O Pendurado –XII - O Enforcado
Compilação de DharmaDhannyael
Esta uma carta revela um grande sacrifício para o ego,
mas de muita luz e espiritualidade. A iluminação é uma Graça do Espírito e a
personalidade(ego) necessita viver este momento em harmonia com o universo, em
paz com a sua consciência para alcançar a liberação, uma nova vida. A mudança
depende da transformação, do re-nascer e de uma nova consciência.
“Esta carta é uma carta de
significado oculto profundo, porém todo ele oculto...” Waite
O enforcado é o repouso, a Roda
da Fortuna é atividade. O Enforcado é o que acontece quando a Roda da Fortuna
para de girar: a suspensão ou crucifixão no Espaço é a parada voluntária
da Roda da Fortuna.
12 (O enforcado) é 21 (O
Universo) invertido. Este é o segredo do Deus Agonizante no Caminho da Água.
“Em 1890 a Golden Dawn faz
referência ao Enforcado, no ritual do adepto: Se tu, não nascer da água e do
espírito, não podereis entrar nos reinos dos céus. Na verdade esse ritual
simbolizava uma morte mística, onde o adepto era salvo e renascia, traduzindo
em letras miúdas”. (6)
“Alguns estudiosos lembram, a
esse respeito, os ensinamentos que atribuem ao homem o papel de estabelecer
a ligação entre o Céu e a Terra, num espaço definido que o preserva de influências
e contaminações. “Toda suspensão no espaço participa deste isolamento
místico, sem dúvida relacionado à idéia de levitação e de vôo onírico”. 3
A mortificatio na alquimia significa a superação do
antigo ou precedente; primariamente é a superação das etapas perigosas
antecedentes (...) (Jung, OC 14, par. 164).
O retorno ao caos era considerado pelos
alquimistas como uma parte da obra. E o caos era considerado pelos alquimistas
como uma parte da obra. É o estado da (...) mortificatio seguido do fogo do purgatório (...) 0
inconsciente e bom e mau, ou nem bom nem mau. Ele e a mãe de todas as
possibilidades (Jung, OC 14, par. 247).
“O processo de iniciação,
em geral, faz parte de uma morte figurada que simboliza o caráter de totalidade
da conversão. Este é um processo de iniciação que tem por escopo recuperar a
divindade da Alma perdida pelo nascimento”. Significa o maior aprofundamento do
encontro consigo mesmo, com os opostos com o inconsciente, com a anima, com o
Self. O ego com a inspiração do Self realiza a criação, a individualização.
“O sacrifício significa a
renúncia a todos os vínculos e restrições do tempo da infância, é necessário
amadurecer, conquistar a independência, autonomia, aprender a lidar com o
sofrimento, com o egoísmo natural da criança, superar a regressão, e aprender a
compartilhar sem orgulho, sem intenção de retorno”.
A morte e o renascimento
de Cristo e Osíris correspondem à sequência de morte e renascimento do
processo de individuação. Depois da mortificatio
(nigredo), vem a alvorada do
Sol renascido (rubedo).
A morte e a ressurreição se
referem à União com o Espírito, com a Amada Divina Presença, com o Divino. Os
mitos do Deus agonizante é universal, e todas cultura podem apresentá-la
de alguma foram seja ela Cristo, Odin, Osíris ou uma divindade local. Nos mitos
de enforcamento nenhum dos quais a morte é definitiva, eles são simplesmente
inversões nas quais os pés de Deus são assentados na Anima Mundi e não sobre a Terra.
A imagem divina do homem, do
Cristo não foi destruída pela Queda,
mas apenas danificada e pode ser reconstruída pela graça de Deus. Sabemos que a morte e a descida de
Cristo aos infernos, cujos efeitos redentores abrangem inclusive os mortos. O
equivalente psicológico coletivo , parte essencial do processo de
individuação.
Na carta XII, a indecisão da
carta VI agora, pode tornar-se fatal, levando-o à passividade inevitável e que
paralisa. Não se vê saída, nenhum meio de chegar a liberdade, nenhuma forma de alcançar o sucesso. Suspenso no vazio
solitário no qual tudo parece esmagadoramente indefinido, o indivíduo está completamente só,
perdido na imensidão do universo. A única consequência dessa situação é a
transformação por alguma forma de morte do ego”.
