domingo, 26 de setembro de 2021

Cultivar a Gratidão

 

Cultivar a Gratidão

Amar é aprender com tudo, ver as dádivas
de Deus e a generosidade de Deus em tudo. 
XEQUE MUZAFFER

Mas escuta-me: por um momento, desiste de ser triste. Escuta as bênçãos derramando as suas flores em torno de você. Deus.

— RUMI

Sharon fazia uma caminhada pelas montanhas com um amigo quando subitamente sentiu dificuldade para respi­rar. Ela também estava ficando sem água e o caminho de volta era muito longo. “Eu não sabia como iria fazê-lo”, conta ela.

Então, escutou uma voz dentro de si, dizendo:

 “Comece por dizer a si mesma tudo aquilo que puder lembrar-se pelo qual se sente grata.”

 Ela começou a fazer isso, e o fez durante toda a descida da montanha. “À medida que ia falando uma coisa e depois outra, sentia-me cada vez mais forte e consegui descer até chegar num ponto onde consegui respirar normalmente.”

Sempre que enfrenta uma situação difícil, ela usa novamente essa técnica — concentra-se naquilo pelo qual é grata, e isso a faz vencer a dificuldade.

A gratidão fortalece, porque quando nos sentimos gratos estabelecemos um fluxo em forma de oito de amor entre o nosso coração e o coração de Deus.

 Quando enviamos amor e gratidão a Deus, luz e bênçãos retornam a nós. Se não conse­guirmos parar um momento durante o nosso dia atarefado para sentir e expressar profunda gratidão à Origem Espiritual que nos dá continuamente o sopro, a vida e a oportunidade, não estaremos acessando o tremendo recurso de energia que temos disponível para nós, a qualquer hora do dia ou da noite.

Às vezes, deixamos de aproveitar as bênçãos que recebe­mos porque ficamos atentos às negatividades, em vez de per­cebermos as riquezas que temos na vida. Algo maravilhoso nos acontece, mas só conseguimos pensar na única coisa que aconteceu de errado, em nossa carência, e assim, investimos na inveja e no fracasso.

 A gratidão pode nos ajudar a recuperar a perspectiva do coração — a certeza de que, não importa o que aconteça na vida, será sempre uma oportunidade ou até mes­mo uma bênção, que pode nos ajudar a abrir o coração e a crescer.

Quando cultivamos a gratidão de forma consciente, co­meçamos a nos habituar a ver o lado positivo das coisas. Os ingratos sentem  a carência  em todo lugar e esperam que a vida supra suas necessidades, se não valoriza o que tem, então nada tem e nada terá. Não desmontamos uma coisa antes que ela tenha tido a chance de respirar o sopro da vida.

 Somos naturalmente mais equilibra­dos e serenos e, portanto, criticamos e culpamos menos. Tira­mos mais proveito daquilo que temos e aproveitamos mais a vida.

Andréa Bocelli aprendeu a praticar a arte da gratidão e a perspectiva do coração. O grande sucesso desse cantor deve- se tanto ao calor do seu coração quanto à qualidade da sua voz. Além das gravações e apresentações musicais, ele tem uma vida cheia. Vive com a esposa e dois filhos na Toscana, onde cresceu. Esquia e anda de bici­cleta. Adora cavalgar e já treinou cavalos.

O que faz de Andréa um exemplo tão tocante é que ele é cego desde os 12 anos. A sua enorme força interior é um reflexo da fortaleza de seus pais. Eles o forçaram a encarar a realidade — a realidade da sua cegueira bem como a realidade de seu imenso potencial.

Se alguém ousasse dizer: “Pobre me­nino”, sua mãe reagia como um relâmpago. Quando o jovem Andréa perguntou se poderia ver uma determinada casa quan­do crescesse, ela respondeu que não, mas que “ele poderia ver outras coisas, que nós não somos capazes de ver”.

Quando era criança, fez uma peregrinação a Lourdes e rezou à Mãe Abençoada dentro da gruta. Na saída, confidenciou a um amigo da família, um padre que os acompa­nhava, que não havia pedido a cura da sua cegueira. Havia pedido serenidade.

