Colesterol e dieta da
Proteína
Patricia Bertolucci
NUTRICIONISTA - CRN 5984/SP
Conhecida como
hiperprotéica, a dieta da proteína tem se tornado popular por auxiliar na perda
de peso. No entanto, vale ressaltar que uma dieta feita sem orientação pode ser
prejudicial para a saúde, ainda que resulte noemagrecimento.
No caso da dieta de proteína, um dos
principais malefícios está ligado ao bom funcionamento do cérebro:
na falta de carboidratos, a energia fornecida
ao órgão pode ser resultante da degradação de proteínas em outras áreas do
corpo, como músculos, e até mesmo de gorduras (corpos cetônicos), causando
falta de concentração, irritabilidade, dores de cabeça, confusão mental e até
desmaios.
Esta dieta é
caracterizada pela presença de proteínas em todas as refeições, incluindo
lanchinhos extras (intermediários), com maior concentração de proteína e menor
concentração de carboidratos.
Já a dieta tradicional contém todos estes
grupos de maneira equilibrada. Por conta disso, nenhuma dieta restritiva deve
ser feita com corte total de carboidrato ou outro grupo alimentar, para que não
acarrete em riscos para a saúde.
A dieta hiperprotéica,
ao pé da letra, proíbe o carboidrato e é baseada em proteína e gordura. E
dietas com alta ingestão de gordura (hiperlipídica) podem gerar problemas como
o aumento do triglicérides, ainda que tenha gorduras de boa qualidade.
Para entender isso melhor, é importante saber
que os triglicérides são gorduras que contituem a forma de armazenamento
energético mais importante no organismo, e precisam ser transportados dos
locais de origem (fígado, sua fonte endógena, e intestino, sua fonte exógena)
por meio de lipoproteínas.
Uma dieta
desbalanceada, com alto teor de proteínas, gorduras ou mesmo carboidratos (que
forma triglicérides ao ser sintetizado no fígado), irá aumentar os níveis de triglicérides no
sangue, favorecendo o apareciemento de doenças coronarianas e aterosclerose.
Outras situações que
afetam os níveis de TG são obesidade, estresse agudo, ingestão de álcool e
doenças como diabetes, pancreatite aguda, síndrome nefrotica, gota e uremia,
dentre outras.
Caso a gordura ingerida
seja saturada - de origem animal - a dieta pode alterar os níveis de colesterol
sanguíneo (LDL).
Além disso, se feita por períodos prolongados,
o individuo termina apresentando cansaço físico e mental, dores de cabeça, além
de um desejo por doce para suprir a carência a nível cerebral, já que o
carboidrato é a fonte de energia utilizada para o bom funcionamento do cérebro.
Além disso, a dieta da
proteína não é indicada para qualquer pessoa. Quem tem problema renal, por
exemplo, precisa ter maior cuidado com o excesso de proteína.
Como os rins eliminam os produtos do
metabolismo da proteína (como a ureia, a amônia, os resíduos nitrogenados ),
seu consumo elevado pode sobrecarregar o órgão, fazedo com que a função renal
seja prejudicada progressivamente. Também pode haver sobrecarga do fígado, por
ser o órgão responsável pela metabolização de aminoácidos.
Se houver uma
quantidade alta de proteína na circulação, esse nutriente é degradado e depois
armazenado na forma de gordura, contribuindo para o desenvolvimento da
aterosclerose e doenças cardíacas.
Além disso, uma alimentação com altas
concentrações de proteínas limita a ingestão de outros nutrientes essenciais,
necessários para o organismo humano suprir a quantidade energética diária,
pois, na maioria das vezes, a dieta deixa de ter variedade de alimentos.
Outro ponto a ser analisado é que o consumo em
excesso de proteína causa aumento da excreção de cálcio e, portanto, diminui a
utilização desse mineral e pode favorecer o desenvolvimento da osteoporose,
como o cálcio não é utilizado passa a ser eliminado na urina, favorecendo assim
a formação de cálculo renal(oxalato de cálcio).
Por isso, o ideal é que um profissional seja
consultado antes da adoção de qualquer tipo de restrição alimentar, pois só ele
saberá indicar qual é o melhor tipo de alimentação de acordo com cada
indivíduo.