domingo, 18 de abril de 2021

Respiração 1— A Ponte para a Bio-Harmonia

 


                       Respiração — A Ponte para a Bio-Harmonia

PNEUMA:

1.                   Fôlego, respiração.

2.                   Alma, espírito, segundo alguns antigos filósofos, o espírito universal ou substância primordial.

3.                   O princípio vital, vida e o Espírito superior tanto à alma quanto ao corpo.

...uma natureza intermediária que, embora distinta da Alma mortal ou Pneuma, é a fonte da atividade vital.

- HIPÓCRATES

...um sonho, um alento, uma espuma de alegria fugaz.

- SHAKESPEARE, The Rape of Lucrece, 212

A RESPIRAÇÃO é o elo entre o corpo e a mente. No mar da emoção em que vivemos, a respiração é o mediador que altera a química da nossa consciência.

Os yogues já conhecem há séculos métodos detalhados para controlar o corpo e a mente, e usam práticas respiratórias elaboradas para produzir os estados de consciência que dese­jam. vvxvxvxxvx

Todos sabemos que podemos viver sem comer e beber durante algum tempo, mas não sem respirar. Exatamente por considerarmos isso tão garantido é que se torna difícil para a maioria das pessoas perceber como a qualidade da sua vida pode mudar radicalmente apenas por elas serem capazes de controlar a qualidade da sua respiração.

A maioria das pessoas respira de doze a dezoito vezes por minuto. Pare um momento para examinar quantas vezes você respira por minuto sem fazer nenhum esforço pessoal para reduzir ou alterar de alguma outra maneira seu padrão normal de respiração.

Você poderá perceber, se estiver prestando atenção, que sua respiração é irregular, instável ou superficial; pode haver uma pausa entre a inalação e a expiração; você poderá ainda descobrir que ela é barulhenta ou que seu nariz está entupido grande parte do tempo.

 Sabemos agora (e os cientistas estão prestando cada vez mais atenção às pouco percebidas interligações sutis entre a função cerebral e a respi­ração) não apenas que todos os estados emocionais estão relacionados com padrões particulares de respiração, como também que simplesmente reduzindo ou aprofundando a res­piração podemos:

Melhorar a memória

dominar a raiva e o medo

adormecer quando quisermos

expandir nosso campo eletromagnético

 curar a insônia

baixar a pressão sanguínea

ficar mais corajosos

aliviar a dor

acalmar o nervosismo das pessoas à nossa volta aumentar nosso carisma pessoal

parar de fumar

fortalecer a vontade clarear a mente melhorar a digestão regular os batimentos cardíacos acalmar o nervosismo

aumentar nossa vitalidade e prazer

alivia a depressão

melhorar o funcionamento e a concentração mental


Como somos criaturas rítmicas, de fluxo e refluxo, sístole e diástole, precisamos alternar entre uma respiração desembara­çada, relaxada e pelo menos dez minutos por dia de contínua atividade (se estivermos fisicamente aptos, de preferência numa área verde).

A qualidade vital da nossa personalidade, a vivacidade do nosso cérebro, o equilíbrio dos nossos nervos dependem em grande parte da respiração.

 Com tantos diferentes sistemas interligados contribuindo para as complicadas interações entre nossa mente, corpo, espírito e a sociedade e a época em que vivemos, a respiração é praticamente o único elemento que podemos controlar totalmente e o único que pode modificar todos os outros.

Como toda a vida segue padrões rítmicos, “ sintonizam o- nos” com os padrões do mundo natural e nos sentimos mais ligados à vitalidade e aos ritmos do universo quando aumenta­mos a profundidade e a vitalidade da nossa respiração.

 A paixão pelo yoga que tomou conta do país é uma prova da necessida­de de reafirmarmos nosso senso natural de vitalidade psicofísica diante das condições cada vez menos naturais em que vive­mos.

 Alimentos comercializados, desprovidos de nutrientes e repletos de produtos químicos que visam garantir um prazo de validade maior; a incidência cada vez maior de doenças relacio­nadas com o estresse (responsáveis por 80% da nossa taxa de mortalidade nacional); o custo desconcertante dos hospitais, das drogas e da doença iatrogênica (induzida pelo médico) tem pelo menos alertado um número cada vez maior de pessoas para

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a necessidade de assumir responsabilidade pela qualidade da nossa vida e da nossa saúde.

