Mediunidade_tipos_e_sintomas
Bruno Gimenes
Mediunidade é um
termo
que vem do latim e quer dizer “intermediário ou intermediar”. Existem vários
tipos de mediunidade que se confundem com animismo. Mediunidade e animismo são
grandes tabus.
MEDIUNIDADE
É a capacidade de
intermediar, de ser ponte entre um nível e outro da existência, entre
diferentes frequências.
ANIMISMO
É a capacidade de você
ter ideias próprias, captar ideias e dar a sua opinião.
MÉDIUM
É a pessoa em si ou
indivíduo que atua com a faculdade da mediunidade. Via de regra esse nome é
mais comumente empregado para aquele que exerce conscientemente a prática da
mediunidade de uma ou mais formas. Em outras palavras, o termo médium é mais
utilizado para o indivíduo que está habilitado de suas faculdades mediúnicas e
entende, mesmo que superficialmente os fenômenos do processo.
mediunidade
PARANORMALIDADE
Em termos gerais, a
paranormalidade e a mediunidade são a mesma coisa. Poderíamos usar como exemplo
a oração e a prece, ou ainda, a alma e o espírito. Se você considerar que paranormalidade e
mediunidade são a mesma coisa, não cometerá um erro de análise.
MEDIUNIDADE SINTOMAS
O termo médium
refere-se a essa capacidade que todos temos, sem exceção, de captar vibrações,
sejam elas espirituais, psíquicas, telúricas, não físicas, logo não são
percebidas pelos olhos físicos. E por não serem percebidas pelas olhos físicos
é que se configuram em um grande desafio para a humanidade.
Isso quer dizer que se
você não estudar a mediunidade nem desenvolvê-la por meio de um sistema,
provavelmente você sofre com o lado negativo da mediunidade.
Contudo, o foco da
sua ação nunca deve ser o desenvolvimento da sua mediunidade em si, mas o
desenvolvimento das suas condutas morais, do aprimoramento emocional, do
desenvolvimento do amor, do perdão, das ações condizentes para melhorar a sua
vida e colocar mais gentileza e alegria em cada ato.
Via de regra, a
mediunidade não é o problema, mas ela só alerta que há um problema na forma
como você vê o mundo e quase sempre indica que você não está sendo o que nasceu
para ser. Em outras palavras, a mediunidade pode avisar que você não está
vivendo o propósito da sua alma e da sua existência.
Agora que você já
entendeu porque a mediunidade pode “pregar peças” na sua vida, e que na verdade
ela não é a vilã da história, quero lhe falar alguns sinais de mediunidade
quando você está em desequilíbrio e não encontrou o seu propósito de vida.
Esses sinais de mediunidade (neste caso) costumam ser chamados de sintomas de
mediunidade desequilibrada ou não desenvolvida adequadamente.
Vamos a eles:
> Mal estar em
ambientes com muitas pessoas;
> Mal estar próximo
há algumas pessoas específicas, mesmo que não a conheçam;
> Inquietação sem
motivo;
> Transtornos de
humor sem causa aparente e bipolaridade constantes;
> Antipatias
injustificáveis ;
> Alterações
repentinas de estados de personalidade sem causa aparente;
> Vazio no peito e
sentimento angústia próxima da depressão;
> Agitação,
hiperatividade e animosidade desproporcionais para situações comuns;
> Raiva, estresse e
chateação desproporcionais para situações comuns;
Transtornos do
sono;
Transtornos de
ansiedade;
Pensamentos
autodestrutivos;
Bloqueio mental e
criativo;
Desmaios sem causa
aparente;
Dores sem causa
aparente;
> Insônia;
Fobias emocionais
das mais variadas;
ESPIRITUALISMO
O espiritualismo é um
movimento mais comum e presente no século XXI de pessoas mais interessadas em
estudar os conhecimentos espirituais sem a associação com uma religião,
doutrina ou filosofia espiritual. É considerado espiritualista aquele que
prefere transitar entre as várias fontes de informação sem tomar partido por
uma ou outra base. Podemos dizer que é um estilo de vida que busca o caminho
espiritual sem a necessidade de consórcio com uma religião.
mediunidade_1
MÉDIUNS
Todos somos médiuns,
pois a mediunidade é uma faculdade dos espírito. Se você algum dia já pensou em
alguém e essa pessoa lhe ligou pouco tempo depois, isso já é um sinal. A
diferença é que alguns estão desenvolvendo e utilizando conscientemente, já
outros não estão atentos ao fato.
MEDIUNIDADE SENSITIVA
Este nome pode ser até
considerado uma redundância, uma vez que a mediunidade em si é a sensibilidade
ao extrafísico. Contudo, este nome é normalmente utilizado por pessoas que
ainda não começaram a estudar a ciência da mediunidade de forma mais avançada.
