terça-feira, 7 de outubro de 2025

A ACEITAÇÃO INCONDICIONAL ENSINA A AMAR

 


A ACEITAÇÃO INCONDICIONAL ENSINA A AMAR

Algumas crianças precisam mais de atenção do que outras. Existe grande diferença individual quanto a isto: umas precisam de muito contato físico — mãos dadas, aconchego enquanto outras já ficam satisfeitas em acenar alegremente para os pais a distância.

 Para as primeiras, só elogios e reconhecimento não bastam. Exigem atenção concentrada e as manifestações de afeto dos pais para terem certeza de que são amadas.

“O Outro me diz quem sou”. Se a criança não sente que é amada, cresce com o sentimento que não merece, e se torna agressiva e solitária.

Se ocorrem mudanças na família - divórcio, doença ou morte de um dos pais, mudança de casa ou perda do emprego de um dos pais -, a maioria das crianças vai requerer mais atenção e carinho. Nessas ocasiões é vital permanecer junto delas e conversar sobre o que está acontecendo.

Compartilhando seus sentimentos e preocupações, damos a elas a dose extra de atenção de uma forma que reconforta, tranquiliza e transmite segurança.

A ARTE DE APRECIAR

Desejamos que nossos filhos aprendam não só a receber elogios como também a fazê-los. Quando crescem acostumados aos elogios, aprendem a aceitá-los com boas maneiras e gratidão, em vez de embaraço, negação ou exagero.

Ao apreciarmos e elogiarmos nossos filhos, nós os ensinamos a apreciar e celebrar o mundo que os cerca. Suas vidas e as lembranças da infância serão muito mais felizes se eles souberem dedicar uma parte de seu tempo a encontrar o que há de bom cm cada dia.

SE AS CRIANÇAS VIVENCIAM A ACEITAÇÃO, APRENDEM A AMAR

Usamos a palavra “amor” para definir a experiência humana mais dinâmica e vital que existe. O que chamamos de amor é maior do que qualquer coisa que se possa dizer a respeito. E muita gente concordaria que não há nada mais importante na vida do que amar e ser amado.

As crianças que são amadas com carinho e aceitas sem condições desenvolvem-se melhor. O amor é o solo no qual as crianças crescem, a luz do Sol que determina a direção para onde se voltam, a água que as alimenta.

Elas precisam de amor desde o momento em que nascem - ou melhor, antes mesmo de nascerem. Os recém-nascidos são totalmente dependentes de nosso calor, afeto e atenção. Nossos cuidados satisfazem sua sensação de serem queridos e fazerem parte de nossas vidas.

 Conforme crescem, as crianças continuam a esperar que demonstremos nosso amor por elas. Compreendem melhor esse amor através de nossas atitudes, de nossos gestos de cuidado e de carinho. Aceitá-las integralmente é a nascente de onde flui nosso amor.

Ao mesmo tempo que é imperativo para uma criança sentir-se querida, o amor é uma necessidade humana fundamental que nunca mais podemos dispensar: quando adultos, continuamos querendo ser amados. Ainda sentimos falta da ligação com outros seres humanos, da proximidade, do afeto e do calor do contato físico. Todos queremos ser aceitos por ser quem somos e ter amigos com quem nos sentimos em casa.

Nossos filhos sabem que são amados quando os tratamos com bondade, quando nossas palavras carinhosas são acompanhadas por atitudes igualmente amorosas.

A semente da violência gera violência.

Não basta dizer “amo você”. Em meu trabalho com os pais, sempre falo dos três “as” do amor: aceitação, afeição e apreciação. Toda criança precisa viver em uma atmosfera em que se sinta confiante de que será sempre aceita e amada a despeito de suas deficiências. Quando é amada assim, incondicionalmente,  com empatia consegue amadurecer sua capacidade de amar os outros.


