Cultivar a
Gratidão
Amar é aprender
com tudo, ver as dádivas
de Deus e a generosidade de Deus em tudo. — XEQUE
MUZAFFER
Mas
escuta-me: por um momento, desiste de ser triste. Escuta as bênçãos derramando
as suas flores em torno de você. Deus.
— RUMI
Sharon fazia
uma caminhada pelas montanhas com um amigo quando subitamente sentiu
dificuldade para respirar. Ela também estava ficando sem água e o caminho de
volta era muito longo. “Eu não sabia como iria fazê-lo”, conta ela.
Então,
escutou uma voz dentro de si, dizendo:
“Comece por dizer a si mesma tudo aquilo
que puder lembrar-se pelo qual se sente grata.”
Ela começou a fazer isso, e o fez durante toda
a descida da montanha. “À medida que ia falando uma coisa e depois outra,
sentia-me cada vez mais forte e consegui descer até chegar num ponto onde
consegui respirar normalmente.”
Sempre que
enfrenta uma situação difícil, ela usa novamente essa técnica — concentra-se
naquilo pelo qual é grata, e isso a faz vencer a dificuldade.
A gratidão
fortalece, porque quando nos sentimos gratos estabelecemos um fluxo em forma de
oito de amor entre o nosso coração e o coração de Deus.
Quando enviamos amor e gratidão a Deus, luz e
bênçãos retornam a nós. Se não conseguirmos parar um momento durante o nosso
dia atarefado para sentir e expressar profunda gratidão à Origem Espiritual que
nos dá continuamente o sopro, a vida e a oportunidade, não estaremos acessando
o tremendo recurso de energia que temos disponível para nós, a qualquer hora do
dia ou da noite.
Às vezes,
deixamos de aproveitar as bênçãos que recebemos porque ficamos atentos às
negatividades, em vez de percebermos as riquezas que temos na vida. Algo
maravilhoso nos acontece, mas só conseguimos pensar na única coisa que
aconteceu de errado, em nossa carência, e assim, investimos na inveja e no
fracasso.
A gratidão pode nos ajudar a recuperar a
perspectiva do coração — a certeza de que, não importa o que aconteça na vida,
será sempre uma oportunidade ou até mesmo uma bênção, que pode nos ajudar a
abrir o coração e a crescer.
Quando cultivamos a gratidão de forma consciente, começamos a nos habituar a ver o lado positivo das coisas. Os ingratos sentem a carência em todo lugar e esperam que a vida supra suas necessidades, se não valoriza o que tem, então nada tem e nada terá. Não desmontamos uma coisa antes que ela tenha tido a chance de respirar o sopro da vida.
Somos naturalmente mais equilibrados e
serenos e, portanto, criticamos e culpamos menos. Tiramos mais proveito
daquilo que temos e aproveitamos mais a vida.
Andréa Bocelli aprendeu a praticar a arte da gratidão e a perspectiva do coração. O grande sucesso desse cantor deve- se tanto ao calor do seu coração quanto à qualidade da sua voz. Além das gravações e apresentações musicais, ele tem uma vida cheia. Vive com a esposa e dois filhos na Toscana, onde cresceu. Esquia e anda de bicicleta. Adora cavalgar e já treinou cavalos.
O que faz de
Andréa um exemplo tão tocante é que ele é cego desde os 12 anos. A sua enorme
força interior é um reflexo da fortaleza de seus pais. Eles o forçaram a
encarar a realidade — a realidade da sua cegueira bem como a realidade de seu
imenso potencial.
Se alguém
ousasse dizer: “Pobre menino”, sua mãe reagia como um relâmpago. Quando o
jovem Andréa perguntou se poderia ver uma determinada casa quando crescesse,
ela respondeu que não, mas que “ele poderia ver outras coisas, que nós não
somos capazes de ver”.
Quando era
criança, fez uma peregrinação a Lourdes e rezou à Mãe Abençoada dentro da
gruta. Na saída, confidenciou a um amigo da família, um padre que os acompanhava,
que não havia pedido a cura da sua cegueira. Havia pedido serenidade.
