Deus existe!
Ele é infinito, eterno e absoluto, onisciente e
onipotente; fonte do Amor Universal e da Mente Cósmica, criador do Espírito e
da Matéria, e de todas as cousas naturais, absolutamente possíveis.
1.1 -SEMÂNTICA E DIALÉTICA DO SER
Para designar Deus, o Ser único, simples, imutável,
eterno, imenso, livre, inteligente, justo, bom e que reúne em si a plenitude de
todas as perfeições, sendo, por isso mesmo, possível - o nominativo: Ente Supremo
Ente, que quer dizer - aquilo que existe, ou que se
supõe existir, a substância primordial que não ocupa lugar no espaço, o Ser
criador de tudo o que existe ou pode existir.
Supremo, no sentido de único, que exclui outro igual,
e máximo, que significa a potência única - a carga suficiente de energia
volitiva e inteligente.
É, pois, o Ente Supremo, o Ser necessário a todos os
seres contingentes que compõem a criação natural conhecida ou desconhecida pela
ciência.
Não é necessário demonstrar a existência do Ente
Supremo, porque ele é evidente por si mesma. Todo ser inteligente tem
necessariamente a intuição de Deus.
Todos os povos, através de todos os tempos e em todos
os lugares, creem na existência de Deus.
Ora, não é possível que esta crença unânime, constante
e idêntica em todos quanto ao objeto, não possua uma razão suficiente.
Essa crença que enobrece o coração do homem, não é
exclusivo patrimônio do filósofo.
Desde que o selvagem compreende que não pode existir por
si mesmo, que Alguém deveria ter criado a majestosa Natureza que o cerca, é
levado instintivamente a admirar e a cultuar esse Criador a quem rende tosco,
mas sincero culto como - o Ente supremo...
Definir Deus, o Ser Supremo, é impossível, pois
essa tentativa encerra em si mesma uma contradição - o contingente não pode conhecer a causa da causa necessária, pois, enquanto esta é absoluta - aquela é relativa em comparação à sua causa.
Variando a causa, varia o efeito. A ideia do Ser
Supremo é muito mais universal do que pode conceber a criatura.
Para Sócrates, Deus é a causa primeira, razão última
de todas as cousas - o Ente Supremo.
Todos os seres
de que é composto o mundo são contingentes; ora, os seres contingentes supõem
um ser necessário, logo existe um ser necessário.
Para Leibnitz, Deus é a Mônada Suprema, absolutamente perfeita, causa eficiente de todas as outras.
Deus é infinito, eterno, imutável, onisciente, onipotente, para S. Tomas, e criador
e Providência nas suas relações com o mundo.
Tentando explicar o princípio da existência, assim diz
Farias Brito:” Há um princípio último que tudo explica, uma verdade suprema que
tudo ilumina: esta verdade é Deus vivo e real que mantém em equilíbrio o
mecanismo do mundo..." e adiante: "Negar a Deus é negar a razão no
mundo. Deus... é o ser uno e completo do qual tudo sai e no qual tudo entra o
ser e todo o ser, o pensamento; e todo o pensamento; imóvel e eterno; energia em tudo presente e na qual existir é
pensar e pensar, é criar "
A substância é uma só, necessária, eterna,
infinita-Deus. Ele é dotado de dois atributos conhecidos, a extensão e o
pensamento, que são, para a perspectiva humana, dois aspectos de uma mesma
realidade infinita (Spinoza)
Todos os seres do universo são modificações finitas
dos atributos da substância infinita. Os corpos são modos de extensão e os
espíritos, modos de pensamento (Spinoza).
Assim, o Ser é o resumo de todas as propriedades
existentes e possíveis, conhecidas e ainda desconhecidas, componentes da
Criatura, em seus aspectos conjunturais concreto e abstrato.
As propriedades do Ser, porém, estão nele, latentes e
percebidas, quando se as constatam nos seres criados. A maravilha da ciência é
essa permanente percepção do Ser pela descoberta de suas propriedades.
1.3 UNIDADE DO SER
Essa substância única, necessária, eterna e infinita,
absolutamente suficiente, cria constantemente o universo em seu pensamento.
Deus geometriza. O universo é, pois, um grande pensamento da Mente Cósmica do
Ente Supremo.
É como a
nebulosa primitiva de "Laplace", que a ciência busca e não pode
encontrar, porque ela não está em lugar algum. Ela está além de qualquer lugar,
pois todas as cousas estão nela e são constituídas de sua substância mental -
ela é a Mente Cósmica do Ente Supremo.
Esse poder criador do Ser se manifesta como extensão,
que é potência geradora da realidade - Espaço; e como vontade de potência, que
é a própria
realidade gerada - possibilidade extrínseca do Ser -, a Matéria.