Podemos pensar que a “morte” do
ego está relacionada às experiências de:
- lutos, medo, conflitos
insolúveis, renúncia, separação, destruição, acidentes, insegurança, prisão,
melancolia, depressão, castigo, punição, isolamento social, estagnação,
inércia, procrastinação, ansiedade, passividade, solidão, auto-provação,
impotência, doenças prolongadas, suplício, perdas afetivas e materiais, luto,
humilhação, degradação.
- Perda de controle da própria
vida e da família, quando o ego abre a mão, libera o seu apego.
O ego frágil é incapaz de
tolerar experiências negativas. Esse “ego ferido” fica dependente e exige
gratificações de suas necessidades, e não conhece a gratidão. Age como uma
criança faminta. Apresenta uma tendência a agressividade diante das
frustrações, e a vivencia do sentimento de culpa pode ser resultante da sua
imaturidade.
É possível refletir na perda
da identidade de tudo aquilo que vivemos como “Sr. Fulano...” e de repente,
perdemos o nome, o crédito, a casa, a referência, a honra, o orgulho, e ficamos
entregue a vergonha, à limitação.
Neste momento, o ego pode
escolher,ou deixar morrer o passado e “dá a volta por cima”, ou renascer
das cinzas, com a chama da esperança acesa; ou continua no passado, com ódio,
ressentimento, mágoa, com pena de si mesmo, eterna vítima, com culpa, ou culpando
os outros; e assim, continua enredado e embaraçado nesta rede do “ontem”, neste
personagem que não lhe oferece “vida”, esperança, e por isto não consegue ver o
caminho para o amanhã.
É o momento de inverter
os valores, posturas, e perdoar seus algozes, e procurar dar um significado, um
sentido para o seu sofrimento, sublimar, sem
levar para o futuro o personagem do passado que viveu este filme.
“Aquilo que não nos mata nos
torna mais forte”.
É necessário “dar vida” a um
novo e renascido personagem, viver a experiência da transcendência e, assim
encontrar forças para o presente, para a vitória. As mudanças, as
transformações, o crescimento interior, a maturidade emocional alcançada fazem
parte do roteiro do herói em busca da individuação do seu centro, da sua Alma,
da sua luz, do Divino.
”Perdi uma batalha, mas não
perdi a guerra”.
Neste momento, é possível compreender as limitações e as possibilidades - tornar-se responsável, consciente, equilibrado com a mente iluminada no coração. É necessário aprender a se entregar, a não lutar, contra as ondas altas e seguir na maré, em uma atitude “passiva-ativa”. A confusão e a ilusão (signo de Peixes) podem nos envolver e assim, ficamos com os pés fora do chão, sem possibilidade de articular estratégias para a liberação.
É possível olhar no espelho do
outro e nos reconhecer, e, assim reconhecer o outro; re-conhecer que tudo que mais odiamos
no outro nos pertence, e que o “inimigo’ vive dentro da mente
(consciente-inconsciente) como parte do nosso “eu”, e que ele nos atrai por
identificação ou projeção.
“A solução está no fundir-se
com o adversário, juntar luz e sombras em uma paz harmônica que traz as cores,
romper o poder sobrenatural da morte com a espada da vida penetrando-lhe o
coração, ofertando-se como oferenda e alimento que será consumido pelos que
virão e, assim, imortalizando-se como o Deus Vivo que dá a vida com a sua
morte.
A vida se alimentando da vida, a morte sendo apenas uma transição entre o passado e o futuro, dando-se como oferenda, como presente ao novo Herói em sua busca, até que as forças da natureza o chamem de volta ao berço primordial para que, finalmente, descanse em paz”.(1)
Um homem está suspenso, pelo pé, de uma trave de madeira que se apóia em duas árvores podadas. Os dois suportes são amarelos e cada um conserva seis tocos da poda, pintados de vermelho; terminam em forquilha, sobre as quais repousa o pau superior. São verdes os dois montículos dos quais nascem as árvores da provação, e nos quais brotam plantas de quatro folhas.
A corda curta que suspende o homem desce do centro da barra transversal.
O personagem veste uma jaqueta terminada em saiote marcado por duas meias-luas à direita e à esquerda, que podem ser bolsos. O cinto e o colarinho da jaqueta são brancos, assim como os dez (ou nove) botões - seis acima e quatro (ou três) abaixo da cintura.
O personagem veste uma jaqueta terminada em saiote marcado por duas meias-luas à direita e à esquerda, que podem ser bolsos. O cinto e o colarinho da jaqueta são brancos, assim como os dez (ou nove) botões - seis acima e quatro (ou três) abaixo da cintura.
