SINTONIZA
A TUA ALMA COM O INFINITO
A tua
alma, leitor, é um delicado aparelho receptor dotado duma antena mais ou menos
sensível. Da sensibilidade da antena e da qualidade do receptor, depende se o
leitor vai perceber uma irradiação espiritual, ou não.
Deus é a grande estação emissora de todas as ondas do universo. Nele tudo está, dele tudo vem, para ele tudo vai.
Os seres
infra-humanos são dotados, por assim dizer, de receptores para ondas longas -
digamos, para vibrações meramente materiais, como os minerais, os vegetais, os
animais. Mas o homem possui, além disto, um aparelho receptor para captar ondas
curtas, ondas espirituais.
Quanto
mais perfeito for esse receptor, mais facilmente captará o homem as mensagens
da Divindade, e tanto mais maravilhosa será a 'música' da sua vida, que se
chama felicidade.
" No
momento, porém, em que o leitor sintonizar o seu rádio pela frequência em que uma
música foi irradiada eis que as vibrações silenciosas, já pré-existentes no
espaço, se transformam em ondas sonoras...
No
momento em que o leitor lê este texto, o ar está repleto de vibrações sonoras;
alguma estação emissora está irradiando a 'Nona Sinfonia de Beethoven', ou
talvez a 'Ave-maria' de Schubert ou de Gounod. O leitor está percebendo essa
música? Não?
Por que não, se ela está no ar, aí mesmo onde
o leitor está neste momento? Que é que falta? Certamente, não falta a presença
real dessas ondas eletrônicas... O que falta é um aparelho receptor capaz de
captar essas vibrações silenciosas e transformá-las em ondas sonoras.
No caso,
porém, que a música seja irradiada em ondas curtas, e o leitor sintonizar o seu
aparelho por ondas longas, não captará as ondas sonoras presentes, e é como se
elas estivessem ausentes - objetivamente presentes, subjetivamente ausentes...
Está,
pois, no interesse vital do homem criar dentro de si um receptor de alta
potência e absoluta nitidez, porque disto depende essencialmente o grau e a
intensidade da felicidade da sua vida.
Esse
receptor existe em cada homem, porque faz parte da própria natureza humana -
mas a sua capacidade receptiva está sujeita a mil variações. A antena é a alma,
mas nem toda alma possui suficiente receptividade para captar com segurança e
nitidez as mensagens do Além, que sem cessar percorrem o espaço.
Afinar a
sua antena, tornar o seu aparelho espiritual cada vez mais sensível - eis a
tarefa máxima da vida de cada homem, aqui na terra; porque todas as outras
coisas, sendo derivadas destas, virão por si mesmas.
O grande Mestre de Nazaré exprimiu esta verdade básica nas conhecidas palavras: 'Procurai primeiro o reino de Deus e sua Justiça e todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo.'
Com uma
antena altamente sensível, nenhum homem pode ser realmente infeliz, aconteça o
que acontecer.
Nenhuma
'interferência' de circunstâncias externas poderá destruir a música divina da
sua vida. Ainda que tudo falhasse ao redor dele, esse homem sabe que dentro
dele nada falhou, se ele mantiver a sua alma sintonizada com o Infinito.
E, como a coisa principal está salva, o resto
propriamente não está perdido, embora pareça, por que onde persiste a causa
fundamental ali também perduram, embora invisíveis, os efeitos dela
derivados." ... continua.
"De
que modo pode e deve o homem aperfeiçoar a sua antena espiritual?
Pelo
exercício intenso e assíduo. Em que consiste esse exercício?
Em
abismar-se frequentemente nesse mundo espiritual, que está dentro de cada
homem, mas que a maior parte dos homens ignora, por falta de introspecção, que
também se chama meditação, Cristo-conscientização ou oração.
É
indispensável, leitor, que te habitues a dedicar pelo menos 30 minutos - melhor
ainda uma hora - diariamente a esse exercício sério de afinação e sintonização
do teu receptor espiritual, até que essa sintonia se torne espontânea e
permanente, mesmo no bulício das ruas e na lufa-lufa da vida profissional.
O exercício continuado produz a facilidade, e
essa facilidade de mergulhar no mundo espiritual cria na alma um ambiente de
profunda tranquilidade, firmeza, segurança, paz e felicidade.
A
história da humanidade de todos os tempos e países não nos apresenta um só
homem realmente grande que não tenha praticado, assídua e intensamente, essa
sintonização espiritual. A verdadeira grandeza do homem, idêntica à sua
felicidade, consiste na facilidade com que ele se identifica com o mundo da
Divindade.
Moisés,
Elias, João Batista, Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Sundar Singh, Buda,
Lao-Tse, Gandhi, Tagore, Schweitzer e, sobretudo, Jesus de Nazaré todos eles, e
milhares de outros, praticavam regularmente esse ingresso em si mesmos e esse
periódico regresso à fonte de luz e força, que é Deus dentro de cada home;
o 'Deus desconhecido' que deve tornar-se o
'Deus conhecido' e o 'Deus vivido, ao ponto de cada homem poder dizer com o
apóstolo Paulo:
'Já não sou eu que vivo - o Cristo é que vive
em mim'; e por isto mesmo podia ele exclamar: 'Transbordo de júbilo no meio de
todas as minhas tribulações.'
É este o
'renascimento pelo espírito', a morte do 'homem velho' e a ressurreição do
'homem novo.
Mahatma
Gandhi dedicava invariavelmente a primeira hora do dia à meditação espiritual;
além disto, cada segunda-feira era completamente reservada a essa comunhão com
Deus. Por isto conseguiu ele mais pela força do espírito do que outros
conseguem pelo espírito da força...
Quando,
anos atrás, Rabindranath Tagore, o exímio filósofo e poeta espiritual da Índia,
passou pelo Rio de Janeiro, os repórteres dos jornais invadiram o navio para o
entrevistar. Tagore, porém, não os recebeu, respondendo-lhes apenas: 'I am in
meditation' (estou em meditação), porque a passagem pelo porto do Rio de
Janeiro coincidia casualmente com o dia da semana em que esse homem costumava
ter a sua silenciosa comunhão com Deus; e nenhum prurido de glória ou
celebridade pela imprensa de um grande país foi capaz de o demover da sua
concentração espiritual.
Jesus,
segundo referem repetidas vezes os Evangelhos, depois de terminar os seus
labores diurnos, retirava-se frequentemente às alturas dum monte ou à solidão
dum ermo a fim de passar horas e horas, por vezes a noite inteira. 'em oração
com Deus'.
Dessa
frequente imersão no mundo divino provinha a luz, amor, harmonia e força.A paz e imperturbável
serenidade que caracterizam a vida de Jesus, de maneira que até em vésperas de
sua morte cruel podia ele dizer a seus discípulos: 'Dou-vos a paz, deixo vos a
minha paz... para que seja perfeita a vossa alegria.'"
Huberto Rohden
Postado por Dharmadhannya
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