segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O JUlgamento - Arcano XX




O Julgamento – Arcano XX.

Dharma Dhannyael

Refletindo sobre o arcano do “Julgamento”.

O nome erudito do arcano XX é: “Ressurreição dos mortos” e seu nome comum: “O Julgamento”.

Uma vez que o indivíduo comece a trilhar a Estrada Iluminada, sofre uma metamorfose no processo de iluminação com a qualidade e o propósito da entidade solar, a Alma.

“Já não sou que vivo, mas Deus vive em mim”.

“As três figuras saíram do túmulo. Testemunham isso a lápide virada e o jazigo aberto. Para estas criaturas houve uma mudança total das condições de existência; porém, não traz ainda a libertação.

Fortune escreve que “A Sétima morte é a iluminação. A iniciação completa é uma morte viva. Na Sétima Morte a consciência está separada da Personalidade e se une à individualidade e então um homem vê a face de seu Pai que está no céu, mesmo que ele próprio habite a Terra. Significa a consciência da “Presença Residente” no meio da consciência dos sentidos. Significa consciência do céu enquanto se vive na Terra. Quem que expresse o Amor traz o Espírito que é Um, à manifestação. Estar separado é estar morto. Portanto escolham o Amor e vivam. (6)

Essa somente vem depois. Na lâmina vemos um anjo trombeteando no céu. O som de sua trombeta simboliza o poder atrativo da chamada do Arquétipo à evolução. O Arcano XX representa o mistério da atração que exerce sobre a vida humana (He) o Amor Divino (Iod). Daí o primeiro título do Arcano: “Transformação astral”.

Precisamos transformar-nos consciente e evolutivamente. Esta deve ser nossa meta. Devemos mudar a nos mesmos para podermos escapar da escravidão. Quando transformamo-nos, sutilizamos simultaneamente a natureza, ouvimos melhor o som da trombeta do despertar espiritual.

No tremendo tumulto do mundo, impelidos pela Roda da Fortuna, não podíamos ouvir essa voz, a não ser nos raros instantes do completo silenciar de nossas paixões. Agora esse som se nos torna mais e mais audível”.

Astrologicamente Saturno rege este arcano e está relacionado com o tempo, transformação e com a evolução. (3)

“Mas, o indivíduo que já avançou na Estrada iluminada até o ponto visado por Saturno para a incorporação do Espírito dentro do próprio ser como uma semente divina; então, poderá ouvir o som da trombeta, ouvir o chamado, que libera a luz para uma nova vida, o renascimento. A semente divina interior poderá florescer para que a Divina Presença possa realizar a verdadeira iniciação.

O indivíduo transfigurado tornou-se um centro focal para a liberação do poder da Mente Universal, Ouranos, o deus criativo do Espaço Universal. Os homens são convocados a ouví-lo, a contrair sua radiância o contagiante fervor de alguém em quem Deus está nascendo, cuja Alma está se enchendo a transbordar pelo Espírito – assim como, amiúde, numa mulher grávida parece transbordar um estranho poder de resplendente vida.

“A luz Uraniana toca a trombeta é reveladora. Urano é o raio, mas é também o poder criativo do som místico que, segundo a velha tradição da índia, penetra todos os espaços - A Akasha ou Luz Astral (superior). Esse Som como o raio, pode matar; mas ele é também a Voz de Deus dentro da Alma impregnada pelo Espírito.

Precisa ser ouvida; porquanto o Espírito é sempre e eternamente aquele que preenche todas as necessidades, que restaura a harmonia onde quer que a mente-ego e a matéria se tenham apartado. Na verdade, não pode haver real manifestação do Espírito salvo se estiverem presentes duas polaridades e, estando presentes, forem integradas”. (3)

A separação impede a integração. Aquele que julga, pensa que é o melhor, o mais iluminado, o mais sábio – Um ser Superior.


Uma das características básicas da moralidade é a falta de habilidade para conhecer qualquer coisa em sentido absoluto. estamos presos por nossas vidas breves e pelo fato de que todo o conhecimento chega às nossas mentes por meio dos sentidos; não é possível um retrato exato da realidade, porque o bservador é sempre uma parte do universo que está observando

Aquele que julga pensa que é dono da verdade; que a sua Verdade é uma lei que pode punir, excluir e destruir todos aqueles que estão “contra” ou fora da sua realidade. Sofre de um delírio de grandeza e por seus ideais, mata e faz a guerra. Ele pensa que a sua Verdade pode conquistar o mundo. A Verdade da Luz, nem sempre está nas mãos do poder estabelecido, ela vive no coração de uma minoria que possivelmente está excluída.

