Magia dos Magos do Bem
Um número cada vez maior de pessoas
busca ajuda dos magos para dar fim aos problemas e angústias dos tempos atuais
Luiza Pastor e Mário Chimanovitch
Na véspera do vestibular, o
adolescente A.L. fez tudo como manda a cartilha da boa prova: deixou os livros
de lado, pegou um cinema com os amigos, optou pela água-de-coco no lugar do
chope e foi para casa dormir cedo para estar descansado no dia seguinte.
Antes
de deitar, porém, A. foi convencido pela mãe a entrar num círculo de giz traçado
no chão do quintal onde, à luz de algumas velas coloridas, passou por um ritual
de limpeza de todas as energias negativas que pudessem perturbar-lhe a
concentração necessária à prova tão temida.
Magia para tirar a energia ruim de casas
ou ambientes de trabalho
1º – Pegue um prato de louça ou de vidro e derrame dentro dele cerca de um centímetro de azeite virgem de oliva.
2º – Acenda uma vela branca de sete dias e, após consagrá-la ao Trono da Fé, coloque-a dentro do prato com azeite.
3º – Faça a evocação:
Eu evoco Deus, evoco seus Divinos Tronos, evoco sua Lei Maior e sua Justiça Divina e evoco o Trono da Fé aqui firmado e peço que todas as energias negativas acumuladas dentro desta casa ou deste ambiente sejam absorvidas pela chama desta vela consagrada e sejam anuladas neste azeite. Amém.
Obs: Você pode repetir esta magia sempre que desejar
“Eu sabia que estava bem preparado,
havia estudado o ano inteiro, mas tanta gente estuda tanto quanto eu e na hora
vem o branco, que não custava nada dar uma forcinha extra para a sorte”, conta
A., que prefere não dar o nome “para não pagar mico na faculdade”. A mãe de A.,
a dona-de-casa C., de classe média alta e católica de formação, “mas afastada
da Igreja há anos”, diz que usou a magia como aliada ao esforço do filho.
E que
lança mão de suas velas e mandalas sempre que algo começa a fugir do controle
na rotina familiar. “Os problemas ainda surgem, mas os enfrentamos com mais
serenidade e as soluções parecem mais fáceis”, garante. C. fez o curso do
Colégio de Tradição de Magia Divina, fundado em 1999 pelo escritor e Mago da
Luz Rubens Saraceni, que vem atraindo um número cada vez maior de interessados
em um assunto que, até pouco tempo atrás, era visto como superstição de gente
ignorante: a prática da magia.
O conde de Saint Germain foi um mago e alquimista que viveu na França, no século 18. Segundo o fundador da ordem, o carioca Paulo de Saint Germain, 45 anos, o conde lhe apareceu através de visões que tiveram início por volta dos três anos de idade. Numa dessas aparições, ordenou-lhe que fundasse um templo dedicado ao ensino da magia.
Talvez por localizar-se numa região mais familiarizada com o esoterismo, as energias da natureza e seus seguidores, a Fraternidade Branca se preocupa menos com a exposição pública e seus cursos são frequentemente anunciados em faixas das ruas e estradas vizinhas.
“Entramos no Terceiro Milênio e na Sétima Era, que propiciam a abertura da consciência e deixam as pessoas mais predispostas ao mistério”, argumenta Saint Germain.
Liberdade – Os magos formados pela escola de Saint Germain, explica ele, são considerados representantes diretos do mestre francês e, sob sua orientação, beneficiam os lados espiritual, físico e emocional dos iniciados e dos que lhes são próximos.
Por ser “uma das magias mais poderosas”, segundo seu mentor, “pois conduz magicamente a liberdade espiritual”, o mago de Saint Germain é iniciado por um curso de sete meses que inclui teoria e prática.
Ao contrário do Colégio de Magia Divina, a Grande Fraternidade Branca adota toda uma paramentação especial para seus rituais.
