DEUS IMPESSOAL
Quem realiza
Deus Impessoal, goza do Inefável.
Não se pode
falar sobre o Impessoal. Anulou a pessoa, quem realiza o Impessoal. Como
falar?
As palavras
não o podem explicar, nada podemos dizer Dele. Dizia Sri Ramakrishna: “Se se
pedir a um homem para descrever o oceano, a outro que jamais o tenha visto, a
única coisa que poderá dizer é: semelha vasta planície de água, é imensa
extensão de água; há água por todos os lados”.
E mais
adiante: Brahman está acima e além do conhecimento e da ignorância, do bem e do
mal, do “dharma” e do “adharma” (religiosidade e irreligiosidade); está para lá
de toda dualidade.
Brahman
situa-se além da mente e da palavra; além da concentração e da meditação
(dhárana e dhyana); além do conhecedor, do objeto conhecido e do conhecimento;
além ainda da concepção do real e do irreal. Em suma, está além de toda
relatividade.
O Absoluto
está além de todos os atributos — além de tudo que se relaciona com a “maya”.
DEUS
IMPESSOAL E SUA CRIAÇÃO
Seria
bastante dizer que Ele é onipresente?
Intelectualmente
é compreensível. Mas basta compreender intelectualmente?
Deveríamos
dizer que Deus Impessoal é também, em sua natureza, progressivo. Porque Ele se
manifesta em seus diferentes aspectos de Sua criação, nas diferentes fases de
Sua criação; e aqui surge uma coisa maravilhosa sobre Ele: embora se
manifestando assim, Ele permanece imutável, isto é, permanece Imanifestado e
Absoluto.
Eis, então,
que Ele aparece na Sua criação, manifestando-se, mas permanece imanifestado.
Aparece como Relativo, mas permanece como Absoluto, tudo ao mesmo tempo.
O HOMEM É A LUZ DE DEUS
O homem não
pode separar-se de Deus, e Deus não pode separar-se do homem.
O homem, o
ser humano, é a forma mais alta de manifestação de Deus. Por isto mesmo, o homem
é a “luz de Deus”.
Significa: o
ser humano é a luz do Ser Absoluto e Impessoal.
Esse Ser Impessoal, Absoluto, interpenetra toda a Sua criação. E o faz, como essência.
Portanto,
nada há em Sua criação que não contenha Sua essência.
Embora existente
em toda Sua criação, Ele está “acima” e “além” de toda Sua criação, além e
acima de toda relatividade.
Como está
fora da mente, de qualquer dimensão, de qualquer pensamento, de qualquer
concepção, de qualquer fé, de qualquer dogma, de qualquer culto, de qualquer
ritual.
Ao ver a sagrada imagem, quis examiná-la para sair da dúvida.
Moveu seu
bastão da esquerda para a direita, para verificar se tocava a imagem.
Por um
instante, nada pôde ver, e em nada tocou com o seu bastão.
Pensou,
então, que Deus não tem forma.
Entretanto,
quando moveu o bastão da direita para a esquerda, tocou a imagem.
O monge
chegou, assim, à conclusão de ser Deus sem forma e também com forma.
PARA CHEGAR
AO SER
Para chegar
ao Ser, é necessário encontrar o Ser.
O Ser é
impessoal, por isto devemos tornar-nos impessoais.
Para
entrarmos no Reino do Ser, é necessário que nos firmemos, fixemos no “campo do
Ser”.
O verbo que
se emprega é “estabelecer-se”.
O estado do
Ser é o estado impessoal da vida.
Nada de nome,
forma e aparência. Todos os eliminados. O “jiva” se derrete.
Para que nos
tornemos no Ser, é preciso que tenhamos saído do campo da ação, do campo do
pensamento.
É preciso
abandonar o “campo pessoal”.
É preciso que
abandonemos os estados grosseiros da vida, e penetremos cada vez mais, sempre e
sempre, nos estados sutis e depois transcendê-los.
Realizar Deus
Impessoal é encontrar, chegar ao nosso próprio ser.
Não há,
portanto, nenhum caminho para chegar ao Deus Impessoal.
Não há pois,
nenhum caminho para que nos tornemos no Ser.
Porque o Ser
é o Campo do Ser Puro, da Consciência Pura, Campo Transcendental.
CAMINHO SEM CAMINHO
Aqui, sim,
esta expressão é válida. E, ao mesmo tempo, valiosa, e linda: caminho sem
caminho.
Por tudo o
que dissemos, o Ser mora em nosso ser.
Somos o Ser.
Portanto, o
Ser mora, reside em nosso coração.
