ESOTÉRICO - O
DESENVOLVIMENTO DA MENTE SUPERIOR
TAIMNI I.K
Estamos
tentando dar uma ideia do papel da Mente Superior em nossa vida e o veículo
através do qual ela opera. Ao abordar essas questões relacionadas com os planos
super-físicos, devemos ter o cuidado de não tomar as idéias vagas e gerais que
temos no plano físico pelas realidades que elas visam representar.
Estas idéias devem ser tomadas apenas como
sugestões indicadoras, por assim dizer, das realidades que estão por trás
delas, e que poderemos conhecer somente quando nosso desenvolvimento interior
tornar possível sua percepção direta.
O simples fato de haver na alma uma ânsia de
tomar sua evolução nas próprias mãos é sinal de maturidade e mostra que a
viagem se aproxima do fim. Uma grande parte do trabalho já é realizado quando
essa ânsia nasce e, portanto, umas poucas vidas de intenso adestramento e
disciplina bastam para completar o trabalho.
É por essa
razão que aqueles que sentem uma forte ânsia de ter em mão a si mesmos e
atingir a perfeição tão cedo quanto possível, têm razoável probabilidade de
atingir sua meta em poucas vidas e, ao mesmo tempo, parecem realizar milagres
numa só vida.
Em alguns
casos o Ego está bem desenvolvido, o Corpo Causal suficientemente formado,
sendo o principal obstáculo a comunicação entre o Ego e a personalidade
inferior, devido ao impedimento criado pelo mau Karma em vidas anteriores. Tão
logo este Karma é cumprido, o Ego começa a brilhar através da personalidade e
isto aparece como se tivesse acontecido um desenvolvimento miraculoso.
Assim, aqueles
que se sentem ansiosos de empreender o trabalho de aperfeiçoamento de sua natureza,
devem compreender claramente que se trata de longa e tediosa, levando vidas
arduamente vividas até a sua consecução. Ninguém pode dizer quando o trabalho
estará pronto. A garantia única de atingimento está na infinita paciência e
determinação para perseverar até o final enfrentando toda espécie dificuldades,
desapontamentos e fracassos.
O segundo
ponto a ser considerado e claramente entendido é a relação entre a
personalidade e o Ego (Alma), pois sem clara compreensão desta relação haverá
na mente constantes confusões que nublarão a inteligência e projetarão uma
sombra escura no caminho que se está seguindo.
Já foi
anteriormente mencionado que as experiências passadas pela personalidade numa
determinada vida são desenvolvidas em várias faculdades no Mundo Celestial, e a
essência dessas experiências é assim transmitida ao Ego, no encerramento de uma
encarnação, para ser incorporada à sua constituição.
Esse
aditamento às faculdades, vida após vida, é parcialmente responsável pelo
crescimento do Ego e o desenvolvimento de seus poderes, parcialmente, porque o
Ego tem uma vida própria nos mundos superiores e o impacto das vibrações em seu
próprio plano, bem como nos planos acima, também serve para transformar suas
faculdades divinas de latentes para potentes.
Até que ponto uma determinada vida na terra serve
ao crescimento do Ego depende muito da relação existente entre ele e a
personalidade. A personalidade deriva do Ego, como se fora uma emanação do Ego,
mas no curso de sua formação, durante uma encarnação, ela desenvolve uma vida
própria, semi-independente, que pode estar ou não de acordo com o Ego, pode
servir-lhe ou não.
Se a
personalidade se alinha com os interesses do Ego e por este pode ser utilizada
para seus propósitos elevados e mais amplos, a encarnação será um grande
sucesso e as experiências da personalidade permitirão uma rica colheita para
uso e desenvolvimento do Ego.
Por outro lado, como é o caso da grande maioria
das pessoas. se a personalidade adotar uma linha própria independente, não é
suscetível à influência e guia do Ego, permanecendo absorvida pelos interesses
temporários e triviais dos mundos inferiores, o propósito da encarnação é, em
grande parte, frustrado. Ainda que invariavelmente haja proveito e algum
progresso seja feito, é pobre a colheita do ponto de vista superior.
O exposto
acima sobre a relação entre a personalidade e o Ego não deve dar a impressão de
que há duas entidades diferentes operando em nós. Na realidade há somente Uma
Vida, a do Logos, agindo por toda parte. Um raio de Sua consciência opera no Jivâtmâ através de um conjunto de veículos apropriados
para os diferentes planos..