Os magos devem usar uma parafernália que inclui a túnica mágica, que é a vestimenta ritual, a espada mágica de Saint Germain, a cruz de Saint Germain, o manto mágico “que o ocultará dos malefícios”, os cristais de ametistas, a vela, a taça, a medalha, o anel e o perfume da magia de Saint Germain – produtos que podem ser adquiridos no Emporium da Energia, que funciona no local.
Apesar das exigências que podem inibir os que não se imaginam vestidos como o lendário tutor do rei Artur, Merlin (que Saint Germain afirma ser um de seus ancestrais), o mago assegura que o que é ensinado em seu núcleo está ao alcance de qualquer um. “Tudo é oferecido a todos porque cada um vai exercer a magia de acordo com sua capacidade”, resume.
Magia para auxiliar nos casos de doença
1º – Acenda no chão sete velas coloridas, em círculo e nesta ordem: branca, azul-clara, verde, rosa, roxa, violeta e lilás.
2º – Coloque o nome ou uma fotografia da pessoa enferma dentro do círculo de velas, já acesas.
3º – Ajoelhe-se, concentre-se em Deus e em seus Divinos Tronos
e faça a oração evocativa abaixo:
Eu evoco Deus, evoco seus Divinos Tronos, evoco a sua Lei Maior e a sua Justiça Divina, assim como evoco seus Tronos Medicinais e peço que auxiliem na cama da doença de (nome da pessoa doente), sempre de acordo com o seu merecimento. Peço também que, caso seja necessário o auxílio de algum profissional (médico, etc.), então que este seja inspirado para o maior benefício deste (a) meu (minha) irmão (a). Amém.
Restrita ao longo dos séculos às
sociedades secretas e escolas iniciáticas, privilégio de poucos e quase sempre
associada pelo imaginário popular à prática de bruxarias, a magia começa agora
a abrir suas portas e mistérios ao comum dos mortais.
Uma abertura, dizem os
iniciados, que ocorre como consequência dos tempos sombrios em que vivemos, nos
quais a violência, a corrupção e o egoísmo parecem estar levando vantagem no
embate tão velho quanto a própria magia, o do Bem contra o Mal. Centenas de
pessoas têm acorrido nos últimos três anos a uns poucos núcleos de magia, como
são chamados, para mergulhar no aprendizado que até pouco tempo era reservado a
raros, ricos e poderosos.
Respostas – O que as leva em busca
desse aprendizado oscila entre a mera curiosidade, o desejo de adquirir novos
conhecimentos ou então de encontrar novas e mais eficazes formas de lidar com
velhos problemas, como a angústia gerada pela insegurança, o medo de
sortilégios ou a cura de doenças.
Quase todos os que foram ouvidos por ISTOÉ
admitiram estar cansados de serem explorados por falsos curandeiros, adivinhos
da sorte ou fabricantes de horóscopos, e acreditam ter encontrado na prática da
magia a resposta para muitos dos males que as afligiam.
Os empresários Luís e seu socio refletem
perfeitamente esse novo perfil. Especialistas em tecnologia da informação, uma
área profissional voltada para a alta tecnologia e, como explica Baptista,
“totalmente fundamentada na lógica”, adotam a magia que aprenderam no colégio
não só em suas vidas privadas, mas no dia-a-dia do trabalho.
“Claro que não se
trata de acender vela na hora em que um computador pifa”, comenta, com bom
humor, o empresário. Ele explica que, muitas vezes, uma pessoa carregada de
energias negativas, de preocupações e problemas em sua vida particular, não
consegue enxergar os problemas que estão à sua frente.
“Ao limparmos essa carga
da pessoa, com ações sutis de magia que às vezes ela nem percebe, é como se as
coisas ficassem mais claras e as soluções vêm mais rápido”, explica. Os
clientes, acrescenta o sócio, percebem que há alguma diferença:
“Como
sua escala de valores muda quando você começa a praticar a magia, todo mundo
percebe que há algo em você mais confortável, mais confiável, e isso se reflete
nos resultados.”