O termo técnico mais correto seria clarissenciência, o que significa “Sensação
Clara”. Normalmente este tipo de
mediunidade manifesta-se com a capacidade que o indivíduo tem de perceber
energias de um ambiente ou com as condições emocionais ou físicas de uma pessoa
e percebê-las apenas.
SINAIS DE MEDIUNIDADE
Para resumir, a
mediunidade é a sensibilidade ao extrafísico. É a capacidade que a nossa porção
energia (que é a própria alma) tem de captar outras energias de natureza não
física.
Vou resumir alguns
sinais de despertar focando apenas nos aspectos positivos do aflorar:
> Intuição para
fazer ou não fazer algo e depois de feito saber que a intuição estava certa;
>
Sonhos reveladores, que de certa forma conduzem suas atitudes para novos
caminho, de prevenção de problemas ou de melhores resultados em todas as áreas
da sua vida
12 características das Pessoas Sensitivas
Ter sensibilidade enérgica, ou ser considerado um sensitivo é ter capacidades em conseguir perceber ou ser de certo modo afetado por fatores energéticos. Além da possibilidade de perceber essas mesmas sensações em outras pessoas, o modo que energicamente elas também são afetadas por fatores, não necessariamente materiais.
Ser sensitivo está muito além de ser unicamente uma pessoa que possua sensibilidade a nível emocional, o conceito da palavra denota muito mais à sensibilidade voltada para a percepção do que à fragilidade.
Mas... que tal darmos os exemplos nítidos, onde podemos notar a sensibilidade e de certo modo a pré-disposição a uma mediunidade, mais aflorada em uma pessoa.
1. Conhecimento.
Pessoas consideradas sensitivas, sabem das coisas às vezes sem sequer ser comentado algo com elas. É bastante comum os relatos de descrições perfeitas de situações, ocorridas mesmo à distância, que essas pessoas de mediunidade mais expandida, conseguirem palpitar à respeito.
2. Indisposição à momentos longos em locais públicos ou movimentados.
Devido à facilidade dessas pessoas em sentirem as energias alheias, e até mesmo serem afetadas por elas, os empatas evitam lugares movimentados como shoppings, estádios de futebol e qualquer grande aglomeração de pessoas.
3. Eles realmente sentem as suas emoções, tanto positivas, quanto negativas, e tomam elas para si.
Sensitivos carregam o fardo de se sentirem contagiados pelo estado de espírito transmitido pelas pessoas ao qual eles entram em contato. Se você se sente assim, a probabilidade de você ter pré-disposição para a mediunidade é bem alta.
4. Não assistem violência na TV nem em meios de comunicação.
Por conta dos motivos já citados anteriormente.
5. Eles sabem quando alguém está tentando ser desonesto com eles.
Bem, eles simplesmente sabem. Mesmo as vezes optando por não querer crer em inverdades, no fundo eles sabem quando estão sendo feitos de bobo ou quando tentam passá-los para trás.
6. Geralmente tem pré-disposição a problemas estomacais.
São atribuídas à pessoas empatas ou sensitivas, uma série de problemas na região abdominal, pois é onde se localiza o chakra do plexo solar, e que é conhecido como a sede das emoções. Destacam-se as gastrites e úlceras estomacais.
7. Possuem a personalidade voltada para algum vício.
Seja em álcool, ou em nicotina, em algumas drogas, e até mesmo em práticas sexuais constantes, as pessoas com a mediunidade mais elevada, são constantemente testadas com esse tipo de provações e nem sempre elas possuem êxito.
8. Criatividade acima da média.
São extremamente aptos para algumas coisas que envolvam a criação, tanto a arte, quanto a dança, escrita, desenho e até mesmo áreas de criação de organizações empresariais.
9. Geralmente amam e protegem a natureza.
Na maioria das vezes são aqueles que se envolvem com organizações de proteção aos bichinhos, ou mesmo alguma vez na vida, se envolvem com projetos filantrópicos
10. Necessidade da solidão.
Nem que seja por algumas horas durante um dia, semana, mês. Tudo depende do estado vibracional que aquela pessoa se encontra. Mas geralmente, pessoas com a sensibilidade à flor da pele, necessitam da solidão, na maioria das vezes, para chegarem a soluções de problemas emblemáticos.
11. Possuem sede de conhecimento.
Pode olhar que aquele coleguinha da sala, que mais pergunta a professora, é o que tem mais pré-disposição.
12. são adeptos da total liberdade e das viagens para lugares paradisíacos.
Como são pessoas aptas a captarem energias das coisas, optam por lugares que lhes transmitam a paz de espírito necessárias e que fomentem a sede por liberdade que elas possui.
