Aprendendo a
lidar com a inveja, ciúme, e a competição.
Aquele que
cultiva um sentimento de satisfação, plenitude e harmonia atrai para si a
abundância em todas as suas manifestações e afasta a escuridão faminta,
insatisfeita, invejosa, competitiva, agressiva que não encontra lugar para suas
sementes venenosas nascerem...
Quando você
compete, você alimenta os demônios da ambição, inveja da sua mente.
A harmonia é o
equilíbrio.
A gratidão nos
torna rico das graças de Deus diariamente.
A alma é plena
de graças e abençoa tudo que tem.
Acontece
a magia da multiplicação e do milagre.
Onde não há
necessidade.. existe a plenitude.
DharmadhannyaEL
Heloisa Gioia
(1) nos ensina neste texto a lidar com a inveja, o ciúme...
“O Budismo nos ensina que a satisfação é
o antídoto do apego. Neste sentido, estar satisfeito com a vida que levamos nos
ajuda a nos desapegar do passado e a seguir em frente, até mesmo em direção à
inevitabilidade de nossa própria morte”.
“...Portanto, você experimenta uma sensação leve e indulgente
de culpa e, ao mesmo tempos fortes sentimentos acusatórios ao Outro.
No nível
material, começa a sentir perdas.
Diminuições aqui e ali, de sua riqueza, poder, status e fama fazem-no entrar em
estado de alerta e vulnerabilidade. Começa a ter necessidade de poupar, de
pensar em seguros de vida, direito à aposentadoria, isto é, garantias para seu
futuro, agora incerto.
No nível
emocional, vive o choque da descoberta que o Outro existe e que este Outro
também quer o que ele tem. Alterna dentro de si sentimentos leves de
auto condenação por não ter conseguido “segurar” o que tinha, com sentimentos fortes,
raivosos, paranoicos, em busca do culpado pelas suas perdas.
Ao mesmo tempo
em que se percebe vulnerável à inveja do Outro, descobre-se invejando e
competindo com outros deuses e semideuses.
Seu modelo
relacional torna-se dissimulado. Antes, como deva, confiava em todos. Agora,
sentindo-se ameaçados
Todos passamos por todos os reinos? Há
necessidade de vivenciar cada reino em si? Ou pode-se passar por alguns reinos
e outros não? As pessoas estão sujeitas as características dos diversos reinos
em seus mais diferentes momentos de vida; podendo o estado e o tempo de estar num
ou noutro reino delimitar-se sua condição/compreensão.
Ao lado
direito do desenho da roda da Vida, do Reino dos Deuses encontra-se o Reino dos Semideuses, ou
Asuras, como também são chamados. A linha divisória entre o desenho de um Reino
e outro, neste caso, é propositadamente cortada na metade, misturando os dois
mundos.
Isto quer dizer que ambos os estados
psicológicos se alternam, na tentativa de evitar a saída de estados tão
utópicos de onipotência e ilusória segurança.
A alucinação
do mundo dos deuses asuras é o ciúme e a inveja. Tendo experimentado o sonho do
paraíso, no reino dos deuses, deseja reavê-lo a qualquer preço.
Desenvolve um estado mental paranoico por
pensar o tempo todo que os outros podem estar cobiçando seus tesouros restantes
e, ao mesmo tempo, invejando os tesouros dos que ainda não experimentaram
nenhuma perda.
No nível
emocional, vive o choque da descoberta que o Outro existe e que este Outro
também quer o que ele tem. Alterna dentro de si sentimentos leves de
auto condenação por não ter conseguido “segurar” o que tinha, com sentimentos
fortes, raivosos, paranoicos, em busca do culpado pelas suas perdas.
Portanto, experimenta uma sensação leve e
indulgente de culpa e, ao mesmo tempo
fortes sentimentos acusatórios ao Outro.
Ao mesmo tempo
em que se percebe vulnerável à inveja do Outro, descobre-se invejando e
competindo com outros deuses e semideuses.
Seu modelo
relacional torna-se dissimulado.
Antes, como
deva, confiava em todos. Agora, sentindo-se ameaçado sem saber por quem, passa a desconfiar de todos, até das pessoas
que “ama”.