Agora, diz
sua mãe, Andréa transmite esta serenidade às pessoas que sofrem, porque a sua
voz “consola e traz luz”. Ela diz: “Agradeço ao Senhor por Andréa viver da
mesma forma que canta, com um coração aberto.”
Andréa admite
que tem fascinação por fazer coisas difíceis. Antes de começar sua carreira de
cantor, Andréa estudou direito e trabalhou durante um ano como advogado de defesa.
Finalmente a
sua verdadeira paixão o levou para outra direção. “Cantar era o meu destino”,
diz ele. Ele tocava em bares à noite e estudava música durante o dia. Em 1992,
começou a fazer sucesso quando uma de suas gravações chegou aos ouvidos de
Pavarotti, que ajudou o jovem tenor.
Seu novo
desafio é a ópera, pois precisou aprender a movimentar-se no palco para
encenar e cantar. Numa entrevista recente a Bárbara Walters, Andréa disse que
não pensa sobre as coisas que não pode fazer, mas sobre as coisas que pode
fazer.
Ele não sente
pena de si mesmo. Existem muitas pessoas que olham para tudo mas que, na
realidade, não veem nada, explicou ele. E existem outras pessoas que não podem
olhar para nada, mas que podem ver tudo. “Eu não olho”, disse ele, “mas eu
vejo.”
Quando somos gratos, vemos com o coração. Este é o segredo que o pequeno príncipe aprende com a raposa na encantadora fábula de Saint-Exupéry O Pequeno Príncipe. “E agora, eis o meu segredo, um segredo muito simples”, diz a raposa para o príncipe. “Só podemos ver claramente com o coração; o essencial é invisível para os olhos.”
Uma das
formas de cultivarmos conscientemente a gratidão e de começarmos a ver com o
coração consiste em buscarmos oportunidades de expressar a nossa apreciação
pelos outros — de demonstrar como somos gratos por eles existirem.
Quando
mostramos a nossa apreciação pelos outros, participamos das suas bênçãos. “A
apreciação é uma coisa maravilhosa”, disse Voltaire. “Ela faz com que aquilo
que é excelente nos outros nos pertença também.”
Cultivar a
gratidão significa aprendermos a tratar os outros da mesma forma como, com frequência,
tratamos as crianças, valorizando cada pequeno feito e incentivando-as a
seguir adiante.
Não importa quão precária seja a oferta de uma
criança, ela é sempre pura. Não importa o que tenha desenhado ou o que tenha
feito, sua obra é maravilhosa e ela precisa que expressemos apreciação pelo seu
esforço.
Quando uma
criança percebe que somos gratos por aquele esforço que ela fez, ela fará
outro esforço e mais outro depois deste. Quando uma pessoa demonstra
sinceramente gratidão por algo que fizemos, isto não faz toda a diferença? Não
faz com que desejemos fazê-lo novamente?
A gratidão e
a apreciação não só nos dão poder, mas são saudáveis. Pesquisadores do
Instituto HeartMath demonstraram que emoções como raiva e frustração conferem
uma tensão adicional ao coração e a outros órgãos.
Emoções como amor, compaixão e apreciação, por
outro lado, já demonstraram produzir harmonia no corpo, aumentando a imunidade
e melhorando o equilíbrio hormonal.
Se a única
oração que
fizer em toda a sua vida
for "obrigado", ela
será suficiente
“Cientistas
testemunharam uma dramática demonstração do poder transformador do amor quando
examinaram as diferenças entre os efeitos do amor e da frustração”, escrevem
David e Bruce
McArthur. A frustração gera um padrão de variação caótico no batimento
cardíaco, que é a aceleração e a desaceleração das batidas.
Eles afirmam
que, de forma oposta, a expressão sincera e profundamente sentida da apreciação
gera um padrão equilibrado e ordenado, geralmente associado à função cardiovascular
sadia.