A ACEITAÇÃO INCONDICIONAL ENSINA A AMAR

A origem da palavra aceitação está associada à noção de trazer para nós mesmos, ou seja, receber. Quando aceitamos, “trazemos para nós” sem parar. E assim que mostramos a nossos filhos que eles são queridos e amados. Transmitimos nosso amor através de sorrisos, abraços, beijos e carícias, através do calor de nossa afeição, todos os dias, durante os anos da infância e quando eles se tornam adultos.

Ao aceitar nossos filhos incondicionalmente, deixamos de lado qualquer tendência nossa de querer mudar a maneira de ser deles, quem eles são. Para isso, às vezes temos de abrir mão de alguns de nos­sos sonhos mais caros e antigos. 

A mãe cuja filha prefere ler a dançar balé e o pai cujo filho descobre que gosta mais de química do que de basquete têm de optar pelo que acham prioritário: viver seus sonhos através dos filhos ou oferecer a eles o apoio emocional c a aceitação de que precisam para encontrar e realizar seus próprios sonhos. Encarada dessa forma, talvez seja mais fácil fazer essa escolha, pois quando abri­mos espaço para as esperanças das crianças se desenvolverem também tornamos nosso próprio mundo muito maior e muito mais rico.

E parte desse processo fazer os filhos saberem que as suas reali­zações ou o fato de concordarem com nossos pedidos não são pré- requisitos para que sejam amados. O amor deve ser sempre concedido livremente e não oferecido como uma recompensa por bom compor­tamento. Nunca se deve ameaçar deixar de amar ou estabelecer condi­ções, dizendo: 

“Assim, não gosto mais de você” ou “Vou gostar muito de você quando...”. Alguns pais receiam que seus filhos “nunca mais se esforcem para conseguir coisa alguma” caso os aceitem incondicio­nalmente. Entretanto as crianças precisam se empenhar por objetivos e realizações, e não pelo direito fundamental de serem aceitas e ama­das por seus pais.

Aceitar os filhos incondicionalmente, porém, não significa tolerar comportamentos irresponsáveis ou inconvenientes. Podemos aceitar
nossos filhos e ao mesmo tempo rejeitar suas atitudes inaceitáveis, mantendo regras e limites.

Jason, de 6 anos, deixou sua bicicleta na entrada da garagem - outra vez. O pai já lhe pediu inúmeras vezes que a deixe na varanda e explicou que tem medo de um dia passar com o carro por cima dela sem querer. Mas Jason sempre esquece. Finalmente, uma noite, o inevitável aconte­ce, e o pai escuta o barulho de metal amassado.

Está zangado quando entra pela porta da frente, mas faz um esfor­ço para controlar a irritação. Sem saber o que acabou de acontecer, Jason corre para receber o pai com um abraço. Ele se curva para abra­çar o filho e o ergue do chão, segurando-o no colo.

- Quero mostrar uma coisa para você - diz, com um tom de voz sé­rio. Leva o menino até a janela, de onde ele vê a bicicleta amassada.

- Ah, não! - exclama Jason quando percebe o que houve. Segura com mais força o pescoço do pai e esconde o rosto em seu ombro.

- Você deixou sua bicicleta no caminho. Era isso o que eu temia que acontecesse - diz, colocando o filho no chão. - Sabe que ela pode não ter mais conserto?

O menino balança a cabeça assentindo, choroso.

- Vamos dar uma espiada nela. Talvez a gente consiga consertá-la - o pai acrescenta.

A mensagem que está dando a Jason é: “Mesmo que eu nem sem­pre aprove o que você faz, ainda gosto de você e vou ajudá-lo e dar meu apoio.” Em alguns momentos, não é fácil conter a irritação, principal­mente quando estamos estressados com outros problemas, mas é um exercício importante, que pode fazer muita diferença na construção da autoestima de nossos filhos.

Mostrando que gostamos deles

As crianças precisam ouvir que são amadas, mas sobretudo precisam ter certeza, com nossos abraços, beijos, carícias e aconchego, de que as palavras que falamos são verdadeiras.

