A luz da Sabedoria do Amor
Pesquisa - Pensamentos e palavras da Monja Coen
Nós criamos causas e
condições. Somos os produtores, os atores, os diretores, os roteiristas desse
grande espetáculo que é a nossa vida, a vida do planeta, do universo, de tudo o
que existe.
Quando cada um de nós atua no melhor de seu
potencial – não de qualquer jeito, mas fazendo o que é correto, fazendo o seu
melhor; não para dizer que somos o bom, mas o melhor para que todos possam se
manifestar no melhor de seu potencial –, contribuímos para uma vida de
harmonia, beleza, ternura, amor.
O importante não é o que ganhamos, mas com o
que podemos contribuir. Isso é a transformação.
Monja Coen
Vai Passar - Monja Coen responde
sobre a impermanência
P - Tudo na vida passa? Como podemos ter certeza disso?
MC - Respirando. A inspiração termina, a expiração termina.
Olhando à volta. Ouvindo os sons. Percebendo nossos pensamentos. Nada é fixo. Nada é permanente.
P - Qual é a idéia de
impermanência no budismo?
MC - Não é uma idéia. É uma realização. É a experiência da vida, da morte. Não há um eu fixo e permanente.
MC - Não é uma idéia. É uma realização. É a experiência da vida, da morte. Não há um eu fixo e permanente.
"Tudo que começa, termina." (de Xaquiamuni Buda)
"Tudo que termina, começa." (de Monja Coen)
P - Dor é diferente de
sofrimento? Qual a diferença?
MC - Não saberia dizer se
dor é diferente de sofrimento.
São palavras que tentam apontar a um sentimento.
Existe dor física, dor psicológica, espiritual.
São palavras que tentam apontar a um sentimento.
Existe dor física, dor psicológica, espiritual.
Existe sofrer dor Uma pontada de dor. Sofri com dor de dentes - alguma coisa simples assim.
P - Como podemos lidar com a
angústia de que o que é "bom" passa e o que é "ruim" parece
que nunca vai passar?
MC - Se apenas parece que nunca via passar, mas também passa. O bom passa, o ruim passa
nossa percepção é que nos engana.
Buda diz que a "mente humana deve ser mais temida do que cobras venenosas e assaltantes vingadores"
Por isso nos sentamos em Zen, procuramos conhecer essa mente. Mas, quem procura conhecer a mente senão a própria mente?
Este é o processo fascinante que nos é dado como espécie humana. Sendo o que somos podemos compreender o que somos, quem somos. Muitos, entretanto, passam a vida (e a morte) sem saber. Que pena.
P - Por que, por mais que a
gente tenha experiências de dor, quando vem uma nova dor a sensação é de que
ela não vai passar?
MC - Porque dói. E doer não é agradável.
Então temos de nos lembrar de que é transitória a dor.
e podemos até mesmo apreciar essa desagradável experiência humana.
Vida é assim. Muitas vezes a dor nos torna melhores, pois aprendemos não só a suportá-la, mas a curá-la ou transcendê-la.
Na dor, seja a dor.
E a deixe ir.
Ainda é o seu ego, se exibindo "veja como sofro".
Deixe ir, deixe passar e sorria à vida.
P - Com o tempo, com o
acúmulo de experiências de que a dor acaba passando, começamos a entender isso
melhor?
MC - Não é preciso um acúmulo de experiências de sofrimento e dor pessoais.
MC - Não é preciso um acúmulo de experiências de sofrimento e dor pessoais.
Buda dizia que os seres humanos podem ser comparados a quatro tipos de cavalos.
O primeiro cavalo, ao ver a sombra do chicote, galopa.
Este seria o ser humano que ao ouvir sobre sofrimento e dor de seres desconhecidos, começa a apreciar sua vida.
O segundo cavalo, precisa ser chicoteado na pele para galopar.
É a pessoa que precisa sentir a dor ou o sofrimento de alguém conhecido (mas não muito íntimo) para começar a apreciar sua vida.
O terceiro cavalo precisa ser chicoteado até cortar o pêlo e penetrar a carne.
Alguém que só começa a apreciar a vida depois de perder ou sofrer muito com as dificuldades de alguém muito amado/a ou próxima/o.
O quarto cavalo só é capaz de galopar quando o chicote o fere até o osso.
Essas pessoas só conseguem apreciar a existência quando percebem que ela está quase a se acabar.
Que tipo de cavalo é você? Que tipo de cavalo você pode se tornar?
P - Saber que tudo tem o seu
tempo é uma questão de maturidade? Como?
MC - Somos o tempo. Fazemos acontecer. Somos a vida da Terra. Não é uma atitude passiva, a maturidade.
MC - Somos o tempo. Fazemos acontecer. Somos a vida da Terra. Não é uma atitude passiva, a maturidade.
Maturidade é adequação - fazer, pensar e agir de forma adequada e correta às circunstâncias. Uma criança é capaz de fazê-lo. Ás vezes uma pessoa idosa não consegue. Ser tempo. Existência tempo.