À medida que aumenta a potência geradora da realidade,
o Espaço se expande, e desse modo provoca o aumento da vontade de potência geradora
da realidade, que passa então a ocupar o Espaço gerado.
Simultaneamente, porém, à medida que o universo se
expande, há uma contração permanente das formas geradas, numa concentração da potência
geradora da realidade, interpenetrando toda a criação natural, e anulando
assim, a capacidade de se medir as cousas no infinito, porque o macrocosmo e o
microcosmo são apenas a unidade de todas as cousas e a multiplicidade nela mesma.
Deus manifesto é, pois, a cousa em si, como o Noumenon
de Kant, enquanto a realidade global é o Fenoumenon.
Essa concepção do universo conhecido, que parece
meramente física, exige um atributo - o pensamento do Ser, o espírito das
cousas.
Em cada unidade da multiplicidade fenomênica há uma
carga espiritual; quero dizer, uma unidade cognitiva, uma consciência gerada
pelo pensamento do Ser - uma possibilidade lógica.
Essa consciência que a realidade gerada carrega dentro
de si, como um feto, é o reflexo ideal do Ser, que identifica o universo e o
faz consciente de si mesmo, como uma existência possível na Mente de Deus.
Ela surge simples e ingênua, em sua origem, para
percorrer a ciranda dos corpos e recolher neles a experiência dessa viagem,
voltando finalmente a seu ponto de partida, carregada com a Virtude de todos
os momentos.
1.5 IDENTIDADE DO SER
O processo da criação natural do universo, que é a
realidade corpórea, é então uma autoconscientização instantânea do Ser.
O Ser, metamorfoseado nas imagens de sua própria
Mente, e transubstanciado nas equações de seu próprio pensamento, parte, do
estado natural da unidade absoluta para o estado natural da identidade
relativa, lançando-se na história cósmica da multiplicidade, para voltar a si
mesmo, com a virtude do conhecimento que adquiriu durante a geração de si
próprio.
Tal como a abelha que vai de flor em flor, juntando o
pólen para a geração do mel, o Espírito habita de forma em forma de matéria,
para enriquecer-se com o conhecimento que a experiência lhe dá, ao verificar a
virtude oculta em cada cousa, que é a essência do fenômeno.
1.6 O PRINCÍPIO DA RAZÃO SUFICIENTE
A razão da existência do Ente Supremo, escapa à
compreensão da mente humana, mas o espírito intui, pelo princípio da razão
suficiente, que a coerência racional da perspectiva humana atribui à natureza
de todos os seres naturais existentes.
O Ente Supremo coincide com a sua razão de ser. Dessa
compreensão e da observação da Criatura, a mente humana deduz os sete
princípios herméticos:
a) o Princípio
do Mentalismo; b) o Princípio de Correspondência; c) o Princípio de Vibração;
d) o Princípio de Polaridade; e) o Princípio de Ritmo;
f) o Princípio
de Geração; g) o Princípio de Causalidade e Finalidade.
1.7 CAUSALIDADE E FINALIDADE
1.7.1 A Causalidade
Tudo o que começa a existir tem uma causa eficiente,
pois todo ser contingente, se existe, é porque foi causado.
O Ser e a natureza de um Ente se manifestam em seu
agir. Por isso, pela ação do
agente se conhece o sujeito da ação.
Fim é aquilo porque se faz alguma cousa. É um bem a
que se visa, querido, o qual determina uma série de atos necessários ou úteis à
sua realização.
O Fim é, pois, uma causa, a primeira das causas, a
causa das causas. Eliminada, no agente, a causa final, isto é, a meta em
virtude da qual ele age,
ficam imobilizadas todas as causas (Ser e Vida - Johannes Haas).
De modo que a
Realidade surge, a cada instante, como um fenômeno, em razão de ser possível,
porque sustenta-se em si mesma, pelo conteúdo suficiente que lhe dá, não só
existência, como até razão de existir.
E o princípio
lógico do Ser possível, que torna a Verdade, como um valor imanente do Ser, uma
Realidade sensível refletida pelo Espírito na mente do homem.
Cada cousa natural existente visa a uma finalidade, a
sua própria existência -, e quando desaparece resta outra cousa que a
substitui, na condição de uma nova situação, e na qual se verifica novamente a
mesma finalidade.
Esta finalidade a que cada cousa natural existente
visa, como razão de sua existência mesma, é um complexo de valores eternos, que
constituem a Realidade, como uma manifestação dos elementos substanciais componentes
da estrutura axiológica do Ente Supremo.