A ferramenta mais simples e mais acessível para a mudança é a respiração. O fato simples e impressionante é que quando respiramos sete ou menos vezes por minuto, todo nosso meta­bolismo muda, nossa personalidade é percebida de uma manei­ra diferente, somos considerados mais tranquilos, mais autênti­cos e, curiosamente, mais vividos; e realmente o somos!

 Incrivelmente, a respiração registra sutilmente todas as mudan­ças nos nossos pensamentos e sentimentos. Ela é a ferramenta mais poderosa para liberar seu carisma.

As pessoas nervosas ou irritadas respiram de um modo super­ficial, basicamente com a região superior do peito. As pessoas deprimidas têm uma respiração pesada e forçada. Estudos recentes confirmam o que todo mundo sempre soube: quan­do estamos felizes, respiramos profunda e plenamente. Res­pirar com o peito pode, por si só, produzir a instabilidade mental.

O adulto médio inala cerca de meio litro de ar a cada respiração. Estou me referindo à respiração superficial feita com o peito. No caso da respiração abdominal, este volume pode ser duplicado.

Com o exercício Respirando com Todo o Corpo (ver p. 388) você pode inalar de três a quatro litros de ar, o que é provavel­mente seis ou oito vezes mais do que você está inalando agora.

 Um maior volume de ar implica uma melhora na condição do coração e do pulmão, uma pele mais bonita, uma digestão mais completa, um estado de ânimo mais elevado. Quando o pulmão enche-se de ar desde a base até a parte superior, ele se contrai, massageando suavemente o coração.


 O diafragma também, ao se contrair e relaxar, massageia o coração, o fígado, o pâncreas e melhora o funcionamento do baço, do intestino delgado, do estômago e do abdômen.

Quando pergunto às pessoas que participam dos meus grupos de que modo elas visualizam a respira­ção, quase todas sorriem e agitam levemente as mãos ao longo do corpo.

 Algumas sugerem de forma hesitante que o movimen­to do ar é esférico, mas em geral essa concepção é intelectual e elas não conseguem colocá-la em prática.

 Quando pedimos a um grupo para respirar profundamente, as pessoas levantam os ombros, encolhem a barriga e dilatam o peito com arfadas convulsivas. Depois, elas demonstram estar arrependidas por­que, obviamente, não são capazes de continuar a fazer isso. E por demais exaustivo.

A Bola de Respiração

A melhor maneira de descobrir a forma correta de respirar é deitar-se no chão com as mãos ao longo do corpo. Se houver uma depressão entre a região central das costas e o chão, erga os joelhos até as costas tocarem o chão em toda a extensão. Ponha agora uma das mãos sobre o abdômen para poder senti-lo e vê-lo se expandir enquanto você inspira.

Imagine que toda região inferior do abdômen e das costas é uma linda bola de gás da sua cor favorita. Ela vai se encher a partir de baixo (entre as pernas). Naturalmente, a bola incha quando se enche de ar.

 Esteja preparado para sentir o abdô­men e os lados do corpo incharem de forma uniforme por todos os lados, exatamente como uma bola de gás.

 A mente pode processar num microssegundo milhões de imagens, de modo que esta imagem da bola com sua cor favorita será a perfeita professora silenciosa para seu novo processo respira­tório.

É interessante observar que até mesmo os antigos padrões são sustentados por uma imagem consciente. Embora não tives­sem percebido antes de eu perguntar, quando as pessoas faziam gestos na frente do corpo para mostrar a direção vertical, elas de repente se conscientizavam de que a imagem representava a maneira como elas funcionavam.

 Quando você muda sua ima­gem, seu corpo/mente logo interioriza todas as informações necessárias e é capaz de integrá-las num novo processo.

Se você as descrevesse em palavras, precisaria preencher múltiplas pá­ginas e ainda assim seria muito difícil compreendê-las.

 Esta é a grande vantagem de aprender a partir de uma imagem do hemisfério direito em vez de um modelo linear do hemisfério esquerdo. À semelhança de um holograma, as informações estão comprimidas numa única imagem, que depois se divide em componentes que serão reagrupados onde e quando forem necessários.

Pense em como seria difícil fornecer uma descrição linear mesmo de um processo bastante simples como caminhar ou erguer um dedo!