Entrega-se com
restrições aos vínculos afetivos, resguardando-se de um possível e inesperado
ataque que pode ser na sua fantasia paranóica, uma perda material ou emocional.
Como diz o ditado popular: “gato escaldado tem medo de água fria!”
Pior do que
não entregar-se emocionalmente e não confiar em ninguém é a projeção que o
asura faz do obscuro estado de espírito que sente dentro do seu coração,
diretamente para o coração dos outros, acreditando que, como ele, ninguém se
entrega de verdade, apesar de dizer e agir como tal.
Relaciona-se desconfiando e imagina que seu
parceiro o engana às escondidas. Esta atitude mental cria sentimentos incômodos
e persistentes de ciúmes que o enlouquecem, fazendo com que procure provas da
traição o tempo todo às vezes “fabricando-as” para justificar sua angústia.
A presença
fantasmagórica de um terceiro na relação afetiva cria dentro do mundo emocional
dos asuras um modelo triangular. E como se vivesse sob a ameaça da traição e,
portanto, acha-se no direito de trair e o faz muitas vezes.
A dor da
traição é sentida mais no sentido de não querer passar por bobo, do que da
desagradável situação que a divisão afetiva traz. Portanto, a perda raivosa da
competição é a dor maior, e não a tristeza da perda do amor da pessoa querida.
A atitude
competitiva de um semideus faz com que avalie comparativamente seus ganhos e
perdas com as dos outros.
Sente inveja dos deuses que ainda não tiveram
perdas e não suporta nem ouvir dizer de estados onde as perdas são maiores e
mais essenciais do que as suas.
Sente aversão pelos que não tem, fazendo
questão de não “misturar-se a estes pobres fracassados”, numa atitude altiva e
preconceituosa. Saber da existência de estados menos afortunados que o seu
deixa-o mais inseguro e assustado.
Descobre, com
raiva, que tem que lutar para manter o que tem, elege o caminho de voltar toda
sua atenção fora de si, em busca do culpado pela sua situação insegura.
Pratica tanto
a competitividade que passa a competir
consigo mesmo, despeitando suas limitações humanas, sacrificando-se cruelmente na
tentativa de subjugá-las pelo prazer de voltar a sentir acima dos humanos.
A sexualidade
de um asura é ansiosa, intranqüila, com de ejaculação precoce nos homens e nas
mulheres certa frigidez. Orienta-se na busca de prazer no jogo subjugar o
parceiro sexualmente e vencê-lo. E, ou, conseguir ser subjugado sexualmente e
ser vencido.
As fantasias
sadomasoquistas são muito excitantes para um
semideus. A conquista pela conquista é o grande êxtase e prazeres do
interlúdio.
Busca vínculos
afetivos, sociais e profissionais com deuses, mas sua inveja deles acaba
impossibilitando o aprofundamento destes vínculos.
Já vimos que
um deus credita não ter o que aprender com os outros. No caso dos asuras, eles
não conseguem aprender com os outros, por ter inveja de quem sabe mais do que
eles.
As relações
entre dois asuras são relativamente mais duradouras, mas não porque se amem ou
se admirem, e sim por medo do que o outro possa vir a fazer de mal com ele, com
seus bens, com sua reputação, durante e depois da separação. Desconfiam
mutuamente entre si.
Sentir-se um
semideus é ter um desejo constante de
ser o melhor. Ele compara suas forças com os outros o tempo todo medindo as
possibilidades de vitória ou derrota.
O corpo de um
asura vive, psicologicamente falando, em
constante agitação, olhando para os lados o tempo todo, ameaçado, tenso.
Seu peito está cada vez mais para frente, empinado, endurecido de desconfiança.
Está curvado para trás, expondo uma protuberância no peito, o chamado peito de
pombo.
Sente-se
ameaçado não sabe por quem, nem quando e nem por quê. Suas costas estão
continuamente tensas, interferindo na plena capacidade de funcionamento de seus
pulmões. Sua respiração é mais sôfrega, mais curta, por isso compromete a boa
oxigenação do seu cérebro, resultando em atordoamento do raciocínio.
