Dyson1
“Talvez o
sujeito não tenha uma alma que seja sua, mas só um pedaço de uma grande alma —
a grande alma que pertence a todos”.
Henry
Margenau e a Mente Universal
É fácil
encontrar entre os poetas, místicos e filósofos apoio para a natureza anímica,
não-localizada, da mente; pode-se até acrescentar à lista alguns cientistas que
de quando em quando se entretiveram com a idéia.
Mas é extremamente raro encontrar um cientista
contemporâneo, respeitado entre seus colegas por suas contribuições
fundamentais a sua área, que tenha declarado em público que a mente é
universal.
Um tal
indivíduo é Henry Margenau, Professor Emérito de Física e Filosofia Natural da
Universidade de Yale. Completando uma carreira como eminente teórico tanto em
física molecular quanto em física nuclear, o professor Margenau começou a
investigar as bases filosóficas da ciência natural.
Hoje, a
maioria dos físicos levam vidas um tanto curiosas. Eles vêem a física de
maneira completamente utilitária — como uma ferramenta, como um meio para um
fim. Esse modo de enxergar a ciência conduz a uma clara duplicidade
existencial.
A visão de mundo da física é radicalmente
diferente daquela em que o físico — e nós — vivemos fora do laboratório. Quando
ele guarda suas ferramentas no final do dia, deixa atrás de si aquela visão de
mundo necessária ao uso desses instrumentos no laboratório, e assume outra,
dominada pelo senso comum.
E claro que
todas as pessoas possuem múltiplas visões de mundo que as orientam em
diferentes circunstâncias, como no caso do homem de negócios que, no domingo, é
um devoto, mas nos outros dias é cruel e impiedoso em sua conduta profissional.
E a razão de
elas serem coerentes, sugere Margenau, não é porque nossos cérebros sejam
semelhantes ou funcionem do mesmo modo, mas porque nossas mentes são unas.
E preciso
uma única consciência para fazer uma única imagem do mundo, especialmente
quando essa imagem é compartilhada por uns cinco bilhões de cérebros neste
planeta. Só a Mente Una, uma Mente Universal, poderia fazer tal coisa.
Para funcionar dessa maneira, ela deve ser
não-localizada, no sentido de estar além dos cérebros e corpos individuais.
Se a Mente Una não estivesse operante,
moldando a grande quantidade de dados sensoriais processados a cada momento
pelo mar de cérebros que há na Terra, poderíamos esperar a formação de imagens
de mundo tão díspares quanto incomunicáveis.
Alguns
rebatem essa proposta, dizendo que as imagens que fazemos do mundo são uma só
porque há apenas um mundo para imaginar.
Essa
concepção é a do realismo ingênuo. Margenau e a física moderna nos pedem que
sigamos além, pois na realidade não há um “lá fora” totalmente exterior,
objetivo e igual para todos.
Há um aspecto da realidade que é mais profundo
que o dos objetos “exteriores”, e que deve incluir a mente. Em última
instância, essa é a realidade da Mente Una, Universal, que em sua expressão
mais abrangente é Deus.
Mesmo
admitindo nossa participação na Mente Universal de Margenau, ainda estaremos
tentados a nos colocar à parte dessa concepção.
Persistimos em nossa tendência de pensar sobre
o Uno do mesmo modo como pensamos nos objetos — uma árvore, uma rocha, ou o
pôr-do-Sol.
É provável
que o Uno torne-se para nós uma coisa como outra qualquer. E assim agarramos o
conceito de Mente Universal e o reificamos como A Grande Coisa Una.
