Sétimo Chakra - O CENTRO CORONÁRIO – SAHASHARA
Patrick Paul
O nome do
sétimo chakra em sânscrito, Sahashara, significa coroa. É equivalente a Kether,
na Cabala, que também significa coroa. Trata-se de um centro que se situa acima
do crânio, portanto não toca o corpo, não é manifestado.
O Coronário
também é chamado de “lótus de mil pétalas” e sua qualidade é a fusão com a
unidade. Como os dois chakras precedentes, ele também é um éter, mas o éter
original, o ar criador.
Na Tradição
chinesa, está ligado ao “mundo Divino”, ao “mundo de Deus”, e difere do chakra
Frontal que está conectado ao “mundo dos deuses”. Notem bem a nuança: no
Frontal atingimos a visão das divindades, mas o caminho não termina aí; no
Coronário tocamos o mundo da Unidade Divina. Nele o sono é de certo modo
supraconsciente, um contato com a eternidade, um estado incondicionado, uma
espécie de simplicidade imaterial que se poderia chamar de vacuidade. Portanto,
é um lugar de transcendência para além do cosmo.
Associadas a
ele ocorrem as experiências de caos, em seu sentido etimológico. Caos é o
estado da corda de uma lira depois de ter sido vibrada; é o estado de repouso,
de Vazio, de silêncio e de não vibração da energia da corda. O Coronário
refere-se ao intemporal, ao infinito e à consciência universal. Seu reflexo no
mundo corporal pode ser associado ao hipotálamo e a hipófise.
No Coronário o
ser toca o “aqui e agora” e está livre de todas as formas e também do nível
informal do ser que é puramente energético. Aí a energia é completamente
neutra. Tradicionalmente a integração desse nível recebe o nome de “Núpcias
Alquímicas do Rei e da Rainha”, ou de Shiva e Shakti.
Os cinco
primeiros chakras trazem em si uma polarização masculino-feminino, portanto, a
dualidade. O sexto e sétimo chakras são neutros, não estão ligados à dualidade,
ao exterior, ao outro, ao objeto, à forma.
A abertura
deles depende apenas da graça interior ou espiritual. Não é possível abrir
voluntariamente esses centros. Se alguém porventura propuser um trabalho para
abrir o terceiro olho, saibam tratar-se de um impostor.
Na Cabala, o
centro Frontal é a iniciação ao mundo de Briah, e o Coronário, ao mundo de
Atziluth. Após as experiências ligadas ao Fogo, ao mundo de Briah, ocorrerão as
experiências ligadas ao mundo de Atziluth.
A Tradição
hindu sustenta que existem três princípios no centro Coronário: Bindu, Bija e
Nada.
- Bindu é a força de Shiva, a semente
masculina, a vontade, a inspiração, o sem forma;
- Bija é a força de Shakti, a semente feminina,
a ação e a realização, o princípio de forma;
- Nada é a união de Shiva e Shakti, as núpcias
propriamente dita e está ligado ao conhecimento.
Tradicionalmente Bindu é de cor branca,
- Bija é
vermelho,
- Nada ligado
ao enlace do branco e do vermelho. Constituem experiências que ocorrem na vida
interior.
No Tarô há
quatro arcanos ligados a este chakra. São eles XIX
- O Sol, XX –
O Julgamento,
XXI –
O Mundo e o
“Sem Número” - O Louco.
Os três primeiros correspondem aos três
princípios que acabei de citar. No centro do conjunto desses quatro arcanos
está o Louco, que representa a essência do Coronário.
Trata-se de um arcano que tem nome, mas não
tem número.
Meditem sobre isso pois trata-se da relação
entre o “nomem” e o “numerus”, entre o nome e o número. Os outros três arcanos
representam três atributos ou princípios que podem ser encontrados neste nível
de consciência.
Esses três
princípios são instrumentos que o ser humano tem para analisar as coisas no
sentido da experiência interior em si mesma. A experiência direta deste nível,
no entanto, corresponde mais diretamente ao Louco.
A frase do Pai
Nosso ligada a este chakra é “Santificado seja o Vosso Nome”. Encontramos aí
uma relação evidente com o Nome.
Prática
Puxar o nabo. Encontrem uma posição bem no eixo, alinhem calcanhar, cóccix e ombros.
Concentrem-se inicialmente no abdômen e ergam as mão em postura de prece para o
alto da cabeça, a partir do acúmulo de energia no abdômen. Ao subirem as mãos,
sintam a totalidade do movimento; olhem o céu e percebam o momento de retomo,
como se fossem energias aglutinadas.
Ao mesmo tempo que as mãos sobem, os pés
afundam-se no solo. Estirem-se a partir do centro, situado no abdômen. Sintam
no calcanhar a pressão da parte que desce, como se fossem puxados pelos dois
lados.
Pratiquem primeiro o acúmulo de energia, a
capacidade de esticá-la para ambos os lados e, em seguida, a possibilidade de
direcioná-la de novo ao centro. Durante a prática olhem para o alto. Sintam o
balanço da energia. Sintam o ponto em que não é mais possível subir diretamente
sem a interferência da vontade pessoal.
Fiquem na
energia e percebam o gesto de subida e o ponto exato em que ocorre uma mutação
da energia; aí, enraízem-se de novo e permitam que o movimento jorre.
Energeticamente não é possível ir além de um determinado ponto e se quisermos
continuar, teremos que nos adensarmos e nos relançarmos.
Trata-se de
uma prática sutil, com poucos gestos; portanto é preciso sentir todo o processo
na energia. Os pequenos detalhes são interessantes, pois obedecem a realidades
interiores. E como se chegássemos ao máximo de nós mesmos, ao máximo do
manifestado, da criação, e resolvêssemos ir adiante.
Para tanto será necessário permanecer em cima,
concentrar-se mais uma vez antes de prosseguir.
Visualização.
Para o centro
Coronário, podemos visualizar uma chama em cujo centro nos encontramos. Essa
chama destrói todas as formas, numa espécie de consciência do fogo ou da luz.
Meditação, Se
quisermos desenvolver uma consciência do centro Coronário através da meditação,
sugiro contatar outros dois lugares.
Concentrem-se
inicialmente numa região do corpo localizada a meia distância entre o centro
Umbilical e o Cardíaco, isto é pouco acima do estômago. Numa primeira etapa,
partam desse ponto até atingir o centro Frontal. A seguir, partam do Frontal,
passando pelo topo da cabeça e tentar ir em direção a uma experiência ligada ao
Coronário.
Não se
esqueçam que poderíamos induzir um certo caminho, mas as experiências reais dos
centros Frontal e Coronário dependem da graça.
Mantras.
Falamos dos mantras da Tradição oriental, mas para esse centro sugiro de
preferência mantras ocidentais, como por exemplo, o Canto das vogais U, O, A,
E, 1.
As vogais são
energias de passagem. Entre o centro Basal e o Sacral a passagem está ligada ao
U; entre o Sacral e o Umbilical, ao O; entre o Umbilical e o Cardíaco, ao A;
entre o Cardíaco e o Laríngeo, ao E; entre o Laríngeo e o Frontal, ao 1; e
finalmente, entre o Frontal e o Coronário, ao M, que pode ser vibrado de boca
fechada ou em silêncio.
Intercâmbio
Aluno: No
chakra Frontal já há uma espécie de casamento?
Patrick: Sim,
mas é o casamento entre a natureza celeste e a natureza terrestre de nós
mesmos, é um casamento conosco mesmo. No sétimo chakra o casamento tem uma dimensão
bem diferente. Quando ele ocorre o ser reencontra sua dimensão original e não
mais carrega em si o microcosmo, mas o macrocosmo. Aí então o casamento não é
mais entre o masculino e o feminino em nós, mas entre o céu e a terra ou entre
a Divindade e sua criação.
A: Mas o
centro Frontal também se refere a núpcias?
P: Não. Nele a
relação não poderia ser qualificada como sexual, mas sim como polar, no sentido
de reunificar uma polarização.
Enquanto o ser
funciona no nível psico-corporal, como é o caso da grande maioria dos seres, o
casamento significa uma relação com o outro, em que se desenvolve o amor pelo
outro, como por exemplo na relação de casal. Quando o ser aproxima-se do centro
Frontal, trata-se da relação entre nossas duas naturezas, de uma relação de si
para si mesmo, de um amor por si mesmo, O casamento se realiza entre a dimensão
celeste e terrestre de si mesmo.
No Coronário,
trata-se da natureza unificada do homem que adora o divino, O casamento não
será mais consigo mesmo, mas com Deus. Vejam que se trata de diferentes níveis
de relação de amor.
A. O Frontal
seria mais a encarnação do Verbo e o Coronário, o casamento?
P: Sim, ou
seja, quando o Verbo se encarna ele se transforma em carne ou terra, mas como
ele é da mesma natureza que o Mundo Divino, essa encarnação pede, em seguida,
uma retificação.
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