Esta respiração deficitária também compromete
seu corpo do diafragma para baixo resultando em pior funcionamento dos sistemas
físicos e emocionais ali localizados.
As doenças pulmonares e renais aparecem com
mais frequência na vivência de um asura, pelo fato de estarem com as partes
traseiras dos chacras em desequilíbrio.
Quadros
alternados de prisão ou soltura descontrolada dos intestinos também acompanham
este estado de insegurança. A vivência da paranóia interfere fortemente em seus
conceitos, posturas, decisões e relacionamentos.
No mundo
mental, seu conceito de felicidade continua sendo “estar por cima”. Só que
antes, quando sentia-se um deus, o “estar por cima” era vivenciado como um
estado natural dele e permitido a todos. Agora, a felicidade é “estar por cima”
do Outro que tem de estar abaixo dele como medida de segurança.
A ética de um
asura é duvidosa. Quando não pode lutar de frente, ataca pelas costas, pois
para ele qualquer meio é válido, desde que se livre do inimigo.
Sua
espiritualidade e seu bom coração estão abalados. Torna-se cada vez mais
difícil a troca energética de ajuda mútua com as pessoas. Diminui sua
facilidade em dar e receber.
Mesmo que
receba ajuda, ela fica comprometida pois é recebida com a desconfiança de, com
quais intenções será que foi dada. Desconfia que ali, naquela ajuda, há veladas
intenções para invadir-lhe o território.
Em compensação,
se não recebe, utiliza este fato para rotular o mundo de egoísta, justificando
a sua própria atitude de egoísmo. Sua inveja leva-o a sofrer pelo bem-estar
alheio.
No desenho de
um semideus, na Roda da Vida, não aparece a auréola de luz rósea que protege os
deuses no Reino anterior. Isto significa ter menos ações virtuosas acumuladas
no seu “banco cármico”. A consequência disto na vida é a diminuição da Boa
Sorte.
Consequentemente,
ele diminui sua fé e esperança na sorte. Começa a experimentar a impermanência
dos estados de felicidade, experimenta a existência de estados menos
auspiciosos de viver.
Seu olhar espiritual não é mais confiante no
horizonte e no mais alto. Desconfia das leis da natureza e não “conta” mais com
ela: começa a experimentar relativa solidão. E um deus ameaçado ou um semideus.
O veneno a ser
identificado em nós é o veneno do ciúme, da competição, da ilusão da
necessidade de termos de lutar o tempo todo para conseguirmos o que queremos.
O antídoto
curativo a este estado de espírito envenenado, que nos torna inseguros,
belicosos e imersos no samsara é a prática de abrirmos mão.
Algo mágico
acontece ao espírito humano, uma sensação de calma e harmonia nos invade,
quando não mais precisamos de toda a atenção voltada para nós: quando
conseguimos abrir mão de algumas coisas e situações; e quando conseguimos
deixar algumas glórias para os outros.
Para treinar
este gesto de abrir mão, sugerimos a recitação, e a prática incluída nela, do
quinto verso do Lamrim, um outro ensinamento budista tão conhecido e praticado
no Tibete quanto ao ensinamento da Roda da Vida, pelos que desejam desenvolver
um Bom Coração. Leia em voz alta. para si mesmo o seguinte verso:
Quando outras
pessoas, devido ao ciúme,
Destratarem-me
com ofensas, calúnias e desprezo,
Praticarei,
através da aceitação da derrota
E do oferecimento
da vitória a eles.
Embora na vida
mundana seja comum responder de maneira violenta a alguém que nos tenha acusado
injustificadamente e sem razão, ou nos tenha traído, isso não se adequa à
prática daqueles que aspiram a ser pessoas mais altruístas.
Não é correto reagir com violência, a não ser
por motivo extremo. Se alguém, por ciúme ou antipatia, nos trata mal e de firma
abusiva, ou mesmo nos agredir fisicamente, em vez de respondermos da mesma
maneira, devemos voluntariamente sofrer a derrota, aceitá-la e permitir que a
outra pessoa obtenha a vitória.
