quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Siga sua intuição, sua alegria no coração







a luz do dharma, da felicidade está na união. Quando agredimos o outro, plantamos a semente do sofrimento e colhemos.
A felicidade flui nos ventos, nas ondas da união para o Bem de todos.
Dharmadhannya


Se você quiser a verdade, eu lhe direi a verdade.
Escute o som secreto, o som verdadeiro,
que está dentro de você.
KABIR

Minha amiga e eu estamos sentados diante do espelho outra vez, aquele que fica no escritório da casa dela. Hoje estamos explorando o significado da afirmação A vida ama você.

-                     A vida ama você é uma afirmação linda - digo -, mas não se limita a isso.

-                     Espero que sim. - ela me dá um de seus sorrisos cúmplices.
A frase A vida ama você nos oferece uma filosofia básica para viver. Essas quatro palavras são um referencial que aponta para nós a essência da Criação, a nossa conexão com os outros seres huma­nos, a nossa verdadeira natureza.



A vida ama você nos mostra quem somos e como ter uma vida verdadeiramente abençoada.

-                     O que A vida ama você significa, na sua opinião? -
-                     Significa que a vida ama todos nós. Não apenas você ou eu - responde ela.
-                     Então todos estamos incluídos.
-                     Como disse, a vida ama todos nós.

-                     O amor deve incluir todos, do contrário não seria amor - eu digo.
-                     Sim, e ninguém é mais especial que outro - afirma Louise.
-                     Somos todos iguais aos olhos do amor - acrescento.
-                     Sim, ninguém fica de fora.
-                     Sem exceção! - exclamo.


Embora para algumas pessoas isso possa ser uma nova ma­neira de pensar, não é uma filosofia recente. Desde a Antigui­dade, filósofos e poetas observam que há algo em todos os seres humanos que nos conecta.

 Em Filosofia do amor, o poeta Percy Bysshe Shelley explora essa conexão básica de forma tan­to espiritual quanto sensual. É um dos meus poemas de amor favoritos. Sempre o recito...

 Começa assim:
Todas as fontes com o rio se fundem
E os rios com o oceano;
Os ventos, pelos ares, uns aos outros se unem
Com fragrante emoção;
Nada fica sozinho neste mundo;
Tudo, por decreto divino,
Entre si se mistura e se confunde:

-                     Por que não eu contigo?

Nós somos feitos uns para os outros. Estamos todos incluídos. Sem exceção. Místicos e cientistas concordam que, na realida­de mais profunda que existe, além do espaço e do tempo, todos somos membros de um só corpo.

 Albert Einstein, por exemplo, referia-se à percepção de estarmos separados como uma “ilusão de ótica”. David Bohm, físico quântico americano que foi um dos alunos mais famosos de Einstein, reconhecia um universo indivisível, uma unidade e um teatro de interrelações. Nós per­tencemos uns aos outros.

-                     A vida ama você incondicionalmente -
-                     O que isso significa? - pergunto.
-                     Que a vida não está julgando você - responde ela em tom enfático.
-                     Nem criticando - acrescento.

-                     Isso, e a vida também não está testando você nem tornando as coisas mais difíceis -
-                     Estou entendendo que esse você a que você se refere é o nosso pássaro da alma, o nosso Eu Ilimitado, certo?

-                     Sim, a vida ama você, o verdadeiro você - responde ela.
-                     Somos amados pelo que somos, não pelo que achamos que devemos ser.
-                     Exato, a vida ama você agora! -

A afirmação A vida ama você está no presente. A vida não ama você apenas quando você é criança, novo e inocente. Nem vai amá-lo mais quando ou se você mudar.

-                     A vida nos ama até quando nós não amamos a nós mesmos - 

Fazemos uma pausa para absorver essa ideia de forma cons­ciente. A vida ama você soa natural e confiável “quando” e “se” amamos a nós mesmos, do contrário isso soaria como algo bom demais para ser verdade. 
Uma passagem de Um curso em milagres me vem à memória. Recito os versos

O universo do amor não para
Porque tu não o vês,
Tampouco os teus olhos fechados
Perderam a capacidade de ver.
Olha para a glória da Sua criação
E aprenderás o que Deus
Guardou para ti.
-                     No seu coração - completo.
-                     Sim.