O fato de a magia, nos moldes atuais,
poder ser praticada sem espalhafato tem sido um dos seus principais atrativos,
em um mundo dominado pela razão e o ceticismo. Segundo explicou o mago Saraceni
a ISTOÉ, “a magia, ao contrário da
crença geral, não necessita de locais especiais ou aparatos suntuosos para ser
praticada.
O mago pode exercê-la no interior de sua casa, de seu trabalho ou na
residência de alguma pessoa que esteja necessitando de sua atuação. Também ao
contrário do que se imagina, não são necessários instrumentos complicados para
a sua prática, mas sim determinadas pedras, giz mineral, eventualmente o azeite
virgem, flores, velas, em suma, objetos muito fáceis de ser encontrados.
Ela
pode ser praticada também ao ar livre, nas margens de rios, matas, mar e
montanhas, e não utiliza nem sacrifica animais.”
Austeridade – O Colégio de Tradição
de Magia Divina, o mais
procurado e respeitado desses
núcleos, funciona num local discreto
e sem nenhuma placa que o identifique
no velho bairro operário do Belenzinho, na zona leste de São Paulo.
Entre as
velhas casas do bairro, um prédio acinzentado de dois andares abriga a escola.
Trata-se de um local austero, sem nada que demonstre suas reais finalidades. O
colégio é dirigido por Saraceni, 50 anos, que
se dedica ao estudo da magia desde o início da década de 80. Pessoa
discreta e afável, Saraceni recebeu a reportagem com receio, confessando
temer publicidade sensacionalista sobre algo tão complexo de se abordar.
Ele
explicou que o colégio, ou núcleo de magia, reúne semanalmente pessoas de todos
os níveis sociais e categorias profissionais que se encontram para trocar
informações, novas descobertas e também para se auxiliar mutuamente diante do
desconhecido.
“Trata-se de uma nova forma de lidar com os velhos problemas que
afligem as pessoas, tais como obsessões, magias
negras, fobias e até doenças que a
medicina convencional tem dificuldade em abordar”, explica Saraceni, que conta
já ter formado
mais de dois mil magos.
Os cursos duram em média quatro meses
e abrangem 21 áreas diferentes, tais como a Magia do Fogo, a Magia das Pedras,
a Magia da Água, dos Vegetais, dos Gênios, da Espada, entre outras. O primeiro
curso, o de Magia Divina das Sete Chamas, é fundamentado no elemento fogo e é
praticado com velas que funcionam como condensadores ou irradiadores da chamada
energia da chama.
A Magia das Pedras trabalha com cristais e outros minerais no
mesmo processo de condensação de energias. A Magia dos Vegetais cuida da
regeneração e cura do espírito e a dos Gênios opera com os chamados elementais
ou seres da natureza para combater forças do mal. Já a da Espada serve como
elemento de ruptura das chamadas energias negativas. Ela rompe cordões
invisíveis que estariam ligando o ser humano a essas energias ruins.
Carga pesada – O professor Gilberto Sérgio é outro mago formado por Saraceni, que
adota o que aprendeu nos cursos na rotina de seu negócio, uma loja de material
esportivo.
“Não dá para separar as coisas, quando você começa a sentir que
alguém que entrou na sua loja chega com uma carga pesada, ruim, automaticamente
você já começa a invocar uma limpeza, que o ajuda e também a essa outra
pessoa”, explica.
Ele conta que nunca foi muito ligado às coisas do espírito,
mas que a magia “é diferente”: “Sou e sempre fui muito cético, não sou do tipo
que acha que tudo o que acontece na vida tem causa espiritual, mas a magia me
conquistou porque é essencialmente simples, ela lida com energias, reequilibra
a mim e as pessoas ao meu redor. Isso é incontestável, é algo que você sente.”