Como o óleo
está na semente, e a manteiga no leite, a cor amarela na gema, e o brilho na
pedra preciosa.
Cada ser
humano é, em última análise, o Ser, o Deus Impessoal.
Os Upanishads
declaram: “Eu sou Aquilo, Tu és Aquilo, isto tudo é Aquilo”.
O Ser é
eterno, é o suprimento, a abundância, a vida, e a realização.
Tu e eu, não
importa quem, podemos encontrar o caminho sem caminho. Como? Qual é?
O caminho sem
caminho é a Meditação Transcendental
DEUS PESSOAL
Devemos falar
agora sobre o Deus Pessoal.
Deus Pessoal
é Ele ou Ela.
Deus Pessoal
— Ele ou Ela — tem forma, tem atributos, tem qualidades.
Deus Pessoal
pode tomar o aspecto masculino.
Ou, então,
Deus Pessoal pode tomar o aspecto feminino.
Deus Pessoal,
como forma masculina, pode ser Sri Krishna, Sri Rama, Sri Chaitanya, ou Sri
Ramakrishna, ou ainda Jesus Cristo.
Deus Pessoal,
no aspecto feminino, pode ser Imaculada Conceição, Mãe Kali, Madre Durga, e
muitas outras formas.
Quando o
yogue, ou o devoto, escolhe o seu Deus Pessoal — Ishta Devata — o Ideal
Escolhido, eis que começa a canalizar todo o seu amor, toda a sua devoção a Ele
ou a Ela.
Uma vez
escolhido o Ishta, não se deve mudar mais.
Deve-se ir
canalizando toda a força, toda a energia, ao Ishta.
ONDE ESTÁ O
DEUS PESSOAL
Toda a escala
evolutiva do mundo, do universo, está repleta de “valor divino”.
Primeiramente
a matéria viva, sem forma definida.
Depois, vêm
as diferentes espécies do reino mineral.
Depois, as do
reino vegetal.
Logo ainda,
as do reino animal.
Para
elevar-se, então, ao reino dos anjos.
No cume, no
mais alto nível da Evolução, está Ele.
Ele — o Deus
Pessoal!
São Suas
qualidades: sabedoria, felicidade, inteligência, poder, tudo ilimitado.
O Deus
Pessoal — Ele ou Ela — é Felicidade Perfeita.
A OPINIÃO DE
MAHARISHI MAHESH YOGI
O que
entendemos quando dizemos que Ele tem uma natureza onipotente?
Onipotente
significa ter o poder de fazer, de ser e compreender tudo.
Este Ser
pessoal e supremo teria Seu sistema nervoso tão altamente desenvolvido, que
Sua capacidade em todos os níveis da vida seria ilimitada.
Seus sentidos
seriam os mais poderosos, Sua mente seria a mais poderosa, Seu intelecto seria
o mais poderoso, Seu ego seria o mais poderoso.
É o mais alto
estado de evolução, no mais alto nível da criação onde a vida é perfeita.
Portanto, é
como se esse Deus estivesse controlando a criação inteira. Todas as leis da
natureza são controladas pela Sua vontade.
Com a
dissolução da criação, o Deus Pessoal onipotente se fusiona com o estado
impessoal e absoluto do Supremo e, quando a criação começa de novo, Ele volta
novamente a morar no mais alto nível. É assim que o Deus Pessoal mantém
eternamente o ciclo da criação, evolução e dissolução.
ELE OU ELA
Se Deus
Pessoal — Ele ou Ela — é um Ser Pessoal, eis que Ele ou Ela terá uma natureza
particular especial que lhe será e é própria.
Ora, se o ser
humano, o indivíduo, sintoniza sua mente, seu coração, em direção a Ele ou a
Ela, eis que terá forçosamente que receber as bênçãos Dele ou Dela.
É que o
indivíduo sintoniza sua vida à vida Dele.
Ou sintoniza
a sua vida à vida Dela.
Esta forma de
sintonizar apressa a evolução desse indivíduo que age assim.
Se apressa a
evolução desse indivíduo, desse ser humano, eis que atinge o mais alto grau
evolutivo rapidamente, no menor tempo possível.
Deus Pessoal
— Ele ou Ela — estará abençoando a vida desse ser humano que pensa e sintoniza
com Ele ou Ela.
Atinge assim
o ser humano o limite máximo de sua perfeição, em tempo rapidíssimo.
Dezenas ou
centenas de vida vividas rapidamente numa vida só.
DEUS PESSOAL
COMO MÃE DIVINA: UM DIALOGO
Um dia, uma
discípula de Sri Ramakrishna perguntou a Swami Brahmananda:
— Rakhal, a
Santa Madre (nome íntimo de Sarada Devi) manda perguntar por que um aspirante
espiritual deve adorar a Mãe Divina primeiro.
