Feng Shui Intuitivo
A ALGUNS ANOS dei uma palestra em uma livraria e reparei muito uma mulher que estava no fundo da sala semioculta por uma prateleira de livros. Seus olhos escuros brilhavam atrás dos óculos de tamanho exagerado e a expressão no rosto redondo revelava timidez. Enquanto ouvia, enrolava uma madeixa que escapara do coque bem-feito.
No Final da
palestra, ela se esgueirou para a frente da sala e disse discretamente: “Eu
realmente quero fazer feng shui na minha casa, mas não tenho como pagar um
profissional.”
Eu tinha alguns minutos livres, de modo que eu
disse: “Vamos nos sentar por um momento. Talvez eu possa ajudá-la.”
Comecei
fazendo perguntas sobre os objetivos dela e o que sonhava em fazer na vida.
Ela pareceu surpresa e perguntou: “O que tem isso a ver com o feng shui?”
Expliquei a ela que não é possível separar as
casas das pessoas que vivem nelas. Disse que antes de fazer quaisquer mudanças
ela precisa ter certeza do que queria na vida para que as mudanças efetuadas
amparassem seus sonhos.
Ela começou a
chorar, dizendo: “Eu não sei o que quero.” Eu disse a ela que, mesmo quando
não sabemos conscientemente o que queremos, bem no fundo da mente subconsciente
possuímos esse conhecimento.
Sugeri que
fizéssemos juntas um exercício rápido. Pedi a ela que fechasse os olhos,
imaginasse que estava muito feliz e depois me contasse o que estava vendo.
Alguns instantes
depois, ela disse que estava se vendo em um relacionamento amoroso, segurando
uma criança nos braços. Ela explicou que nunca tivera um relacionamento, por
ser muito tímida e não acreditar que isso fosse possível. Eu pedi a ela que
pusesse essa idéia de lado por um momento para que pudéssemos prosseguir com o
exercício.
A seguir eu
disse: “Imagine que você está entrando na sua casa e sentindo essa mesma
emoção de amor e satisfação. Sustente na mente essa imagem e pense no que
você pode modificar na sua casa para poder se sentir dessa maneira.”
Fiquei quieta e segurei a mão dela enquanto
ela fazia essa parte do exercício. Alguns minutos depois, ela abriu os olhos e
perguntou espantada:
“Pode ser de fato assim tão fácil?” Seu rosto
brilhava e garanti a ela que às vezes pode realmente ser assim. Eu a animei a
ir para casa e fazer as mudanças que vira na meditação. Despedi- me então dela
e fui pegar meu avião.
Um ano
depois, havia esquecido esse breve encontro quando abri uma carta que continha
a foto de um casal de aparência muito feliz. Fiquei encantada ao reconhecer a
moça.
Ela dizia na carta que nunca poderia ter
imaginado, nem mesmo nos seus sonhos mais extravagantes, que uma dia poderia
vir a ter um parceiro tão maravilhoso.
Ela prosseguiu descrevendo as mudanças que havia feito em casa, acrescentando que pouco depois de realizá-las tinha conhecido o homem que hoje era seu marido.
Nem todo
mundo poderá pagar pelos serviços de um profissional de feng shui (ou ter
acesso a eles). No entanto, você pode usar o poder da sua intuição para
descobrir as mudanças que precisa efetuar na sua casa. Este texto lhe mostrará
como fazer isso.
Seus
antepassados sabiam como viver em harmonia com a terra. Eles intuitivamente
encontravam o melhor lugar para construir suas casas, assim como sentiam
instintivamente qual o melhor lugar para a porta da frente.
Embora talvez tenhamos perdido conscientemente
essa habilidade instintiva, você pode voltar a despertá-la em si.
Um filhote de
pássaro que acaba de sair do ovo se abaixará rapidamente se um gavião voar por
cima dele, mas permanecerá totalmente despreocupado se um pombo voar nas
proximidades.
Trata-se de
uma reação instintiva. Você também possui habilidades instintivas e pode usar
esses instintos para arrumar sua casa de um modo benéfico para você e para
todos que nela vivem.
Esta
capacidade resulta das nossas memórias ancestrais e relembra as experiências de
gerações dos seus antepassados que viviam perto da terra. Ela faz parte do seu
legado.