-                     Então o que é exatamente esse sininho interior?
-                     É a sabedoria do coração - ela explica.
Eu entrego minha vida a esse sininho interior.

-                     É meu amigo - ela me conta. - É uma voz interna que con­versa comigo. Aprendi a confiar nela. É o certo para mim.

Conversei com minha amiga sobre seu sininho interior em três oca­siões. Todas as vezes fiquei impressionado com a gratidão que ela sente por ele. Ela o menciona com reverência e amor. Escutar seu sininho interior é uma prática espiritual diária.

-                     Meu sininho interior está sempre comigo - diz ela. - Quando o escuto, encontro as respostas de que preciso.
-                     De onde ele vem?
-                     De todos os lugares! - exclama, ainda com um ar brincalhão.
-                     Como assim? - insisto.

-                     Meu sininho interior é como eu escuto a grande sabedoria - ela diz.
-                     Seria como a Inteligência Universal a que você se refere sempre- arrisco.
-                     Sim, a Inteligência Universal que guia todos nós.
-                     Todos nós temos um sininho interior?
-                     Toda criança nasce com um - ela assegura.

Foi a deixa para eu contar uma história. Mais cedo, naquele mesmo dia, eu tinha levado minha família para visitar o Jardim Botânico de San Diego. Caminhamos por um bosque, subimos numa casa de árvore (várias vezes), contamos borboletas, brincamos junto a uma cachoeira e corremos por um labirinto de grama alta.

Na hora de ir embora, parei para olhar um canteiro de papoulas da Califórnia cor de laranja. Minha fi­lha, Bo, chegou perto de mim e disse: “Papai, o negócio do amor é que a gente tem que amar as plantas tanto quanto a gente ama as pessoas, e quando a gente consegue fazer isso a gente entende o que é o amor.”

- É o sininho interior da Bo! - exclamou, batendo pal­mas de alegria.
Num momento Bo é apenas uma menina, no outro ela vira a fada Sininho, agitando a vara de condão e espalhando sabedoria como se fosse um pó mágico. Todos os pais no mundo presenciam o sininho interior dos filhos.

 As crianças são abençoadas com uma inteligência radiante. Alguns budistas chamam isso de consciência de espelho, porque é uma inteligência que reflete a sabedoria da alma. Essa sabedoria não tem nada a ver com QI, capacidade de fazer contas, testes de história ou triângulos de Pitágoras. Não é aprendida, ela já vem com você ao nascer.


Somos imbuídos de uma sabedoria natural e nossa existência é o conhecimento do universo. Cada um de nós vivência isso à sua própria maneira e pode chamar essa sabedoria de nomes diferen­tes, como sininho interior, mestre interior, Deus, Espírito Santo ou guia espiritual. Carregamos a verdade dentro de nós. Em seu poema Paracelsus, 

Robert Browning escreve:
A verdade está dentro de nós, não precisa ser erguida por asas externas, ainda' que assim o creiam.

Há um centro mais profundo dentro de nós
onde a verdade reside em sua plenitude; e em torno de
muro sobre muro, a carne bruta confina
essa percepção clara, perfeita - que é a Verdade.

Em algum momento deixamos de lado essa verdade, mas ela não se esquece de nós. Bem cedo, experimentamos a perda dessa orientação interna.

 O GPS de nossa alma continua em perfeitas condições de funcionamento, mas agimos como se estivesse que­brado. Aprendemos a depender do ego e do intelecto para seguir nosso percurso.

 Isso até funciona bem para viagens curtas, mas não para a longa jornada que é o nosso verdadeiro caminho, de modo que perdemos grande parte da nossa vida na tentativa de recuperar nossa sabedoria, nosso sininho interior.