Todas as leis
científicas foram descobertas pelo
agrupamento dos fatos destacados pela mente inferior e sua fusão em uma
generalização pela mente superior. Quanto mais desenvolvido o Corpo Causal mais
apto fica a estabelecer a relação entre os fatos. A ciência não é o único campo
que nos proporciona a oportunidade de aprender a generalizar.
Em todas as esferas da vida podemos encontrar
oportunidades para o exercício dessa faculdade desde que estejamos atentos a
seu aparecimento e as utilizemos sistematicamente para nosso adestramento. A matemática
superior oferece os campos mais extensos e variados para o exercício dessa
faculdade, e talvez não haja método muito mais rápido de se aprender o
pensamento abstrato do que um curso intensivo de matemática superior.
A filosofia vem em seguida à matemática como
campo de adestramento para a mente superior e, do ponto de vista de um
estudante da Autocultura, talvez seja mais conveniente para o desenvolvimento
das faculdades do Corpo Causal.
O segundo método
para o desenvolvimento do Corpo Causal é baseado na outra função deste veículo,
mencionada anteriormente, isto é, a que serve como meio para tornar parte
permanente da constituição da alma todas as virtudes e faculdades adquiridas
durante o processo da evolução.
Como já foi dito antes, quando numa
determinada vida é desenvolvida ou melhorada uma característica ou faculdade, o
progresso obtido não é perdido com a destruição da personalidade, mas
transferido para o Corpo Causal e tornado permanente como resultado da
reorganização desse corpo.
Das pesquisas em Fisiologia sabemos que,
quando pensamos, a matéria cinzenta do cérebro físico é modificada, dilatada, e
o contínuo pensar melhora permanentemente a qualidade do cérebro, tornando-o um
instrumento mais eficiente para o pensamento. Esta melhora realiza-se somente
no instrumento no plano físico a ser desfeito com a destruição do corpo físico.
Há, no entanto, um progresso correspondente no
Corpo Causal, que passa de vida para vida, acumulando-se a as aquisições de
cada vida e tornando a alma um instrumento cada vez mais eficiente da Vida
Divina.
O segundo
método de desenvolvimento do Corpo Causal consiste, portanto, em tomarmos conta
de nós mesmos e sistematicamente construirmos nosso caráter visando a uma
perfeição global. Todas as qualidades como veracidade, coragem, humildade, que
são mencionadas no Bhagvad-Gita e outras escrituras sagradas do mundo, devem
fazer parte permanente de nosso caráter pela prática simultânea de meditação e
exercício dessas qualidades em nossa vida diária.
É um processo longo e cansativo, mas é trabalho
que tem ser feito se a alude se destina a ser um instrumento adequado à Vida
Divina, um centro pelo qual flui o Amor, o Poder e a Sabedoria de Deus.
Quando o processo se completa o Corpo Causal é
um resplandescente objeto para contemplar-se, um globo de glória deslumbrante
do qual não poder ter uma idéia no plano físico. Assim são os Corpos Causais
dos Mestres de Sabedoria, que atingiram a perfeição em relação aos mundos
inferiores.
Outro fator
muito importante no progresso do Corpo Causal é o desenvolvimento dos veículos
Búdico e Átmico. O Corpo Causal cresce, de um lado, pelos impulsos vindos
planos físico, astral e mental e, de outro lado, pelas forças espirituais,
agindo sobre ele, e provenientes dos planos Búdico e Átmico.
O
desenvolvimento espiritual do Ego, por conseguinte, enseja o mais poderoso dos
impulsos para o crescimento desse corpo, realizando em poucas vidas o que outro
modo levaria um tempo enorme. Tal como as funções dos corpos físico, astral e
mental inferior não podem ser paradas em compartimentos estanques na vida da
personalidade, assim as funções dos veículos Átmico, Búdico e Mental Superior
não podem ser separados na vida da Individualidade.
Quando a mente inferior á exercitada não é somente
corpo mental inferior que progride. Seu instrumento no corpo físico — o cérebro
— também progride simultaneamente. Da mesma maneira, quando os poderes de Átma
e Buddhi começam a funcionar ativamente, o Corpo Causal, seu instrumento, se
desenvolve simultaneamente.
É necessário
lembrar que o Corpo Causal é semelhante a um espelho que pode refletir na
mental inferior as verdades presentes na Mente Universal, e aquele que o tem o
suficientemente desenvolvido e em comunicação com o corpo mental inferior, tem
à sua disposição meios para entrar em contato, até certo ponto, com a Mente
Universal.
