1. Os seus poderes interiores
Nosso maior medo não é sermos
inadequados. Nosso maior medo é que nós somos poderosos além do que podemos
imaginar.
É nossa luz, não nossa escuridão, que
mais nos assusta. Nós nos perguntamos:
"Quem sou eu para ser brilhante, lindo,
talentoso, fabuloso?"
Na verdade, quem é você para não ser?
Você é um filho de Deus.
Você tem habilidades que nem imagina
para empreender sua jornada. Vamos conversar um pouco sobre os poderes que as
pessoas usam na sua caminhada. Alguns você já conhece, outros vai descobrir
dentro de si quando tiver a coragem e a determinação de seguir em frente!
INTEGRIDADE
Tudo em nossa vida tem de começar com
o respeito aos nossos valores. Sucesso tem de ser consistente. Pessoas de
sucesso superficial me dão pena, pois não conseguiram entender o verdadeiro
significado da palavra sucesso.
As pessoas não se dão conta dos
estragos que pequenas ações sem respeito aos seus valores fazem em sua vida.
Pequenas mentiras, pequenas fofocas, pequenas omissões, quando somadas, são
como bombas atômicas em nosso caráter.
Muita gente quer ganhar uma partida
de futebol de qualquer jeito, mesmo que seja com um gol de mão. As pessoas não
imaginam a encrenca que criam em sua vida quando conquistam vitórias
desrespeitando as regras ou lesando alguém.
Tenho um exemplo disso no meu
trabalho: sempre levo dois livros para as minhas palestras. Muitas vezes dou um
dos exemplares para alguém da plateia que teve uma bela participação no evento
e guardo o outro para dar a algum amigo que apareça de surpresa.
No final da palestra as pessoas
costumam vir a mim para pedir autógrafos e a coisa fica meio tumultuada no
palco. Quando terminamos, eu volto ao púlpito para pegar meu livro e, surpresa:
o livro foi roubado!
Para mim isso não é um grande
problema. Não vou ficar nem mais rico nem mais pobre por causa de um livro. Mas
fico pensando no efeito que aquele livro roubado causa na vida de quem o pegou.
É devastador.
Imagine que essa pessoa coloque o
livro em seu escritório. Todos os dias, quando olhar para a estante, o livro
vai gritar para ele: você é um ladrão! Essa situação influencia a vida da
pessoa e sua alma vai ficando fraca.
Talvez você me pergunte:
"E em relação aos políticos
ladrões? Como fica a vida deles com tanta desonestidade?"
"Como será que anda a relação
desses políticos desonestos com os seus filhos? Como andam seu casamento, sua
vida psíquica?"
Se, por exemplo, um dos políticos
corruptos se vê em uma situação em que seu filho é algemado e preso, ele pode
afirmar que é um engano, que seu filho é inocente. As pessoas podem até
acreditar que foi uma injustiça. Mas a alma desse pai vai ficar eternamente
ferida, carregando a culpa de ter servido de mau exemplo.
Como fica, por exemplo, a vida do
político que, todos os dias, vê nos jornais e na televisão denúncias contra ele
e sabe que seus filhos estão assistindo ao mesmo noticiário? Na escola, é
provável que os colegas passem a evitá-los em razão dessas denúncias.
Mais tarde, como esse mesmo político
vai se sentir quando for chamado às pressas para a delegacia e der de cara com
o filho detido por tráfico de drogas ou por agressões gratuitas contra pessoas
inocentes?
Será que esses não são preços altos o
suficiente a pagar por sua desonestidade?
A integridade é fundamental para
conseguirmos sucesso e felicidade consistentes, e principalmente paz interior.
É melhor a derrota do que uma vitória sem escrúpulos.
Agora, a integridade não diz respeito
somente à ética. A integridade depende da sintonia entre valores, sentimentos e
ações. Quando uma pessoa perde a integridade, perde também o respeito por si
mesma, além de abalar a consideração que os outros têm por ela.
Infelizmente, muitas pessoas
abandonam seus valores para agradar os outros. Lembra-se da
"maria-vai-com-as-outras"?