Mas o Uno não pode ser equivalente à Coisa
Una. Esse é um exemplo de “pensamento particulado”. Nas antigas mensagens dos
Vedas e dos Upanishades, às quais se referem Margenau e Schrodinger, o Uno
nunca é mencionado como se ele sugerisse A Maior Coisa do Mundo. E usado
metaforicamente. A idéia de Ken Wilber é útil e clara sobre este ponto:
Falar da
Realidade como o Uno.. sem dúvida é útil, pois metaforicamente a coloca como
espaço “singular” e absoluto de todos os fenômenos — [mas] é útil contanto que
lembremos que trata-se de uma metáfora... Assim, sempre que... as tradições
[espirituais] falam do “uno”, elas.. . não se referem literalmente ao “uno”,
mas ao que melhor seria expresso como “não-dual”. Esta não é uma teoria do
monismo ou do panteísmo, mas uma experiência da não-dualidade.13
A idéia de
Mente Una é coerente com a física moderna e com muitas das grandes tradições
espirituais da humanidade. E se de fato o Uno é isso, se ele é Uno, então somos
parte dele — mas não apenas uma “parte”, pois senão violaríamos a relação
não-dual, contra o que Wilber nos adverte.
Em última
instância, devemos ir além da idéia de que nossa mente faz parte de alguma
outra coisa — reconhecendo, como disse o físico Schrodinger, que em algum nível
somos a Mente Una. Pois se algo estivesse fora dela, incluindo nós mesmos, ela
não poderia ser o Uno — total, completo, fundamental.
Margenau, como Schrodinger, percebe claramente
as implicações espirituais da absorção da “parte” no todo. Trata-se, nada
menos, que da relação da humanidade com Deus.
Conforme ele disse,
Se minhas conclusões forem corretas, cada indivíduo é
parte de Deus ou parte da Mente Universal. Uso a frase “parte de” com
hesitação, lembrando a sua imprecisão e inaplicabilidade mesmo na física
recente. Talvez uma forma melhor de colocar a questão seja dizer que cada um de
nós é a Mente Universal, porém com limitações que obscurecem tudo menos uma
pequena fração de seus aspectos e propriedades.14
A Mente como
um Campo
Nas ciências
da vida, como a biologia e a medicina, os cientistas não estão acostumados a
lidar com entidades não-materiais. A própria expressão evoca idéias de
fantasmas e espíritos. Mas na física moderna a situação é diferente.
Nela os cientistas têm conceitos para várias
entidades não-materiais, muitas das quais são chamadas campos. Embora estes não
sejam materiais, a maioria deles não obstante está associada à matéria.
Incluem, por exemplo, o campo de fluxo de um
fluido em movimento, os campos elétrico e magnético envolvendo os corpos, o
campo de temperatura da atmosfera, o campo de tensão num sólido comprimido.
Mas há
alguns campos que não requerem a presença da matéria para serem significativos.
Não estão ligados a coisas materiais e nunca poderiam ser chamados de materiais
— por exemplo, o campo métrico na relatividade geral, os campos de radiação, e
vários campos abstratos que ocorrem na física nuclear.
Além disso, há os campos de probabilidade, que
estão entre os “observáveis” fundamentais da física quântica, diz Margenau,
juntamente com quantidades como posição, velocidade, massa e energia.
Os campos de probabilidade caracterizam a essência
da física quântica, desempenhando um papel chave no modelo de Margenau da Mente
Universal.
A idéia de
que a mente pudesse ser um campo não-material capaz de operar mudanças físicas
no mundo não foi recebida com muita simpatia pela biologia moderna.
Os biólogos só com relutância começam a
perceber, se tanto, que a mente não depende, em termos físicos, do cérebro e do
corpo, e que ela não será entendida de forma cabal pela química e anatomia do
cérebro.
Segundo o
físico britânico Paul Davies, “a física, que tem ido à frente das outras
ciências, agora segue na direção de uma concepção mais condescendente em
relação à mente, enquanto que as ciências da vida, seguindo o caminho dos
físicos do século passado, estão tentando aboli-la por completo”.’15
Davies cita a observação do biocientista
Harold Morowitz sobre esta “curiosa inversão”:
O que
aconteceu é que os biólogos, que outrora postularam um papel privilegiado para
a mente humana na hierarquia da natureza, vêm seguindo de modo inflexível na
direção do materialismo radical que caracterizou a física do século XIX.
