Meditação com o ritmo do coração
Na Prática do Ritmo do Coração, a pessoa atinge o estágio da meditação quando o coração se expande para além de sua identidade individual a fim de transformar-se no coração da humanidade.
De início, você permanece consciente de seu coração dentro de si mesmo (concentração). Depois, toma-se consciente de si mesmo dentro de seu coração, que está desmedidamente expandido (contemplação).
Finalmente, você descobre que o mundo todo abrange um único e coeso coração-realidade (meditação). Então você sente a experiência não apenas do seu coração pessoal, mas do coração de tudo, o coração que é infinito.
Nossa personalidade, comparada com nossa alma, é o mesmo que o arco- íris comparado com o sol. Nosso objetivo é iluminar a personalidade com a luz da alma. A meditação para o exterior nos conduz para dentro da alma; a meditação interior conduz a alma para a vida.
Na meditação para o exterior, você sente primeiro o batimento do coração no peito, depois o batimento preenche o seu corpo. Todo o seu corpo parece estar dentro do seu coração. Então o batimento do seu coração mostra-se como o ritmo do Coração, o infinito coração que tudo permeia e cujo batimento cria o ritmo de tudo na vida.
Na meditação para o interior, você desenvolve uma consciência simultânea do batimento do Coração cósmico e do seu próprio coração em ritmo sincopado, dentro de si mesmo. Então o batimento do Coração que a tudo envolve dá ritmo ao seu coração, fortalecendo e aperfeiçoando o seu ritmo.
Nesse ponto, você sente a experiência de todos os corações, de todas as emoções, dentro do seu coração. O seu coração está em seu peito, embora não mais lhe pertença.
Você sente e age como o coração de todos. Finalmente, o seu coração mostra-se como o Coração do universo. E o batimento do coração que marca o compasso de todos os corações e que movimenta as águas do oceano em ondas e o ar em rajadas de vento.
O mundo todo suspira quando você suspira e sorri quando você sorri. Esse é um estado extraordinário que parece ser metafórico ou poético até que a pessoa perceba ser verdadeiro.
Tua música fez minha alma dançar; no murmúrio do vento ouço tua flauta; as ondas do mar mantêm o ritmo dos meus passos de dança.
Por toda a natureza, ouço a música que tocas, minha Amada; minha alma ao dançar expressa sua alegria na canção. [Hazrat Inayat Khan]
Quando meu coração está inquieto, perturba todo o universo.
Quando meu coração está adormecido, ambos os mundos caem num sono profundo. Toda a natureza desperta com o despertar do meu coração. Quando a concha de meu coração se quebra, pérolas se espalham por toda parte. [Hazrat Inayat Khan]
A meditação pura auxilia a pessoa a atingir os recessos mais profundos do coração ou da Alma ou do Espírito. A concentração leva em consideração principalmente a mente, enquanto a meditação, embora não deixe totalmente de levar em conta a mente, centraliza-se na alma que é o lugar do coração. [Hazrat Inayat Khan]
Ao penetrar profunda e intimamente na experiência pessoal de seu batimento cardíaco, você pode descobrir o ritmo fundamental de toda a existência. Isso exige um esforço que não faz sentido “a sangue-frio”, uma expressão que meu mestre sempre usa, mas toma-se totalmente acessível quando a pessoa passa pelos estágios iniciais de concentração e contemplação.
Meditação para o exterior e para o interior
Como já vimos, na meditação para o exterior ou transcendental, a pessoa tem como objetivo tornar-se transpessoal e ilimitada, obtendo uma experiência plena de quem é. Isso é um pré-requisito da meditação para o interior (centrada no coração).
A meditação para o exterior, nesses termos, está nesta sequência:
3. Meditação
2. Contemplação
1. Concentração
2. Contemplação
1. Concentração
... A meditação para o interior, em contraste, está na sequência oposta, a ser seguida após a sequência da meditação para o exterior:
1. Meditação
2. Contemplação
3. Concentração
Na Prática do Ritmo do Coração, a pessoa acaba por retomar à contemplação e depois à concentração, mas com uma diferença. Na meditação para o exterior, o individual é penetrado pelo todo; na meditação para o interior, o todo transforma-se no individual.