"Maria-vai-com-as-outras" é
a pessoa que adota sempre as opiniões alheias, faz tudo o que os amigos fazem e
tem mania de deixar de lado os próprios sentimentos, só para não contrariar a
turma.
Mesmo que isso não esteja de acordo
com seus valores, ela acata as atividades propostas pelo grupo para ser aceita
e porque lhe faltam forças para dizer não.
Você já compareceu a uma "festa
estranha com gente esquisita"— conforme cantava Renato Russo — mesmo
sabendo que não se sentiria bem naquele ambiente e teria de lidar com situações
com as quais não concorda?
Já comprou alguma coisa que não
queria ou vestiu determinado tipo de roupa apenas para se sentir parte da
tribo?
Já foi induzido por falsos amigos a
tomar um porre ou experimentou alguma droga contra a vontade, convencido de que
"uma vez só não faz mal"?
Certas coisas, mesmo quando
praticadas uma única vez, fazem mal, sim! Fazem mal porque ferem a integridade
e enfraquecem a autoestima.
Ouço frequentemente histórias de
pessoas que não deram ouvidos aos seus valores e, no dia seguinte, acordaram
com uma gigantesca ressaca moral.
Não a moral imposta pela sociedade, e sim a
moral interior, que nos cobra coerência e nos faz sentir náusea quando avançamos
o farol. Depois da ressaca vem o arrependimento por não ter seguido a voz da
consciência.
João é loucamente apaixonado por
Laís. E é correspondido.
Baseada nesse amor, a relação do
casal sempre foi construída com muito respeito e confiança mútuos.
Em certo fim de semana, João foi com
a turma para a balada, mas não levou Laís. Naquela noite, surgiu outra garota
que não parava de dar em cima do rapaz.
João tentou ignorar a situação porque
acreditava verdadeiramente que não devia trair a namorada. O amor e o respeito
entre eles estavam acima de tudo.
Mas a turma começou a fazer a cabeça
dele. Todos caçoaram de tamanha caretice e o incentivaram a ficar com a garota.
"A mina é uma tremenda gata" diziam. "E uma vez só não faz mal
algum."
João acabou passando a noite no
apartamento dela.
Foi bom enquanto durou. Mas, no dia
seguinte, João estava péssimo. Mal conseguia olhar-se no espelho. E, pior
ainda, não conseguia encarar Laís, pois sentia o sabor amargo da culpa e tinha
medo de que ela enxergasse a traição em seus olhos.
Gosto muito de dizer aos amigos que
respeitem seus alarmes da integridade.
Esse alarme é disparado por sua
consciência sempre que você está prestes a violar seus valores. Ele desperta
quando a sua consciência grita pedindo socorro ao perceber que você vai fazer
algo de que pode se arrepender depois.
Se o alarme da integridade toca e
você não o respeita, corre o risco de fazer uma tremenda bobagem.
Quando você está prestes a brigar com
uma pessoa franzina, visivelmente assustada, só para posar de valente para sua
turma, sua consciência lhe dá um aviso: vale a pena agredir alguém só para
ganhar um olhar de admiração de alguns amigos bêbados?
Se você estiver alerta, vai perceber que
abandonar seus valores só diminuirá o respeito que tem por si mesmo.
O alarme da integridade é calibrado
de modo diferente para cada pessoa e tem como base a experiência de vida, os
valores, a consciência e os limites que aceitamos como válidos em nossa vida ou
em determinada situação.
Por isso, julgar os outros é sempre
complicado: podemos não conhecer o contexto de vida daquela pessoa e fazer mau
juízo dela.
É lógico que existem valores universais, como não mentir, não roubar, mas tenho certeza de que você aprovaria a atitude de um dono de orfanato que mentisse para um policial da Gestapo, na Segunda Guerra Mundial, dizendo que não abrigava nenhuma criança judia.
Ou o que dizer de um pai que, no desespero,
roubasse um pão para dar ao filho faminto?
A sua consciência de integridade é
aquela sensação gostosa que você tem quando age de acordo com seus valores. Mas
é também aquele incômodo desagradável que toma conta de seu peito quando você
insiste em fazer algo que não considera correto.