Ao analisar
os padrões de energia na sua casa, em vez de desmembrá-los em pequenas partes,
você verá como eles estão entrelaçados em uma rede intrincada de padrão e
ritmo. Desse modo você começará a formar uma idéia clara de como é a “energia
essencial” da sua casa.
A “energia essencial” da sua casa é como o tema de uma música. E um motivo que se repete e reaparece continuamente. Embora cada vez que seja ouvido ele possa ser levemente diferente, haverá características facilmente reconhecíveis que conferem unidade artística à música como um todo.
A energia
essencial da sua casa capta a essência dela. Quando você se liga a essa
essência energética, se sente mais “em casa” quando está nela. Sempre que você
se liga à verdadeira essência de alguma coisa, aprofunda sua conexão com ela.
Você encontrará a seguir um exercício simples que poderá ajudá-la a entender e
se ligar à energia essencial da sua casa.
Feche os
olhos e relaxe. Imagine que é tarde da noite e você está caminhando pelo seu
bairro. As luzes estão apagadas e as pessoas dormindo. Ao parar diante de cada
casa, você usa sua visão interior para olhar através das paredes.
Dentro de cada casa você consegue perceber um
brilho luminoso. Você está sentindo a “energia essencial” ou essência fundamental
dessa casa. A energia essencial de cada habitação pode ter um aspecto
diferente;
uma pode parecer uma luz azul, outra pode ser
um símbolo radiante como uma estrela, uma terceira pode ser uma luz dourada
ondeante.
Ao se aproximar da sua casa, imagine-se diante
dela observando que no interior das paredes existe uma luz luminescente, a
energia essencial dela.
Visualize
agora um filamento de energia divina de luz rosa, amarelo e branco (ou escolha
a cor que você se identificar, ou um arco-íris) emanando de você e se dirigindo
para a essência da sua casa. Isso aprofunda sua conexão com a casa e ajuda a
torná-la um lugar mais acolhedor para você.
Comunicando-se
com seus objetos
Os métodos intuitivos podem parecer no início estranhos e até mesmo extravagantes. No entanto, quando você comprar uma coisa para sua casa porque ela intuitivamente “parece” certa, quase sempre ela lhe trará mais alegria do que qualquer coisa que você tenha decidido logicamente como o melhor para a sua casa.
Susan entabulou
uma “conversa” com uma velha cadeira de balanço que estava pensando em comprar
em uma loja de artigos de segunda mão. A cadeira “disse” a ela que fora feliz
durante muitos anos em uma grande família.
Susan viu a imagem de uma criança puxando a
cadeira para debaixo de um salgueiro no jardim em dia quente de verão. Ela
disse que essas associações com a cadeira fizeram com que tomasse a decisão de
comprá-la.
Ao chegar em
casa com a nova aquisição, Susan perguntou à cadeira onde gostaria de ser colocada.
A cadeira “escolheu” um canto ensolarado perto de uma janela voltada para o
sul. Por mais excêntrico e impulsivo que este método possa parecer,
Susan afirmou
que usar a intuição com relação à mobília e aos objetos da sua casa traz para
esta uma energia especial que não estava presente quando ela confiava
exclusivamente na sua mente lógica para fazer as compras domésticas.
Se a impressão for boa, o feng shui é bom
O feng shui
pode ser muito complexo. Pode surgir confusão quando diferentes escolas de feng
shui divergem umas das outras. No entanto, existe um método empírico simples
que você pode usar quando estiver na dúvida: “Se a impressão for boa, o feng
shui é bom.”
Esta regra é
fácil de ser aplicada em qualquer lugar. Se você entrar em uma loja e se sentir
bem, é bastante provável que ela tenha um feng shui bom.
Se você
entrar em um restaurante e não se sentir bem, você frequentemente descobrirá
que ele tem um mau feng shui.
A dificuldade que temos ao tentar ter acesso
ao feng shui da nossa casa é que estamos tão acostumados a viver nela que com frequência
não percebemos se ela nos transmite uma sensação boa ou má.
Uma das maneiras
de superar esse obstáculo é entrar em um cômodo e fechar os olhos. Permaneça
assim alguns momentos para acalmar seus pensamentos e a seguir observe como
você se sente.
Ao fazer isso
na casa toda, você geralmente será capaz de dizer quais os aposentos que têm
bom feng shui e os que precisam ser trabalhados.
