a luz do dharma, da felicidade está na união. Quando agredimos o outro, plantamos a semente do sofrimento e colhemos.
A felicidade flui nos ventos, nas ondas da união para o Bem de todos.
Dharmadhannya
Se
você quiser a verdade, eu lhe direi a verdade.
Escute o som secreto, o som verdadeiro,
que está dentro de você.
Escute o som secreto, o som verdadeiro,
que está dentro de você.
KABIR
Minha amiga e eu estamos sentados diante do espelho outra vez, aquele que fica no
escritório da casa dela. Hoje estamos explorando o significado da
afirmação A vida ama você.
-
A vida ama
você é uma afirmação linda - digo -, mas não se limita a isso.
-
Espero que
sim. - ela me dá um de seus sorrisos cúmplices.
A
frase A vida ama você nos oferece uma filosofia básica para viver. Essas
quatro palavras são um referencial que aponta para nós a essência da Criação, a
nossa conexão com os outros seres humanos, a nossa verdadeira natureza.
A
vida ama você nos mostra quem somos e como ter uma vida verdadeiramente
abençoada.
-
O que A vida
ama você significa, na sua opinião? -
-
Significa que
a vida ama todos nós. Não apenas você ou eu - responde ela.
-
Então todos
estamos incluídos.
-
Como disse, a
vida ama todos nós.
-
O amor deve
incluir todos, do contrário não seria amor - eu digo.
-
Sim, e
ninguém é mais especial que outro - afirma Louise.
-
Somos todos
iguais aos olhos do amor - acrescento.
-
Sim, ninguém fica
de fora.
-
Sem exceção!
- exclamo.
Embora
para algumas pessoas isso possa ser uma nova maneira de pensar, não é uma
filosofia recente. Desde a Antiguidade, filósofos e poetas observam que há
algo em todos os seres humanos que nos conecta.
Em Filosofia do amor, o poeta Percy
Bysshe Shelley explora essa conexão básica de forma tanto espiritual quanto
sensual. É um dos meus poemas de amor favoritos. Sempre o recito...
Começa assim:
Todas
as fontes com o rio se fundem
E
os rios com o oceano;
Os
ventos, pelos ares, uns aos outros se unem
Com
fragrante emoção;
Nada
fica sozinho neste mundo;
Tudo,
por decreto divino,
Entre
si se mistura e se confunde:
-
Por que não
eu contigo?
Nós
somos feitos uns para os outros. Estamos todos incluídos. Sem exceção. Místicos
e cientistas concordam que, na realidade mais profunda que existe, além do
espaço e do tempo, todos somos membros de um só corpo.
Albert Einstein, por exemplo, referia-se à
percepção de estarmos separados como uma “ilusão de ótica”. David Bohm, físico
quântico americano que foi um dos alunos mais famosos de Einstein, reconhecia
um universo indivisível, uma unidade e um teatro de interrelações. Nós pertencemos
uns aos outros.
-
A vida ama
você incondicionalmente -
-
O que isso
significa? - pergunto.
-
Que a vida
não está julgando você - responde ela em tom enfático.
-
Nem
criticando - acrescento.
-
Isso, e a
vida também não está testando você nem tornando as coisas mais difíceis -
-
Estou
entendendo que esse você a que você se refere é o nosso pássaro da alma,
o nosso Eu Ilimitado, certo?
-
Sim, a vida
ama você, o verdadeiro você - responde ela.
-
Somos amados
pelo que somos, não pelo que achamos que devemos ser.
-
Exato, a
vida ama você agora! -
A
afirmação A vida ama você está no presente. A vida não ama você apenas
quando você é criança, novo e inocente. Nem vai amá-lo mais quando ou se você
mudar.
-
A vida nos
ama até quando nós não amamos a nós mesmos -
Fazemos
uma pausa para absorver essa ideia de forma consciente. A vida ama você
soa natural e confiável “quando” e “se” amamos a nós mesmos, do contrário isso
soaria como algo bom demais para ser verdade.
