domingo, 16 de agosto de 2015

Ki o Hara e a Respiração e o movimento




Eu fiz alguns comentários com a letra azul.

Assim como se usa a expressão “sopro de vida” no mundo inteiro, a palavra respirar é sinônimo de estar vivo. É natural que para viver uma vida equilibrada e saudável seja preciso aprender a forma correta de respirar.

É sempre difícil compreender a essência de qualquer técnica ou habi­lidade. No Japão, refere-se às vezes ao domínio de uma técnica, usando-se a expressão kokyu o nomikomu, que significa, literalmente, dominar a respiração e quando “dominamos”, nossa mente está consciente da respiração,  controlamos a mente, as emoções, os impulsos e quando o corpo e mente estão sintonizados, o Espirito está no comando.Dharmadhannya

“Respiração diafragmática, meditação e inconsciente”

Neste artigo a minha proposta é apresentar outros caminhos que podem facilitar o acesso ao inconsciente, com técnicas mais aprofundadas de respiração que nos re-une com essa enigmática relação entre a mente consciente e a mente inconsciente.

Todos nós temos momentos impensados, que normalmente chamamos de intuição. Exemplos: muitas pessoas relatam que pensavam em um amigo quando o celular tocou. Inacreditavelmente era o amigo lembrado segundos antes.

Outra situação semelhante é quando estamos na rua e, sem nenhum motivo, mudamos nosso trajeto e encontramos com alguém querido que não víamos há muito tempo. Nesses casos, costumamos dizer: “mas que coincidência”.

Muitas coincidências são produzidas pelo nosso inconsciente. Caso interessante foi relatado pela imprensa e estudado por especialistas nos Estados Unidos, quando um ladrão invadiu um apartamento. Muito educado, prendeu a dona do imóvel no quarto, sem trancar a chave.

Anunciou que iria roubar e não faria mal a ela. Não havia motivos para desconfiar. Mas quando ouviu o assaltante abrir as gavetas da cozinha, saiu correndo e fugiu.

 Preso, o bandido foi identificado como o psicopata que conseguia a confiança das vítimas, mas que as matava com facas de cozinha. De acordo com os cientistas, foi o inconsciente que alertou a mulher para a fuga e possibilitou a prisão do ladrão.

O neurocientista Leonard Mlodinow, no livro “Subliminar – Como o inconsciente influencia nossas vidas”, Editora Zahar, afirma que por trás do pensamento consciente age uma parte desconhecida de nossas mentes. Ele exemplifica que até mesmo a gorjeta que damos ao garçom pode ser decidida pelo inconsciente, que dita as nossas preferências por pessoas, lugares ou coisas.

Curiosamente, algumas práticas milenares podem facilitar o nosso acesso ao inconsciente. Percorri um caminho interessante para comprovar que realmente funcionam. Todas elas têm relação direta com a respiração. São elas:

Respiração diafragmática
Também chamada de respiração profunda. É o modo correto de respirar. Nascemos respirando corretamente; depois, com o passar do tempo, nossa respiração se torna mais curta, principalmente em momentos de estresse. Assim, diminui o volume de oxigênio no nosso cérebro, prejudicando as nossas vidas sem que notemos.
Na respiração diafragmática, o diafragma se expande e leva o ar rico em oxigênio até o abdômen (barriga). Por meio dessa técnica conseguimos aumentar bastante a nossa capacidade volumétrica dos pulmões, até mais que o dobro.  Dessa maneira, todo o nosso corpo fica mais oxigenado, inclusive o cérebro.

Com o cérebro mais oxigenado, temos mais facilidade para acessar a nossa mente inconsciente por meio da meditação.

A respiração diafragmática pode e deve ser utilizada pelas pessoas em ocasiões de tensão e estresse. É simples dominar a técnica. Se em uma reunião de trabalho o clima estiver tenso, uma simples saída para o banheiro, por exemplo, pode ser útil para praticar a respiração e aliviar a tensão. Em dois ou três minutos de prática é possível reverter totalmente a ansiedade e as tensões.