1.8 A EXTENSÃO E A APARÊNCIA LÓGICA DO
SER
Esse conjunto
é, pois, o Ser. Semelhante a um cristal vivo, formado por um vórtice de energia
primordial - essência do Amor Universal; Vibrando constantemente em si e
pulsando em si mesmo, numa freqüência quântica suficiente.
Tornado, assim, a si mesmo, segundo a concepção humana, um corpo natural, regularmente limitado por
faces planas, cuja forma depende das forças naturais
internas que o compõem e orientam as unidades que constituem
a multiplicidade em sua substância; mantém o universo o aspecto de um octaedro
regular, forma cristalina holédrica do sistema cúbico, que o Grande Geômetra
Universal engendra, truncando os ângulos. salientes do cubo por planos
paralelos aos eixos ternários e formando, assim, um sólido limitado por
triângulos equiláteros, com doze arestas Iguais e quatro planos principais de
simetria.
Pode assim parecer que o Ente Supremo se confunde com
a Criatura, o que nos levaria a uma interpretação pampsiquista das relações do
Ser com os seres de sua criação, tal como se acusara Farias Brito; mas não é isto
o que eu quero dizer.
O Ente Supremo é unido à Criatura, como contemplação
em sua vigília, mas enquanto a Criatura se estende na Realidade, o Ente
Supremo, como essência do Bem, situa-se na estrutura axiológica da consciência ideal.
Não é, pois, a Criatura, embora esta seja parte d'Ele, exista n'Ele e para Ele.
Como potência, Ele é a causa eficiente da Criatura;
como Bem Supremo, a sua causa final; e como atualidade na Mente Cósmica, a
causa formal e material da Realidade.
1.9 A POTENCIALIDADE E ATUALIDADE DO SER
O Ente Supremo tem em si, como atributo essencial, a
potência das cousas, isto é, a carga suficiente de energia viva e inteligente,
que é capaz é capaz de surgir na Mente cósmica, com as múltiplas formas dos
corpos. E como um desejo de existir, uma vontade de querer - essência do Amor!
Mas pela sensação dos sentidos estimulados pelos
fenômenos da realidade o homem constata a realidade do Ser.
Então, aquela potência das cousas transformada em ato
de vontade do Ser necessário surge, a cada momento, diante do espelho da mente
humana, corporificada em seres contingentes.
E o homem lhe dá existência lógica no mundo da
cultura, incorporando-a ao universo simbólico de seu animismo mental.
Surge assim, no panorama cósmico do Ser, a Verdade,
como reflexo ideal da Realidade; tanto mais exata, quanto mais justa, porque a
Verdade é resultante da concordância com a realidade.
A busca da verdade é, pois, o ajuste do endonoumenon
ao exonoumenon; a conscientização do espírito humano, em refletir a
Criatura, que é a face do Ente Supremo, vista pelo homem, que é parte dela.
Portanto, a mente do homem deve ser como um lago
sereno, para refletir com perfeição a máscara do Ser...
E digo máscara, porque a aparência do Ser depende da
perspectiva de cada mente contingente que compõe a Criatura.
Mas é essa potencialidade transformada em atualidade
do Ser que põe em movimento esse cristal cúbico, gerando a Mente Cósmica, em
forma esferoidal, que a atualidade do Ser transforma em massa nebulosa.
Mas essa Mente Cósmica, contendo, no Espaço, a
substância potencial do ato, é eterna, e à semelhança de uma nuvem galáctica,
animada de movimentos "braunianos", em suas partículas, gira em todos
os movimentos possíveis produzidos por uma explosão e implosão simultâneas.
Permanecendo simples, a Mente Cósmica é idêntica a si
mesma, e por isso, embora absoluta na sua unidade, é relativa em sua
atualidade, podendo, assim, a energia que a compõe, ora concentrar-se nos
arquétipos e formar os corpos, ora simultaneamente escorrer para o âmago do
Ser.
Dá-nos disso uma pálida e insuficiente ideia a água a
ferver numa retorta. Enquanto permanece em forma líquida e compacta no fundo da
retorta, vai se gaseificando por efeito do calor, e simultaneamente liquefazendo-se
nas paredes superiores da retorta, para novamente retornar em forma líquida ao
seu interior, sob a ação dos câmbios de temperatura.
Cumpre lembrar ainda, para melhor compreensão, que
estamos surpreendendo o Ser e a Criatura num momento de sua história, que é,
porém, o único momento, porque o Ser não tem história - tudo é presente sempre,
por isso a linguagem de comunicação tem, forçosamente, de ser figurada, para
dizer o incomunicável, pois o presente é sempre inexoravelmente um tríplice
momento, composto de um instante imediatamente anterior e um instante
imediatamente posterior ao ato, continuamente.
Atilio dos Santos Oliveira
Postado por Dharmadhannya
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