As piores situações que você pode
enfrentar surgem quando não ouve a si mesmo e avança seus limites,
principalmente quando tem a intuição forte de que está prestes a fazer
besteira.
Sugiro que você consulte sempre a sua
consciência antes de fazer qualquer coisa que talvez não lhe caia bem. Ela será
sempre o seu melhor guia!
Tenha a coragem de dizer não quando o alarme
da integridade indicar que deve dizer não. É sempre melhor arriscar perder a
amizade de pessoas que não têm os mesmos valores que você do que arriscar sua
paz interior.
Todo mundo quer ser genial, todo
mundo quer ser campeão, mas nossas vitórias só têm sentido quando respeitamos
as regras do jogo.
Quando nossas ações contrariam nossos
valores, perdemos a integridade e isso nos torna incompletos diante da vida.
Perdemos o ritmo da jornada. Mais importante do que obter uma vitória é
construí-la em paz.
Respeite seus valores, ouça seus
sentimentos na hora de agir, tenha consciência de como as suas decisões podem
afetar a vida dos outros e busque conquistar o campeonato de maneira digna.
Esse é o verdadeiro sentido da vida.
Se você quiser, pode até trapacear
com seu colega de estágio para ficar com a vaga dele. Mas como ficará a sua
reputação com os futuros colegas que o viram trapacear? Pior ainda: como ficará
o conceito que você tem de si mesmo? Será essa a melhor forma de construir um
futuro profissional?
Certa vez, num reino distante, um
fazendeiro muito rico perdeu uma bolsa com 40 moedas de ouro. Desesperado, mandou
avisar todos os habitantes da vila de que recompensaria quem achasse sua bolsa.
Um lavrador muito humilde encontrou a
bolsa e apressou- se a levá-la ao dono.
Desejoso de fugir ao compromisso de
recompensar o lavrador, o fazendeiro inventou uma artimanha. Chamou o pobre homem
e disse:
— Minha bolsa tinha 50 moedas e aqui
só há 40. Você não vai ganhar recompensa nenhuma. É melhor retirar-se logo
antes que eu mande prendê-lo por roubo.
Dias depois, ao tomar conhecimento da
história, o rei, conhecido por seu senso de justiça, convocou o rico fazendeiro
e o pobre lavrador para uma audiência e pediu que a bolsa fosse levada ao
palácio.
O rei tomou a bolsa nas mãos,
inspecionou seu conteúdo e rapidamente perguntou ao homem rico:
— Quantas moedas você disse que havia
aqui?
0 fazendeiro imediatamente respondeu:
— Cinquenta moedas, majestade.
0 rei, espirituoso e sagaz, logo
retrucou:
— Então esta não é sua bolsa, pois
aqui há apenas 40 moedas.
E, virando-se para o lavrador,
arrematou:
— Pode levar esta bolsa com você, meu
bom homem. E vamos continuar a procurar a bolsa que o fazendeiro perdeu.
Não é possível sustentar uma vida
coerente sem sentir orgulho de nossa obra. A honestidade vai ser sempre
premiada e deve servir de fundamento para nossas escolhas. Por maiores que
sejam os exemplos de falta de integridade que encontremos pelo mundo, é
fundamental que nossos valores liderem sempre nossas ações.
A pessoa desonesta sempre paga caro
por sua desonestidade. Ela pode até não ser pega pela Justiça, mas sua
consciência sempre lhe acusará e a lembrará dos seus deslizes. Não importa o
fato de ninguém ficar sabendo quando somos desleais. O que importa é que
"nós mesmos sempre o saberemos"
Existe ainda um outro som na sua
consciência, que costumo chamar de "o canto dos anjos" A sua
consciência também sussurra ao seu coração o orgulho por uma ação em que você
respeitou seus valores.
Como naquele dia em que você estava
com pouca grana e deixou de comprar um livro que queria muito para comprar
flores para dar de presente de aniversário para sua avó.
Vale muito mais a pena atrasar nossas
conquistas do que realizá-las profanando nossos valores. O que realmente
importa é que tenham uma base sólida.
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