Agora, diz sua mãe, Andréa transmite esta serenidade às pessoas que sofrem, porque a sua voz “consola e traz luz”. Ela diz: “Agradeço ao Senhor por Andréa viver da mesma forma que canta, com um coração aberto.”

Andréa admite que tem fascinação por fazer coisas difí­ceis. Antes de começar sua carreira de cantor, Andréa estudou direito e trabalhou durante um ano como advogado de defe­sa.

Finalmente a sua verdadeira paixão o levou para outra di­reção. “Cantar era o meu destino”, diz ele. Ele tocava em bares à noite e estudava música durante o dia. Em 1992, começou a fazer sucesso quando uma de suas gravações chegou aos ouvi­dos de Pavarotti, que ajudou o jovem tenor.

Seu novo desafio é a ópera, pois precisou aprender a movi­mentar-se no palco para encenar e cantar. Numa entrevista re­cente a Bárbara Walters, Andréa disse que não pensa sobre as coisas que não pode fazer, mas sobre as coisas que pode fazer.

Ele não sente pena de si mesmo. Existem muitas pessoas que olham para tudo mas que, na realidade, não veem nada, explicou ele. E existem outras pessoas que não podem olhar para nada, mas que podem ver tudo. “Eu não olho”, disse ele, “mas eu vejo.”

Quando somos gratos, vemos com o coração. Este é o se­gredo que o pequeno príncipe aprende com a raposa na en­cantadora fábula de Saint-Exupéry O Pequeno Príncipe. “E agora, eis o meu segredo, um segredo muito simples”, diz a raposa para o príncipe. “Só podemos ver claramente com o coração; o essencial é invisível para os olhos.”

Uma das formas de cultivarmos conscientemente a grati­dão e de começarmos a ver com o coração consiste em bus­carmos oportunidades de expressar a nossa apreciação pelos outros — de demonstrar como somos gratos por eles existi­rem.

Quando mostramos a nossa apreciação pelos outros, participamos das suas bênçãos. “A apreciação é uma coisa ma­ravilhosa”, disse Voltaire. “Ela faz com que aquilo que é excelente nos outros nos pertença também.”

Cultivar a gratidão significa aprendermos a tratar os ou­tros da mesma forma como, com frequência, tratamos as crian­ças, valorizando cada pequeno feito e incentivando-as a seguir adiante.

 Não importa quão precária seja a oferta de uma crian­ça, ela é sempre pura. Não importa o que tenha desenhado ou o que tenha feito, sua obra é maravilhosa e ela precisa que expressemos apreciação pelo seu esforço.

Quando uma crian­ça percebe que somos gratos por aquele esforço que ela fez, ela fará outro esforço e mais outro depois deste. Quando uma pessoa demonstra sinceramente gratidão por algo que fize­mos, isto não faz toda a diferença? Não faz com que desejemos fazê-lo novamente?

A gratidão e a apreciação não só nos dão poder, mas são saudáveis. Pesquisadores do Instituto HeartMath demonstra­ram que emoções como raiva e frustração conferem uma ten­são adicional ao coração e a outros órgãos.

 Emoções como amor, compaixão e apreciação, por outro lado, já demonstra­ram produzir harmonia no corpo, aumentando a imunidade e melhorando o equilíbrio hormonal.

Se a única oração que
fizer em toda a sua vida
for "obrigado", ela
será suficiente

“Cientistas testemunharam uma dramática demonstra­ção do poder transformador do amor quando examinaram as diferenças entre os efeitos do amor e da frustração”, escrevem

David e Bruce McArthur. A frustração gera um padrão de va­riação caótico no batimento cardíaco, que é a aceleração e a desaceleração das batidas.

Eles afirmam que, de forma oposta, a expressão sincera e profundamente sentida da apreciação gera um padrão equilibrado e ordenado, geralmente associa­do à função cardiovascular sadia.


A gratidão move o universo ao meu favor

 “Este é um exemplo dinâ­mico do poder transformador do amor atuando no corpo físico”, afirmam os autores. “Quando esse padrão está presente no coração, outros sistemas no corpo são profundamente afeta­dos pela sua ordem e eficiência.”