 Passei certa vez duas horas observando um cisne no Central Park para ver se eu conseguiria predizer a curva exata do pescoço do animal enquanto ele lentamente a erguia da água, repetidas vezes. Por não ser linear, o movi­mento era incrivelmente variado e sutil.

 Um filme em câmara lenta provavelmente demonstraria que o movimento nunca se repetia.

O mesmo acontece com sua bola de respiração. Se você a visualizar o mais exata e vividamente possível, será capaz de obter uma dilatação de toda a região que vai da virilha até as costelas inferiores, na frente, dos lados e atrás, da maneira mais natural e orgânica possível.

Deixe então a parte superior da bola expandir também as costelas e a área superior das costas. Mas é importante não começar a respirar por aí.

Se agir assim, deixará de fazer a respiração abdominal e acabará respirando da antiga maneira rápida e superficial que usa apenas um terço da capacidade pulmonar. Ela termina antes de lhe fazer qual­quer bem.


Antes de Começar Sua Nova Respiração, Esvazie a Bola. A maioria das pessoas nunca exala totalmente o ar dos pulmões.

Um número tão grande de toxinas fica armazenado no corpo que não sobra espaço para a penetração de energia da nova respiração, sem mencionar a tensão residual que permanece nos músculos quando eles não são “aspirados” pela respiração.

Exale — e veja e sinta a bola se esvaziando até que ela fique bem murcha e achatada. Quando você achar que não consegue expelir nem mais um pouco de ar, esvazie um pouco mais.

Então - Comece a Encher a Bola pela Parte de Baixo. A primeira parte da inalação deverá ser praticamente imperceptível. O erro mais comum que as pessoas cometem é precipitar-se convulsivamen­te como se não houvesse espaço ou tempo para conseguir uma quantidade suficiente de ar.

 Inicie a respiração o mais modesta e silenciosamente possível. MANTENHA A BOCA FECHADA. E importante respirar pelo nariz. Ponha uma pequena almofada debaixo da cabeça de isso fizer com que você se sinta mais à vontade.

O Nariz Sabe

Você poderá ficar surpreso ao tomar conhecimento de que seu nariz executa cerca de trinta funções. Ele é o lugar mais estreito do aparelho respiratório e exige um esforço 150% maior do que respirar pela boca (mesmo que seu nariz não pareça estar entupido).

Então, por que respirar pelo nariz? Existem razões profundas para isso. Respiramos cerca de dezoito mil a vinte mil vezes por dia, de modo que respirar pela boca exige muito mais energia.

Os filtros nasais provocam umidade, dirigem o fluxo do ar, transmitem os odores, aquecem o ar, trazem oxigênio para dentro do corpo, produzem muco, atuam como uma passagem de escoamento para os seios paranasais, e — acima de tudo — afetam o sistema nervoso.

Temos um nariz interno e um externo. Eles são únicos no gênero. O macaco, por exemplo, não tem nariz externo. Mas a forma do nosso nariz tem uma relação íntima com o clima de origem dos nossos antepassados.

 As pessoas das regiões frias ou muito secas, como o Oriente Médio, tendem a ter o nariz longo. Os habitantes das regiões tropicais têm as narinas bem abertas, pois o ar precisa ser menos processado. (Por alguma razão inexplicável, contudo, muitos escandinavos têm o nariz curto.)


 O nariz externo recolhe o ar e acelera seu fluxo dirigindo-o para a cavidade do nariz interno. A maneira como o fluxo de ar é orientado dentro da cabeça é extremamente importante.

O interior do nariz é muito complexo e interessante. Seu “chão” também é o céu da boca, o palato. Se você mover a língua para trás, encontrará um lugar onde o céu da boca de repente fica mais mole. Atrás dele há um órgão carnudo com a forma de uma pequena lágrima — a úvula (campainha).

 O “céu” do nariz também é o “chão” do cérebro e das órbitas, da mesma maneira como o “chão” do nariz é o céu da boca. E uma espécie de casa de três andares com o cérebro, os olhos e os nervos óticos no andar superior, a boca no inferior, e a cavidade nasal no pavimento intermediário.

