sábado, 4 de setembro de 2021

Brahman situa-se além da mente e da palavra

 

 


DEUS IMPESSOAL

Quem realiza Deus Impessoal, goza do Inefável.

Não se pode falar sobre o Impessoal. Anulou a pes­soa, quem realiza o Impessoal. Como falar?

As palavras não o podem explicar, nada podemos dizer Dele. Dizia Sri Ramakrishna: “Se se pedir a um homem para descrever o oceano, a outro que jamais o tenha visto, a única coisa que poderá dizer é: semelha vasta planície de água, é imensa extensão de água; há água por todos os lados”.

E mais adiante: Brahman está acima e além do conhecimento e da ignorância, do bem e do mal, do “dharma” e do “adharma” (religiosidade e irreligiosidade); está para lá de toda dualidade.

Brahman situa-se além da mente e da palavra; além da concentração e da meditação (dhárana e dhyana); além do conhecedor, do objeto conhecido e do conheci­mento; além ainda da concepção do real e do irreal. Em suma, está além de toda relatividade.

O Absoluto está além de todos os atributos — além de tudo que se relaciona com a “maya”.

DEUS IMPESSOAL E SUA CRIAÇÃO

Seria bastante dizer que Ele é onipresente?

Intelectualmente é compreensível. Mas basta com­preender intelectualmente?

Deveríamos dizer que Deus Impessoal é também, em sua natureza, progressivo. Porque Ele se manifesta em seus diferentes aspectos de Sua criação, nas diferentes fases de Sua criação; e aqui surge uma coisa maravi­lhosa sobre Ele: embora se manifestando assim, Ele permanece imutável, isto é, permanece Imanifestado e Absoluto.

Eis, então, que Ele aparece na Sua criação, mani­festando-se, mas permanece imanifestado. Aparece como Relativo, mas permanece como Absoluto, tudo ao mesmo tempo.

O HOMEM É A LUZ DE DEUS

O homem não pode separar-se de Deus, e Deus não pode separar-se do homem.

O homem, o ser humano, é a forma mais alta de manifestação de Deus. Por isto mesmo, o homem é a “luz de Deus”.

Significa: o ser humano é a luz do Ser Absoluto e Impessoal.

Esse Ser Impessoal, Absoluto, interpenetra toda a Sua criação. E o faz, como essência.

Portanto, nada há em Sua criação que não con­tenha Sua essência.

Embora existente em toda Sua criação, Ele está “acima” e “além” de toda Sua criação, além e acima de toda relatividade.

Como está fora da mente, de qualquer dimensão, de qualquer pensamento, de qualquer concepção, de qualquer fé, de qualquer dogma, de qualquer culto, de qualquer ritual.

Ao ver a sagrada imagem, quis examiná-la para sair da dúvida.

Moveu seu bastão da esquerda para a direita, para verificar se tocava a imagem.

Por um instante, nada pôde ver, e em nada tocou com o seu bastão.

Pensou, então, que Deus não tem forma.

Entretanto, quando moveu o bastão da direita para a esquerda, tocou a imagem.

O monge chegou, assim, à conclusão de ser Deus sem forma e também com forma.

PARA CHEGAR AO SER

Para chegar ao Ser, é necessário encontrar o Ser.

O Ser é impessoal, por isto devemos tornar-nos im­pessoais.

Para entrarmos no Reino do Ser, é necessário que nos firmemos, fixemos no “campo do Ser”.

O verbo que se emprega é “estabelecer-se”.

O estado do Ser é o estado impessoal da vida.

Nada de nome, forma e aparência. Todos os elimi­nados. O “jiva” se derrete.

Para que nos tornemos no Ser, é preciso que tenha­mos saído do campo da ação, do campo do pensamento.

É preciso abandonar o “campo pessoal”.

É preciso que abandonemos os estados grosseiros da vida, e penetremos cada vez mais, sempre e sempre, nos estados sutis e depois transcendê-los.

Realizar Deus Impessoal é encontrar, chegar ao nosso próprio ser.

Não há, portanto, nenhum caminho para chegar ao Deus Impessoal.

Não há pois, nenhum caminho para que nos tor­nemos no Ser.

Porque o Ser é o Campo do Ser Puro, da Consciência Pura, Campo Transcendental.

CAMINHO SEM CAMINHO

Aqui, sim, esta expressão é válida. E, ao mesmo tempo, valiosa, e linda: caminho sem caminho.

Por tudo o que dissemos, o Ser mora em nosso ser.

Somos o Ser.