Em última
análise, o feng shui deve estar relacionado com viver em harmonia com o
ambiente em vez de aderir a regras rígidas.
Nenhuma “Polícia”
Feng Shui irá bater na sua porta no meio da noite se você não tiver flautas de
bambu penduradas nas vigas. Algumas regras de feng shui muito apropriadas à
cultura chinesa não funcionam tão bem nos lares ocidentais sem um pouco de
tradução prática.
O crisântemo pode simbolizar uma coisa em determinada parte do mundo e outra completamente diferente em outro lugar.
E sempre importante avaliar se uma regra ou
símbolo faz ou não sentido no seu caso. Sua casa precisa transmitir uma boa
sensação a você, porque é você quem vai morar nela.
Procurando o
bem na sua casa
E muito fácil
sermos críticos com relação à nossa casa. Frequentemente olhamos para ela e
enxergamos, acima de tudo, o que está errado.
Por causa dessa tendência, descobri que é
muito útil avaliar as casas a partir da perspectiva de Madre Teresa. Quando
penso nela entrando em uma casa, imagino que ela o faria com muito amor no
coração, independentemente da bagunça existente ou de quantas coisas
precisassem de reparos ou atenção.
Estou certa
de que ela encontraria o bem nas pessoas que morassem na casa e seria capaz de
fazer recomendações de solidariedade e estímulo.
Se você tem a tendência de ser muito dura
consigo mesma, usar essa imagem pode ajudá-la a se aproximar da sua casa de um
jeito amoroso e destituído de críticas.
A maneira
mais poderosa de nos relacionarmos com outros seres humanos é sempre procurar o
melhor. Ao fazermos isso, eles geralmente satisfazem nossas expectativas,
agindo da melhor forma possível. Os lares não são diferentes.
Quando você começar a olhar para sua casa procurando
enxergar o que existe realmente de especial nela, você será capaz de fazer as
mudanças necessárias com uma disposição completamente diferente daquela que
você teria se começasse em busca de defeitos.
Cada casa,
assim como cada pessoa, possui qualidades especiais. Quanto mais você enfatizar
os aspectos positivos do seu lar, mais positivo ele se tornará.
Observe como a janela da cozinha recebe a luz da tarde de um jeito especial ou talvez haja uma árvore magnífica crescendo do lado de fora do seu quarto. O carvalho dourado do corrimão da escada pode iluminar um corredor que sem ele seria sombrio.
Quando você
presta atenção ao que há de melhor na sua casa, você começa a perceber que
essas mesmas qualidades se manifestam na sua vida.
Uma possível
armadilha no feng shui é nos determos no que está errado com uma construção ao
invés de observarmos o que está dando certo no local.
Posso dar como exemplo uma experiência que
tive há muitos anos quando era jovem e decidi fazer terapia. Escolhi uma
terapeuta com magníficas referências, mas durante nossas sessões geralmente
focalizávamos o que estava errado comigo.
Embora os
comentários dela a meu respeito provavelmente estivessem certos, comecei a me
sentir cada vez pior com relação a mim mesma, de modo que decidi procurar outro
profissional.
A segunda terapeuta não era tão conhecida, mas
desde o momento em que estive no seu consultório ela enxergou o que havia de
bom em mim. Ela salientou meu potencial e muitas qualidades que eu não havia
considerado.
Essa
maravilhosa terapeuta também percebeu que algumas áreas precisavam de atenção,
mas me disse que se trabalhássemos juntas poderíamos facilmente superar esses
problemas.
Foi o que
fizemos, e comecei a ficar curada e a crescer em um ritmo exponencial. Ela
enxergava o que havia de bom em mim. Ela acreditava em mim. Quando reconhecemos
o bem em alguma coisa, ele floresce. Este fato é especialmente verdadeiro a
respeito da nossa casa.
Alguns
sistemas de feng shui apresentam a tendência de se concentrar na casa e não
nas pessoas. Não é possível separar a habitação das pessoas que nela vivem. O
bem que vemos em um se refletirá no outro.
A melhora em uma casa cria um modelo para o
desenvolvimento da pessoa, e vice-versa. Quando você encontra o bem na sua
casa, você está criando as condições corretas para que as pessoas que vivem
nela descubram o bem em si mesmas.
Postado por Dharmadhannya
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