Poucas pessoas percebem como o nariz interno está estrei­tamente relacionado com o cérebro, o sistema nervoso e a glândula pituitária (situada na base do cérebro); o nervo olfativo possui extremidades nervosas na parte superior do compartimento.

 A parte interna do nariz é acidentada, encaroçada, e inteligentemente projetada para deslocar o ar em determina­das direções. Os cornetos, três saliências em forma de concha que você poderá ver se inclinar a cabeça e olhar no espelho, agitam o ar, fazendo-o circular, e também protegem os sensí­veis tecidos do pulmão, adicionando umidade.

 Os cornetos desviam o curso do ar, o agitam e são indiretamente respon­sáveis pelo fato de nosso nariz ficar pingando no inverno (quando exalamos, a umidade contida no ar quente conden­sa-se do lado de fora).

 A membrana mucosa também ajuda a parte interna do nariz a limpar a si mesma — porque ela recolhe poeira e micróbios e, como está em constante movi­mento, conduz para fora os detritos indesejáveis.

A membra­na mucosa, com seus milhões de cílios, minúsculas estruturas semelhantes a fios de cabelo, é um dispositivo inteligente para manter todos os micróbios em movimento, de modo que não se acomodem e causem infecções.

E um sistema brilhante, mas nem sempre funciona. Se o muco estiver espesso demais, ele seca e forma uma crosta; se estiver excessivamente fluido, o nariz começa a escorrer.

O alimento que ingerimos está diretamente relacionado com a contextura e a quantidade do muco. Os laticínios e as frutas cítricas como as laranjas, bem como os alimentos açucarados e os amiláceos, estimulam a produção de um muco mais denso.

 O muco não é apenas uma secreção que protege nosso pulmão, mas também uma excreção, quando os outros órgãos excretores (pulmões, pele, intestinos, rins e útero) não conseguem eliminar do corpo os resíduos acumu­lados.

Tudo está relacionado. Os alimentos processados blo­queiam o sistema digestivo, os antiperspirantes impedem a pele de desempenhar seu papel como função excretora, a falta de fibras gera a prisão de ventre.

 Os sistemas recuam. O corpo responde descarregando uma grande quantidade de muco. E dessa maneira que o excesso de comida, uma alimen­tação deficiente ou a prisão de ventre podem provocar um resfriado.

 Comer apenas verduras e legumes verdes durante um ou dois dias, suprimir a carne e os laticínios, tomar um laxante, beber várias vezes ao dia uma colher de chá de vinagre de cidra de maçã dissolvida em água são maneiras rápidas de restabelecer o equilíbrio alcalino do corpo e evitai contrair resfriados e infecções respiratórias.

A maioria dos órgãos reflete outros órgãos do corpo. A curva da pélvis repete-se na palma da mão e no ouvido. A metade superior do corpo é uma imagem espelhar da inferior.



As mãos e os pés estão relacionados — através de ambos, pontos sensíveis ou de pressão são capazes de aliviar os órgãos em todo o corpo. Curiosamente, o nariz está relacionado com os órgãos sexuais.

 Debaixo da membrana mucosa existe uma camada esponjosa de tecido erétil, também encontrado nos órgãos genitais e nos seios.

 Freud escreveu a respeito da interação entre os órgãos sexuais e o nariz. Ele desenvolveu originalmente sua teoria básica correspondendo-se com um otorrinolaringologista, Wilhelm Fliess. Ambos se interessavam pelos reflexos que ligam o revestimento nasal e os órgãos reprodutores.

 Eles descobriram que podiam “curar” as cólicas menstruais anestesiando certas partes do revestimento nasal. Existe um interessante fenômeno chamado “nariz de lua-de mel”, conhecido pelos otorrinolaringologistas.

 A contínua estimulação sexual do período da lua-de-mel faz com que o tecido erétil do nariz fique cronicamente ingurgitado, como os órgãos genitais estimulados.

A ligação com o cérebro também é profunda. Em geral, o ar flui inicialmente pela narina direita e depois pela esquerda, fazendo um revezamento que varia entre noventa minutos e duas horas.

 Este é um ritmo biológico natural, chamado de “ritmo infradiano” pelos cientistas ocidentais que “descobriram” o que os antigos yogues já sabiam há milhares de anos, (Certas atividades são mais apropriadas para o fluxo da narina direita, outras para o da esquerda.

Primeira parte - continua no proximo post


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