Isso parece utópico, não é mesmo? Essa prática
é de fato muito difícil, mas deve ser adotada por aqueles que procuram
desenvolver-se espiritualmente, nem que seja no exercício de pequenas perdas,
progressivas, pois, em última instância, elas serão grandes vitórias para nós.
Para facilitar
esta prática, podemos incrementar a nossa motivação para fazê-la. Conseguimos
isto lembrando-nos do sábio ditado popular “aquilo que se dá nunca se perde”.
Por esta
prática ser exigente, devemos começar a praticar com renúncias possíveis.
Podemos, por exemplo, iniciá-la, deixando que nosso interlocutor fique com a
razão numa discussão com diferentes opiniões. Você sentirá imediatamente os benefícios
do “abrir mão de ser o dono da verdade”, e ser o foco das atenções positivas.
Esta prática
budista não significa que procuraremos perder durante todo o tempo, buscando deliberadamente
uma má situação que vicia. O objetivo dela é alcançar um alvo superior, por
meio da aceitação de pequenas perdas, desenvolvimento da compaixão e
solidariedade.
Ao término da recitação do verso, inspire a
luz verde, calmante e balsâmica deste ensinamento, visualizando
concomitantemente a sílaba MA na porção frontal direita do seu coração e no
coração da pessoa em questão.
A sabedoria
para sair deste Reino, orientada pela Roda da Vicia, está simbolizada numa
espada que está nas mãos do Buda desenhado no Reino dos Semideuses (figura acima).
Ela foi usada para representar, na mesma
linguagem da experiência dos semideuses que estão sempre lutando para obter
maior poder a mesma ferramenta para cortar suas próprias desilusões em vez de
cortar o poder dos que têm mais do que ele.
Encontramos nesta parte da pintura um palácio não tão grande, nem tão rico e iluminado corno o palácio do Reino anterior. Dentro dele está um chefe vestido com roupas de guerreiro.
A deusa de energia suave, feminina, de antes, transforma-se em um semideus com energia belicosa, masculina. O corpo do semideus já não está aberto para a frente, como era em tempos mais seguros e tranquilos. Agora torna-se curvado, com um pé no chão.
Olhando para as pessoas, subalternos, abaixo hierarquicamente dele. Isto significa o início de uma relativa relação com o mundo terrestre ainda que seja uma relação circunstancial de poder. Seu palácio ainda está em verdes planícies, rodeado de árvores plenas de frutos para seu desfrute.
Porém, a tranquilidade desta paisagem está ameaçada por guerras. O símbolo usado para descrever a aparição do perigo no estado psicológico de semideus é uma grande árvore azul, e não verde, onde, no lugar de frutos, estão pessoas lutando com armas para se defender.
O significado desta grande copa azul é uma analogia com o aparecimento de pensamentos violentos, de revolta e luta acompanhados de sentimentos de desconfiança e raiva diante dos sinais da existência, da impermanência da felicidade neste mundo samsárico.
Esta confusão mental, esta instabilidade emocional são relativas, pois ainda estão carmicamente amparadas por situações de poder, facilidades e segurança. Isto é demonstrado na postura do semideus: é um comandante rico de méritos, ainda sentado em confortáveis almofadas, com um só pé no chão, sendo indulgente com os perdedores da competição.
São soldados vencidos, pedindo clemência a ele, o vencedor. Estes soldados representam tanto pessoas e situações ameaçadoras externas quanto nossos eus internos, isto é, nossos pensamentos e sentimentos inferiores quando estamos vivenciando intranquilidade de semideus, mas ainda sentindo-se o comandante vencedor na vida.
Desta maneira, o ensinamento usa a mesma qualidade
de corte da espada para nos ensinar a trocar a espada para maior poder pela
espada da sabedoria".
1.Heloisa Gioia - Um caminho Iluminado. ensinamento da Psicologia Budista Tibetana sobre o funcionamento das Nossas Emoções.
Pesquisado por dharmadhannyaEL
Este texto está livre para divulgação desde que seja citada a fonte:
http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/2013/09/aprendendo-lidar-com-inveja-ciume.html
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