Ao mesmo tempo, os físicos, em face de
irresistíveis evidências experimentais, vêm se afastando dos modelos
estritamente mecânicos do universo para uma concepção em que a mente desempenha
um papel integral nos eventos físicos. E como se as duas disciplinas estivessem
em trens em alta velocidade, indo em direções opostas, sem notar o que está
acontecendo nos trilhos.16
Embora
heréticas quando vistas contra o pano de fundo do moderno materialismo
biológico, as idéias de Margenau sobre a natureza não-material da mente seriam
recebidas com simpatia por alguns dos maiores físicos deste século.
Niels Bohr
declarou que, “reconhecida- mente, não podemos encontrar nada na física ou na
química que tenha qualquer relação, mesmo remota, com a consciência’.17
E seu contemporâneo, Werner Heisenberg, o
criador do Princípio da Incerteza na física moderna, também colocou a questão
claramente.
“Não há qualquer dúvida”, disse ele, “de que a
consciência não ocorre na física e na química, e não consigo ver como ela
poderia resultar da mecânica quântica.”8
Cada um a
seu modo, estes físicos — Bohr, Heisenberg e Margenau — ocupam essencialmente a
mesma posição: a consciência não pode ser plenamente explicada pelas ciências
físicas, conforme elas são entendidas na atualidade.
Muitos
biólogos foram além da versão radical de materialismo enunciada em 1750 pelo
influente cientista francês Julien de la Mettrie. “Concluamos com coragem,
então”, instou ele, confiante, “que o homem é uma máquina.”19
Hoje, uma das formas favoritas de transcender
essa posição extrema é por meio do materialismo emergente, teoria segundo a
qual a mente “emerge” num certo nível de complexidade da função cerebral.
Mas este é ainda um modo materialista de
pensar, pois a mente continua dependente do cérebro quanto à origem, como um
bebê, depende da mãe. A teoria da “emergência” permite essencial- mente à
biologia retornar ao materialismo pela porta dos fundos.
Mesmo se a
mente, em certo sentido, de fato “emergiu” do cérebro, pode-se questionar o
que, em última análise, é explicado pela palavra “emergiu”. Os problemas que
envolvem a teoria emergente são explicados com clareza pelo filósofo da ciência
Sir Karl Popper.
“De um ponto de vista evolutivo”, declara ele,
“considero a mente autoconsciente como um produto que emerge do cérebro...
[mas] quero enfatizar quão pouco é dito ao se falar que a mente é um produto
que emerge do cérebro. Isso não tem nenhum valor explanatório, e de certo modo
equivale apenas a pôr-se um ponto de interrogação num certo lugar da evolução
humana.”20
Muitos
biólogos e filósofos colocam restrições às idéias de Margenau sobre a natureza
não-material da mente. Como uma entidade não-material, totalmente independente
da matéria, poderia fazer alguma coisa?
Podem
“coisas” não-materiais agir sobre coisas materiais? Margenau sugere a
possibilidade irracional de que coisas espirituais possam mover coisas
materiais. Mas na mecânica quântica, o irracional de fato tem ocorrido:
interações entre o não-material e o material são comuns.
Como afirma
Margenau, “sabe-se que interações entre [o] imaterial e [o] material acontecem,
na verdade são abundantes [na física moderna]. Todo motor elétrico depende
disso.., entidades evasivas tais como os campos de probabilidade, um constructo
puramente matemático.. . afetam o comportamento de entidades atômicas.21
Como poderia
ocorrer essa interação mútua entre mente não-material e cérebro material? Na
situação típica, quando algum trabalho se realiza entre duas entidades
interagentes, uma certa quantidade de energia é transferida entre elas.
Mas nem todas as interações do mundo físico
são trocas de energia. Há mecanismos de controle e direção, por exemplo, em que
não se realiza nenhum trabalho e, portanto, não se transfere energia.