Uma passagem de Um curso em
milagres me vem à memória. Recito os versos
O
universo do amor não para
Porque
tu não o vês,
Tampouco
os teus olhos fechados
Perderam
a capacidade de ver.
Olha
para a glória da Sua criação
E
aprenderás o que Deus
Guardou
para ti.
-
No seu
coração - completo.
-
Sim.
-
Então o que é
exatamente esse sininho interior?
-
É a sabedoria
do coração - ela explica.
Eu
entrego minha vida a esse sininho interior.
-
É meu amigo -
ela me conta. - É uma voz interna que conversa comigo. Aprendi a confiar nela.
É o certo para mim.
Conversei
com minha amiga sobre seu sininho interior em três ocasiões. Todas as vezes
fiquei impressionado com a gratidão que ela sente por ele. Ela o menciona com
reverência e amor. Escutar seu sininho interior é uma prática espiritual diária.
-
Meu sininho
interior está sempre comigo - diz ela. - Quando o escuto, encontro as respostas
de que preciso.
-
De onde ele
vem?
-
De todos os
lugares! - exclama, ainda com um ar brincalhão.
-
Como assim? -
insisto.
-
Meu sininho
interior é como eu escuto a grande sabedoria - ela diz.
-
Seria como a
Inteligência Universal a que você se refere sempre- arrisco.
-
Sim, a
Inteligência Universal que guia todos nós.
-
Todos nós
temos um sininho interior?
-
Toda criança
nasce com um - ela assegura.
Foi
a deixa para eu contar uma história. Mais cedo, naquele mesmo dia, eu tinha
levado minha família para visitar o Jardim Botânico de San Diego. Caminhamos
por um bosque, subimos numa casa de árvore (várias vezes), contamos borboletas,
brincamos junto a uma cachoeira e corremos por um labirinto de grama alta.
Na
hora de ir embora, parei para olhar um canteiro de papoulas da Califórnia cor
de laranja. Minha filha, Bo, chegou perto de mim e disse: “Papai, o negócio do
amor é que a gente tem que amar as plantas tanto quanto a gente ama as pessoas,
e quando a gente consegue fazer isso a gente entende o que é o amor.”
-
É o sininho interior da Bo! - exclamou, batendo palmas de alegria.
Num
momento Bo é apenas uma menina, no outro ela vira a fada Sininho, agitando a
vara de condão e espalhando sabedoria como se fosse um pó mágico. Todos os pais
no mundo presenciam o sininho interior dos filhos.
As crianças são abençoadas com uma inteligência
radiante. Alguns budistas chamam isso de consciência de espelho, porque
é uma inteligência que reflete a sabedoria da alma. Essa sabedoria não tem nada
a ver com QI, capacidade de fazer contas, testes de história ou triângulos de
Pitágoras. Não é aprendida, ela já vem com você ao nascer.
Somos
imbuídos de uma sabedoria natural e nossa existência é o conhecimento do
universo. Cada um de nós vivência isso à sua própria maneira e pode chamar essa
sabedoria de nomes diferentes, como sininho interior, mestre interior, Deus,
Espírito Santo ou guia espiritual. Carregamos a verdade dentro de nós. Em seu
poema Paracelsus,
Robert Browning escreve:
A
verdade está dentro de nós, não precisa ser erguida por asas externas, ainda'
que assim o creiam.
Há
um centro mais profundo dentro de nós
onde
a verdade reside em sua plenitude; e em torno de
muro
sobre muro, a carne bruta confina
essa
percepção clara, perfeita - que é a Verdade.
Em
algum momento deixamos de lado essa verdade, mas ela não se esquece de nós. Bem
cedo, experimentamos a perda dessa orientação interna.
O GPS de nossa alma continua em perfeitas
condições de funcionamento, mas agimos como se estivesse quebrado. Aprendemos
a depender do ego e do intelecto para seguir nosso percurso.
Isso até funciona
bem para viagens curtas, mas não para a longa jornada que é o nosso verdadeiro
caminho, de modo que perdemos grande parte da nossa vida na tentativa de
recuperar nossa sabedoria, nosso sininho interior.
Temos, porém, uma lembrança
dele, e isso nos estimula.
