sábado, 8 de agosto de 2015

Carta para uma amiga magoada e ferida




                                  


Carta para uma amiga magoada e ferida.

Hoje eu encontrei minha amiga e seus 4 filhos... Ela me disse que não está feliz, está desempregada com os quatro filhos para criar. Separou-se, e está na terceira separação, está sozinha no momento e acaba de perder seu espaço para trabalhar.

Celina me disse que vive com mágoas, com raiva e ressentimentos e precisa muito se libertar da raiva do pai, da mãe; ela  foi rejeitada na infância pela família, e  sua irmã foi amada e aceita por todos.

Por isso assumiu um comportamento agressivo, reativo para chamar a atenção e tem sido severamente castigada. Até hoje repete esses  comportamentos  afastando as pessoas de sua vida e atraindo homens violentos.

Não consegue perdoar o passado, a vida, os parentes, a família. Hoje frequenta um Templo que é muito rígido com todos.   Reza e pede a um Deus severo para protegê-la, mas sabe que não consegue “agradar” a esse Deus.

Celina vive com o Pai  negativo internalizado, projetando-o nos homens e, por afinidade, escolhe homens como o seu Pai. Ela entra na história de vida do parceiro como vítima e como vilã rancorosa e vingativa.


Vive no passado, como um personagem de um filme que já passou, e não entra no aqui e agora com uma roupa nova, vestida com a esperança. A vida vestiu-a como a vilã e segue assim... no final da estória ela é expulsa da vida das pessoas.

Há um processo de culpa e punição em ação na sua estória: ela é má, rancorosa e precisa ser punida. Mas a sua força está na sua raiva e o rancor  é o fogo que move sua vingança.

Será que ela viveria sem a raiva que alimenta o seu Marte para o combate? O ódio lhe dá energia e sente que é forte e poderosa.

Sua Criança Interior Ferida encontrou essa maneira para sobreviver, para lutar pela vida e assim espera ser amada incondicionalmente. 

Eu lhe disse que perdoasse aos seus inimigos e que assim estaria livre dos fantasmas persecutórios do passado.

Alimentamos nossos adversários, demônios e inimigos que vivem em nossa mente, com o nosso ódio. Ali eles ficam como figuras internalizadas que entram em nosso mundo interno e fazem parte da nossa estória e vivem como nossos “eus” interiores.

O inconsciente espelha o mundo com imagens, e o significado que damos aos nossos sentimentos configura o cenário interior. Na mente o mau é o demônio, o inimigo, o destruidor, o perseguidor, o carrasco, o psicopata, o invasor, o estrangeiro, o ladrão, o assassino, e assim vamos definindo personagens e construindo seu lugar em nosso mundo interno.

Eu lhe disse que seria interessante que ela fosse a um templo e entregasse seus inimigos nos braços de Jesus, de Buda, Maria... e pedisse perdão a eles por seus erros de vidas passadas e da vida atual.
Quando abençoamos nossos inimigos, estamos sendo abençoados em nosso mundo interno.

Vamos imaginar que a nossa mente é o espelho do microcosmo, e nesse espaço construímos a estória da nossa vida atual e passada. Os personagens que lá “vivem” são figuras internalizadas  de muitos rostos, mas tudo o que existe em nosso mundo nos pertence e é “parte” de nós mesmos.

Entramos e saímos do mundo do outro, ou dos outros com nossos personagens alimentados por nossa necessidade.

Celina entra no mundo do outro como um personagem raivoso e lá ele  é reativo e assim, ela escreve sua estória.

Existe em nossa mente, o centro, o Tao, o ponto de equilíbrio,  o lugar do sagrado, do Divino de muitos nomes.

Mas para entrar em sintonia com a energia interna da Fonte, precisamos estar em harmonia com tudo e com todos. O Lugar da Graça é um lugar de Paz, Amor, Solidariedade e União. Nesse lugar vive nossa Alma, nosso Espírito que é o nosso Dharma.