Outro exemplo citado por Margenau é o de um
trem fazendo uma curva: os trilhos fazem pressão contra as rodas do vagão,
aplicando uma força, mas esta é exercida em ângulos retos ao deslocamento e,
assim, nenhum trabalho é realizado.
Aqui é fundamental perceber que as noções
ordinárias, comuns, do que significa um sistema “realizar trabalho” sobre
outro, podem sucumbir.
Quando
entidades interagem na natureza, a energia total do sistema permanece a mesma
antes, durante e depois da interação (a energia é “conservada”). Mas, no mundo
da física quântica, afirma Margenau, isso nem sempre é verdadeiro:
Há casos em
que o princípio de conservação de energia na sua forma habitual não se aplica:
como exemplos podem-se citar a passagem de elétrons através de barreiras... e
talvez o mais miraculoso de todos: uma massa física pode ser criada do nada sem
contradição às leis da física.22
Isso dá uma
grande abertura para a ação da mente não-material sobre o cérebro material, sem
que aquela precise apresentar algum quociente de energia para despender no
processo.
O quadro que emerge das observações de
Margenau, portanto, é o seguinte: a mente não-material pode ser livre e
independente do cérebro físico, sendo porém capaz de influenciá-lo sem ter que
fornecer qualquer parte da energia necessária à interação entre ambos.
Esta possibilidade, por muito tempo, negada na
biologia, é plenamente admissível na física moderna, afirma Margenau, estando
em perfeita concordância com os princípios conhecidos, sem violar qualquer lei.
Ele discorre longamente sobre como a interação
mente-cérebro poderia efetuar-se:
Em sistemas físicos muito complexos, tais como o
cérebro, os neurônios e os órgãos dos sentidos, cujos constituintes são suficientemente
pequenos para serem governados por leis quânticas probabilísticas; o órgão
físico está sempre pronto para um grande número de possíveis mudanças, cada
qual com uma probabilidade definida; se ocorre uma mudança que requer
energia... o intrincado organismo a fornece automaticamente.
Por
conseguinte, mesmo que a mente tenha algo a ver com a mudança, isto é, mesmo
havendo uma interação mente-corpo, aquela não seria exortada a fornecer
energia.23
Assim a
resposta ao eterno enigma de como a mente não material fornece energia para
afetar o cérebro ou o corpo material pode ser a seguinte: ela não fornece. A
energia vem do cérebro.
Em todo caso, visões múltiplas da realidade
são absolutamente necessárias para se permanecer vivo e operante neste mundo,
conforme demonstrou o psicólogo Lawrence LeShan em seu livro Alternate
Realities [Realidades Alternadas]2
A tarefa é sempre escolher o modo de encarar o
mundo que melhor se ajuste à situação. Seria impossível, e bastante insensato,
viver coerentemente de acordo com uma só visão de mundo.
Sabemos disso intuitivamente, e ninguém tenta
aferrar-se à mesma visão da realidade o tempo todo. Quando trabalhamos,
brincamos e sonhamos, estamos constantemente assumindo e abandonando diferentes
pressuposições sobre a realidade, embora possamos não fazê-lo conscientemente.
O professor
Margenau ampliou a visão de mundo do laboratório de física, sugerindo que esta
ciência alude a uma realidade significativa não apenas quando se faz física,
mas também ao se fazer um lance no recinto da bolsa de valores, atravessar a
rua ou limpar a geladeira. Esta concepção é de longo alcance e a tudo inclui,
contendo em si todas as visões de mundo auxiliares e utilitárias que assumimos
e abandonamos em nosso dia-a-dia.
Recentemente,
têm aparecido muitos livros sobre a “nova física” e sobre como este
conhecimento pode relacionar-se com os assuntos humanos. Mas a contribuição de
Margenau é singular.
Sua obra, The Miracle of Existence [O Milagre
da Existêncial , é a mais vigorosa e excitante exposição surgida nos últimos
anos, talvez desde as propostas de Schrõdinger.
