E, é através deste salto que ele poderá chegar ao autoconhecimento.
O louco pertence ao mundo de magos, músicos, ciganos, artistas, dançarinos, mágicos... Podemos encontrá-lo como um mágico (Merlin), Rei Momo, Artista – como um Mago, Bobo da Corte, Mendigo, seresteiro, Poeta, Humorista, Palhaço, músico, Maestro, Mestre de Bateria, Cartunista.
O louco interior dança, canta e comanda a orquestra da vida dentro do coração daqueles que não se apegam ao poder, à ambição, a mágoa, ao passado e ao controle.
Ele é o mestre das estrelas, dança no universo a música das
esferas. Ele segue indiferente a fama, a glória, ao poder. Ele é livre. Ele
vive o amor no aqui e no agora. É intenso apaixonado. Quem conhece o amor em
seus braços nunca esquece, conhece o prazer em suas células.
Ele não tem medo de morrer de amor, e se entrega
perdidamente, sem limites. Ama como se, cada momento fosse o último. Quem
conhece o amor, envolve o outro com o verdadeiro amor.
O louco é verdadeiro e inspira confiança. Quem não tem medo
de perder, de morrer, vive intensamente. Ele sabe que a intensidade de um
momento, vale por uma eternidade. Ele não tem medo da perda e não se apega a
segurança.
Ele é abençoado com as graças da vida. Ele se chama
liberdade e voa como os pássaros. A esperança está acesa em seu coração. Ele é
a nossa criança interior, antes de se transformar em um adulto “mumificado”
pelo sistema.
Ele caminha com o seu animal sagrado, ele é um xamã, ele
conhece e respeita os mistérios da natureza... Ele fala a linguagem das fadas,
das estrelas, dos bruxos e dos iniciados.
Ele procura compreender, não julga. “Sem a energia do Louco
todos seríamos meras cartas de jogar. Ele pode virar o jogo da vida a qualquer
momento, Ele sempre tem uma carta guardada para a virada. O louco, dança no
fogo da paixão sem medo da entrega e nos empurra para a vida, onde a mente
reflexiva poder ser supercautelosa, o medo não domina sua mente”.
A sua fé, move o seu entusiasmo. Ele não carrega dentro de
si os fantasmas controladores dos passado. Ele não carrega no seu coração a
mágoa, o ressentimento, a culpa.
O Deus que ele cultiva no seu coração ama incondicionalmente
e perdoa, sem punição.
Os “demônios” da sua mente, dançam a música da alegria e
estão embriagados com a alegria de viver com integridade. Ele é livre do
adversário interior, sua mente é clara como um céu azul. Ele vive no aqui e no
agora. Quando dança ele está em paz, e em harmonia. Ele confia na vida e vive o
seu destino, naturalmente. O louco não é condenado pela culpa e pelo castigo.
Habitam no seu coração os espíritos dos ventos da profecia,
criatividade, intuição e da poesia. Ele dança e canta para a vida. Ele é o
Criador da Magia. Ele sabe usar a música da vida para atrair a felicidade. A
vida gosta de quem gosta dela.
A gratidão revela sua alma, é mãe de todas as virtudes e nos
aproxima da luz. As graças inspiram o poeta, o músico que vive dentro dele. Ele
reverencia as Deusas com o seu coração.
O Louco é um mestre que bebe e canta com os boêmios, os
brancos, mulatos, políticos, banqueiros, os pedintes, os religiosos, os negros,
os índios, os ciganos, as prostitutas, os homossexuais – senta ao meu lado e me
faz companhia – com os excluídos ele aprende a viver. Ele é um mestre que
reconhece a luz no coração daquele que o mundo condena. Ele reconhece as motivações
humanas, suas necessidades, misérias e mentiras, sua podridão e reconhece o
cheiro do inferno na alma que se arrasta na lama.
Ele re-conhece a humilhação, a necessidade nos olhos e no
corpo do outro. Ele pode se olhar no espelho sem se envergonhar dos seus limites,
das suas fraquezas. Ele perdoa e compreende. No silêncio amigo ele me aceita,
não me questiona, sabe ouvir...
Ele respira a verdade, não tem vergonha da sua própria
escuridão. É um mestre que não julga, não condena, não discrimina. Ele é a
humanidade que vive dentro de todos nós que revela sua fragilidade e sua força
ao mundo sem vergonha. Não tenta destruir o outro excluído socialmente, sabe
que não é nem o melhor, nem o pior, só mais um no meio da multidão. Não quer
destruir dentro dele, “aquele” – dentro dele – que ele tem medo de um dia se
tornar.