A cabeça do Enforcado encontra-se no nível da base das árvores. Suas mãos estão ocultas atrás da cintura. Naturalmente, a perna pela qual está suspenso - a esquerda - permanece esticada, enquanto que a outra está dobrada na altura do joelho, cruzando por trás a perna esquerda.
“Aquele que se encontra a caminho da totalidade não pode escapar desta estranha suspensão representada pela crucifixão (Jung OC 16, PAR. 470).
É aquele que não tem os pés no chão, na realidade.
“Amplificação
cabalística: a Árvore da emanação
ou a arvore cósmica, a Árvore dos Sefirot, cresce para baixo, a partir da sua
raiz - O primeiro Sefirah - e estende-se desde
os Sefirot que constituem seu tronco ate aqueles que compõem seus galhos principais ou coroa
(Scholem, Cabala, p. 106 do original). De forma similar, o homem
e visto como uma árvore invertida que cresce para baixo, a partir do céu;
"a alma criaraiz no homem desde o céu", cita Von Franz no seu
comentário ao Aurora
consurgens (p. 163, n. 36 do
original). 0 Enforcado nos lembrará que, para nos ligarmos novamente as raízes divinas, devemos tomar como
modelo a Árvore da Vida.
Esta carta simboliza a
contemplação e a
autocrítica como ferramentas para “trabalhar o que se deteriorou”. Significa
aceitação do destino, consciência, disciplina e conduz á força para contemplar
o vazio e transformar paisagens emocionais interiores em lugares de paz.
Os riscos são a
impaciência, a perda do autocontrole, a intolerância à tranqüilidade exterior,
e à incapacidade de atingir a quietude interior, o medo da incerteza e a
sensação de estar perdido no mundo invertido além da lógica”.
A preparação para a nova vida impõe a percepção e a
assimilação do informe e inominável através da concentração e do silêncio e na
tranqüilidade.
Novos insights podem ser consolidados pela
perseverança, o que leva a auto-realização
progressiva e a capacidade de adaptação, assim como
pela desistência do empenho em prol dos modelos convencionalmente aceitos de sucesso e distração.
Os riscos são a impaciência, a perda do autocontrole, a intolerância a tranquilidade exterior e a incapacidade
de atingir a quietude interior, o medo da incerteza e a sensação de
estar perdido no mundo invertido alem da lógica.
O enforcado, com o solo firme
sob seus pés, em cima, parece “saber” que sua cabeça, ainda não sabe. A visão
do Enforcado está concentrada além do intelecto, e ele agirá sem conhecimentos.
Esta é a transição da fé, o ato interior que modifica a minha vontade para
“seja feita a Tua Vontade”. É essa mudança em perspectiva no lugar do controle,
que pode permitir que saiamos de uma situação que parece irremediável, na qual
nos sentimos aprisionados, trancafiados e sem saída.”
“Interpretações usuais na
cartomancia” (6) Constantino K. Riemma
"Desinteresse,
esquecimento de si mesmo. Submissão ao dever, sonhos generosos. Patriotismo,
apostolado. Filantropia, entrega a uma causa. Sacrifício pessoal. Idéias
voltadas para o futuro. Semente.
Mudança de vida, iniciação, abertura espiritual, sacrifício por algo valioso. Paz interior, nova visão do mundo.
"Mental: Possibilidades diversificadas, flutuações. Indica coisas em processo de amadurecimento; não define nem conclui nada.
Emocional: Falta de clareza, indecisão, particularmente no campo afetivo.
Físico: Abandono de algumas coisas, renúncias, projetos duvidosos. Impedimento momentâneo para a ação. Um assunto iniciado é abandonado e só poderá ser resolvido através de uma ajuda. Do ponto de vista da saúde: transtornos circulatórios.
Sentido
negativo:
Êxito possível, mas parcial, sem satisfação nem prazer, sobretudo em projetos
de ordem sentimental.
Reticências, planos ocultos. Resoluções acertadas, mas que não se executam; projetos abortados; plano bem concebido que fica na teoria. Promessas não cumpridas, amor não correspondido.
Os bons sentimentos serão desviados para empreendimentos”. (6)
Reticências, planos ocultos. Resoluções acertadas, mas que não se executam; projetos abortados; plano bem concebido que fica na teoria. Promessas não cumpridas, amor não correspondido.
Os bons sentimentos serão desviados para empreendimentos”. (6)
Eu Sou dharma dhannyael.
Este texto é resultado de uma
pesquisa, inspriados em vários autores - uma reflexão, um compilaçã.
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