terça-feira, 25 de novembro de 2025

Distúrbios de evacuação.

 


Distúrbios de evacuação.

 Podemos fazer um trabalho melhor?

Lucia Camara Castro OLIVEIRA*

 *Diretora de Fisiologia Anorretal - CEPEMED - Rio de Janeiro e cirurgiã colorretal do Hospital Casa de Saúde São José, Rio de Janeiro. Pesquisadora da Cleveland Clinic Florida. Membro internacional da Sociedade Americana de Cirurgiões de Cólon e Reto. Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Sociedade Brasileira de Coloproctologia. ORCID: 0000-0002-1911-568X.

 Oliveira LCC. Distúrbios de evacuação. Podemos fazer um trabalho melhor? Arq Gastroenterol.

 A constipação crônica continua sendo um sintoma comum com importantes consequências para os pacientes e implicações nos custos. Geralmente está relacionada a diversos fatores que envolvem mecanismos complexos (1).

 Como a definição de constipação varia entre pacientes e médicos, um critério de definição foi proposto e se tornou a ferramenta mais utilizada para auxiliar na avaliação dos sintomas.

  Os Critérios de Roma estão em sua quarta revisão e definem constipação quando um paciente tem menos de três evacuações por semana e fezes insatisfatórias nos últimos 6 meses, durante um período de 3 meses, em combinação com esforço, evacuação incompleta, fezes endurecidas e necessidade de manobras manuais em mais de 25% das evacuações (2). É uma ferramenta confiável que ajuda a compreender os sintomas mais importantes e a classificar os pacientes nas duas categorias principais: distúrbios de evacuação ou distúrbios da motilidade intestinal.

Os distúrbios de evacuação podem ter origem funcional ou estrutural. Um distúrbio de evacuação funcional faz parte da síndrome da defecação obstruída (SDO) e é caracterizado por contração paradoxal ou relaxamento inadequado dos músculos do assoalho pélvico durante a tentativa de defecação, resultando em sintomas de defecação prejudicada, como evacuação incompleta, esforço e tenesmo(3).

 Esse padrão dissinérgico de evacuação também é denominado anismo. Esses pacientes são normalmente encaminhados a um clínico geral ou gastroenterologista antes que um especialista seja chamado para participar do tratamento.

 Infelizmente, muitos pacientes constipados frequentemente não são diagnosticados e podem apresentar sintomas de SDO por anos sem avaliação adequada e, mais importante, sem tratamento adequado.

Outra tendência recente é encaminhar pacientes para exames radiológicos caros, como a defecografia por ressonância magnética, sem uma avaliação clínica adequada.

 Como cirurgião colorretal especializado em fisiologia anorretal e disfunção anorretal, tenho atendido pacientes com sintomas de longa duração da síndrome da defecação obstruída (SDO) sem um diagnóstico adequado.

 De fato, é crucial correlacionar os sintomas com algum método que possa demonstrar o relaxamento inadequado do assoalho pélvico ou a falta de coordenação durante as tentativas de evacuação. Os testes de fisiologia anorretal que podem auxiliar na definição do anismo incluem a manometria anorretal (4).

 Recentemente, um protocolo proposto para a realização de manometria anorretal de alta resolução foi estabelecido pelo Grupo de Trabalho Internacional de Fisiologia Anorretal (IAPWG) e denominado Protocolo de Londres (5).

Foi um passo importante para padronizar o método e permitir comparações entre diferentes centros. Em pacientes com dissinergia, a manometria de alta resolução é capaz de definir quatro subtipos de defecação dissinérgica. Esses aprimoramentos técnicos estão facilitando a

interpretação do problema e, assim, auxiliando

na seleção da melhor opção de tratamento para o paciente. Além disso, a manometria de alta definição tem substituído a eletromiografia no mapeamento e detecção de um esfíncter dissinérgico.

 Considerando esses protocolos mais recentes e os avanços tecnológicos, talvez seja hora de repensar a melhor forma de abordar pacientes com anismo. De acordo com o paciente e não ajudam a melhorar sua qualidade de vida.

. Bibliografia

1.Oliveira LCC. Sindrome de defecação obstruida. Podemos melhorar nossas condutas? Arq Gastroenterol. 2023;60(2):161-2. REFERENCES 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.

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Drossman DA. Functional Gastrointestinal Disorders: History, Pathophysiology, Clinical Features and Rome IV. Gastroenterology. 2016;S0016-5085:00223-7.

  Massarat Z, Oliveira LCC. Treatment of difficult/obstructive defecation. ASCRS Textbook of Colon and Rectal Surgery. 2022. ASCRS U. Available from: www. ascrsu.com/ascrs/view/ASCRS-Textbook-of-colon-and-rectal-Surgery/2285055/all/treatment Grossi U, Carrington EV, Bharucha AE, Horrocks EJ, Scott SM, Knowles CH.

Diagnostic accuracy study of anorectal manometry for diagnosis of dyssynergic defecation. Gut. 2016;65:447-55. Carrington EV, Heinrich H, Knowles CH, Fox M, Rao S, Altomare DF et al.

 The international anorectal physiology working group(IAPWG) recommendations: standardized testing protocol and the London classification for disorders of anorectal function. Neurogastroenterol Motil. 2020;32:e13679.

 Carrington EV, Scott SM, Bharucha A, Mion F, Remes-Troche JM, Malcolm A et al. Expert consensus document: advances in the evaluation of anorectal function.

  Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2018;15:309–23. Rao SS, Benninga MA, Bharucha AE, Chiarioni G, Di Lorenzo C, Whitehead WE. ANMS-ESNM position paper and consensus guidelines on biofeedback therapy for anorectal disorders.

 Neurogastroenterol Motil. 2015;27:594-609. Brusciano L, Brillantino A, Flagiello L, Pennacchio M, Gambardella C, Lucido FS. Effectiveness of perineal pelvis rehabilitation combined with biofeedback and radiofrequency diathermy (RDF) in anorectal functional pain syndromes associated with paradoxical contraction of the levator ani muscles. A prospective study. Arq Gastroenterol. 2023;60(2):201-7. 162 Arq Gastroenterol • 2023. v. 60 nº 2 • abr/ju

Postado por Dharmadhannya

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