quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Deus - Mente Cósmica

 


O ENTE SUPREMO

Deus existe!

Ele é infinito, eterno e absoluto, onisciente e onipotente; fonte do Amor Universal e da Mente Cósmica, criador do Espírito e da Matéria, e de todas as cousas naturais, absolutamente possí­veis.

1.1 -SEMÂNTICA E DIALÉTICA DO SER

Para designar Deus, o Ser único, simples, imutável, eterno, imenso, livre, inteligente, justo, bom e que reúne em si a plenitude de todas as perfeições, sendo, por isso mesmo, possível - o nominativo: Ente Supremo

Ente, que quer dizer - aquilo que existe, ou que se supõe existir, a substância primordial que não ocupa lugar no espaço, o Ser criador de tudo o que existe ou pode existir.

Supremo, no sentido de único, que exclui outro igual, e máximo, que significa a potência única - a carga suficiente de energia volitiva e inteli­gente.

É, pois, o Ente Supremo, o Ser necessário a todos os seres contingentes que compõem a criação natural conhecida ou desconhecida pela ciência.

Não é necessário demonstrar a existência do Ente Supremo, porque ele é evidente por si mesma. Todo ser inteligente tem necessariamente a intuição de Deus.

Todos os povos, através de todos os tempos e em todos os lugares, creem na existência de Deus.

Ora, não é possível que esta crença unânime, constante e idêntica em todos quanto ao objeto, não possua uma razão suficiente.

Essa crença que enobrece o coração do homem, não é exclusivo patrimônio do filósofo.

Desde que o selvagem compreende que não pode existir por si mesmo, que Alguém deveria ter criado a majestosa Natureza que o cerca, é levado instintivamente a admirar e a cultuar esse Criador a quem rende tosco, mas sincero culto como - o Ente supremo...

Definir Deus, o Ser Supremo, é impossível, pois essa tentativa encerra em si mesma uma contradição - o contingente não pode conhecer a causa da causa necessária, pois, enquanto esta é absoluta - aquela é relativa em comparação à sua causa.

Variando a causa, varia o efeito. A ideia do Ser Supremo é muito mais universal do que pode conceber a criatura.

Para Sócrates, Deus é a causa primeira, razão última de todas as cousas - o Ente Supremo.

 Todos os seres de que é composto o mundo são contingentes; ora, os seres contingentes supõem um ser necessário, logo existe um ser necessário.

Para Leibnitz, Deus é a Mônada Suprema, absolutamente perfeita, causa eficiente de todas as outras.

Deus é infinito, eterno, imutável, onisciente, onipotente, para S. Tomas, e criador e Providência nas suas relações com o mundo.

Tentando explicar o princípio da existência, assim diz Farias Brito:” Há um princípio último que tudo explica, uma verdade suprema que tudo ilumina: esta verdade é Deus vivo e real que mantém em equilíbrio o mecanismo do mundo..." e adiante: "Negar a Deus é negar a razão no mundo. Deus... é o ser uno e completo do qual tudo sai e no qual tudo entra o ser e todo o ser, o pensamento; e todo o pensamento; imóvel e eterno; energia em tudo presente e na qual existir é pensar e pensar, é criar "

1.2 -PROPRIEDADES DO SER

A substância é uma só, necessária, eterna, infinita-Deus. Ele é dotado de dois atributos conhecidos, a extensão e o pensamento, que são, para a perspectiva humana, dois aspectos de uma mesma realidade infinita (Spinoza)

Todos os seres do universo são modificações finitas dos atributos da substância infinita. Os corpos são modos de extensão e os espíritos, modos de pensamento (Spinoza).

Assim, o Ser é o resumo de todas as propriedades existentes e possí­veis, conhecidas e ainda desconhecidas, componentes da Criatura, em seus aspectos conjunturais concreto e abstrato.

As propriedades do Ser, porém, estão nele, latentes e percebidas, quando se as constatam nos seres criados. A maravilha da ciência é essa permanente percepção do Ser pela descoberta de suas propriedades.

1.3 UNIDADE DO SER

Essa substância única, necessária, eterna e infinita, absolutamente suficiente, cria constantemente o universo em seu pensamento. Deus geometriza. O universo é, pois, um grande pensamento da Mente Cósmi­ca do Ente Supremo.

 É como a nebulosa primitiva de "Laplace", que a ciência busca e não pode encontrar, porque ela não está em lugar algum. Ela está além de qualquer lugar, pois todas as cousas estão nela e são constituídas de sua substância mental - ela é a Mente Cósmica do Ente Supremo.