P - Também podemos dizer que
tem a ver com aprender a viver o presente?
MC - É engraçado dizer que temos de aprender a viver o presente. Na verdade, tudo o que temos é o presente momento. Este instante que seus olhos batem nestas letras e elas mandam um impulso a seu cérebro, que compreende.
MC - É engraçado dizer que temos de aprender a viver o presente. Na verdade, tudo o que temos é o presente momento. Este instante que seus olhos batem nestas letras e elas mandam um impulso a seu cérebro, que compreende.
Quantas coisas acontecem neste átimo de
segundo. E dependendo de nossas opções no aqui e agora tudo pode ser diferente.
Não é fascinante viver?
P - Como fazer para que a dor
passe? Basta acolhê-la e aceitá-la?
MC - Na dor, somos a dor. Mas tomamos remédios, quer alopáticos quer homeopáticos.
MC - Na dor, somos a dor. Mas tomamos remédios, quer alopáticos quer homeopáticos.
Cuidamos da dor. Dor é importante pois nos mostra onde está o problema, a doença, a dificuldade. Então podemos procurar o caminho da cura, da solução.
Não é apenas viver sem dor. É vivenciar a dor e transformar cada instante em um isntante de paz.
P - Podemos dizer que a dor
dura apenas o tempo que ela é necessária em nossa vida? Podemos confiar nisso?
MC - Novamente repito. Ser Zen não é ser passiva ao mundo. É atividade não violenta. Tudo que nos acontece faz parte da tapeçaria de nossa vida, mas podemos escolher as cores e os desenhos, pois somos as linhas, as tramas, as agulhas. Podemos confiar em nós e na própria vida.
P - Costumamos ficar também apegados à dor?
MC - Sim. Há pessoas que se apegam á dor, que se viciam em ser vítimas, em precisar de cuidados. Algumas se viciam em remédios. Outras em bebidas, fumo. Somos facilmente enganados por nós mesmos. Por isso precisamos meditar, nos observar e perceber com clareza.
MC - Sim. Há pessoas que se apegam á dor, que se viciam em ser vítimas, em precisar de cuidados. Algumas se viciam em remédios. Outras em bebidas, fumo. Somos facilmente enganados por nós mesmos. Por isso precisamos meditar, nos observar e perceber com clareza.
P - Poderíamos dizer que,
muitas vezes, ela demora mais a passar por causa disso?
MC - Sim.
MC - Sim.
P - Qual a importância para a
vida e para a nossa evolução aprendermos a lidar com a perda e a dor?
MC - Para encontrarmos caminhos de não violência ativa - para isso é importante aprendermos a lidar com a perda e a dor.
MC - Para encontrarmos caminhos de não violência ativa - para isso é importante aprendermos a lidar com a perda e a dor.
Temos de sair do campo dos rancores, das raivas, das vinganças e entrar no campo das virtudes.
Recentemente o Presidente Obama, no dia de sua posse falou sobre isso em seu discurso.
Sofremos muito já no passado. Já houve muita dor, perda e tristezas. Agora estamos aqui. É hoje. O lugar de nosso despertar. Aqui e agora o momento da libertação. Não é o que todas queremos, ser livres?
Liberdade é responsabilidade. Não apenas por si mesma, mas por tudo que existe. Somos a vida da Terra. Estamos interconectadas com tudo que existe.
Cada uma de nós que se torna verdadeiramente livre e atuante no mundo para o bem de todos os seres faz com que toda a humanidade sorria.
Vamos cultivar sorrisos, certezas, alegrias, esperanças e manter a força do Touro, a determinação e o foco para juntas criarmos um mundo cada vez melhor.
Cada obstáculo, dificuldade, perda é uma porta, uma entrada, uma possibilidade de mudança, um novo encontro.
Avante.
Caminhe.
Não apenas contando as dores e perdas, mas lembrando das alegrias e ganhos. Agradeça, encontre os caminhos da transformação e mais do que tudo:
Aprecie sua vida.
Mãos em prece
Monja Coen
Monja Coen
P - Que tipo de aprendizado
podemos tirar dos momentos difíceis e dessa sensação de que eles são
intermináveis?
MC -Acho que já respondi esta sua pergunta na anterior.
mas percebemos que quando fazemos o que gostamos o tempo parece acaber rapidinho.
MC -Acho que já respondi esta sua pergunta na anterior.
mas percebemos que quando fazemos o que gostamos o tempo parece acaber rapidinho.
Quando a situação não é o que queremos parece demorar muito.
Se tirarmos o eu quero e eu não quero da frente e apenas experimentarmos cada instante como único e irrepetível - pode ser bem fascinante.
Sugestão da monja - zazen. Sentar-se em meditação silenciosa e observar o movimento da mente, o silêncio da mente e apreciar o instante, o agora.
Todos falam muito sobre isso. Entrentanto, quando digo agora, o agora já se foi. Então, voltamos para o já.
Se você tirar seus olhos desta revista e olhar para sua direita, a imagem desta página desaparecerá e seus olhos estarão percebendo algo diferente e novo. Percebe?