Esta é a faculdade que todos os estudantes
sérios de Ocultismo devem tentar desenvolver se desejam ter em seu interior uma
fonte de conhecimento ilimitado e verdadeiro, drenável sempre que necessário, e
que os tornará independentes de todas as fontes externas de conhecimento.
É verdade que
o contato direto com a Mente Universal só é possível pela prática da Ioga mais
elevada quando então se pode operar conscientemente através do Corpo Causal.
Mas, mesmo antes de atingido esse estágio, é possível a um estudante avançado,
que pratique a meditação e tenha purificado e harmonizado sua mente,
desenvolver a capacidade de se por em relação com a Mente Superior e, através
dela, entrar em contato indireta e progressivamente com a Mente Universal.
Quando isso acontece, o conhecimento em
relação às realidades internas da vida começa a aparecer na mente do estudante,
de diferentes maneiras que cumpre experimentar a fim de serem apreciadas.
Nos planos espirituais mais elevados de
Âtma-Buddhi-Manas o raio da consciência produz um centro de individualidade,
mas neste centro o senso de individualidade é sobrepujado pela irresistível consciência de unidade e
íntima relação com a vida divina na qual esse centro tem raízes.
Ai se encontra
o véu de Maya, mas bastante tênue para tornar possível ao Ego ver a Realidade
que Maya encobre. Quando o raio da consciência divina desce ainda mais na
matéria e opera através dos três corpos inferiores nos mundos físico, astral e
mental, onde os véus da ilusão são espessos e de difícil trespasse, são perdidos
o senso de unidade e a consciência de sua divina origem.
A constante
associação e identificação da consciência com os três veículos desenvolve um
falso senso de “eu”, que é, em essência, ‘a raiz da personalidade, o pino que
mantém juntas todas as memórias e experiências num todo.
Eis como o “eu” da personalidade, ainda que
baseado no Ego e do Ego derivado, e no final das contas, originário da Mônada,
funciona como uma entidade independente, esquecendo sua divina origem e o
propósito de sua existência.
Nos primeiros estágios da evolução isto não
importa, pois nesses estágios todas as espécies de experiências são necessárias
para a construção da rude individualidade e qualquer experiência de qualquer
classe é boa bastante para servir de material de construção.
Mas, nos últimos estágios, quando deve ser
exercido o discernimento na seleção de experiências para o refinamento da
individualidade e o despertar de sua unicidade divina e individual, e
personalidade deve-se tornar serva do Eu Superior.
É certo que
essa personalidade prisioneira da ilusão com seu egocentrismo não passa de uma
entidade temporária destinada a se dissipar, a desaparecer, no fim da
encarnação quando suas experiências tenham sido assimiladas no Mundo Celestial
e sua essência transferida ao Ego; mas a maneira como isto funciona faz
diferença no desenvolvimento da individualidade já nos estados avançados de evolução.
Vemos como de
um Ego (Alma) nascem muitas personalidades, cada uma vivendo sua vida e
enriquecendo o Ego com experiências até que o Ego esteja suficientemente
desenvolvido para não mais necessitar de experiências ligadas aos mundos
inferiores da ilusão. Cumpre, além disto, lembrar que cada personalidade não
apenas deriva do Ego mas é também uma manifestação parcial do Ego; representa
somente uma faceta desse Diamante que é a Alma. Por isso as diferentes
encarnações da mesma alma não se assemelham, como seria de se esperar,
considerando-se a íntima relação existente entre o Ego e suas personalidades.
Em cada encarnação somente certos aspectos e
faculdades do Ego aparecem, manifestam-se, as demais permanecem ocultas,
latentes, para se expressarem em futuras encarnações.
Em cada encarnação há lugar para um conjunto
de circunstâncias determinadas pelo Karma e as necessidades evolutivas da alma.
Estas circunstâncias confinam em estreitos limites o conjunto de qualidades que
podem ser expressas na personalidade.
A raça na qual
a alma nasce, a hereditariedade do corpo, as condições climáticas, o sexo do
corpo físico, o Karma que ela gerou, as faculdades a serem desenvolvidas
naquela encarnação, todos estes fatores contribuem para restringir a expressão
do Ego. Somente um limitado número, entre as numerosas faculdades e qualidades
já desenvolvidas, pode encontrar expressão em uma vida.
