terça-feira, 15 de setembro de 2020

Tao - A CONFIANÇA NA MENTE

 


                        Tao - A CONFIANÇA NA MENTE

SHINJIN-ME1
(Poema de autoria de Sôsan, um dos primeiros mestres
Zen chineses)

O Perfeito Caminho não conhece dificuldades,

Apenas ele recusa fazer preferências;

Apenas quando não há nem ódio e nem amor,

Ele se revela em total clareza.

 

Uma diferença insignificante

vasto espaço,harmonia E céus e terra quedarão separados;

Se queres vê-lo ante teus olhos,

Não tenhas pensamentos fixos obedientes ou contra ele.

 

Levantar aquilo que gostar contra o que não gostar,

É uma doença da mente;

Quando o Profundo Significado não é compreendido,

A paz da mente é perturbada à toa.

 

O Caminho é perfeito como o Vasto Espaço,

Nada lhe falta e nada lhe é supérfluo;

É certamente por se fazerem escolhas,

Que sua equanimidade é perdida de vista.

 

Não procures condicionamentos exteriores,

Não permaneças no vazio interior,

Fica sereno na Unidade das Coisas,

E o dualismo se dissolverá por si.

 

Quando procuras ganhar quietude detendo o movimento, 

A quietude que obtiveres estará ainda em movimento; 

Enquanto estiveres no dualismo,


Como poderás conhecer a Unidade?

Quando a Unidade não é totalmente entendida,

De duas maneiras manifesta-se o prejuízo:

A negação da realidade é a sua afirmação,

E a afirmação do Vazio é a sua negação.

 

Palavras e intelecto

Quanto mais andarmos com eles, mais nos perderemos;

 Se abandonarmos as palavras e o intelecto,

Não haverá lugar onde não passaremos.



Quando voltamos à raiz, obtemos o significado,

 Quando obedecemos aos objetos externos, perdemos a

[razão;

No momento em que nos iluminamos interiormente,

 Superamos a vacuidade de um mundo em confronto

[conosco.

Transformações se sucedendo num mundo vazio oposto

[a nós.


Parecem ser reais por causa da Ignorância.

Desiste de buscar a Verdade,

Cessa apenas de ter opiniões.

 

Não permaneças no dualismo,

Evita cuidadosamente sua busca;

Enquanto houver certo e errado,

Reinará a confusão e tua mente estará perdida.

 

O Dois existe por causa do Um,

Mas não deves guardar nem mesmo esse Um;

Quando uma mente não é perturbada,

As dez mil coisas não manifestam ofensa.

 

Não há ofensa manifesta e não há dez mil coisas,

Não há perturbação e nem mente para trabalhar.

 

O sujeito se aniquila quando o objeto cessa,

O objeto cessa quando o sujeito se aniquila.

 

O objeto é objeto por causa do sujeito,

O sujeito é sujeito por causa do objeto;

Se queres conhecer a relatividade de ambos,

Percebe que ela em suma está na Vacuidade.

 

Uma Vacuidade é semelhante ao Dois,

E cada um contém em si próprio todas as dez mil coisas;

 Quando não se faz discriminação entre isto e aquilo,

 Como pode nascer uma visão parcial e preconcebida?

 

O Grande Caminho é largo e generoso,

Para ele, nada é difícil e nada ó fácil;

Vistas curtas são irresolutas,

As mais rápidas são as mais tardias.

 

Apegar-se é jamais libertar-se de estreitos limites,

É certamente seguir por um caminho errado;

Deixa isso e as coisas seguirão sua natureza,

Pois a Essência nem permanece nas coisas, nem as deixa.

 

Obedece à natureza das coisas e estarás de acordo com

[o Caminho,

Calmo, descansado e livre das paixões;

Mas quando teus pensamentos estiverem amarrados, estarás contra a verdade;

Eles se tornaram pesados, embotados e insatisfatórios.

 

Quando eles são insatisfatórios, o espírito é perturbado;

Por que então ser parcial e unilateral?

Se quiseres seguir o Caminho do Veículo Uno,

Não tenhas preconceito em relação aos seis objetos de

[percepção.

 

Tu e a Iluminação serão um só;

O sábio é não-ativo,

Enquanto o ignorante amarra a si próprio;

No Darma não há individuação,

Mas o ignorante cegamente se apega a objetos particulares.

 

É a sua própria mente que cria ilusão —

Não é esta a maior de todas as contradições?

A ignorância faz nascer as idéias de repouso e confusão;

 Na iluminação não há nem preferência, nem desprezo; 

Todas as formas de dualismo,

São cegamente recolhidas pelo próprio ignorante;

São elas semelhantes a flores no ar;

Por que se atribular para tomar conta delas?

Ganho e perda, certo e errado —

Fora com tudo isso, de uma vez por todas!

 

Se o olho jamais dormir,

Os sonhos cessarão por si mesmos,

Se a Mente retiver seu caráter absoluto,

As dez mil coisas serão uma única Semelhança.

 

A essência da Semelhança é um profundo mistério;

Ao atingi-la, esquecem-se os condicionamentos externos;

Quando as dez mil coisas são vistas em sua Unidade,

Voltamos à origem e permanecemos onde sempre estivemos.

 

Esquece o porquê das coisas,

E atingirás um estado além da analogia;

Parado o movimento, não há mais movimento,

 Movimentando-se o descanso, não há mais descanso.

Quando o dualismo não se sustenta mais,

Nem a própria Unidade tem razão de ser.

 

A última razão das coisas, de que não se pode passar além,

 Não é limitada por regras e medidas;

Na Mente harmoniosa há o princípio de identidade,

 Em que todas as ações se aquietam

 

Dúvidas e irresoluções são totalmente eliminadas,

E a confiança correta é fortalecida;

Nada há que se detenha,

Nada há a ser guardado de memória,

Tudo é vazio, lúcido e iluminado por si mesmo;

Não gastes as energias de tua mente,

Isto pertence a um domínio além do pensamento,

Isto não pode ser medido pela imaginação.

 

No mundo da Lei da Verdadeira Semelhança,

Não há nem “eu”, nem “outro”;

Se a identificação direta é alcançada,

Só se pode dizer “Não-Dualidade”.

 

Sendo “Não-Dualidade”, todas as coisas são iguais,

E tudo está compreendido nela;

Os sábios que habitam as dez regiões,

Todos eles penetram nesta Razão Absoluta.

 

Esta Razão Absoluta está além do tempo e do espaço,

 Para ela, um instante é dez mil anos;

Quer a vejamos, quer não,

Ela se manifesta por toda a parte nas dez regiões.


As coisas infinitamente pequenas são tão grandes como

as grandes,

Pois aqui condições externas desaparecem;

As coisas infinitamente grandes são tão pequenas como

as pequenas,

Pois limites objetivos aqui não entram em consideração.

O que é  é semelhante ao que não é,

O que não é é semelhante ao que é;

Se teu estado não for semelhante a esse,

De modo nenhum te detenhas nele.

 

O Um é o Todo,

E o Todo é o Um;

Se isso for compreendido,

Não precisas mais te lamentares de que não és perfeito.


Quando a Mente e cada mente confiante não estão mais

[divididas,

E o indiviso é cada mente confiante e a Mente,

Estamos no ponto em que as palavras falham,

Pois isso não é nem passado, nem futuro e nem presente.

Postado por Dharmadhannya

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