Vive a boêmia sem se envergonhar do vinho que toma. Ele é
mais um no meio do povo. Ele é o povo... A multidão. Sua voz é a voz da
multidão. Sua emoção canta no coração de todos. Ele é um mestre de bateria. Ele
leva a “escola” para a Avenida, sem errar o compasso.
Seu coração é uma porta aberta, ouve sem julgar e deixa
ficar todos que chegam. Ele é forte e Senhor da harmonia. Ele “venceu” sua
própria sombra. Ele conhece a si mesmo, reconhece o seu perfume e o seu veneno.
É um observador do seu ódio, da sua amargura e desespero; não é dominado pela
fúria cega e sem direção.
Integrou no ponto do Tao seus demônios e seus deuses. E ri,
da vida como um palhaço que também chora. Ele é o herói, o vilão, o vencedor e
o vencido. Um pouco de todos nós. Nós somos um dia o herói ou o bandido, na
vida de alguém.
Ele fala a língua de todos os povos, reza em todas as
cartilhas e cultua todos os deuses. Ele sabe que Deus é Um. Ele é a coragem e a
garra do vencedor. Inocente, flexível, generoso, imprevisível, amigo, ele é o
“vir-a-ser.”
Ele dança livre, é
filho da liberdade, o dharma, a mudança, o movimento, a ação da vida. Dança
para Shiva e ama a vida e o prazer... Ele é a inspiração e a intuição que nasce
na fonte criativa do vazio. Ele é a fé que move montanhas. O início. O zero de
todos os números. O ponto e o círculo.
O louco é generoso e convida todos para dançarem a dança da
vida. É preciso coragem para viver, para se entregar, largar tudo e seguir. É
um Mago que conhece todas as possibilidades que há no vazio... Ele é um
arquétipo (imagem) que nunca morre. Eterno adolescente, eterna poesia da
juventude. “Sua Roupa colorida é símbolo
da união de muitas espécies, dos opostos. É a ponte entre o mundo caótico do
inconsciente e o mundo ordenado da consciência”.
O louco se liga ao símbolo do falo, tanto no sentido da
devassidão, do prazer, como da fertilidade. Seu chapéu com campainha, toca como
um sino que desperta para o Divino, quem está a sua volta... Ele representa o “puer eternus” o adolescente
de vigor imortal – com vários séculos de idade. Sua vara – sua flauta mágica, seu som faz os inimigos
dançarem e assim, acalma a cólera e o ódio e dispersa a depressão.
Em nossa jornada para a individuação, o louco demonstra com
freqüência sua curiosidade impulsiva, para sonhos impossíveis. Sua busca do
prazer nos lembra nossa infância. O louco como Eros, busca a beleza e o prazer.
Encanta a todos com a sua paixão pela vida e com o seu brilho. Ele dança a
dança da vida com sua alma. Por isto, o universo conspira ao seu favor.
Quero dançar e cantar com a alma possuída pelo artista
divino, que saboreia a vida com o prazer de viver e não permite que algemas do
controle, medo, punição e da dominação nos roube a nosso maior tesouro – a
sabedoria da arte de viver.
O louco sem limites, sem controle de si mesmo poderá vir a
ser um marginal social, que se destrói e traz a destruição à sua volta. Aquele
que ama e respeita o próximo, assume sua responsabilidade...
O Louco é um artista, e aquele que não ama é um insano.
Podemos destacar o lado sombrio do louco que não encontrou sua harmonia com o
mundo: exagero, preguiça, solidão, excesso de planos delirantes, extravagância,
impetuosidade, imprudência, indecisão, ingenuidade, imaturidade, inconsequência,
indisciplina, vício, devassidão, atração pela morte e pelo crime.
O “insano” é aquele que não consegue avaliar suas atitudes,
egoísta, orgulhoso, prepotente, irado, déspota, tirano, alienado da realidade
social e não preocupa com os outros. Ele está no escuro, sem alma, vive
separado na solidão do egoísmo. Espero que todos possam encontrar o seu
”Louco”, no caminho da esperança.
Envio do meu coração
para o coração de todos a paixão do louco que queima no meu coração. Estamos
juntos na estrada da vida em busca da luz.
DharmaDhannya -
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