Mas as diferentes personalidades que aparecem,
uma após a outra, na vida mais vasta do Ego, provêem a necessária variedade de
circunstâncias e oportunidades para o global desenvolvimento e o atingimento
daquela perfeição que inclui todos os poderes e faculdades divinos. A natureza
opera vagarosamente, mas seus métodos são seguros e seus propósitos executados
com habilidade consumada e perseverança implacável.
A discussão da
relação entre a personalidade e o Ego (Alma), ou entre o eu inferior e Eu
Superior, não deve ser considerada como diversão ou matéria para mera discussão
teórica. Por outro lado, uma clara compreensão dessa relação deve ser
considerada como um dos requisitos para o início da difícil tarefa de
desenvolver nossa natureza espiritual superior.
A evolução
espiritual não pode ir longe enquanto não entendermos perfeitamente a relação
entre o eu inferior e o Eu Superior e não conseguirmos ter a personalidade
inferior sob o controle do Eu Superior.
Para trazer a personalidade sob o controle do
Eu Superior, nada ajuda tanto quanto a compreensão de seu caráter ilusório,
evanescente.
Quando uma
pessoa compreende realmente, e não apenas pensa superficialmente, que essa
entidade que sente, pensa e age nos mundos inferiores e para cuja satisfação dá
todo seu tempo e energia, não passa de coisa evanescente, criatura de vida
curta que dará lugar a outra de natureza semelhante na próxima vida, nesse
momento o fato se torna uma realidade e a pessoa não mais permanecerá
indiferente a seus interesses elevados.
Por estarmos
despercebidos, esquecidos, do duro e inflexível destino que persegue nosso eu
inferior, permanecemos com satisfação neste mundo impermanente de ilusões. Logo
que despertamos para este fato e a aparente solidez da fundação dessa fictícia
realidade comece a ceder sob nossos pés, ficaremos transidos de medo e tristeza
e começaremos a procurar algo de real e permanente, não de maneira descuidada e
indiferente, mas com a seriedade de alguém que, em perigo de afogamento, se
agarra a qualquer tábua.
É aí então
que, coagidos e, à duras penas, abandonamos este navio condenado da
personalidade e nos refugiamos em nosso Eu Superior que acreditamos — ainda não
sabemos — ser imortal.
Cada vez mais nos identificamos com o Eu
Superior e nos dedicamos à tarefa de fazer da personalidade um instrumento, uma
expressão do Eu Superior, até que o eu inferior seja completamente subjugado e
transcendido e nós estejamos centrados na Vida Divina. É com essa disposição e
com essa atitude mental que podemos empreender a tarefa do desenvolvimento da
Mente Superior operando através do Corpo Causal.
A lei do
crescimento, aplicável não somente ao mundo físico mas também aos mundos mais
sutis, é: quando uma função é exercida progride, e este progresso na função é acompanhado
por uma organização melhorada do veículo através do qual a função é
desempenhada. A organização melhorada do veículo, por sua vez, permite
exercícios mais variados da função, ‘de modo que vida e forma, progredindo lado
a lado, forneçam à consciência um instrumento mais eficiente para sua
expressão.
Esta é a lei
fundamental do desenvolvimento e é básica para todos os métodos da Autocultura
em todas as esferas da vida e em todos os planos.
Tomai um corpo
físico fraco. Quanto mais exercício o corpo fizer mais a vida flui pelos
músculos, ‘artérias e nervos; o corpo se torna mais forte, os músculos mais
rijos e a capacidade para exercício e resistência cresce proporcionalmente.
Tomai o corpo astral, o veículo das emoções e
de desejos. Se verificais que ele é insensível e não responde a certas emoções,
tais como amor e simpatia, colocai-vos em circunstâncias onde essas emoções sejam
despertadas. Forçai o corpo a responder a essas emoções. Aos poucos, mais vida
começa a fluir pelos novos canais que foram criados, a Constituição do corpo
astral muda, torna-se mais refinada, e verificais que ele agora mais facilmente
responde às emoções mais delicadas.
Tomai o corpo
mental inferior. Se verificais que ele não está apto a pensar correta e
coerentemente, começai por pensar concentrando-vos em diferentes tópicos. A
prática será tediosa e cansativa no começo, porém à medida que mais e mais
energia mental fluir pelo corpo mental, mais fácil se torna a tarefa e, aos
poucos, aquilo que no principio era tedioso e cansativo poderá tornar-se um
exercício agradável e fácil.
A circulação
de energia no corpo mental vai aos poucos organizando o veículo, fazendo dele
um melhor instrumento para o exercício dos poderes mentais, e assim prepara-o
para exercer mais eficientemente sua função de pensar.