 Temos, porém, uma lembrança dele, e isso nos estimula.
-                     Como você redescobriu o seu sininho interior? - pergunto a Louise.

-                     Demorei muito - diz ela. - Tropecei muito ao longo da minha vida adulta, sem qualquer consciência do meu sininho interior.

-                     Então o que aconteceu?
-                     Bem, eu estava assistindo a uma palestra, quando ouvi alguém dizer: “Se você estiver disposto a mudar sua forma de pensar, você pode mudar a sua vida.” 

Então algo dentro de mim disse: “Preste atenção nisso”, e foi o que fiz.
-                     Foi o seu sininho interior que lhe disse para prestar atenção? - indago.

-                     Deve ter sido - diz Louise.
Em seguida, Louise me pergunta como achei meu sininho in­terior. Então conto a ela como conheci meu primeiro mentor espiritual, aos 18 anos. Seu nome é Avanti Kumar. 

Avanti foi meu colega de turma na Universidade. Ele era uma espécie de místico urbano. Parecia levar uma vida normal, mas ainda assim era diferente de todas as pessoas que já conheci. Avanti me apresentou à metafísica e à meditação.



“Você é Buda, e todos estão esperando que você se lembre dis­so”, 

Avanti me disse uma vez, durante uma das muitas conversas que tivemos em nosso café favorito. Ele esclareceu o que queria dizer com aquela afirmação de que todos nós somos Buda. Esse nome é o termo em sânscrito para aquele que despertou, isto é, alguém que se lembrou de sua natureza não condicionada. 

Avanti me ensinou que há dentro de cada um de nós uma voz silenciosa e suave que é a nossa verdadeira voz e, quanto mais dispostos a ouvi-la estivermos, mais fácil será escutá-la.

E, assim como Louise, aprendi a confiar nessa voz interior. Eu a chamo de meu Sim. É um Sim com S maiusculo. Tenho certeza de que é a mesma coisa que o sininho interior de Louise. Chamo-a de meu Sim porque é profundamente afirmativa e sinto que só quer o meu bem. 

Essa voz também está sempre pronta para me apoiar e à disposição quando preciso dela. Ela é um Sim para mim quando sinto sua presença em meu corpo, meu coração e meu pensamento.

 É o que procuro escutar quando preciso tomar uma decisão. É o que me ajuda a reconhecer e seguir o grande plano. O Sim é a luz do meu caminho.

Louise diz que seu sininho interior é a forma que a vida tem de amá-la e eu me sinto da mesma maneira em relação ao meu Sim. Ela consulta seu sininho interior várias vezes ao dia.

-                     No início, eu meditava para conseguir ouvir meu sininho interior - conta. - A meditação era muito difícil para mim no começo. Eu sentia dores de cabeça violentas. Era muito descon­fortável. Mesmo assim, persisti e, com o tempo, passei a gostar. A meditação me ajudou a escutar por dentro. Foi uma grande ajuda.

Quando pergunto a Louise se ela ainda medita, ela me fala sobre um ótimo exercício que costuma fazer:

-                     Não medito mais todo dia. Só às vezes. Quando acordo, vou até o espelho e falo:
 “Diga-me o que preciso saber hoje.” E então escuto.

 Foi por meio desse exercício que aprendi a acreditar que tudo o que preciso saber será revelado a mim numa sincronia perfeita de espaço e tempo.



Louise me diz que com frequência se pergunta O que você gostaria que eu soubesse? quando precisa de orientação a respeito de algo específico, como um problema de saúde, uma decisão de negócios ou um encontro com alguém.

Esse exercício me lembra uma oração do livro Um curso em milagres que chamo de Oração Guia. Recito-a quase todos os dias há 20 anos. A ideia é ficar em silêncio, fazer uma conexão  consciente com sua voz interior (seja lá como você a chame) e então simplesmente perguntar:
O que Você gostaria que eu fizesse?
Onde Você gostaria que eu fosse?
O que Você gostaria que eu dissesse e para quem?
Louise Hay
Eu fiz um resumo do texto.
Postado por Dharmadhannya

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