As implicações espirituais revelam-se
inequivocamente, pois não se trata apenas de um livro sobre física, mas de um
livro sobre Deus.
Margenau usa
o termo “Mente Universal”, que é equivalente à nossa mente não-localizada.
Empregamos este último do começo ao fim deste livro por conter ele uma
neutralidade que “Mente Universal” não possui, devido às conotações religiosas
que têm pesado sobre esta denominação.
Mas, na análise que segue, utilizaremos fundamentalmente
a própria terminologia de Margenau. O leitor pode trocar livremente o termo
“universal” por “não-localizado”, sem cometer nenhuma injustiça para com as
elevadas concepções desse cientista.
“Unidade” e
“unicidade” são a base da dieta diária do poeta e do místico. Mas por que os
físicos, hoje, falam desses assuntos? Nossos físicos “viraram místicos”?
Uma das
razões que justificam os físicos voltarem-se para essas questões é um “fato tão
banal, conquanto peculiar, que não é capaz de causar espanto ao cientista
moderno[:j . . . a igualdade das propriedades dos constituintes elementares da
matéria”.4
Todo estudante de escola primária sabe que há
uma espantosa coerência e unidade na natureza. Todos os átomos de oxigênio, e
todos os átomos de uma dada espécie, têm a mesma massa ou peso.
Todos os
elétrons têm a mesma massa, spin e carga, o que reflete uma precisão que nunca
poderia ser atingida nas coisas feitas pelo homem. E isto é verdadeiro para
todas as propriedades dos constituintes elementares conhecidos da matéria.
Quando
encontramos esta igualdade e unidade no mundo macroscópico do dia-a-dia — como,
por exemplo, no fato de as moedas e as cédulas serem do mesmo valor e os
automóveis serem da mesma fabricação, ou na uniformidade do maquinário de uma
linha de montagem —, de imediato supomos que foram planejadas pelo homem e,
portanto, refletem a mente do homem.
“Não deveríamos fazer uma suposição
semelhante, e não somos compelidos a fazê-la com respeito às entidades
fundamentais da física atômica e nuclear. . . [embora] a inteligência que há
por trás delas não seja a do homem[?]”5
Margenau
admite a resistência óbvia, emocional e racional que os cientistas ocidentais
sentem em postular uma Mente Universal, da qual fariam parte todos os seres conscientes
e “talvez todas as entidades que compõem o mundo”.6
Com o
intuito de tomar esta idéia “menos repulsiva ao físico moderno”, ele faz uma
série de observações adicionais para atenuar o choque.
Há um
aspecto na física nuclear recente, contido na atual teoria da medida, que
implica algo como uma unicidade no mundo físico. Ao explicá-lo, Margenau faz
uso do termo onta, que ele emprega
para designar “qualquer entidade seja lá qual for, especialmente quando ela
desafia a intuição comum”.7
(Onta é o plural de on, palavra grega que significa “ser”.)
As
descobertas da física nuclear sugerem que, em certas situações, diferentes
ondas conseguem juntar-se, perdendo a sua identidade — uma clara sugestão de
que a unicidade existe nos níveis mais fundamentais da natureza.
Mas esta forma de unicidade é complexa; pois,
embora haja uma perda de identidade, os onta
não se fundem numa total indistinguibilidade; eles ainda conservam o seu
“número”. Assim, a individualidade persiste, paradoxalmente, no movimento que
conduz à unidade deste nível da natureza.
Como
exemplo, considere o comportamento dos nêutrons e dos prótons. Quando estão
separados no espaço e, portanto, não interagem, um deles é neutro e o outro
carrega uma carga positiva.
Ao chegarem
suficientemente próximos entre si, “suas identidades desaparecem, suas
propriedades se fundem, tomando-se então impossível uma distinção entre eles.
Mas são ainda dois onta”.5
Além disso,
Margenau mostra que os cientistas de hoje admitem a existência de três forças
fundamentais distintas entre os constituintes do mundo nuclear.
A potência dessas forças depende da energia
das entidades interagentes. A baixas energias de interação, sua potência difere
enormemente.
“Estranhamente, porém, valores das três forças
quase equivalem-se em energias extremamente altas, se as teorias atuais
estiverem corretas.”9 Mais uma vez, uma indicação de unicidade.
O que
concluímos dessas observações? Átomos não são seres humanos e elétrons não são
mentes. Há algum ponto de comparação entre as “unicidades” existentes nos
níveis físico e mental?
Margenau está convencido de que é possível
falar, como físico, sobre a unicidade que abrange níveis distantes da natureza,
devido às relações da ciência moderna. Como evidência de que não está sozinho
nesta convicção, ele arrola os pontos de vista de duas figuras centrais da
física moderna, Werner Heisenberg e David Bohm.
Pouco antes de morrer, Heisenberg publicou um
artigo que continha a proposta de que certos conceitos fundamentais e mecanicistas
do senso comum, tais como “ser composto de” e “ter partes distintas e
designáveis”, podem não ter sentido para as realidades extremas com as quais a
física procura lidar.
E o físico Bohm expressou a mesma opinião.
“Assim”, disse ele, “chega-se a uma nova noção de totalidade ininterrupta, que
nega a idéia clássica de analisabilidade do mundo em partes separadas e
independentes.” E como o “pensamento particulado” desaparece no nível dos
átomos.
Margenau faz uma pergunta fundamental:
Não seria esse tipo de negação [a negação da
separabilidade em partes] necessária também para a consciência, para a mente,
de modo que a questão das mentes separadas, contribuindo para ou formando a
mente universal, pudesse tomar-se significativa?
Alguns
filósofos que contribuíram para os Vedas e os Upanisbades responderiam
afirmativamente, sem dúvida; e as afirmações dos místicos que fundiram-se em
êxtase com Deus fornecem evidências adicionais para a natureza a-numérica das
almas.11
Esses
grandes cientistas sugerem que o conceito de totalidade não está limitado ao
domínio atômico. Se o “pensamento particulado” é ineficaz ao nível atômico,
também é inadequado ao nível mental.
E o que é uma mente sem partes? E a Mente Una
ou Mente Universal, o “Tao, Logos, Brahman, Atman, o Absoluto, Mana, Espírito
Santo, Weltgeist, ou simplesmente Deus”.
Para
Margenau, o fato de percebermos o mesmo mundo evidencia a existência da Mente
Universal. Sim, a concepção que as pessoas têm das coisas não é precisamente
idêntica, fato este documentado por décadas de experiências em psicologia da
percepção.
Contudo, há
uma equivalência aproximada entre nossas percepções, de que ninguém pode
duvidar; podemos comunicar experiências partilhadas sobre o mundo sem muita
dificuldade.
Então, que conclusão tiramos do fato de
compartilharmos coletivamente um quadro coerente do mundo? Este fato é de
grande importância, diz Margenau.
Depois de
recebermos os estímulos que nos chegam, eles são
transcritos...
[para uma] realidade física, em essência a mesma para todos... . [Esta] unidade
do todo implica a universalidade da mente, se lembrarmos que a matéria é um
constructo da mente.12
Essa
possibilidade significativa é sistematicamente ignorada pelos psicólogos da
percepção, neurologistas e filósofos da mente.
Se, conforme admite a neurociência moderna,
nada podemos saber exceto por meio dos sentidos, então por que não um mundo
diferente para cada cérebro?
Os cérebros não são iguais até em gêmeos
idênticos. E o mesmo cérebro, de um momento para o outro, pode perceber os
mesmos estímulos de maneira diferente, e fazer uma imagem diferente do mundo.
Ao pensarmos quão diferentes as imagens de
nossos cérebros poderiam ser, é espantoso que elas se mostrem tão coerentes.
Muitos biólogos e
filósofos colocam restrições às idéias de Margenau
sobre a natureza
não-material da mente.
Como uma entidade não-maerial,
totalmente independente da matéria, poderia fazer alguma coisa?