Também é um importantíssimo recurso para quem tem dificuldades para dormir e até para aliviar ou eliminar a síndrome do pânico.
A técnica da respiração diafragmática

1. Procure uma posição confortável, sentado ou deitado.
2. Se estiver deitado, coloque um livro ou algum objeto leve pouco acima do umbigo.
3. Se optar por ficar sentado, coloque a mão na barriga, próxima ao umbigo.

4. Feche os olhos e concentre-se na respiração.
5. Respire pelo nariz, encha os pulmões de ar, levando-o até a barriga. Por isso, é importante ter um objeto sobre ela. O livro, por exemplo, deverá subir e descer naturalmente com a respiração.

6. Procure não encher somente o peito de ar. É preciso sentir que o ar está expandindo a barriga. Observe como ela se movimenta. Imagine que está enchendo uma bola de ar dentro de sua barriga.
7. Ao inspirar, conte até cinco para que o pulmão e a barriga fiquem expandidos.
8. Expire pela boca contando até dez, até esvaziar totalmente o pulmão e a barriga.

9. Repita a respiração por dez vezes ou mais.
É possível que fique tonto ou enxergue “bolinhas” ao abrir os olhos. Isso é normal, porque o cérebro recebe mais oxigênio do que está acostumado. Porém, a prática constante faz o desconforto desaparecer. Por isso, é importante repetir o exercício várias vezes, até que não tenha mais a sensação de náusea.

Boa opção é praticar a respiração pelo menos uma vez ao dia. Dessa forma, em momentos de necessidade, o seu organismo estará acostumado a utilizar a técnica automaticamente.”(1)
Para saber mais sobre as técnicas da respiração diafragmática consulte o (11)


A consciência da respiração nos libera da emoção negativa.

Todos os métodos de saúde deveriam começar ensinando a forma correta de respirar, mas isso é mais fácil de dizer do que fazer. Em primeiro lugar, todos respiram automaticamente o tempo inteiro, e a maioria das pessoas raramente ou nunca tem dificuldade em respirar. Respirar conscientemente não parece natural.

 Ninguém respira consciente­mente o tempo inteiro e, na verdade, viver é, em geral, um processo inconsciente. Todo mundo respira desde o dia em que nasceu, sem nunca receber nenhuma instrução especial.
“Tome consciência da sua respiração. Observe a sensação do ato de respirar. Sinta o movimento de entrada e saída do ar ocorrendo em seu corpo. Veja como o peito e o abdômen se expande e se contrai ligeiramente quando você inspira e expira. Basta uma respiração consciente para produzir espaço onde antes havia a sucessão ininterrupta de pensamentos.



Uma respiração consciente (duas ou três seria ainda melhor) feita muitas vezes ao dia é uma maneira excelente de criar espaços em sua vida. Mesmo que você medite sobre sua respiração por duas horas ou mais, o que é uma prática adotada por algumas pessoas, uma respiração basta para deixá-lo consciente. O resto são lembranças ou expectativas, isto é, pensamentos.


Na verdade, respirar não é algo que façamos, mas algo que testemunhamos. A respiração acontece por si mesma. Ela é produzida pela inteligência inerente ao corpo.


 Portanto, basta observá-la. Essa atividade não envolve nem tensão nem esforço. Além disso, note a breve suspensão do fôlego - sobretudo no ponto de parada no fim da expiração - antes de começar a inspirar de novo.
 Muitas pessoas têm a respiração curta, o que não é natural. Quanto mais tomamos consciência da respiração, mais sua profundidade se estabelece sozinha.



Como a respiração não tem forma própria, ela tem sido equiparada ao espírito - a Vida sem uma forma específica - desde tempos ancestrais.


 "O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida; e o homem se tornou um ser vivente." A palavra alemã para respiração - atmen - tem origem no termo sânscrito Atman, que significa o espírito divino que nos habita, ou o Deus interior.