Em nossa cultura a figura Divina significa o Bem, a Graça, a Harmonia e a Felicidade. Nosso mundo não nos ensina a viver em harmonia interna com a vida - a humanidade, a natureza, a Unidade e  com o Criador, mas ensina que Deus pune, castiga e controla com o fogo do inferno os transgressores.

Celina não consegue entrar em contato com a Graça interna no seu templo interior que é a Fonte da generosidade da vida.

A sua criança interior se afasta da Fonte porque acredita que é Má. Seus conflitos, em sua maioria, têm raízes na infância. A agressividade foi sua defesa, seria aconselhável o yoga, a dança, o tai-chi, chi-kung para harmonizar sua energia em função do corpo da sua agressividade e sexualidade.

Criamos nossa realidade quando reprimimos nossa raiva ou agredimos com ela, a realidade construída nos envolve em situações de conflitos, crises – somos feridos, sofrendo injustiças em um mundo cruel e cheio de ódio. Quanto mais bloqueamos, guardamos ou ativamos a raiva, mais destrutiva ela se torna na nossa realidade.

Atraímos para a nossa atmosfera um cenário com situações e pessoas que entram no filme da nossa vida para escrever a estória do ódio com sangue, solidão, guerra, conflitos, lágrimas, humilhações, perdas, injustiças...

“A raiva”
Quando expressada de uma maneira construtiva e apropriada, a raiva pode ser uma forma libertadora de autoafirmação e uma forte causa de mudança. Todavia, ela é uma emoção que leva muitos de nós a brincar de alguns jogos, seja negando que sentimos raiva, ou sufocando-a num esforço para sermos razoáveis, calmos e simpáticos, ou por medo de sermos rejeitados.

A ira frequentemente está ligada a “mau gênio”, a “perda de controle” e, até mesmo, a “agressividade”. Mas ela só se transformará em violência quando for reprimida. Não é a raiva que causa violência, mas a tentativa de bloqueá-la! A raiva, a mágoa negada tem de ir para algum lugar; ela não pode simplesmente desaparecer no ar.

 Assim, ela eventualmente ressurge como uma agressão violenta — ou como doença física, depressão, “acidentes” e outros traumas. Se não liberarmos nossas emoções, elas tenderão a criar realidades desagradáveis.


Matthew foi criado num ambiente familiar caracterizado por doçura e alegria. Os seus pais nunca trocaram palavras ásperas. Se houvesse uma diferença de idéias, eles procuravam remediar rapidamente a situação mudando para outro assunto.

 Os conflitos nunca eram reconhecidos, quanto mais resolvidos. Em toda a sua infância, Matthew só conseguiu lembrar-se de uma única ocasião em que ficou zangado — quando seu pai pisou inadvertidamente no modelo de um barco que Matthew havia passado várias semanas construindo.

 Acreditando não ter nenhum “direito” de ficar zangado com esse contratempo, ele se retirou para o seu quarto, pegou um canivete e fez um doloroso talho na própria mão.

Matthew casou-se com uma mulher proveniente de uma família altamente volúvel. Ele ficou fascinado — e assustado — com a capacidade de Marianne expressar seus sentimentos tão abertamente.

Ela, por sua vez, apreciava as maneiras calmas de Matthew, que pareciam tão repousantes depois da agitada infância que ela própria tivera. Dentro de alguns anos, porém, Marianne acabou se cansando com o fato de que a única emoção de Matthew era uma moderada tendência para concordar com tudo e teve uma breve mas ardente aventura amorosa.

 Quando confessou o caso ao marido, esperando uma exibição de raiva ou ciúme, ele humildemente se desculpou por não ser bom o suficiente para ela e prometeu esforçar-se mais no futuro. Com isso, ele saiu do quarto e a conversa terminou. Foi o fim do casamento. Marianne, indignada com a sua reação, fez as malas e partiu — deixando Mtthew confuso e desorientado.

Dois anos depois, Marianne casou-se de novo e Matthew mergulhou em depressão. Na terapia de grupo, sugeri que ele poderia reviver a cera final de seu casamento como se fosse alguém a expressar abertamente a sua raiva. Ele preferiu fazer isso reescrevendo a cena na forma do enredo de uma peça.