1.4 POSSIBILIDADE DO SER

Esse poder criador do Ser se manifesta como extensão, que é potência geradora da realidade - Espaço; e como vontade de potência, que é a própria realidade gerada - possibilidade extrínseca do Ser -, a Matéria.

À medida que aumenta a potência geradora da realidade, o Espaço se expande, e desse modo provoca o aumento da vontade de potência geradora da realidade, que passa então a ocupar o Espaço gerado.

Simultaneamente, porém, à medida que o universo se expande, há uma contração permanente das formas geradas, numa concentração da potência geradora da realidade, interpenetrando toda a criação natural, e anulando assim, a capacidade de se medir as cousas no infinito, porque o macrocosmo e o microcosmo são apenas a unidade de todas as cousas e a multiplicidade nela mesma.

Deus manifesto é, pois, a cousa em si, como o Noumenon de Kant, enquanto a realidade global é o Fenoumenon.

Essa concepção do universo conhecido, que parece meramente física, exige um atributo - o pensamento do Ser, o espírito das cousas.

Em cada unidade da multiplicidade fenomênica há uma carga espiri­tual; quero dizer, uma unidade cognitiva, uma consciência gerada pelo pensamento do Ser - uma possibilidade lógica.

Essa consciência que a realidade gerada carrega dentro de si, como um feto, é o reflexo ideal do Ser, que identifica o universo e o faz consciente de si mesmo, como uma existência possível na Mente de Deus.

Ela surge simples e ingênua, em sua origem, para percorrer a ciranda dos corpos e recolher neles a experiência dessa viagem, voltando final­mente a seu ponto de partida, carregada com a Virtude de todos os momentos.

1.5 IDENTIDADE DO SER

O processo da criação natural do universo, que é a realidade corpórea, é então uma autoconscientização instantânea do Ser.

O Ser, metamorfoseado nas imagens de sua própria Mente, e transubstanciado nas equações de seu próprio pensamento, parte, do estado natural da unidade absoluta para o estado natural da identidade relativa, lançando-se na história cósmica da multiplicidade, para voltar a si mes­mo, com a virtude do conhecimento que adquiriu durante a geração de si próprio.

Tal como a abelha que vai de flor em flor, juntando o pólen para a geração do mel, o Espírito habita de forma em forma de matéria, para enriquecer-se com o conhecimento que a experiência lhe dá, ao verificar a virtude oculta em cada cousa, que é a essência do fenômeno.

1.6 O PRINCÍPIO DA RAZÃO SUFICIENTE

A razão da existência do Ente Supremo, escapa à compreensão da mente humana, mas o espírito intui, pelo princípio da razão suficiente, que a coerência racional da perspectiva humana atribui à natureza de todos os seres naturais existentes.

O Ente Supremo coincide com a sua razão de ser. Dessa compreensão e da observação da Criatura, a mente humana deduz os sete princípios herméticos:

 a) o Princípio do Mentalismo; b) o Princípio de Correspondência; c) o Princípio de Vibração;

d) o Princípio de Polaridade; e) o Princípio de Ritmo;

 f) o Princípio de Geração; g) o Princípio de Causalidade e Finalidade.

1.7 CAUSALIDADE E FINALIDADE

1.7.1 A Causalidade

Tudo o que começa a existir tem uma causa eficiente, pois todo ser contingente, se existe, é porque foi causado.

O Ser e a natureza de um Ente se manifestam em seu agir. Por isso, pela ação do agente se conhece o sujeito da ação.

1.7.2 A Finalidade

Fim é aquilo porque se faz alguma cousa. É um bem a que se visa, querido, o qual determina uma série de atos necessários ou úteis à sua realização.

O Fim é, pois, uma causa, a primeira das causas, a causa das causas. Eliminada, no agente, a causa final, isto é, a meta em virtude da qual ele age, ficam imobilizadas todas as causas (Ser e Vida - Johannes Haas).

 De modo que a Realidade surge, a cada instante, como um fenô­meno, em razão de ser possível, porque sustenta-se em si mesma, pelo conteúdo suficiente que lhe dá, não só existência, como até razão de existir.

 E o princípio lógico do Ser possível, que torna a Verdade, como um valor imanente do Ser, uma Realidade sensível refletida pelo Espírito na mente do homem.

Cada cousa natural existente visa a uma finalidade, a sua própria existência -, e quando desaparece resta outra cousa que a substitui, na condição de uma nova situação, e na qual se verifica novamente a mesma finalidade.

Esta finalidade a que cada cousa natural existente visa, como razão de sua existência mesma, é um complexo de valores eternos, que constituem a Realidade, como uma manifestação dos elementos substanciais componentes da estrutura axiológica do Ente Supremo.