Portanto, o Ser mora, reside em nosso coração.

Como o óleo está na semente, e a manteiga no leite, a cor amarela na gema, e o brilho na pedra preciosa.

Cada ser humano é, em última análise, o Ser, o Deus Impessoal.

Os Upanishads declaram: “Eu sou Aquilo, Tu és Aquilo, isto tudo é Aquilo”.

O Ser é eterno, é o suprimento, a abundância, a vida, e a realização.

Tu e eu, não importa quem, podemos encontrar o caminho sem caminho. Como? Qual é?

O caminho sem caminho é a Meditação Trans­cendental

DEUS PESSOAL

Devemos falar agora sobre o Deus Pessoal.

Deus Pessoal é Ele ou Ela.

Deus Pessoal — Ele ou Ela — tem forma, tem atributos, tem qualidades.

Deus Pessoal pode tomar o aspecto masculino.

Ou, então, Deus Pessoal pode tomar o aspecto feminino.

Deus Pessoal, como forma masculina, pode ser Sri Krishna, Sri Rama, Sri Chaitanya, ou Sri Ramakrishna, ou ainda Jesus Cristo.

Deus Pessoal, no aspecto feminino, pode ser Ima­culada Conceição, Mãe Kali, Madre Durga, e muitas outras formas.

Quando o yogue, ou o devoto, escolhe o seu Deus Pessoal — Ishta Devata — o Ideal Escolhido, eis que começa a canalizar todo o seu amor, toda a sua devoção a Ele ou a Ela.

Uma vez escolhido o Ishta, não se deve mudar mais.

Deve-se ir canalizando toda a força, toda a energia, ao Ishta.

ONDE ESTÁ O DEUS PESSOAL

Toda a escala evolutiva do mundo, do universo, está repleta de “valor divino”.

Primeiramente a matéria viva, sem forma definida.

Depois, vêm as diferentes espécies do reino mineral.

Depois, as do reino vegetal.

Logo ainda, as do reino animal.

Para elevar-se, então, ao reino dos anjos.

No cume, no mais alto nível da Evolução, está Ele.

Ele — o Deus Pessoal!

São Suas qualidades: sabedoria, felicidade, inteli­gência, poder, tudo ilimitado.

O Deus Pessoal — Ele ou Ela — é Felicidade Perfeita.



A OPINIÃO DE MAHARISHI MAHESH YOGI

O que entendemos quando dizemos que Ele tem uma natureza onipotente?

Onipotente significa ter o poder de fazer, de ser e compreender tudo.

Este Ser pessoal e supremo teria Seu sistema ner­voso tão altamente desenvolvido, que Sua capacidade em todos os níveis da vida seria ilimitada.

Seus sentidos seriam os mais poderosos, Sua mente seria a mais poderosa, Seu intelecto seria o mais pode­roso, Seu ego seria o mais poderoso.

É o mais alto estado de evolução, no mais alto nível da criação onde a vida é perfeita.

Portanto, é como se esse Deus estivesse controlando a criação inteira. Todas as leis da natureza são contro­ladas pela Sua vontade.

Com a dissolução da criação, o Deus Pessoal oni­potente se fusiona com o estado impessoal e absoluto do Supremo e, quando a criação começa de novo, Ele volta novamente a morar no mais alto nível. É assim que o Deus Pessoal mantém eternamente o ciclo da criação, evolução e dissolução.

ELE OU ELA

Se Deus Pessoal — Ele ou Ela — é um Ser Pessoal, eis que Ele ou Ela terá uma natureza particular espe­cial que lhe será e é própria.

Ora, se o ser humano, o indivíduo, sintoniza sua mente, seu coração, em direção a Ele ou a Ela, eis que terá forçosamente que receber as bênçãos Dele ou Dela.

É que o indivíduo sintoniza sua vida à vida Dele.

Ou sintoniza a sua vida à vida Dela.

Esta forma de sintonizar apressa a evolução desse indivíduo que age assim.

Se apressa a evolução desse indivíduo, desse ser humano, eis que atinge o mais alto grau evolutivo ra­pidamente, no menor tempo possível.

Deus Pessoal — Ele ou Ela — estará abençoando a vida desse ser humano que pensa e sintoniza com Ele ou Ela.

Atinge assim o ser humano o limite máximo de sua perfeição, em tempo rapidíssimo.

Dezenas ou centenas de vida vividas rapidamente numa vida só.