 No primeiro rascunho, porém, o personagem masculino teve uma explosão de raiva e golpeou Marianne no rosto. Embora isso mostrasse que a raiva de Matthew não estava muito abaixo da superfície, também revelou sua crença de que a raiva é perigosa e, por isso estimulei-o a tentar outra vez. Desta vez eles ainda gritavam um com o outro, mas estavam receptivos e expunham sinceramente os seus sentimentos.

Com o roteiro nas mãos, encenamos esse trecho durante uma sessão de terapia — e, pela primeira vez, Matthew teve raiva de Marianne. Ao liberar a raiva, ele sentiu o amor que nutria por sua ex-mulher e chorou por causa do divórcio. No decorrer de algumas semanas, enquanto ele sentia essa mistura de emoções, sua depressão foi cedendo.

A raiva deveria ser uma força construtiva fundamentada no amor-próprio e no respeito de si mesmo. Quando reprimimos a nossa raiva, porém, ela vai aparecer “lá fora”, nas outras pessoas.

Assim como Matthew, vamos continuar criado realidades que nos lisonjeiem ou que nos levam a sentir raiva — sendo magoados, sofrendo injustiças, vendo um mundo cruel e cheio de ódio. Quanto mais bloqueamos a raiva, mais destrutiva ela se torna na nossa realidade.

Espere um minuto... Se criamos a nossa realidade, como poderíamos então justificar o fato de sentirmos raiva? O que quer que aconteça, isso foi criado por nós. Sim, isso está certo, e depois de termos liberado a nossa raiva, o próximo passo é descobrir por que criamos essa situação e quais crenças e pensamentos a sustentam. Mas não podemos chegar a esse estágio até que a raiva tenha sido expressa.

Os sentimentos não precisam ser ‘justificados”; eles não têm de ser racionais; eles nunca devem ser considerados bons ou ruins, ou encobertos por pensamentos ou afirmações positivas. Os sentimentos simplesmente existem e precisam ser expressos e liberados de uma maneira apropriada.

A sua raiva
Faça uma lista de cinco incidentes do seu passado que ainda o fazem sentir raiva. Libere a raiva agora — talvez escrevendo o que aconteceu e o modo como você se sentiu. Ou, então, esmurre um travesseiro ou almofada para expressar a sua raiva. Se não estiver em contato com a sua raiva, finja que está!

Esmurre um travesseiro como se estivesse com raiva, até os sentimentos virem à tona. Ou, ainda, escreva uma carta para a pessoa implicada, sendo totalmente sincero a respeito de seus sentimentos — e depois queime-a. (Resista à tentação de colocá-la no correio. O problema é a sua raiva e não o que a outra pessoa fez.)

 Ou, se a raiva ainda estiver prejudicando o seu relacionamento com alguém, considere a possibilidade de expressar seus sentimentos diretamente às pessoas envolvidas, mesmo que o incidente tenha ocorrido alguns anos atrás. Examine também as crenças que o fizeram sentir raiva naquela situação.

Em seguida, pense nos motivos que o levaram a reprimir a sua raiva. O que você ganhou com isso? Isso o faz sentir-se “melhor do que”? Isso alimenta o seu mártir? Você acredita que a raiva é destrutiva? Você diz a si mesmo que não tem nenhum direito de ficar zangado? Ou vive de acordo com o princípio “tudo pela paz”?

 Quais são os custos para bloquear a sua raiva? (Baixa auto-estima? Sintomas físicos? Depressão? Relacionamentos superficiais e insatisfatórios? Incapacidade para se afirmar?)

Por fim, reescreva cada incidente. “Rebobine o filme” e visualize o que você desejaria ter dito ou feito naquela situação. Escreva para si mesmo um novo enredo no qual você esteja receptivo e sincero em relação à sua raiva. Depois, fique atento para a sua próxima oportunidade de expressar raiva de uma forma construtiva.  DharmadhannyaEL




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se puder  repasse... Prentice Mulford e

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