O encontro com o Sagrado com a Alma.
A experiência com o Sagrado
acontece em todas as religiões,significa o encontro com o Self, ou com Alma, Espírito,
A Deusa ou o Deus interior, o Anjo Protetor...
Quando compreendemos que
nossa mente é o espelho microcósmico da mente do Pensador Macrocósmico, que a
consciência da Unidade acontece quando a
Alma se une ao Espírito (Self), seu verdadeiro Ser na Unidade; e que esta
realidade acontece em nosso mundo
interno através da religação à essência
divina, com o nosso parceiro interior (animus ou anima) e da integração da
nossa Sombra é possível ultrapassar os limites do tempo e do espaço.
Pesquisei e resumi este texto de Cavalcanti
Raissa porque ela nos fala de maneira clara da experiência do Sagrado.
"O Caminho do Sagrado"
RAISSA CAVALCANTI
Richard Bucke, define o sagrado como uma experiência essencialmente
interna, alcançada através da alteração do estado de consciência ordinária. De
acordo com Bucke, o homem pode perceber o sagrado porque ele possui a
possibilidade de entrar em um estado de consciência raro e extra— ordinário,
altamente intensificado, que transcende os limites da consciência ordinária A
esse estado chamou de “Consciência Cósmica”, e nesse estado o indivíduo pode
perceber o cosmo como uma presença viva, divina e sagrada.
A experiência do sagrado é difícil de ser comunicada porque esta se
revela a partir do aguçamento ou expansão repentina da percepção e quase sempre
corresponde à mudança de nível de consciência.
A consciência momentaneamente ampliada pode alcançar níveis muito altos
e sutis da realidade sempre presente, mas escondida pela limitação da
percepção. A vivência do sagrado sempre implica a revelação do Espírito, do
Self, do numinoso, aparentemente oculto, mas que aparece repentinamente
trazendo uma nova compreensão e um novo significado para aquele que o
experimenta.
Para definir o sagrado, como uma experiência de revelação interna, é
importante e necessário se aceitar a existência de diferentes níveis de
consciência, se admitir a possibilidade do indivíduo ter acesso a esses estados
mais elevados de consciência.
E também, é imprescindível se
aceitar a realidade de um princípio espiritual e divino com o qual o indivíduo
pode ter contato.
A Psicologia junguiana, com a noção de Self, a Psicologia transpessoaI,
com o postulado da hierarquia dos níveis de consciência, e a Psicologia
sagrada, com as suas técnicas específicas que promovem a entrada nesses estados
mais elevados da consciência, comungam dessa mesma concepção.
E, por isso, estão atualmente mais bem instrumentalizadas para oferecer
uma definição científica da experiência do sagrado como a abertura da
consciência para a vivência do numinoso e do estado de totalidade.
Para Jung, o homem podia perceber o sagrado através da unificação e da
integração dos opostos, pois este levava a superação das limitações da
consciência do ego, ao alcance de um nível de consciência maior, ao Self e à
aquisição da verdadeira natureza divina do homem.
Nesse processo, o indivíduo
torna-se inteiro e pode ter acesso à experiência cio sagrado. Conforme Jung, o
“Principium lndividuationis” é inerente à natureza humana e impele o indivíduo
a buscar a evolução, a totalidade e a ligação com Deus. A revelação cio Self, e
a afirmação feita por Jung, da possibilidade de manter contato com esse Centro
interno divino, constituíram-se numa revolução dentro da Psicologia ocidental.
Os terapeutas que trabalham nesse campo de experiência observam que a
vivência da dimensão do sagrado opera uma transformação profunda na percepção e
na forma de relação com o mundo. Uma única experiência transpessoal ou sagrada
pode mudar a visão do indivíduo que a experimentou e levar a uma profunda
mudança interior e de relação com o outro.
Sempre que alguém passa por tinia vivência numinosa adquire a
capacidade dc acesso à cosmovisão sagrada. E quando o indivíduo chega a
alcançar uni certo nível dc consciência espiritual, qualquer lugar, interno ou
externo, ou qualquer objeto pode revelar repentinamente a qualidade sagrada e
remeter a um significado profundo.
Portanto, existe um diferencial absoluto entre os dois modos de
percepção, a sagrada e a profana. A percepção profana pertence ao estado dc
consciência ordinária comum, do ego, que vê as coisas separadas e sem nenhuma
ligação significativa entre si.
A percepção do sagrado, envolve uma consciência altamente ampliada, que
abrange desde estados intuitivos, até estados paranormais e místicos, e que vê
a ligação significativa entre todas as coisas e a Totalidade existente no universo.
Jean Houston diz que o sagrado se define por experiências que
proporcionam ou possuem as seguintes características:
1. Indescritibilidade, pois a experiência — que se distingue totalmente
do cotidiano e do ordinário — não pode ser verbalmente descrita com facilidade;
2. introvisão Profunda — aumento instantâneo da Compreensão sobre um
determinado assunto;
3. Alteração a percepção do espaço e do tempo;
4. Sentimento de totalidade
percepção da unidade, da interligação e do sentido de todas as coisas;
. Sentimento de amor por si mesmo, pelo outro e pela vida;
6. Sentimento interior dc paz e harmonia.
O retorno à visão sagrada é o retorno à consciência da totalidade, que
permite perceber a interconexão entre o amor, a beleza e a harmonia mia qual
tudo está imerso. A visão sagrada é bela e amorosa porque une tudo em uma
Totalidade e acrescenta o significado emocional e transcendente.
No Bhagavad Gita, a etapa final da realização iniciática é vista como a
suprema participação amorosa com a divindade.
O “Bhakti” é o momento cm que o iniciado se funde à divindade.
O Bhakti-Yoga é o caminho iniciático do coração, do amor à divindade,
ao Self e da busca de comunhão com Deus. Somente o amor como sentimento religioso é capaz de ligar o que está
separado e levar à experiência dia transcendência, do sagrado, e assim a vida
adquire beleza e sentido.
O verdadeiro amor provoca o encontro de almas e se constitui em um meio
poderoso de transcendência, do sagrado, e assim a vida adquire beleza e
sentido. Por isso, quando a pessoas estão apaixonadas elas podem penetrar na
dimensão do sagrado, pois o vínculo que se estabelece entre as almas elimina o
nível egóico e cria o veículo para a entrada do Self.
Através da vivência do amor humano se cria uma abertura para a entrada no coração, para a
experiência do amor sagrado, do bem amado interno é o motivo principal
No amor há uma expansão da
consciência para o contato com as imagens internas, e por isso é possível uma
abertura para as imagens internas sagradas.
Para o homem que possui visão unificada, que é sagrada e espiritual,
seja ele artista ou místico, a vida apresenta uma qualidade sacra e um sentido transcendente;
e para o homem não espiritual, que se guia segundo o ponto de vista do
ego, a vida não tem nenhum significado maior, além do factual, da luta pela sobrevivência,
da busca das necessidades físicas e das satisfações sensoriais e materiais. A
descoberta do espaço santo interno anuncia o prelúdio da cura mais profunda
do estado de separação e de isolamento
psíquico.
A percepção cio ego é de caráter profano e a percepção do sagrado é
mediada pelo Self. O ego sempre apresenta pontos dc vista e motivações profanas,
pois tem necessidades fortes dc segurança, estabilidade, auto-afirmação e
posse, provenientes de sentimentos de fragilidade, medo e inferioridade.
São esses sentimentos que levam
o indivíduo a direcionar a visão para a busca neurótica de segurança e para a
satisfação das necessidades e se tornar cego para a realidade sagrada. Essa
forma de perceber mantém o homem iludido, aderido ao inundo concreto e i mediato,
e esta visão Se opõe à visão do Self.
O homem profano que se guia pelo ego se sente separado e profundamente
inseguro num mundo ameaçador. O medo conserva o estado de separação e o mantém
apegado e fixado no desejo de segurança e de posse.
O espaço—tempo sagrado é o lugar interno onde se dá a irrupção da dimensão
sagrada da consciência, de uma hierofania ou de uma revelação do Self e que
leva à transformação significativa cio indivíduo e à cura das feridas.
A vivência do espaço sagrado corresponde a uma iniciação, pois pode
promover a abertura da consciência para uni nível mais alto, atualizando o
desejo de comunicação com o Self e a
necessidade de ruptura com o modo anterior profano de ser. A criação ou
reatualização do espaço e do tempo sagrado interno é necessária para a
ampliação da percepção, e, dessa forma, se constela na alma a oportunidade para
o encontro com a dimensão divina do Self.
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