1.8  A EXTENSÃO E A APARÊNCIA LÓGICA DO SER

 Esse conjunto é, pois, o Ser. Semelhante a um cristal vivo, formado por um vórtice de energia primordial - essência do Amor Universal; Vibrando constantemente em si e pulsando em si mesmo, numa freqüência quântica suficiente.

Tornado, assim, a si mesmo, segundo a concepção humana, um corpo natural, regularmente limitado por faces planas, cuja forma depende das forças naturais internas que o compõem e orientam as unidades que constituem a multiplicidade em sua substância; mantém o universo o aspecto de um octaedro regular, forma cristalina holédrica do sistema cúbico, que o Grande Geômetra Universal engendra, truncando os ângulos. salientes do cubo por planos paralelos aos eixos ternários e formando, assim, um sólido limitado por triângulos equiláteros, com doze arestas Iguais e quatro planos principais de simetria.

Pode assim parecer que o Ente Supremo se confunde com a Criatura, o que nos levaria a uma interpretação pampsiquista das relações do Ser com os seres de sua criação, tal como se acusara Farias Brito; mas não é isto o que eu quero dizer.

O Ente Supremo é unido à Criatura, como contemplação em sua vigília, mas enquanto a Criatura se estende na Realidade, o Ente Supremo, como essência do Bem, situa-se na estrutura axiológica da consciência ideal. Não é, pois, a Criatura, embora esta seja parte d'Ele, exista n'Ele e para Ele.

Como potência, Ele é a causa eficiente da Criatura; como Bem Supre­mo, a sua causa final; e como atualidade na Mente Cósmica, a causa formal e material da Realidade.

1.9 A POTENCIALIDADE E ATUALIDADE DO SER

O Ente Supremo tem em si, como atributo essencial, a potência das cousas, isto é, a carga suficiente de energia viva e inteligente, que é capaz é capaz de surgir na Mente cósmica, com as múltiplas formas dos corpos. E como um desejo de existir, uma vontade de querer - essência do Amor!

Mas pela sensação dos sentidos estimulados pelos fenômenos da realidade o homem constata a realidade do Ser.

Então, aquela potência das cousas transformada em ato de vontade do Ser necessário surge, a cada momento, diante do espelho da mente humana, corporificada em seres contingentes.

E o homem lhe dá existên­cia lógica no mundo da cultura, incorporando-a ao universo simbólico de seu animismo mental.

Surge assim, no panorama cósmico do Ser, a Verdade, como reflexo ideal da Realidade; tanto mais exata, quanto mais justa, porque a Verdade é resultante da concordância com a realidade.

A busca da verdade é, pois, o ajuste do endonoumenon ao exonoumenon; a conscientização do espírito humano, em refletir a Criatura, que é a face do Ente Supremo, vista pelo homem, que é parte dela.

Portanto, a mente do homem deve ser como um lago sereno, para refletir com perfeição a máscara do Ser...

E digo máscara, porque a aparência do Ser depende da perspectiva de cada mente contingente que compõe a Criatura.

Mas é essa potencialidade transformada em atualidade do Ser que põe em movimento esse cristal cúbico, gerando a Mente Cósmica, em forma esferoidal, que a atualidade do Ser transforma em massa nebulosa.

Mas essa Mente Cósmica, contendo, no Espaço, a substância potencial do ato, é eterna, e à semelhança de uma nuvem galáctica, animada de movimentos "braunianos", em suas partículas, gira em todos os movi­mentos possíveis produzidos por uma explosão e implosão simultâneas.

Permanecendo simples, a Mente Cósmica é idêntica a si mesma, e por isso, embora absoluta na sua unidade, é relativa em sua atualidade, podendo, assim, a energia que a compõe, ora concentrar-se nos arquéti­pos e formar os corpos, ora simultaneamente escorrer para o âmago do Ser.

Dá-nos disso uma pálida e insuficiente ideia a água a ferver numa retorta. Enquanto permanece em forma líquida e compacta no fundo da retorta, vai se gaseificando por efeito do calor, e simultaneamente lique­fazendo-se nas paredes superiores da retorta, para novamente retornar em forma líquida ao seu interior, sob a ação dos câmbios de temperatura.

Cumpre lembrar ainda, para melhor compreensão, que estamos surpreendendo o Ser e a Criatura num momento de sua história, que é, porém, o único momento, porque o Ser não tem história - tudo é presente sempre, por isso a linguagem de comunicação tem, forçosamente, de ser figurada, para dizer o incomunicável, pois o presente é sempre inexoravelmente um tríplice momento, composto de um instante imediatamente anterior e um instante imediatamente posterior ao ato, continuamente.

Atilio dos Santos Oliveira

Postado por Dharmadhannya

Nenhum comentário:

Postar um comentário