O arco-íris, concentrando-se no sol, reconhece algo de si mesmo no sol: a luz que é a própria essência do arco-íris é mostrada com muito mais intensidade pelo sol.
Contemplando o sol, identificando-se com ele, o arco-íris deleita-se com a experiência de uma forma muito mais brilhante de luz, com todas as cores integradas no branco.
Meditando agora como o sol, o arco-íris desfruta reinos de luz além das formas de arco-íris e sol. Ele descobre a própria natureza da luz, antes que ela se irradie por todo o universo ou se mostre diferenciada pelas cores.
O sol, que agora está vivenciando a si mesmo como pura luz, lembra-se mais uma vez da sua forma de arco-íris. Da mesma maneira que o arco-íris ansiava ser livre, a luz anseia agora ser expressa.
Contemplando o arco-íris, a luz do sol sente que está sendo mostrada num esplendor que lhe era um potencial desconhecido. O arco-íris revela as cores interiores da pura luz branca solar, que agora o sol pode sentir através da contemplação.
Finalmente, o sol, num ato de jubiloso amor pelo arco-íris, concentra seus raios de luz através do céu nublado para iluminar o arco-íris com todo o seu esplendor. Ele projeta-se para o arco-íris sem limite ou reserva. O sol transforma-se no arco-íris e o arco-íris é recriado como uma expressão do sol.
0 Terceiro Estado da Consciência
No passado, as pessoas achavam que aquilo que não era palpável não era 1 ou se era real não era relevante. Agora, a ciência já demonstrou que o universo é incrivelmente complexo e que nossas ideias comuns a respeito dele são limitadas do que a percepção de uma rosa sem cor e sem fragrância. Por e pio: o contraste entre a percepção normal e o que é possível na meditação
Utilizamos apenas parte do cérebro e apenas um dos dois hemisférios cerebrais de cada vez.
Temos apenas um acesso muito limitado à memória em nossa mente inconsciente, inclusive a memória que está armazenada em nosso tecido muscular.
Não podemos controlar o ritmo necessário que regula nosso metabolismo, nível de energia e assim por diante.
Identificamo-nos somente com o aspecto muscular de nosso corpo físico localizado no espaço, o que proporciona uma autoimagem limitada.
Ambos os hemisférios funcionam simultaneamente, e algumas ondas cerebrais envolvem todo o cérebro.
A memória pode ser liberada dos músculos e podemos “agitar” a memória inconsciente.
Podemos adaptar melhor o corpo para a tarefa que temos pela frente.
Descobrimos o aspecto de onda de nosso corpo, coexistente a todas as outras ondas, o que proporciona uma autoimagem ampliada. Os estágios da meditação podem ser descritos em
termos de padrões de ondas do cérebro:
° No início, a meditação aparece como um EEG, com a maioria das ondas alfa em ambos os hemisférios cerebrais, simultaneamente, indicando relaxamento. A pressão sanguínea cai.
• A meditação mais avançada mostra ondas beta e teta simultaneamente com as ondas alfa, indicando percepção lúcida, elevados poderes mentais e criatividade.
® Na meditação ainda mais avançada surgem também ondas delta, que normalmente só aparecem no sono profundo, embora o meditador esteja desperto e possa mais tarde relatar o que ocorreu no aposento. A velocidade dos batimentos cardíacos diminui consideravelmente.
QUANDO PIR VILAYAT foi examinado na Fundação Menninger, descobriu-se que ele podia se lembrar de uma conversa que ocorrera enquanto ele estava produzindo ondas delta e teta. Mais tarde, ele foi testado na clínica do Dr. Herbert Berison, em Boston. Relatou ele:
“A amplitude das ondas delta que eu produzi durante a Meditação PSI era tão alta quanto a amplitude das ondas alfa por mim produzidas. Eu fiquei totalmente consciente do ambiente no qual me encontrava durante toda a sessão.
Pelo fato de os padrões dessas ondas cerebrais serem muito característicos, é possível identificar estados de consciência meditativa com alguma segurança e distinguir os estados de meditação do transe, do sono ou da consciência normal, por exemplo.
Se tivéssemos de classificar o nível de deliberada intencionalidade que se encontra presente em nossa consciência, poderíamos ordená-la a partir do sono profundo sem sonho, no qual não há percepção, até a concentração em problemas matemáticos ou outros problemas mentais,
nos quais a mente está totalmente absorvida numa determinada tarefa.
Geralmente, os diversos estados de consciência, mostrados no gráfico abaixo podem ser divididos em duas categorias denominadas “adormecida” e “desperta”.
A. meditação é, portanto, um terceiro estado, com as características de ambos ou de nenhum do outros dois estados. O gráfico mostra minha avaliação subjetiva desses estado;
Como consciência desperta, a consciência na meditação tem memória percepção do ambiente. Mas o controle dos pensamentos durante a meditação não é igual ao controle ou à falta de controle que temos na consciência adormecida ou desperta.
Lembramos alguns dos nossos sonhos e esquecemos algumas experiências de devaneio, mas ninguém poderá negar que nossa memória é mais limitada quando estamos dormindo do que quando estamos acordados.
Durante o sono, nossos pensamentos não se formam de uma maneira deliberada ou intencional, mas seguem seu próprio curso. Nosso sono pode ser interrompido fatores ambientais como barulho ou temperatura, mas não podemos fazer que “prestemos atenção” enquanto estamos dormindo.
Os sonhos têm muito pouco de intenção deliberada, mas no devaneio, onde permanecemos despertos s e estamos como que sonhando, podemos modificar esse “sonho” que, até certo ponto, tem alguma intenção.
Em um devaneio, temos memória e percepção, mas controlamos nossos pensamentos apenas parcialmente. No estado de consciência normal, na maioria das vezes controlamos nossos pensamentos em linhas racionais, mas muitos temas são iniciados pela percepção sensorial,.
Ou seja, pensamos no que vimos e ouvimos originalmente, e lembramos de nossas percepções, de nossos pensamentos e de nossas ações.
No estado de concentração, quando nos localizamos em um objeto a importância da intensidade sensorial é extremamente reduzida.
Passamos pela parada de ônibus e continuamos a ler dentro dele; a luz esmaece, enquanto lemos ao pôr-do-sol - esquecemos de nos alimentar quando estamos alfa em alguma tarefa.
Mas essa perda de percepção do que ocorre à nossa volta é diferente da perda de percepção durante o sonho, pois a percepção é abandonada por nós em vez de nos ser subtraída.
Onde a meditação está colocada nesse espectro? A meditação com todos esses estados, mas diferente de todos eles. Na meditação as ondas delta do cérebro que definem o “sono profundo” podem estar presentes, mes- mo quando estamos conscientes do ambiente em que nos encontramos.
Imagem
Na maioria das práticas de meditação, a inspiração surge de modo contínuo sem que a controlemos conscientemente, tal como no sonho, e parte dela de maneira inesperada.
A memória está sempre presente na meditação. Durante a maioria das meditações, as ondas cerebrais mostram a presença das ondas beta do pensamento controlado, do mesmo modo que ocorre no estado de concentração. A concentração é a primeira etapa da meditação.
A Prática do Ritmo do Coração, como está descrito, cria um estado semelhante ao da concentração, mas com uma percepção muito maior das condições interiores, menor controle das imagens mentais e maior relaxamento, como no estado de sono.
O estado de meditação não é igual ao de transe: durante ele “não lhe dá um branco”. Você fica sempre consciente do seu pensamento, mas estará pensando de maneira diferente.
Uma das vantagens da meditação é que ela nos proporciona uma clara visão das coisas, o que não é imposto, esperado ou lógico.
Embora na meditação o corpo esteja descansando, não está na mesma condição do sono. Isso porque o corpo também está em meditação, o corpo também respira; ele respira através dos poros da pele, e é necessário manter todo o corpo em meditação. [Hazrat Inayat Khanj
Este texto é resultado de uma pesquisa.
Postado por Dharmadhannya
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