Médiuns
Eles falam com
espíritos, prevêem o futuro, resolvem mistérios e curam doenças. Ou pelo menos
acreditam fazer tudo isso
Por Aryana Cararo
Revista SuperInteressante
“Não me conte nada
sobre o caso.” Foi assim que Noreen Reiner recebeu o investigador Joe Uribe em
sua casa, na Flórida, em 1993. O caso em questão era o assassinato do auditor
fiscal Walter Sullivan, 4 anos antes.
Noreen, uma médium investigativa, pegou o
cinto e o relógio que a vítima usava quando morreu e fechou os olhos. De
repente, começou a convulsionar, em uma espécie de transe, e falou: “Estão
batendo em mim, estou muito machucado, acho que atiraram na minha nuca.”
Quando
voltou a si, ela sabia descrever com detalhes o rosto do assassino, o de sua
mulher, o local da morte e o esconderijo da arma do crime. “Nunca acreditei
nesse tipo de coisa”, diz o investigador Joe Uribe. “Mas resolvi ir atrás.
E
descobri que ela tinha acertado até o último detalhe, inclusive a cor da casa
do assassino.” O culpado, Eugene Moore, confessou o crime e só não acabou atrás
das grades porque foi morto enquanto tentava fugir da polícia.
Nem todos os médiuns
são como a americana Noreen Reiner. Há os que psicografam mensagens que viriam
de espíritos, como o brasileiro Chico Xavier (1910-2002), os que pintam quadros
inspirados por uma força que não conhecem e ainda aqueles que acreditam prever
o futuro.
“Médium”, que em latim significa “aquele que está no meio”, é a
palavra usada pelo espiritismo para designar pessoas que seriam um elo entre o
mundo dos vivos e o dos mortos. Mas a figura ultrapassa a fronteira dessa
religião.
Acredita-se que os
médiuns façam parte da nossa cultura há pelo menos 100 mil anos, quando os
homens de Neandertal começaram a enterrar seus mortos e, um pouco depois,
quando os Homo sapiens inauguraram a noção de consciência de si mesmo,
tornando-se capazes de se colocar um no lugar do outro.
“Quando surge a
capacidade de imaginação e abstração, começam também a se criar mundos que não
existem no plano visível”, diz Silas Guerriero, professor de ciências da
religião da PUC de São Paulo.
Como o mundo não era fácil para o homem
pré-histórico, quem tinha alguma sensibilidade especial acabava virando um
líder que ajudava na hora de enfrentar grandes períodos de chuva ou de seca,
curar doenças ou arranjar comida.
Assim surgiram os xamãs, profissionais
dedicados a conversar com o lado de lá para resolver os problemas de cá – por
meio de sacrifícios ou orações. “A necromancia, a comunicação com os mortos, é
um dos hábitos mais antigos que existem”, afirma Antonio Flávio Pierucci,
professor de sociologia da religião da USP.
Entre os gregos, os
oráculos faziam previsões sagradas. Os pajés guaranis conversavam com deuses,
assim como os feiticeiros do candomblé ou os líderes bíblicos. É o caso de
Moisés, que está na raiz do cristianismo, do islamismo e do judaísmo. A Bíblia
conta que, ao subir no monte Sinai, Moisés falou diretamente com Deus e recebeu
dele os 10 Mandamentos. Para os sociólogos da religião, o fenômeno foi o que
chamamos de mediunidade.
Hoje, a vida pode estar
um pouco mais fácil, mas os médiuns seguem fascinando e tentando ajudar quem
enfrenta problemas sem saída.
Estão em séries de TV, novelas e livros – segundo
a Federação Espírita Brasileira, 38,6 milhões de livros espíritas foram
vendidos nos últimos anos. Quando uma história de mediunidade aparece, vem
sempre cercada de enigmas. Eles conseguem mesmo fazer o que dizem?
Se
conseguem, como explicar essa dádiva? A seguir, veja como a ciência tenta
encontrar respostas, começando pelo modo como pessoas comuns se descobrem
médiuns.
Cérebros em êxtase
Os cientistas acreditam
que o cérebro explica a mediunidade. mas não sabem dizer como.
De repente, coisas
estranhas ocorrem. A pessoa vê vultos inexplicáveis, ouve vozes de gente que
não aparece ou faz previsões que, de tão acertadas, não parecem ser apenas
coincidência.
“Na primeira vez que aconteceu, fiquei com tanto medo que passei
anos sem contar para ninguém”, diz Claudia Rosa (ao lado), que desde os 12 anos
vive experiências de mediunidade. Depois dos momentos de susto, chega a hora de
deixar de negar o fenômeno e tentar conviver com ele.