E,
paralelamente, seus instrumentos no plano físico, o cérebro e o sistema
cérebro-espinhal, também progredirão permitindo melhor expressão do pensamento
na consciência física.
Todas as
funções de todos os veículos da consciência progridem pelo exercício, quer
visível quer invisível, e o Corpo Causal não é exceção à regra. Como vimos, uma
das principais funções do Corpo Causal é servir de veículo do pensamento
abstrato, donde se conclui que se queremos desenvolvê-lo, devemos exercitá-lo
no pensamento abstrato.
Muitas pessoas têm uma noção errada sobre o
pensamento abstrato; e no momento em que a palavra “abstrato” é mencionada,
começam a se sentir desconfortáveis e se imaginam passando por um processo
obscuro e fatigante de pensamento abstruso e inaproveitável.
Isto por si
mesmo indica que a função do Corpo Causal não está desenvolvida de maneira apropriada,
necessitando, portanto, de atendimento, visto que qualquer função,
suficientemente desenvolvida até tornar-se fácil, é sempre um prazer.
Se procuramos
esquivar-nos de uma função é porque ou não aprendemos a exercê-la ou há algum
defeito ou obstrução no veículo através do qual essa função é exercida. Fora disso
o pensamento abstrato não é algo tedioso e difícil como é suposto pela maioria
das pessoas.
Afinal, o que
quer dizer isto? Em muitos casos significa a abstração (‘) da essência de um
grande número de fatos agrupados para qualquer finalidade. É ir do particular
para o geral, passamos por esse processo mental todos os dias cm nossas vidas,
mas o fazemos inconscientemente, ineficiente- mente e de maneira não
científica, não sendo, pois, de nenhuma utilidade ao nosso crescimento mental,
pelo menos de modo apreciável.
De fato é muito comum a tendência a
generalizar, e nós, m maioria, generalizamos em conexão com nossas experiências
diárias não sistematizadas e, muitas vezes, insensatas.
Por exemplo:
por uns dias como legume crus e estes não vão bem com meu estômago, talvez,
devido a sua constituição um tanto fraco, concluo então que legumes crus não
fazem bem à saúde, e saio por aí propagando a idéia de que legumes não devem
ser comidos crus.
O que de fato fiz foi uma tentativa de exercer
minha faculdade de pensamento abstrato, mas desajeitadamente, baseado em dados
insuficientes e sem usar meu senso comum. Na maior parte das vezes
generalizamos dessa maneira ineficiente e rudimentar.
Devemos aprender a fazê-lo científica,
deliberadamente e sistematicamente. Assim, não só melhoraremos nossas mentes,
mas também aumentaremos nossa eficiência na vida. Cumpre lembrar que a generalização
é o primeiro passo no caminho de volta ao Um — do múltiplo para o Um.
Isto no dá um adestramento preliminar na
aquisição da visão sintética que vê o Um nos muitos. Verificamos, à medida que
continuamos essa procura, que os princípios secundários da vida juntam-se como
tributários de um rio caudaloso até que finalmente nos encontramos no Oceano da
Existência — O Um.
Como podemos
adestrar nossa Mente Superior para criai eficientemente o pensamento abstrato?
Tomemos alguns exemplos simples para ilustrar o processo da aprendizagem.
Suponhamos um círculo e interrompamos, de
maneira irregular, sua circunferência num certo número de pequenos arcos. Se
apagamos alguns desses arcos de maneira que restem somente pequenos pedaços da
circunferência, qualquer pessoa conhecendo geometria poderá dizer que esses pedaço
são partes de um círculo, ainda que seu total não seja visível. Por quê? Porque
a forma e a posição desses arcos sugerem à mente o círculo do qual são parte.
É claro que algumas pessoas estarão aptas a
construir o círculo em suas mentes com uns poucos arcos, enquanto outras
necessitarão dc maior número para chegar à conclusão, dependendo de sua
inteligência e conhecimento.
Algo análogo acontece quando
um certo número de fragmentos, ordenados segundo um sistema, são classificados
e a mente os considera visando a formular a relação existente entre eles. A função
da mente superior estabelecer esta relação — evidenciar o conjunto do qual os
fragmentos fazem parte — e projetar na consciência física a generalização, o
princípio ou a lei que (engloba todos os detalhes num único e completo
conjunto.
J.K. Taimni - Autocultura à luz do ocultismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário