A separação começa com um único
passo;
a união, também
Tirar as
máscaras é um processo continuo, e não um evento único. A maioria das
máscaras foi criada ao longo de muitos anos e seria irracional pensar em
destruir todas elas de uma só vez. Esse não deve ser o seu objetivo. A ideia é
começar — e começar agora.
Cada dia é
uma nova oportunidade de revelar sua verdadeira identidade. Metade do trabalho
é identificar as máscaras e compreender por que elas foram criadas.
Como eu já
disse, algumas são usadas há tanto tempo que parecem ser nossa própria pele.
Mas não
são. E quanto mais você estiver consciente de sua presença, mais
desconfortáveis elas passarão a ser — e mais fácil será encontrá-las.
A outra
metade do trabalho está relacionada à autoconfiança, pois esse processo
acarreta um certo risco. “Como meu parceiro vai reagir?”
“Que
mudança isso vai provocar no relacionamento?” “Que mudança isso vai provocar em mim?" Essas
não são perguntas fáceis de responder.
Mesmo
assim, cada vez que afastamos uma máscara, estamos reforçando nossa confiança.
Quando não
mostramos quem somos realmente, nos distanciamos da noção de uma parceria
verdadeira e nos sentimos mais sozinhos.
Mas,
quando tiramos nossas máscaras, sentimos o progresso em nosso relacionamento e
percebemos o fortalecimento da nossa ligação com o outro.
Vamos analisar mais uma vez os
mecanismos que nos incentivam a manter nossas máscaras.
Há um fator comum que conecta a maioria
desses mecanismos: o medo da rejeição e/ou do abandono.
Você vê isso em seu próprio
comportamento? Vamos encarar a verdade: se não tivéssemos tanto medo de sermos
rejeitados, não nos esconderíamos atrás das máscaras.
Elas são armaduras que desenvolvemos
devido a traumas do passado.
Na convivência com pessoas não muito
próximas, quando a intimidade pode ser algo inapropriado, indesejável ou
perigoso, as máscaras têm um valor real.
Entretanto, usá-las em suas relações
íntimas cria uma barreira contra a conexão verdadeira. Com o tempo, isso se
torna um problema para o casal.
Quanto mais tempo usamos nossas
máscaras com as pessoas que amamos, maior é a probabilidade de nos
tornarmos essas máscaras.
Um falso “eu”, não tem carisma, não
vive a alegria descontraída da vida, não é íntegro.
Ao tentarmos nos proteger, abandonamos
a nós mesmos. Repito: abandonamos a nós mesmos. Criamos exatamente
aquilo que mais tememos nos outros.
O ponto aqui é que as máscaras não
estão apenas criando distância entre você e seu companheiro; elas podem
mantê-lo distanciado de si mesmo, o que traz uma sensação de solidão e vazio.
Não existe nenhuma maneira de evitar
riscos em um relacionamento. Essa não é uma notícia muito boa, mas é um
paradigma crucial da parceria amorosa.
Algumas de nossas máscaras são óbvias
e outras, sutis. Algumas são insignificantes e outras, tão eficazes e
confortáveis que começamos a acreditar que são genuínas.
Mas todas elas interferem em nosso
objetivo de criar um relacionamento verdadeiro. Assim, é preciso começar o
processo lento e assustador de retirada das máscaras. Mas como iniciar uma
tarefa tão intimidante?
Quando meu relacionamento com Jill
começou a ficar sério, percebi que nunca seríamos realmente íntimos se eu
continuasse ocultando os detalhes de minha vida.
Depois de viver solteiro durante
muitos anos, parecia natural não falar sobre certas coisas.
Estava acostumado a lidar com meus
próprios altos e baixos, a resolver meus problemas, a comemorar sozinho meus
pequenos sucessos e, basicamente, a cuidar de mim mesmo.
Mesmo querendo que ela me
introduzisse em seu mundo, não acreditava que se interessaria pelos eventos banais
do meu dia a dia.
Jill me perguntava “Como foi o seu
dia?” e eu respondia um simples “Bom”, mesmo que tivesse passado metade da
manhã brigando com os atendentes da TV a cabo e resolvendo problemas ao
telefone.