Os brasileiros que
acreditam ter dons mediúnicos geralmente procuram centros espíritas – há 14 mil
deles no país – e acabam conhecendo gente com histórias parecidas. “Lendo
livros e participando de treinamentos, o médium consegue desenvolver sua
habilidade”, diz Marta Antunes, diretora da Federação Espírita Brasileira.
“Mas,
quando a mediunidade é exuberante, você não pode evitá-la.” As imagens de
espíritos ou a inspiração para escrever uma carta costumam aparecer do nada,
como um déjà vu, na hora em que a pessoa menos espera. É como dizia o médium
Chico Xavier: “O telefone toca sempre de lá para cá”.
Na tentativa de ligar
daqui para lá, muitas reli giões do planeta criam rituais e provocam um momento
de êxtase: o transe. Para os médiuns, o transe é o ponto alto de sua
habilidade, quando conseguem incorporar um espírito.
Para os psiquiatras, é um
estado alterado de consciência, assim como a hipnose, que se atinge após um
longo processo de concentração. Rituais com danças frenéticas, mantras,
estímulos luminosos, jejum prolongado e até plantas alucinógenas fariam o
participante sair de si.
“O indivíduo entra em um estado de consciência
paralelo ao comum e se comporta da maneira adequada àquele contexto”, diz Paulo
Dalgalarrondo, professor de psicopatologia na Unicamp.
Símbolos e palavras
específicas formam um mundo diferente do corriqueiro, que a pessoa passa a
entender quando entra em transe. “O ritual pode parecer caótico, mas na verdade
tem regras e símbolos próprios”, diz José Francisco Bairrão, filósofo e
psicólogo social da Unicamp especializado em estudos afro-brasileiros.
Uma boa forma de
desvendar a mediunidade é entender como rituais levam ao transe e como o transe
resulta nos relatos de contato com os espíritos. Por isso, os cientistas tentam
estudar o que acontece no cérebro durante esse momento único. A busca tem duas
frentes.
Numa delas há espíritas que tentam explicar e comprovar
cientificamente a mediunidade. É o caso do psiquiatra Sérgio Felipe Oliveira,
professor de medicina e espiritualidade da USP e membro da Associação
Médico-Espírita de São Paulo.
Segundo ele, a glândula pineal é a responsável
pela interatividade com o mundo dos espíritos. Do tamanho de uma ervilha, a
pineal fica no centro do cérebro e produz a melatonina, hormônio que regula o
sono. “É um órgão sensorial capaz de converter ondas eletromagnéticas em
estímulos neuroquímicos”, diz.
Oliveira acredita que as pessoas que dizem
sofrer possessões têm na pineal uma quantidade maior de cristais de apatita, um
mineral parecido com o esmalte dentário. Quanto mais cristais, maior seria a
sensibilidade espiritual.
Na outra frente, estão
neuropsicólogos que usam exames de ressonância magnética e tomografias para
tentar entender que mecanismos o cérebro aciona durante os rituais religiosos.
O neurocientista Mario Beauregard, da Universidade de Montreal, no Canadá,
estudou o cérebro de 15 freiras carmelitas enquanto elas rezavam.
Achou uma
dezena de pontos ativados, especialmente nas áreas relacionadas à emoção,
orientação corporal e consciência de si próprio.
Já o radiologista Andrew
Newberg, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, mapeou a ativação cerebral de
monges budistas. Analisando tomografias dos religiosos durante a meditação,
Newberg notou que a área relacionada à orientação corporal é quase toda
desativada, o que pode justificar a sensação relatada de desligamento do corpo.
Ele também estudou freiras franciscanas durante longas preces. Descobriu que o
fluxo sanguíneo do lóbulo parietal esquerdo, parte responsável pela orientação,
caía bruscamente. Para Newberg, as irmãs experimentavam a sensação de união com
Deus porque o cérebro delas deixava de fazer a separação do próprio corpo com o
mundo.
Mas nenhuma das duas
frentes de pesquisa tem explicações definitivas para os efeitos do transe. Por
isso, as origens fisiológicas da mediunidade seguem sendo um mistério. “A
grande pergunta é: há uma base única para todos os transes? O que a
neuropsicologia tem indicado é que não”, afirma Paulo Dalgalarrondo.
O dom da cura
É possível curar
doenças graves em cirurgias espirituais que duram menos de um minuto?
Todo dia, a sede da
Federação Espírita de São Paulo (Feesp) recebe cerca de 7 mil pessoas, a
maioria em busca de auxílio espiritual para curar uma doença. Muitas acabam
assistindo a uma palestra sobre a doutrina espírita e tomando um passe, uma
espécie de energização oferecida pelos médiuns.