A necessidade de ser tocado é talvez uma das mais elementares, universais e poderosas da vida, tão indispensável ao recém-nascido quanto a seus avós. Pesquisas recentes confirmaram o que as pessoas há muito tempo sabiam intuitivamente: que há poder de cura no contato físico amoroso.

Depois dos primeiros socorros, o calor do toque amoroso envia mensagens de incentivo à rea­ção de cura de nosso corpo.

Nossos filhos têm direito ao conforto de nosso contato físico. Sentar-se rodeada pelos braços da mãe ou do pai pode acalmar uma criança que precisa de consolo, seja porque ralou os joelhos ou porque foi magoada. As vezes basta um abraço forte ou um carinho para tranquilizar a criança e ajudá-la a se recuperar.

Não se pode exagerar, contudo, a importância da demonstração do afeto que sentimos por nossos filhos. Em um dos meus grupos de educação de pais, uma das mães confessou:

-                      Sentia-me culpada porque achava que não amava meu filho o suficiente. Mas talvez a questão seja eu achar que não expresso o meu amor por ele o suficiente.

Alguns pais têm de aprender a manifestar afeto pelos filhos. Uma outra mãe contou que passou a infância acostumada com sua família distante e reservada. Seus pais a amavam, mas não expressavam isso.

Quando ela se tornou mãe, continuou mantendo esse padrão familiar. Gostava muito da filha, mas não era da sua natureza ser efusiva. No entanto, sendo sensível às necessidades da menina, então com 2 anos, resolveu romper o ciclo e procurar mostrar o que sentia.

 Fez um esforço consciente para pôr a filha no colo com mais frequência, aconchegá-la junto a si enquanto lia para ela e abraçá-la sempre que a colocava ou tira­va do balanço.

 Encontrou inúmeras oportunidades de dar à filha o cari­nho que nunca recebera dos pais. Ao voltar às aulas de educação de pais algumas semanas depois dessa mudança de atitude, ela admitiu: -     Sabem, comecei fazendo isso por ela, mas agora percebo como é bom para mim também.

As manifestações físicas de afeto são vitais para todas as crianças. Elas anseiam pela certeza física que acompanha o “amo você”. A repe­tição de nossos gestos de ternura e a constância de nossa atenção per­mitem que vivenciem plenamente nosso amor, e esses gestos e essa atenção não devem ser esquecidos.

Um exemplo de amor

A maneira como mãe e pai tratam um ao outro e mostram como gostam um do outro representa um modelo de grande influência para as noções infantis de aceitação e amor na vida familiar.

As crianças são extremamente observadoras e apreendem seus conceitos sobre casa­mento vendo como seus pais se comportam. O exemplo que propor­cionamos a nossos filhos em nossa interação diária muitas vezes torna-se um modelo para o tipo de relacionamento que eles terão quando se casarem.

Na realidade, a maneira como convivemos com nosso cônju­ge estabelece um padrão para a vida de nossos filhos, podendo se tor­nar um dos fatores de maior peso em seu futuro sucesso, realização pessoal e satisfação interior.

 Vai determinar o tipo de pessoa pela qual eles vão sentir atração e as formas de relacionamento que criarão para suas próprias famílias, sejam quais forem, positivas ou negativas.

Portanto, embora não exista fórmula mágica para um casamento feliz, temos de fazer o melhor possível para dar um exemplo de amor e cari­nho. Um relacionamento saudável e maduro supõe equilíbrio entre o dar e o receber.

Supõe aceitar os pontos fracos e fortes de cada um, bem como a capacidade de manifestar ternura, empatia e compaixão. Os filhos veem o quanto os casais se gostam e como alimentam esse afeto. Mas também percebem quando deixam de fazê-lo. Quando um respei­ta e apoia o outro, quando ambos se tratam com carinho e atenção, par­tilhando interesses e valores e aceitando as diferenças individuais, dão aos filhos um exemplo de como construir e manter um casamento feliz.

Postado por Dharmadhannya

Dorothy Law Nolte e Rachel Harris. 

 As crianças aprendem o que vivenciam

 

 


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