DEUS PESSOAL COMO MÃE DIVINA: UM DIALOGO

Um dia, uma discípula de Sri Ramakrishna per­guntou a Swami Brahmananda:

— Rakhal, a Santa Madre (nome íntimo de Sarada Devi) manda perguntar por que um aspirante espiritual deve adorar a Mãe Divina primeiro.

Maharaja contestou:

— A Mãe Divina tem a chave do conhecimento de Brahman. A menos que Ela conceda Sua Graça, nin­guém pode entrar no Reino de Brahman.

AINDA DEUS PESSOAL

Vishnú é a flecha de Shiva, e Shiva é a flauta de Krishna.

Depois: o coração de Vishnú é Shiva, e o coração de Shiva é Vishnú.

Em um hino à Mãe Divina, canta o Seu devoto amante:

— Não vejo nenhuma diferença entre Rama, Shiva e Tu!

Ele é Ela. E Ela é Ele.

Quem é Ele ou quem é Ela?

— Tú és o Amigo, o Irmão, o Instrutor, Mãe Divina, Amor Infinito, Protetor do Universo, Pai cheio de amor, Vida Universal, Felicidade Suprema. Semente Infinita, Luz, o Tudo, Eterna Criança Amorosa, Única Realida­de, Ishvara.

ISHVARA

Os hindus chamam Deus Pessoal de Ishvara.

Vejamos bem, o Upanishad: Brahman Ele-Mesmo, tendo, pela Sua Shakti, feito aparecer a matéria (Prakriti), tendo criado os mundos e tendo ficado também em estado latente, torna-Se o Senhor de “budhi” e dos “indriyas”.

Depois, Swami Vivekananda:

“É preciso compreender que o Deus Pessoal adorado pelos “bhaktas” não são nem separados, nem diferentes de Brahman”.

Deus Pessoal, Ele Mesmo Se encarna, por isto mesmo Ele é chamado de Encarnação Divina.

Ele abençoa Seus adoradores por uma visão de uma de Suas formas divinas manifestadas.

Ele ou Ela é:

— Supremamente cheio de Amor, Todo Bondade, Todo Poderoso, a Mãe Afetuosa, o Mestre, o Amigo, Ele ou Ela, é o Salvador.

— Ele ou Ela, o Deus Pessoal, é o Refúgio, o Asilo.

— Fornece o que falta e conserva o que se tem já.

A OPINIÃO DE SWAMI VIVEKANANDA

Quem é Ishvara? De quem provém o nascimento, a permanência e a dissolução do universo? É o Ishvara, o Eterno, o Puro, o Sempre-Livre, o Todo-Poderoso, o Onisciente, Todo-Misericórdia, o Mestre de todos os mes­tres, e acima de tudo, Ele, o Senhor, por sua própria natureza, é inexpressável Amor.

São estas, certamente, definições do Deus Pessoal.

Então, não há um Deus, mas dois?

O “isto-não, isto-não”, o “Sat-Chit-Ananda” do fi­lósofo, e o Deus do Amor do Bhakta?

Não, é o mesmo Sat-Chit-Ananda que é também Deus de Amor, o Impessoal e o Pessoal em Um.

Sempre deve se entender que o Deus Pessoal adorado pelo Bhakta, não é nem diferente, nem separado de Brahman.

Tudo é Brahman, o Um, sem segundo; somente que Brahman como unidade ou absoluto, é demasiado abstração para poder ser amado e adorado; por isto, o Bhakta elege o aspecto relativo de Brahman, que é Ishvara, o Governador Supremo.

Ishvara é a mais alta manifestação da Realidade absoluta, ou em outros termos, a mais elevada inter­pretação que a mente humana pode dar ao Absoluto.’



REALIZAÇÃO DO DEUS PESSOAL

A meta da Bhakti-Yogi é a Realização de Deus pessoal.

Para o “Bhakta todos aqueles detalhes áridos são somente necessários para reforçar sua vontade; além disso, não têm para ele nenhuma utilidade”.

Ele vai mais além do que é capaz de conduzir o raciocínio e a razão.

Ele vai mais longe pelo amor.

E alcança a Realização.

Pela Graça do Senhor, o Bhakta chega rapidamente num plano onde a razão, pedante e impotente, é dei­xada para trás, muito longe.

Ele não raciocina mais. Nem crê. Porque percebe.

Não argumenta mais, ele sente.

É o prazer de Deus.

Há alguns que sustentam mesmo que Bhakta é su­perior à Moksha.

Todos podemos realizar o Divino, ter a realização do Deus Pessoal.

Como?

Respondemos: pela Meditação Transcendental.

Maharishi Mahesh Yogi

Postado por Dharmadhannya


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