O sentimento
da gratidão é tão poderoso que pode erguer ou destruir uma civilização inteira.
Podemos mencionar todos os fatores que produziram a queda das maiores
civilizações do mundo, reportando-nos até o continente perdido da Atlântida,
mas eles se resumem ao fato de elas
não haverem
expressado gratidão ao Espírito. As civilizações são destruídas quando deixam
de dar graças pelas dádivas que Deus lhes deu.
Quando somos
gratos por algo, prestamos reconhecimento ao doador, cuidamos da dádiva que nos
foi outorgada e a compartilhamos com os outros.
Percebemos que a verdadeira medida do sucesso
não consiste no que alcançamos, mas no fato de usarmos os talentos que Deus nos
deu para realçar o melhor nos outros.
Quando somos
gratos por algo, desejamos doar mais porque a nossa taça está transbordando.
Audrey Hepburn foi um grande exemplo de gratidão. Em 1988, ela se tornou Embaixadora
da Boa Vontade para o Fundo Internacional de Emergência para Crianças das
Nações Unidas (UNICEF).
Ela poderia ter desfrutado seus últimos anos
de vida numa aposentadoria confortável. Em vez disso, preferiu passar o tempo
subindo e descendo de pequenos aviões que a levaram à Etiópia, à América
Central, à Bangladesh, ao Vietnam e à Somália, onde viu de perto o sofrimento
das crianças.
“Ensaiei
toda a minha vida para este cargo e agora finalmente o consegui”, disse uma
vez.
A atriz
sentia-se compelida a ocupá-lo por gratidão a Deus pelo alimento e ajuda que
recebeu quando criança, depois da Segunda Guerra Mundial. “Fui muito
privilegiada e, é claro que alguém que tenha sido muito privilegiado deva fazer
alguma coisa pelos que não são”, disse ela.
“Eles não podem ajudar a si mesmos. Não podem
falar por si mesmos, por isso nós devemos fazê-lo por eles.”
PERSPECTIVAS
DO CORAÇÁO
• Procure
oportunidades de expressar a sua gratidão.
Pergunte a si
mesmo: Por quem posso mostrar apreço hoje? Como expressar este apreço?
• Invente um
ritual de gratidão. Como parte de sua prática espiritual diária, lembre-se de
agradecer a Deus todos os dias por alguma bênção que tenha na sua vida. Medite
no coração e envie o seu amor e a sua gratidão a Deus. Sinta a corrente de retorno
seguindo o fluxo da figura oito, fluindo do seu coração para o coração de Deus.
* Crie uma
pasta ou um diário para registrar a sua gratidão. As vezes, não reconhecemos as
dádivas e as boas qualidades que temos. "lemos tendência a nos depreciarmos.
Uma forma de remediar isso é manter uma pasta
ou um diário em que anotemos especificamente os sucessos espirituais que
tivermos — as vezes em que expressamos a nossa natureza superior.
Se alguém
agradecer a você por algo especial que tenha feito, se tiver finalmente se
programado internamente para não reagir quando alguém o provocar, se tiver sido
realmente uma influência positiva na vida de alguém, tome nota desses fatos.
Ao anotá-los,
agradeça a Deus por ter-lhe concedido uma dádiva que pôde passar para os
outros. Se por acaso se sentir deprimido ou tentado a ser rude consigo mesmo,
abra a sua pasta e leia o que está ali.
•
Aprenda com os testes do amor. Pense em alguma situação
da sua vida em que recebeu um incremento de poder (como quando se tornou pai,
passou a supervisor ou líder de um projeto, etc.). Quais foram os testes de
amor decorrentes? O que aprendeu com essa experiência?
•
Procure o espelho. Existe alguma pessoa ou alguma
coisa na sua vida que lhe sirva de espelho, que tente avisar-lhe quando não
existe equilíbrio entre o uso que você faz do poder e a sua compaixão amorosa?
Como você pode retornar ao equilíbrio?
Postado por Dharmadhannya
Agradeço a Silvana o envio do texto
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