Já os casos mais graves são
selecionados para um tratamento diferente: a cirurgia espiritual, como a que
acontece no Centro Espírita Caminho da Luz nas quintas-feiras à noite. Lá, numa
sala escura, 10 médiuns ficam sentados com os olhos fechados e as mãos
espalmadas para cima.
Deitado numa cama, o paciente é coberto com um lençol até
metade do corpo. Dois médiuns permanecem perto dele, percorrendo as mãos pela
parte do corpo que será operada, mas nunca tocando no paciente.
Segundo a
doutrina espírita, essa sessão, que dura menos de um minuto, serve para mandar
energias espirituais ao doente. “Um fluido, uma espécie de névoa, sai do nariz,
da boca, das mãos dos médiuns, vai enchendo a sala e então é transferido para a
pessoa”, explica o engenheiro mecânico Eduardo José Monteiro (na foto ao lado),
organizador da ala cirúrgica do centro.
São 40 pessoas operadas a cada noite e
outras 70 que passam por uma espécie de consultório espiritual – e a maioria
costuma sair de lá satisfeita.
Uma pesquisa de 1999,
feita por Cleide Canhadas, mestra em ciências de religião, mostrou que 86% das
pessoas que procuravam centros espíritas em São Paulo tinham algum problema de
saúde. Desses, 42% tinham distúrbios emocionais ou psíquicos, 12% câncer ou aids
e 15% problemas ginecológicos, abdominais ou glandulares.
“Constatei que essas
pessoas foram ao centro não por falta de opções, mas porque estavam
insatisfeitas com o tratamento tradicional”, afirma Cleide. De 115
entrevistados que participaram da pesquisa, todos disseram que melhoraram
depois da visita ao centro.
Se 100% das pessoas se
sentiram melhor depois dos rituais de cura, como a ciência explica esse
sucesso?
Na verdade, a ciência
mal tenta explicar. Primeiro, porque a cura espírita descrita acima é um
fenômeno exclusivamente nacional – o Brasil é o único país do mundo onde o
espiritismo virou uma doutrina cristã, com milhões de seguidores.
Isso faz com
que nenhum grande centro internacional de pesquisa médica se interesse pelo
tema. Segundo, porque mesmo por aqui há pouco interesse no assunto. “É difícil
conseguir financiamento público para esse tipo de pesquisa”, diz Frederico
Camelo Leão, psiquiatra do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e
Religiosos da USP. “Os recursos são limitados e temos de disputar o dinheiro
com assuntos mais visados, como o genoma, por exemplo.”
As poucas teses sobre o
benefício da cura espiritual apontam numa direção: efeito placebo. Se o
tratamento traz benefícios psicológicos para o paciente, acaba tendo efeitos
reais no corpo, assim como um remédio de mentira, um placebo. E os benefícios
se concentrariam em 3 alterações fisiológicas:
1) Mudanças no sistema
nervoso autônomo, responsável por nossos movimentos involuntários, como a
respiração e os batimentos cardíacos. Doenças desencadeadas ou agravadas por
causas emocionais (como asma, alergia e taquicardia) podem ter grande melhora
com o tratamento espiritual, já que estão fortemente ligadas a fatores
psicológicos.
2) Se a pessoa se
sentir mais protegida, o sistema imunológico, responsável pela defesa do corpo,
pode produzir mais linfócitos T, anticorpos essenciais no combate a algumas
doenças, como o câncer.
3) A calma que o
tratamento espiritual traz pode influenciar o sistema endócrino a produzir mais
hormônios que auxiliam o tratamento de males como o estresse e a ansiedade.
Essas mudanças, que têm
origem no cérebro e efeito por todo o corpo, acontecem com mais intensidade
dependendo dos detalhes do ritual de cura. “Assim como o placebo tem de ser
amargo e de um formato especial para fazer efeito, a cura espiritual também
depende de um trabalho psicológico bem feito”, afirma Renato Sabbatini,
professor de medicina da Unicamp.
E também do quanto a pessoa acredita no
processo. “O tratamento só funciona quando inserido num contexto cultural. Não
faria o menor efeito em um norueguês, por exemplo, mas faz todo sentido para os
brasileiros porque faz parte da nossa cultura”,
afirma Geraldo Ballone,
professor de psiquiatria da PUC Campinas. A maioria das comunidades espíritas
não considera a cura espiritual um simples efeito placebo, mas concorda que o
tratamento deve servir como um apoio ao doente. “Nos preocupamos para que não
haja fanatismo’, afirma Cristiane Lobas, superintendente da entidade Nosso Lar.
“Sabemos que a cura espiritual pode acontecer, mas sempre orientamos as pessoas
a que procurem ajuda médica. O tratamento que oferecemos é um coadjuvante.”