Assim é com os sons, com os sentimentos, com
sua pele, com todo seu ser. Aprenda a conhecer a si mesma, em intima
profundidade e perceberá que os outros são seus semelhantes.
Todos queremos ser
amados, todos queremos ser incluídos, todos queremos ser felizes. Então cultive
a felicidade, o amor, a inclusão e me diga se não é bom viver de bem com a
vida. Fluindo com o fluir bom do bem.
gassho
mãos em prece
monja coen
Extraído de “Palestra
do Darma” na Comunidade Zen Budista
Libertar-se do Sofrimento
Dogen sama diz: “Se
quiserem libertar-se do sofrimento, devem manter a satisfação em suas mentes”.
A satisfação é um estado mental, um estado de completude, diferente disso é um
estado de falta, está sempre faltando alguma coisa. É um vazio. Por outro lado
o budismo vai falar que é muito importante este vazio, que temos…
OS DÁVILA da Folha de
S.Paulo
Ela não é o tipo de
monja zen-budista que as pessoas costumam idealizar. Por exemplo: passou o
final do ano passado ouvindo canções tocadas ao violão pelo primo Sérgio Dias,
que nas décadas de 60 e 70 integrou o trio Mutantes, ao lado do irmão Arnaldo
Baptista e de Rita Lee. Mutante também, Monja Coen, 58, acredita que o caminho
para a verdadeira felicidade é pleno de transformações.
A "Revista da Hora", do jornal "Agora São
Paulo"--, Coen diz que é possível ter uma atitude zen no dia-a-dia, sem precisar
se retirar num mosteiro nem ser budista. "O mosteiro é onde
nós estamos. Não é o prédio, o edifício", diz ela, que passou 19 anos de
vida monástica no Japão.
Monja Coen é missionária oficial da tradição Soto Hu
Zen-Budismo, com sede no Japão, e foi a primeira mulher e a primeira pessoa de
origem não-japonesa a presidir a Federação das Seitas Budistas do Brasil, entre
1997 e 1998.
Antes de partir em viagem ao Fórum Social Mundial, em Porto
Alegre, a monja recebeu o Equilíbrio na Comunidade Zen do Brasil, em São Paulo.
Leia trechos da conversa a seguir.
Equilíbrio - Cientistas
têm estudado os efeitos da felicidade e de estados de contentamento na mente
humana em decorrência de práticas alternativas como a meditação.
Como meditar
pode ajudar na busca pela felicidade?
Monja Coen - Fizeram
uma pesquisa com monges de um grupo de meditação do dalai-lama. Havia uma
diferença entre os monges mais antigos e os mais novos em relação ao espaço do
cérebro onde as reações de felicidade foram detectadas.
A conclusão científica
a que chegaram é que podemos nos treinar para ser mais felizes. As práticas
meditativas levam a um estado de compaixão e isso é comprovado materialmente
nos neurônios.
Eles são plásticos e, assim como os músculos, podem ficar mais
fortinhos se começarmos a procurar no outro alguma coisa boa.
Coen - A felicidade
está diretamente ligada ao que chamamos de sabedoria, ou de compreensão
superior. Essa compreensão é nossa, da espécie humana. Não é para eleitos. É um
estado de deslumbramento com a vida, mesmo na dor, no sofrimento.
Equilíbrio - A dor e o
sofrimento fazem parte?
Coen - A felicidade não
é uma coisa que aniquila a dor. Não dá para dizer "não vou ter mais
sofrimentos, só vou ser feliz". A verdadeira felicidade é você perceber
que a beleza é um processo contínuo. Se alguma coisa me magoa, eu fico triste.
Eu não posso ficar alegre com a tristeza. Faz parte da experiência humana
sentir saudade, amor, ternura, ficar triste, ter medo da morte. É trabalhar o
que está acontecendo com você e não negar, não iludir. Não adianta querer
cobrir com um veuzinho muito fino aquilo que é a nossa verdade.
Equilíbrio - É possível
ser zen e sentir raiva?
Coen - Não existe esse
negócio de "ah estou zen, nada me incomoda". Se estou zen, estou
vivo. Estou com os pés no chão e sou um elemento de transformação do mundo.
A
indignação e a raiva são maravilhosas porque são elas que nos motivam a querer
uma ação de transformação.
Equilíbrio - O
contentamento não se confunde às vezes com o conformismo?
Coen - Há uma história
budista que diz assim: a pessoa contente é feliz mesmo dormindo no chão duro. E
aquele que desconhece o contentamento é infeliz mesmo dormindo num quarto
luxuoso. Não significa que todo mundo tem de fazer voto de pobreza.
Não é
apenas se conformar com a situação. O caminho para essa busca da felicidade nem
sempre é muito alegre. Há momentos em que você fala: "Não está acontecendo
nada!".
E, sem isso, você não chega lá. Não é só fazendo massagem e
cuidando do corpo que encontramos felicidade. Nem só cuidando da mente e
abandonando o corpo. Somos uma unidade, nosso corpo e nossa mente estão unidos.
Postado Por Dharmadhannya
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