O fato de a respiração não ter forma é uma das razões pelas quais a consciência da respiração é uma maneira eficaz de criar espaços na nossa vida, de produzir consciência. Ela é um excelente objeto de meditação justamente porque não é um objeto, não tem contorno nem forma. 


O outro motivo é que a respiração é um dos mais sutis e aparentemente insignificantes fenômenos, a "menor coisa", que, segundo Nietzsche, constitui a "melhor felicidade".


 Cabe a você decidir se vai ou não praticar a consciência da respiração como verdadeira meditação formal. No entanto, a meditação formal não substitui o empenho em criar a consciência do espaço na sua vida cotidiana.



Ao tomarmos consciência da respiração, nos vemos forçados a nos concentrar no momento presente - o segredo de toda a transformação interior, espiritual. Sempre que nos tornamos conscientes da respiração, estamos absolutamente no presente. Percebemos também que não conseguimos pensar e nos manter conscientes da respiração ao mesmo tempo.


A respiração consciente suspende a atividade mental. No entanto, longe de estarmos em transe ou semi-despertos, permanecemos acordados e alerta. Não ficamos abaixo do nível do pensamento, e sim acima dele. E, se observarmos com mais atenção, veremos que essas duas coisas - nosso pleno estado de presença e a interrupção do pensamento sem a perda da consciência - são, na verdade a mesma coisa: o surgimento da consciência do espaço”.


 Em qualquer empreendimento que envolva coordenação, seja uma tarefa braçal ou uma criação artística, a parte crucial é sempre a respiração e o ritmo.

A respiração natural se ajusta automaticamente aos movimentos. Quando a execução de um novo movimento (técnica) se torna natural, isso significa que a respiração está em perfeita sincronização com os movimentos.

Como não há maneira de evitar a dificuldade envolvida em obter um nível de eficiência em que a respiração e o ritmo sejam suaves e naturais, aprender uma nova técnica muitas vezes parece ser mais compli­cado que o necessário.

 O principal problema é que transmitir a respiração e o ritmo corretos através do mero uso de palavras é praticamente impos­sível. Essencialmente, cada pessoa tem de descobrir por si própria os elementos-chave do domínio de uma técnica.

Não é suficiente, ao se aprender um novo conjunto de movimentos, ser capaz de realizar perfeitamente os movimentos. Só se pode considerar os movimentos como completamente dominados quando a respiração que os acompanha torna-se suave e natural.

Mesmo quando a respiração é intencionalmente controlada para acompanhar o movimento, nos estágios de aprendizado há uma tendência a confundir e a perder o ritmo.

A coordenação entre respiração e movimento vem naturalmente, entretanto, quando o mesmo movimento é repetido muitas vezes. Só então começa-se a sentir que o ritmo está certo.

De outro ponto de vista, a respiração é inseparável do estado fisio­lógico de uma pessoa. No Japão, a palavra iki é usada para respiração e Ki é um termo frequentemente usado para descrever fenômenos mentais. Ki é também entendido como a força que se transforma no poder que está por trás de toda ação bem disciplinada.

Ki e relaxamento
A relação entre nossas intenções (mente) e ações (Ki) é adequada­mente expressa na língua japonesa. Os japoneses oferecem pequenos 59 preocupações e ter sempre um sorriso no rosto.

 A natureza do “diabo, ou demônio”, é estar obcecado por alguma coisa. Alguns “demônios” são obcecados por más ações, mas há outra espécie de “demônio que se fixa como compulsão na mente” que se torna tão obcecada pelo trabalho que sacrifica a vida familiar.

 Se este mundo fosse visto como uma espécie de inferno, seria impossível sobreviver sem se transformar numa espécie de” demônio’.

 Mesmo assim, não está certo continuarmos a representar o papel de demônio obcecado pelo trabalho quando voltamos para casa à noite. Quando retornamos para casa, devemos deixar de lado as preocupa­ções do trabalho e nos transformar de novo num membro amoroso da família.