Aquele que julga condena, crítica está de certa maneira separado. Mas, quem é que dentro de mim condena? O Pai, ou mãe internalizada que representa a cultura, a sociedade e a família?

O arcano XX revela o renascimento de uma nova estrutura parental interna que agora, vive na consciência – Pai/Mãe Divino de todos.

A morte da personalidade representa o renascer para uma nova vida - a consciência de ser irmão de todos da família universal.

“Nessa fase do drama entre o indivíduo transfigurado, e a sua realidade material é que se crucifica todo o passado do indivíduo – aquilo que serviu de arcabouço para a formação da semente da divindade no homem, a mãe de Deus vivente”.

“Mas, nesta morte é a coletividade quem finalmente se incumbe do repúdio. As classes privilegiadas repudiam o indivíduo transfigurado cujo exemplo contagioso e radiante de Espírito lhes ameaça o privilégio, mas cujo ser espiritual é agora energizado e sustentado por outro poder – o poder de Urano – de Deus, do espaço criativo”. (3)

Esta carta revela um processo, um rito de passagem, anuncia a vida de uma nova vibração, o início de um novo modo de vida, a iluminação, ascensão, liberação, superação, re-começo.

O anjo nos toca a trombeta para que possamos acordar, e ouvir a voz de Deus, do Daimon em nosso coração. O anjo nos convida a uma análise, a uma reflexão sobre a nossa vida, e propõe mudanças e transformações. Veja os sinais que a vida oferece neste momento.

“A ressurreição não é ato da onipotência divina, mas o efeito do encontro e da união do amor, da esperança e da fé divinos com o amor, a esperança e a fé humanas. A trombeta do alto faz ressoar todo o amor, toda a esperança e toda a fé divinos; do outro lado, o espírito e a alma humana e todos os átomos do corpo humano respondem em coro SIM, o que é a expressão livre, o grito do coração do ser todo e de cada átomo em particular, do amor, da esperança, e da fé do homem e da natureza, que ele representa.

Só alguns poucos ousam passar pela prova de fogo; e talvez só alguns poucos dentre este alcancem o coração do Sol, o vácuo e seu Silêncio aterrador.

Então os audaciosos passam a trilhar a Estrada Iluminada. O Mago segue o seu destino, algo nele, está renovado, mas ainda grandemente afetado por velhos hábitos, mesmo assim está reinterpretando suas experiências em termos de um novo sentido de inclusão, de Unidade de participação mística na totalidade.

Ele está livre para renascer sem a culpa punitiva que o Julgamento impõe e por isso, não julga, não discrimina o outro. Todo fato da experiência ou do conhecimento-memória parece, de algum modo, estar sempre relacionado a outro fato, a um outro contexto que a Lei da Atração impõe.

Ele sabe que o assassino de hoje será o Santo de amanhã. Ele segue “livre” da punição do Juiz internalizado que castiga e limita sua consciência da Unidade. Ele não condena nenhum ser vivo.

Deus abençoa, a natureza decide, o homem escolhe e o destino impõe a necessidade a cada um.

O Mago reconhece que a ignorância influencia nossos atos e comportamentos. Ele sabe que a consciência alinhada com o Espírito em um plano mental superior, controla as emoções, os medos, realiza a vontade de Deus.

O Mago sabe que a liberação do dharma envolve um amadurecimento do “pequeno eu”, uma conquista do Espírito e que nem todos os escolhidos conseguem vencer as próprias limitações.

“Nada de novo parece ser absolutamente verdadeiro; nada absolutamente falso. Tudo pertence. Já não há nenhum alienígena real nenhum fato "infernal", nenhuma idéia totalmente inaceitável. Nenhum comportamento é rigidamente compreensível ou absolutamente repugnante, porque qualquer ação é vista como inevitavelmente ligada a sua oposta, e toda luz brilha intensamente em significativo contraste com a sombra que projeta.

Entender uma situação ou uma idéia é “com-preender” todos os fatores levados a uma condição de relação operativa e produtiva (ou inoperante e estéril) na situação ou idéia. Esses fatores podem ser imagens e conceitos, ou personalidade e suas palavras.

Quando o poder de visão transcendente do discípulo se acha bastante desenvolvido, é possível na sua relação com o mundo perceber o seu discernimento, juízo moral, com uma visão global sem preconceitos, sem discriminação e uma atitude mental inteligente de avaliação.

A capacidade de julgamento moral é uma conquista que depende de vários fatores: da história de vida presente e passada, da educação, da cultura, da religiosidade, de uma maturidade emocional e mental; da inteligência emocional e espiritual, virtudes e defeitos, escolhas, e atitudes. Neste contexto, há limitações individuais em nosso Julgamento.