O sentimento da gratidão é tão poderoso que pode erguer ou destruir uma civilização inteira. Podemos men­cionar todos os fatores que produziram a queda das maio­res civilizações do mundo, reportando-nos até o continente perdido da Atlântida, mas eles se resumem ao fato de elas

não haverem expressado grati­dão ao Espírito. As civilizações são destruídas quando deixam de dar graças pelas dádivas que Deus lhes deu. 

Quando somos gratos por algo, prestamos reconhecimento ao doador, cuidamos da dádiva que nos foi outorgada e a com­partilhamos com os outros.

 Percebemos que a verdadeira me­dida do sucesso não consiste no que alcançamos, mas no fato de usarmos os talentos que Deus nos deu para realçar o melhor nos outros.

Quando somos gratos por algo, desejamos doar mais por­que a nossa taça está transbordando. Audrey Hepburn foi um grande exemplo de gratidão. Em 1988, ela se tornou Embai­xadora da Boa Vontade para o Fundo Internacional de Emer­gência para Crianças das Nações Unidas (UNICEF).

 Ela poderia ter desfrutado seus últimos anos de vida numa apo­sentadoria confortável. Em vez disso, preferiu passar o tempo subindo e descendo de pequenos aviões que a levaram à Etiópia, à América Central, à Bangladesh, ao Vietnam e à Somália, onde viu de perto o sofrimento das crianças.

“En­saiei toda a minha vida para este cargo e agora finalmente o consegui”, disse uma vez.

A atriz sentia-se compelida a ocupá-lo por gratidão a Deus pelo alimento e ajuda que recebeu quando criança, depois da Segunda Guerra Mundial. “Fui muito privilegiada e, é claro que alguém que tenha sido muito privilegiado deva fazer al­guma coisa pelos que não são”, disse ela.

 “Eles não podem aju­dar a si mesmos. Não podem falar por si mesmos, por isso nós devemos fazê-lo por eles.”

PERSPECTIVAS DO CORAÇÁO

• Procure oportunidades de expressar a sua gratidão.

Pergunte a si mesmo: Por quem posso mostrar apreço hoje? Como expressar este apreço?

• Invente um ritual de gratidão. Como parte de sua prática espiritual diária, lembre-se de agradecer a Deus todos os dias por alguma bênção que tenha na sua vida. Medite no coração e envie o seu amor e a sua gratidão a Deus. Sinta a corrente de retorno seguindo o fluxo da figura oito, fluindo do seu coração para o coração de Deus.

* Crie uma pasta ou um diário para registrar a sua gratidão. As vezes, não reconhecemos as dádivas e as boas qualidades que temos. "lemos tendência a nos de­preciarmos.

 Uma forma de remediar isso é manter uma pasta ou um diário em que anotemos especificamente os sucessos espirituais que tivermos — as vezes em que ex­pressamos a nossa natureza superior.

Se alguém agradecer a você por algo especial que tenha feito, se tiver finalmente se programado internamente para não reagir quando alguém o provocar, se tiver sido realmente uma influência positiva na vida de alguém, tome nota desses fatos.

Ao anotá-los, agradeça a Deus por ter-lhe concedido uma dá­diva que pôde passar para os outros. Se por acaso se sentir deprimido ou tentado a ser rude consigo mesmo, abra a sua pasta e leia o que está ali.

               Aprenda com os testes do amor. Pense em alguma si­tuação da sua vida em que recebeu um incremento de poder (como quando se tornou pai, passou a supervisor ou líder de um projeto, etc.). Quais foram os testes de amor decorrentes? O que aprendeu com essa experiência?

               Procure o espelho. Existe alguma pessoa ou alguma coi­sa na sua vida que lhe sirva de espelho, que tente avisar-lhe quando não existe equilíbrio entre o uso que você faz do poder e a sua compaixão amorosa? Como você pode retornar ao equilíbrio?

Postado por Dharmadhannya

Agradeço a Silvana o envio do texto


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