-
Como você
redescobriu o seu sininho interior? - pergunto a Louise.
-
Demorei muito
- diz ela. - Tropecei muito ao longo da minha vida adulta, sem qualquer
consciência do meu sininho interior.
-
Então o que
aconteceu?
-
Bem, eu
estava assistindo a uma palestra,
quando ouvi alguém dizer: “Se você estiver disposto a mudar sua forma de
pensar, você pode mudar a sua vida.”
Então algo dentro de mim disse: “Preste
atenção nisso”, e foi o que fiz.
-
Foi o seu
sininho interior que lhe disse para prestar atenção? - indago.
-
Deve ter sido
- diz Louise.
Em
seguida, Louise me pergunta como achei meu sininho interior. Então conto a ela
como conheci meu primeiro mentor espiritual, aos 18 anos. Seu nome é Avanti
Kumar.
Avanti foi meu colega de turma na Universidade. Ele era uma espécie de místico urbano. Parecia levar uma vida normal, mas ainda
assim era diferente de todas as pessoas que já conheci. Avanti me apresentou à
metafísica e à meditação.
“Você
é Buda, e todos estão esperando que você se lembre disso”,
Avanti me disse uma
vez, durante uma das muitas conversas que tivemos em nosso café favorito. Ele
esclareceu o que queria dizer com aquela afirmação de que todos nós somos Buda.
Esse nome é o termo em sânscrito para aquele que despertou, isto é,
alguém que se lembrou de sua natureza não condicionada.
Avanti me ensinou que
há dentro de cada um de nós uma voz silenciosa e suave que é a nossa verdadeira
voz e, quanto mais dispostos a ouvi-la estivermos, mais fácil será escutá-la.
E,
assim como Louise, aprendi a confiar nessa voz interior. Eu a chamo de meu Sim.
É um Sim com S maiusculo. Tenho certeza de que é a mesma coisa que o sininho
interior de Louise. Chamo-a de meu Sim porque é profundamente afirmativa e
sinto que só quer o meu bem.
Essa voz também está sempre pronta para me apoiar
e à disposição quando preciso dela. Ela é um Sim para mim quando sinto sua
presença em meu corpo, meu coração e meu pensamento.
É o que procuro escutar
quando preciso tomar uma decisão. É o que me ajuda a reconhecer e seguir o
grande plano. O Sim é a luz do meu caminho.
Louise
diz que seu sininho interior é a forma que a vida tem de amá-la e eu me sinto
da mesma maneira em relação ao meu Sim. Ela consulta seu sininho interior
várias vezes ao dia.
-
No início, eu
meditava para conseguir ouvir meu sininho interior - conta. - A meditação era
muito difícil para mim no começo. Eu sentia dores de cabeça violentas. Era
muito desconfortável. Mesmo assim, persisti e, com o tempo, passei a gostar. A
meditação me ajudou a escutar por dentro. Foi uma grande ajuda.
Quando
pergunto a Louise se ela ainda medita, ela me fala sobre um ótimo exercício que
costuma fazer:
-
Não medito
mais todo dia. Só às vezes. Quando acordo, vou até o espelho e falo:
“Diga-me o
que preciso saber hoje.” E então escuto.
Foi por meio desse exercício que
aprendi a acreditar que tudo o que preciso saber será revelado a mim numa
sincronia perfeita de espaço e tempo.
Louise
me diz que com frequência se pergunta O que você gostaria que eu soubesse?
quando precisa de orientação a respeito de algo específico, como um problema de
saúde, uma decisão de negócios ou um encontro com alguém.
Esse
exercício me lembra uma oração do livro Um curso em milagres que chamo
de Oração Guia. Recito-a quase todos os dias há 20 anos. A ideia é ficar em
silêncio, fazer uma conexão consciente
com sua voz interior (seja lá como você a chame) e então simplesmente
perguntar:
O que Você
gostaria que eu fizesse?
Onde Você
gostaria que eu fosse?
O que Você
gostaria que eu dissesse e para quem?
Louise Hay
Eu fiz um resumo do texto.
Postado por Dharmadhannya
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