O mistério da
psicografia
Como os médiuns
conseguem dar detalhes do morto nas mensagens que psicografam?
Quando todas as
tentativas de cura falham e a morte chega, muita gente acaba recorrendo
novamente aos médiuns. Desta vez, para se segurar em outro tipo de esperança: a
de que o familiar que morreu esteja vivo – e em paz – em outro mundo.
É aí que
entram aqueles a quem se credita o dom de falar com os mortos por meio de
pinturas, ouvindo vozes ou em cartas psicografadas. A psicografia é objeto de
discussão há muitas décadas, especialmente após o mineiro Chico Xavier ficar
famoso.
Durante seus 92 anos de vida, ele escreveu milhares de mensagens, que
foram compiladas em mais de 400 livros. As cartas particulares, com nomes,
apelidos íntimos e sobrenomes de pessoas mortas, fizeram dele um consolador das
tristezas do luto. E despertaram a curiosidade sobre o que estaria por trás
daquelas misteriosas linhas.
Perito especializado em
análises datiloscópicas e grafotécnicas, Carlos Augusto Perandréa analisou a
carta atribuída a Ilda Mascaro Saullo, que morreu de câncer em 1977 na Itália.
O bilhete em italiano, língua que o médium desconhecia, foi comparado com um
cartão-postal escrito por Ilda. A pesquisa transformou-se no livro A
Psicografia à Luz da Grafoscopia, que detalha, por exemplo, que as letras “t”
do cartão escrito por Ilda e da carta de Chico Xavier tinham o mesmo tipo de
ligação com as demais, a mesma abertura das hastes e a mesma barra de corte da
letra. Segundo o perito, a mensagem era um híbrido entre a forma de escrever do
médium e da italiana.
O depoimento de
parentes que tiveram cartas psicogradas também impressiona. Para a juí za
Douglasy Velloso, a despedida do pai chamando-a de Cuca trouxe a certeza de que
era ele por trás da carta psicografada pela médium Martha Thomaz. Douglasy
visitou o centro espírita Grupo Noel em abril, para ter notícias do pai. “Ele
me chamava de Cuca e ninguém ali sabia disso”, diz ela.
Segundo estudo de Paulo
Rossi Severino, que analisou 45 cartas psicografadas por Chico Xavier, 35% dos
parentes consideraram a assinatura idêntica à do morto e 42% conseguiram
enxergar alguma peculiaridade que o médium não teria como conhecer.
Esses
números podem comprovar duas visões opostas. Primeiro, que uma parte
considerável das cartas parece ter origem no contato com uma pessoa morta.
Segundo, que a maioria das cartas não contém semelhanças com a letra do
falecido nem revelações da família.
Para muitos cientistas,
esses números são suficientes para afimar que tudo não passa de acaso. “A
tradição científica entende que as informações certas que o médium passou nas
cartas foram apenas coincidência”, afirma o psiquiatra Frederico Camelo Leão, da
USP. “Quem procura outra explicação deve tentar encontrá-la na religião.”
E a sensação comum
entre os médiuns de acreditar que não foram eles que escreveram aquilo que
psicografaram? Numa entrevista descrita no livro Por Trás do Véu de Ísis, de
Marcel Souto Maior, Chico Xavier faz a pergunta: “Serão real mente dos nomes
que as assinam as páginas então produzidas? Eu não poderia responder
precisamente, porque a minha consciência como que dorme.
De uma coisa, porém,
julgo estar certo: não posso considerar minhas essas páginas porque não
despendi nenhum esforço intelectual ao grafá-las”. Psicólogos e psiquiatras
explicam esse fenômeno a partir da idéia de inconsciente.
Como acontece com
sonâmbulos ou pessoas em transe, nossa mente pode nos levar a ações que não
faríamos em condições normais. “Hoje sabemos que o inconsciente pode levar o
homem a fazer coisas extraordinárias, sem que a autoria precise ser atribuída a
outros seres”, afirma o psicólogo e filósofo José Francisco Bairrão.
No que psicólogos e
médiuns concordam é que a psicografia pode servir de consolo para quem
enfrentou a morte de um parente querido. Cartas psicografadas têm em comum
mensagens de esperança, amparo à família, amor e perdão.
Segundo a pesquisa de
Paulo Rossi Severino, o conselho para cultivar pensamentos positivos está em
82% das mensagens. Como a carta em que o filho pede aos pais:
“Devo pedir que
vocês não escutem, em momento algum, a voz da revolta”. Ou ainda: “Mãezinha e
papai, nós continuamos sendo apenas um, pois o nosso amor é imortal, porque
trazemos em nossa alma a imortalidade”.