Podem “coisas”
não-materiais agir sobre coisas materiais? Margenau
sugere a possibilidade
irracional de que coisas espirituais possam mover coisas materiais.
Mas na mecânica
quântica, o irracional de fato tem ocorrido:
interações entre o
não-material e o material são comuns.
Como afirma Margenau, “sabe-se
que interações entre [o] imaterial e [o] material acontecem, na verdade são
abundantes [na física moderna]. Todo motor elétrico depende disso.., entidades
evasivas tais como os campos de probabilidade, um constructo puramente
matemático.. . afetam o comportamento de entidades atômicas.21
Como poderia ocorrer
essa interação mútua entre mente não-material e cérebro material? Na situação
típica, quando algum trabalho se realiza entre duas entidades interagentes, uma
certa quantidade de energia é transferida entre elas.
Mas nem todas as
interações do mundo físico são trocas de energia. Há mecanismos de controle e
direção, por exemplo, em que não se realiza nenhum trabalho e, portanto, não se
transfere energia.
Outro exemplo
citado por Margenau é o de um trem fazendo uma curva: os trilhos fazem pressão
contra as rodas do vagão, aplicando uma força, mas esta é exercida em ângulos
retos ao deslocamento e, assim, nenhum trabalho é realizado.
Aqui é fundamental
perceber que as noções ordinárias, comuns, do que significa um sistema
“realizar trabalho” sobre outro, podem sucumbir.
Quando entidades
interagem na natureza, a energia total do sistema permanece a mesma antes,
durante e depois da interação (a energia é “conservada”). Mas, no mundo da
física quântica, afirma Margenau, isso nem sempre é verdadeiro:
Há casos em que o
princípio de conservação de energia na sua forma habitual não se aplica: como
exemplos podem-se citar a passagem de elétrons através de barreiras... e talvez
o mais miraculoso de todos: uma massa física pode ser criada do nada sem
contradição às leis da física.22
Isso dá uma grande
abertura para a ação da mente não-material
sobre o cérebro
material, sem que aquela precise apresentar
algum quociente de
energia para despender no processo.
O quadro que
emerge das observações de Margenau, portanto,
é o seguinte: a
mente não-material pode ser livre e independente
do cérebro físico,
sendo porém capaz de influenciá-lo sem ter
que fornecer
qualquer parte da energia necessária à interação entre ambos.
Esta
possibilidade, por muito tempo, negada na biologia,
é plenamente admissível
na física moderna, afirma Margenau,
estando em
perfeita concordância com os princípios conhecidos,
sem violar
qualquer lei.
Ele discorre
longamente sobre como a interação mente-cérebro
poderia
efetuar-se:
Em sistemas físicos
muito complexos, tais como o cérebro, os neurônios
e os órgãos dos
sentidos, cujos constituintes são suficientemente pequenos
para serem governados
por leis quânticas probabilísticas; o órgão físico
está sempre
pronto para um grande número de possíveis mudanças,
cada qual com
uma probabilidade definida;
se ocorre uma mudança
que requer energia...
o intrincado
organismo a fornece automaticamente.
Por
conseguinte, mesmo que a mente tenha algo a ver com a mudança,
isto é, mesmo havendo
uma interação mente-corpo, aquela não seria
exortada a fornecer
energia.23
Assim a resposta ao
eterno enigma de como a mente não material
fornece energia
para afetar o cérebro ou o corpo matéria
pode ser a
seguinte: ela não fornece. A energia vem do cérebro".
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Somos Um-a só consciência.
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Estou neste momento me unindo com o Poder e a
Força da Unidade, com o poder de todos os anjos, querubins, Serafins, Elohim.
Melchizedek, Sandalfon, Metraton,
Gabriel,
Rafael, Haniel, Miguel, Camael, Tsadkiel,
Raziel, Uriel, Samuel
Os anjos seguem na frente abrindo meus caminhos
e me protegendo Com a Justiça Divina. Amém!
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