Maharaja
contestou:
— A Mãe
Divina tem a chave do conhecimento de Brahman. A menos que Ela conceda Sua
Graça, ninguém pode entrar no Reino de Brahman.
AINDA DEUS PESSOAL
Vishnú é a
flecha de Shiva, e Shiva é a flauta de Krishna.
Depois: o
coração de Vishnú é Shiva, e o coração de Shiva é Vishnú.
Em um hino à
Mãe Divina, canta o Seu devoto amante:
— Não vejo
nenhuma diferença entre Rama, Shiva e Tu!
Ele é Ela. E
Ela é Ele.
Quem é Ele ou
quem é Ela?
— Tú és o
Amigo, o Irmão, o Instrutor, Mãe Divina, Amor Infinito, Protetor do Universo,
Pai cheio de amor, Vida Universal, Felicidade Suprema. Semente Infinita, Luz, o
Tudo, Eterna Criança Amorosa, Única Realidade, Ishvara.
ISHVARA
Os hindus
chamam Deus Pessoal de Ishvara.
Vejamos bem,
o Upanishad: Brahman Ele-Mesmo, tendo, pela Sua Shakti, feito aparecer a
matéria (Prakriti), tendo criado os mundos e tendo ficado também em estado
latente, torna-Se o Senhor de “budhi” e dos “indriyas”.
Depois, Swami Vivekananda:
“É preciso
compreender que o Deus Pessoal adorado pelos “bhaktas” não são nem separados,
nem diferentes de Brahman”.
Deus Pessoal,
Ele Mesmo Se encarna, por isto mesmo Ele é chamado de Encarnação Divina.
Ele abençoa
Seus adoradores por uma visão de uma de Suas formas divinas manifestadas.
Ele ou Ela é:
—
Supremamente cheio de Amor, Todo Bondade, Todo Poderoso, a Mãe Afetuosa, o
Mestre, o Amigo, Ele ou Ela, é o Salvador.
— Ele ou Ela,
o Deus Pessoal, é o Refúgio, o Asilo.
— Fornece o
que falta e conserva o que se tem já.
A OPINIÃO DE
SWAMI VIVEKANANDA
Quem é
Ishvara? De quem provém o nascimento, a permanência e a dissolução do universo?
É o Ishvara, o Eterno, o Puro, o Sempre-Livre, o Todo-Poderoso, o Onisciente,
Todo-Misericórdia, o Mestre de todos os mestres, e acima de tudo, Ele, o
Senhor, por sua própria natureza, é inexpressável Amor.
São estas,
certamente, definições do Deus Pessoal.
Então, não há
um Deus, mas dois?
O “isto-não,
isto-não”, o “Sat-Chit-Ananda” do filósofo, e o Deus do Amor do Bhakta?
Não, é o
mesmo Sat-Chit-Ananda que é também Deus de Amor, o Impessoal e o Pessoal em Um.
Sempre deve
se entender que o Deus Pessoal adorado pelo Bhakta, não é nem diferente, nem
separado de Brahman.
Tudo é
Brahman, o Um, sem segundo; somente que Brahman como unidade ou absoluto, é
demasiado abstração para poder ser amado e adorado; por isto, o Bhakta elege o
aspecto relativo de Brahman, que é Ishvara, o Governador Supremo.
Ishvara é a
mais alta manifestação da Realidade absoluta, ou em outros termos, a mais
elevada interpretação que a mente humana pode dar ao Absoluto.’
REALIZAÇÃO DO
DEUS PESSOAL
A meta da
Bhakti-Yogi é a Realização de Deus pessoal.
Para o
“Bhakta todos aqueles detalhes áridos são somente necessários para reforçar sua
vontade; além disso, não têm para ele nenhuma utilidade”.
Ele vai mais
além do que é capaz de conduzir o raciocínio e a razão.
Ele vai mais
longe pelo amor.
E alcança a
Realização.
Pela Graça do
Senhor, o Bhakta chega rapidamente num plano onde a razão, pedante e impotente,
é deixada para trás, muito longe.
Ele não
raciocina mais. Nem crê. Porque percebe.
Não argumenta
mais, ele sente.
É o prazer de Deus.
Há alguns que
sustentam mesmo que Bhakta é superior à Moksha.
Todos podemos
realizar o Divino, ter a realização do Deus Pessoal.
Como?
Respondemos:
pela Meditação Transcendental.
Maharishi Mahesh Yogi
Postado por Dharmadhannya
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