Essa atração de pessoas nem sempre
religiosas pelo universo da magia
é considerada normal por Saraceni,
que faz questão de lembrar que a magia “nasceu antes das religiões, antes que
as religiões se apossassem do domínio dos mistérios e dele fizessem instrumento
de poder”.
“Há uma curiosidade natural no homem de aprender, é algo típico do
ser humano e de suas necessidades: pessoas que
têm problemas de fundo espiritual, pessoas que sofrem perseguições de espíritos
do passado, outras que sofrem projeções mentais de seus desafetos, enfim,
pessoas que têm medo ou insegurança em razão do próprio momento em que vivemos,
que é de muitas transformações, e muitos não conseguem acompanhá-las.
Tudo
isso, associado à situação da violência, ao desemprego, à insegurança em
relação ao amanhã, leva as pessoas à magia, para
se defenderem.”
A literatura
está quase toda recheada de magia. Veja o fenômeno atual do Harry Potter. Você
entra nos games das crianças e vê seres fantásticos, seres dotados de
superpoderes, os comics mais vendidos são aqueles dos super-heróis. Na verdade,
estamos vivendo um tempo mágico, em que a magia está no ar envolvendo toda a
humanidade. É um fato mundial. E nos deparamos também com os absurdos, as
ordens negras voltadas para o Mal, para o culto de forças desconhecidas da
humanidade.”
Ele defende que a magia vai se
universalizar dentro em breve, deixando de ser hermética para se tornar algo
comum a toda a humanidade. “Quem quiser praticar a magia só precisará se
iniciar. Nós a mantemos controlada para que não aconteça a ela o que ocorreu
com outras através dos tempos, ou seja, acabaram se desvirtuando e perdendo sua
pureza e simplicidade, tornando-se complexa e ao mesmo tempo distorcida”,
conclui.
Magia para anular o negativismo ou a
antipatia de alguém que não tem afinidade conosco
1º – Risque no solo, com giz, uma
estrela de seis pontas
(estrela-de-davi).
2º – Coloque sobre ela um prato de
louça ou vidro.
3º – Coloque dentro dele num papel o
nome do desafeto.
4º – Cubra o papel com o nome com
azeite virgem de oliva.
5º – Acenda uma vela vermelha de sete
dias e a coloque sobre
o nome do papel
6º – Faça a seguinte evocação:
Eu evoco Deus, evoco seus Divinos
Tronos, evoco sua Lei Maior e sua Justiça Divina, assim como evoco seu Trono da
Justiça aqui firmado nesta vela e peço que sejam anulados todos os sentimentos
negativos vibrados contra mim por esta pessoa, e os meus, vibrados por ela,
pois só assim deixaremos de nos odiar. Mas, caso não seja possível, no momento,
a nossa harmonização, então que ela seja afastada de minha vida até que isto
seja possível. Amém.
O que os levou à magia
AC, estudante de direito
“Vim primeiro pela curiosidade. Mas
adquirir novos conhecimentos e poder auxiliar o próximo é o que continua me
alavancando”
A, técnico em
eletrônica
“Simplicidade com a qual se consegue
ativar energias divinas para o bem e o mergulho numa área de conhecimentos que
nem sempre podem ser encontrados nas bibliotecas comuns”
CF., empresária
“Sempre tive afinidades com o
esotérico. A
magia me trouxe conhecimentos
valiosos e tem acrescentado muito à minha vida. Além disso,
posso ajudar os outros”
R. advogada
“Vim atraída sobretudo pela Magia do
Fogo. Depois acabei me apaixonando por toda a teoria contida nos cursos. Hoje,
dificilmente conseguiria alienar a magia da minha vida”
Cs, comerciante
“Fui conduzida por uma força íntima
que me impeliu na busca a esses conhecimentos. A magia está integrada ao meu
coidiano. Ela interage com o meu trabalho"
M.representante comercial
“Desvendar um mundo até então
misterioso . Foi ele que me levou ao aprendizado da magia. Também o amor ao
próximo”
Postado por Dharmadhannya
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