“O luto é um processo
de reparação e elaboração da perda. As pessoas buscam uma série de formas de
lidar com suas dores, e a psicografia, inserida na questão religiosa, é uma
delas”, afirma a psicóloga Maria Julia Kovács, coordenadora do Laboratório de
Estudos sobre a Morte da USP.
Tem mais. A seguir, você vai ver que a
mediunidade não apenas apóia as pessoas que têm de lidar com a morte como
também está ajudando policiais brasileiros e americanos a esclarecer
assassinatos e encontrar criminosos.
Os médiuns a serviço da
justiça
Eles ajudam a polícia a
esclarecer crimes – e também podem atrapalhar as investigações.
A gaúcha Iara Marques
Barcelos estava presa havia dois anos acusada de ter assassinado o amante, o
tabelião Ercy Cardoso. “Ela negava o crime, mas eu não tinha provas de sua
inocência”, diz Lucio de Constantino, o advogado de defesa. Foi então que, em
2006, a família de Iara apareceu com uma carta psicografada.
A mensagem tinha
sido escrita num centro espírita de Porto Alegre e era atribuída ao homem
assassinado. “O que mais me pesa no coração é ver a Iara acusada desse jeito,
por mentes ardilosas como as dos meus algozes”, dizia a carta. O advogado
decidiu juntar o texto às provas do processo. E os jurados acabaram inocentando
Iara.
Em 1925, o escritor
britânico Arthur Conan Doyle afirmava que no futuro os policiais seriam ou,
pelo menos, contratariam médiuns para resolver crimes. A previsão do célebre
pai de Sherlock Holmes se mostrou correta. Nos EUA, já existe um grande
comércio envolvendo detetives, policiais e médiuns, que costumam cobrar cerca
de US$ 1 000 para dar dicas de desaparecimentos e também de crimes sem solução.
Os detetives mediúnicos
usam uma técnica chamada pelos espíritas de psicometria: juntam o nome da
vítima e a data do crime e, com a ajuda de algum objeto do morto, se colocam na
pele da pessoa agredida e dão detalhes sobre local, causa da morte e culpados.
Cabe aos policiais verificar as dicas.
“Sei que sou contratada
como último recurso, quando a polícia já não sabe mais o que fazer com o caso”,
diz Noreen Renier, uma médium investigativa que fez fama resolvendo casos
misteriosos.
De acordo com sua contabilidade, ela já participou em mais de 600
investigações, a maioria com sucesso. Além do delegado da Flórida, do começo
desta reportagem, ela ajudou um agente do FBI a encontrar o lugar exato de um
avião desaparecido. Noreen foi a única vidente que deu palestras no FBI sobre
suas técnicas.
A relação tão próxima
entre criminologia e espiritualidade nos EUA é mais comum do que se imagina.
Apesar de quase não existirem estudos sobre o assunto (os investigadores não
gostam de admitir que precisam desse recurso tão pouco científico para resolver
crimes), uma pesquisa feita em 1993 com delegacias das 50 maiores cidades
americanas indicou que 35% delas já tinham se valido de médiuns.
Mas é tudo por
baixo dos panos. Oficialmente, o governo americano nega. O FBI e o Centro
Nacional de Crianças Desaparecidas rejeitam a possibilidade de trabalhar com
videntes.
O que os mais céticos
dizem é que na maioria dos casos não são os policiais que procuram os médiuns,
mas o contrário. “Por lei, a Justiça tem de ouvir todas as pessoas que entram
numa delegacia falando que têm informações sobre um crime.
Isso atrasa o
trabalho, porque toma muito tempo ir atrás das pistas, inclusive daquelas sem
fundamento”, afirma o ilusionista americano James Randi, que ofereceu US$ 1
milhão a quem provar que fenômenos sobrenaturais existem.
De fato, o caso da
menina inglesa Madeleine McCann, que desapareceu em uma praia portuguesa em
2007, recebeu mais de 1 000 palpites de videntes. Alguns foram testados, mas
até hoje nenhum acertou o paradeiro da menina.
A maior crítica que se
faz a esses profissionais é que eles não colhem informações por meio de um dom
sobrenatural, mas por adivinhação. É muito comum médiuns darem dicas vagas,
como “o corpo está num lugar deserto” ou “eu vejo água”.
A partir de dados que
a própria família da vítima passou, o vidente dá informações óbvias e mede a
rea ção dos clientes. Assim, a pessoa se ilude e pensa que o médium está
dizendo novidades.
No Brasil, a relação
entre médiuns e Justiça tem características muito particulares e envolveu até o
mais conhecido espírita do país, Chico Xavier. Em 1976, um caso de assassinato
em Goiânia seria um bom enredo para filme de ficção. José Divino Nunes, então
com 18 anos, foi acusado de matar seu amigo de infância, Maurício Garcez
Henrique, com um tiro no peito.