 Ser pai ou mãe também requer que uma pessoa seja, às vezes, como um demônio. Fazer a lição de casa muitas vezes requer esforço. Assim, às vezes precisamos perseguir nossos filhos como demônios, para que eles cumpram com suas responsabilidades escolares.

 No entanto, o papel de demônio dos pais é apenas temporário, e o estado permanente que todos buscamos é o de anjo. É uma atitude na vida em que sorrimos natural e espontaneamente.
    
  “Natureza Angélica e Natureza Diabólica”

Apesar de ser da natureza do “demônio” estar preocupado com alguma coisa, nada pode ser realizado sem algum grau de fixação. Até mesmo nossos músculos precisam se tornar tensos e rígidos para podermos usar nossa força.

 No entanto, se os músculos são tensionados antes de ser necessário ou se restar alguma tensão depois de relaxá-los, a tarefa seguinte não pode ser' realizada tão bem. É por isso que o relaxamento, antes e depois dos exercícios, é tão importante. Como podemos relaxar e liberar completamente nossas tensões?

Quando alguém lhe diz que seus ombros estão tensos, eles tendem a se tornar ainda mais tensos, na medida em que você toma consciência deles. Neste caso, o que se deve fazer é primeiro tensionar os ombros intencionalmente, e depois relaxá-los.

 Assim, você vai perceber que seus ombros relaxam com facilidade. Relaxar é uma maneira de “deixar ir”: assim, estar mais consciente de alguma coisa não é a resposta.

Muitas vezes vemos atletas exercitando-se de leve logo antes de uma competição. Essa é a melhor forma de aliviar a pressão psicológica de antes da competição. Fazendo alguma outra coisa, a atenção é tempora­riamente distraída, de forma que não ficamos tão concentrados em uma coisa determinada.

Uma das melhores formas de relaxar é mover leve­mente o corpo e respirar suave e livremente. Quando ficamos tensos, nossa respiração torna-se curta e nossa atenção se fixa em alguma coisa ou lugar e, em consequência, nosso corpo se torna rígido.

Para liberar a tensão, tudo o que se deve fazer é expirar lenta e completamente e então recomeçar a respirar livre e naturalmente. Quando se massageia apenas a área que está tensa para aliviar a tensão, isso só serve para aumentar a tensão a longo prazo.

 A tensão no pescoço e nos ombros pode se transformar num verdadeiro incômodo quando fixa­mos a atenção na parte retesada dos ombros.

 A melhor maneira de liberar a tensão nos ombros é desviar a atenção deles tão logo se acabe de usai- os braços. Em outras palavras, sua atenção precisa ser desviada para outra parte.

 Da mesma forma, depois de usar a cabeça durante algum tempo, é preciso movimentar as pernas e os braços, para trazer novamente a aten­ção para o resto do corpo.

Os exercícios tornaram-se uma necessidade real para as pessoas de nossa época por causa da preponderância de trabalhos e estilos de vida que exigem que a atenção se mantenha fixa e preocupada de forma não- natural.

Há limitações em apenas tentar relaxar pelos meios comuns, por­que o padrão estabelecido de preocupação (fixação de atenção) impede que as pessoas se libertem realmente de suas inquietações. Este é um ponto crucial a ter em mente quando consideramos diversas maneiras de relaxar.

Liberando a tensão
É necessário aprender a liberar tensão para melhorar a circulação do Ki e obter um equilíbrio nos processos básicos do corpo. Tensão denota o estado de estar contraído ou retesado.

 Apesar de a tensão ser um estado natural em resposta a certas situações, geralmente indica que alguém ficou influenciado ou preocupado por alguma coisa. A tensão pode inibir a circulação de Ki no corpo, e por isso é indesejável.

Este texto está inspirado em vários autores como:



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Que seu coração ascenda a  Chama  da liberação e  do dharma;
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