É preciso haver uma “visão” clara, purificada, impessoal e não emotiva; não obscurecida, perceptiva, livre de alucinações, projeções, de ilusões, da dualidade, da polarização, e de dúvidas para o exercício do “juízo de valor”; temos que vigiar intencionalmente e persistentemente nossas reações à vida cotidiana, nossas escolhas e posicionamentos diante de conflitos, escolhas, crises, oportunidades.

A compreensão é uma luz que a consciência revela. Significação é o “Espírito da verdade e entendimento” que desceu em “línguas de fogo” sobre os homens que, de comum acordo, formaram a Irmandade do Cristo. O espírito da significação é o Espírito Santo: e santidade é um correlato de inteireza percebida e transformada numa expressão de sentido e valor.

A tarefa absolutamente importante que lhe cabe é desenvolver a capacidade de enxergar (ver além) com a sabedoria do “Olho de Deus” através de todos os fatos de sua existência, de entender-lhes o significado em termos de seu sentido, agora muito ampliado, de fazer parte de uma totalidade cósmica que nos une no Centro, coração de Deus.

Em alguma parte na vastidão da Galáxia há uma estrela que constitui o seu Ser galáctico, seu "lugar" e função nesse imenso organismo de consciência e energia radiantes. Ele sabe que se tornara cada vez mais consciente de sua própria Verdade estelar - de seu dharma e que sua capacidade de entender os processos em ação por toda a organização galáctica de estrelas.

De alguma maneira incompreensível, ele se torna o próprio Caminho.

“Conquanto o herói pareça ter sido resgatado, sua vida daqui por diante será diferente. O aumento da percepção lhe imporá, inevitavelmente, um aumento de responsabilidade.

“O homem é dotado daquilo que chamamos de livre-arbítrio, e isso é, ao mesmo tempo, sua glória potencial e sua maldição. As sociedades humanas organizadas tem sido impelidas não só a construir sistema de ordem (tabus, leis, regulamentos), como a conferir a esses sistemas uma sanção religiosas e cósmica com base em limites, regras, julgamentos para impor a ordem estabelecida.

A escolha entre Luz e trevas depende da consciência, da discriminação do bem e do mal. É a mente de entendimento e entendimento implica responsabilidade de ordem espiritual. Comprometimento com o Bem da Unidade”.

A degradação da Alma não ocorre como resultado de um ato deliberado de vontade, mas antes como resultado de uma inibição do alinhamento com a vontade de Deus. O homem repleto de suas paixões, dos seus apetites vis e das suas emoções incontroláveis não consegue usar o discernimento da mente em suas opiniões e decisões.

“Os homens esquecem. Eles esquecem porque, mesmo no melhor deles, aquilo que compreende é apenas uma fração de sua mente – uma mente ainda não estabelecida com segurança na Estrada Iluminada, uma mente contra si própria dividida.”(3)

A compreensão deste arcano envolve uma nova percepção da realidade, é necessário dissolver crenças pessoais, culturais para serem substituídos pelo entendimento universal mais profundo possível;

Assumir um novo ponto de vista, eleger um novo quadro de referência para encarar a verdade (Luz da consciência) com maturidade; e assim, reconhecer um propósito por traz dos eventos.

Sabemos que a consciência pessoal, é apenas uma fatia do conjunto, um ponto focal da ação, isto é do julgamento da palavra e do fato. Antes de julgar, de avaliar devemos pensar que incorporamos normas, leis, moral, valores em nossa identidade.

A etapa final do conhecimento como é conhecido, ressurreição em um patamar completamente novo. Isenção de julgamento. Renascimento espiritual do reconhecimento da Vida Única, a unidade de todas as coisas.

Ao termo de um julgamento num tribunal, exara-se uma sentença, que assinala a conclusão do processo para fazer o que quiser, mas libertado da culpa. Ser resgatado é uma honra. Significa se chamado para uma nova vocação.

“Quem tem vocação ouve a voz do homem interior; é chamado “diz Jung.

Eu Sou Dharma dhannyaEL

Este texto é resultado de uma pesquisa, inspirados em vários autores - uma reflexão, um compilação.

1 - Dane Rudyar. 2 - Irene Gad. 3 - Mabes.

4 – Sallie Nichols. 5- Anônimo. 6 - Dion Fortune

7 – Annie Besant 8. Rachel Pollack e outros

Música: consultoria Mitsuko Oshiro

A Divina Presença - Video :
http://www.youtube.com/watch?v=ekSsld-NSnM
http://dharmadhannyael.blogspot.com/

5- www.clubedotaro.com.br

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