O processo contra José Divino corria na Justiça
havia dois anos quando os pais da vítima receberam uma carta psicografada por
Chico Xavier, de autoria de Maurício. O texto inocentava o amigo e dizia que o
morto estava muito incomodado com a acusação contra José.
“Fui eu mesmo quem começou
a lidar com a arma”, afirma a carta, que dava detalhes da cena do crime. Também
mandava lembranças à família por meio de Xavier, que morava em Minas e não
conhecia o caso. O que chamou a atenção de todos os jurados foi a assinatura da
carta, semelhante à do assassinado. Numa decisão inédita no país , o documento
foi incluído no processo e José Divino, inocentado.
A Justiça brasileira
permite que os advogados usem cartas psicografadas como provas judiciais, mas
elas podem ser facilmente contestadas pelos adversários no processo.
“Não é
ilegal usar documentos psicografados, mas isso só funciona porque quem os
avalia são os jurados, que têm cultura e religião variadas”, afirma Renato
Marcão, jurista e promotor público de São Paulo. “Já que não há como checar a
fidelidade desse tipo de informação, nada impede que seja retirado do
processo.”
Ainda restam perguntas
sobre o assunto. Por que o espírito nunca revela o real culpado na carta
psicografada? Será que todos os médiuns detetives contam apenas com a sorte
para resolver crimes? Por via das dúvidas, é bom não se esquecer do caso da
americana Sylvia Browne.
Há mais de 40 anos, a vidente ajuda a resolver
assassinatos e desaparecimentos – e dá palestras semanalmente em um programa de
televisão.
Em 1999, a avó de uma menina desaparecida foi pedir conselhos a
Sylvia. A resposta que ouviu foi digna dos episódios de CSI: “Ela não está
morta. Foi colocada num barco e levada para o Japão, onde virou escrava.”
A avó
gelou. Alguns meses depois, porém, o molestador de crianças Richard Lee Franks
confessou ter matado a menina. Ao contrário de todas as outras vezes em que
alardeou seus talentos mediúnicos, Sylvia não se pronunciou sobre esse caso. O
corpo estava enterrado não no Japão, mas a menos de 20 quilômetros de casa.
As flores de Claudia
Rosa
Claudia Rosa estava
lavando louça em casa quando ouviu vozes: “Pega lápis e papel”. Acostumada com
sua mediunidade desde os 18 anos, a dona-de-casa resolveu obedecer. Sentou-se à
mesa e pintou as formas geométricas que as vozes pediam. Depois as coloriu com
giz de cera, mas ainda não estava satisfeita.
Foi a uma loja de material de
pintura e lá se deixou guiar para comprar telas e tinta acrílica. Claudia Rosa
não era artista, mas acabou se especializando em pintar com as mãos. Os temas
florais são os favoritos dos espíritos que ela crê receber. Nenhum quadro demora
mais de 15 minutos para ficar pronto.
De engenheiro a médium
de cura
O engenheiro mecânico
Eduardo Monteiro é médium de doação de energia nas cirurgias espirituais.
“Enxergo uma bruma, como se o chão fervesse, e transfiro isso para o paciente”,
diz Eduardo, de 52 anos, que já fez pintura mediúnica e acredita ter
incorporado um espírito. “Sempre me questiono se o que vejo não é ilusão, já
que sou um cara cético, da matemática. Mas o plano espiritual dá uma
comprovação cada vez que fico muito questionador”, afirma.
As vozes de Nancy
A enfermeira Nancy
Cesar foi criada em uma família católica. Na adolescência, as missas dominicais
eram obrigatórias – até atrapalhavam quando ela queria sair nos sábados à
noite. Nancy só percebeu que talvez estivesse seguindo a religião errada
quando, aos 20 anos, começou a apresentar comportamentos estranhos.
Às vezes,
sem perceber, o tom da sua voz mudava. Dizia coisas desconexas e não se
lembrava do que havia dito. Nancy passava mal e se apavorava com a sensação.
Hoje, aos 46 anos, depois de ter estudado a doutrina espírita por mais de uma
década, ela se considera uma médium. Acredita que seu dom é a polifonia. “Eu
nem escuto, mas os espíritos falam pela minha voz.”
Psicopatologia e Saúde
Mental
Paulo Dalgalarrondo,
Artmed, 2008.
Por Trás do Véu de Ísis
Marcel Souto Maior,
Planeta do Brasil, 2004.
Psychic Criminology
Whitney Hibbard,
Raymond Worring e Richard Brennan, Charles Thomas Publisher, EUA, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário