Uma
aranha tece muitas teias para pegar moscas, e, quanto maior a teia, melhor será
sua refeição. Assim acontece com aquelas pessoas que conseguem pegar a sorte.
Em geral, com algumas exceções, as pessoas
mais sortudas são aquelas que se deram ao trabalho de formar uma rede de
contatos bem grande. Vamos ver por que isso acontece e como a estrutura em teia
funciona.
***
O.
William Battalia é um instrumento da sorte. É seu negócio e, na maioria dos casos,
um prazer para ele levar a boa sorte para as outras pessoas.
A sorte que ele oferece (quando é aceita)
quase sempre tem um impacto enorme e é capaz de mudar vidas, e ele geralmente a
oferece de forma repentina.
Investe em seus alvos de sorte sem aviso prévio,
como algum grande pássaro benevolente que aparece no céu azul que estava vazio
momentos antes.
Ele frequentemente pensa sobre as
circunstâncias que o fazem escolher alguém em especial, e não outra pessoa que
talvez seja igualmente merecedora.
Por
trás dessas circunstâncias está a primeira das razões pelas quais algumas
pessoas têm mais sorte do que outras.
Bill
Battalia é um recrutador executivo (ou, no jargão de negócios, um headhunter).
Sua firma, a Battalia, Lotz & Associates, está entre as mais conhecidas de
Nova York. Seus clientes são grandes empresas, bancos, agências de publicidade,
organizações de serviços;
a maioria deles é grande e bem conhecida, e todos são ricos.
Quando um dos
clientes tem uma vaga em nível executivo para preencher e não consegue absorver
ninguém da própria empresa, Battalia é chamado. Ele recebe algumas instruções,
em geral uma descrição detalhada da pessoa ideal para ocupar o cargo.
“Precisamos
de um vice-presidente para resolver nossos problemas de vendas” dizem a ele. “A
pessoa deve ter entre 40 e 50 anos; deve ter pelo menos 10 anos de experiência
como gerente de vendas, com excelente histórico;
deve ter tido experiências
práticas na venda de produtos de consumo a varejistas; deve falar espanhol tão
bem quanto inglês; deve ser atraente e gostar de falar para grupos grandes...”
Em
resumo, a empresa quer oferecer uma chance de ouro de crescimento pessoal a
algum funcionário ainda desconhecido. O salário e outros benefícios em geral
estão acima de US$ 35 mil ao ano, e podem chegar a US$ 100 mil ou mais.
Battalia sabe, obviamente, que não fará sentido algum procurar pessoas que já
estão ganhando esse salário ou que estejam satisfeitas em termos de futuras
perspectivas no emprego.
A busca deve ser feita entre pessoas para as quais
esse cargo será encarado como promoção — pessoas para quem, em geral, o
encontro com ele será um golpe importante, talvez até mesmo colossal, de sorte.
“Sempre
tenho certa sensação de frustração quando começo uma busca”, diz.
“Sempre tenho
a impressão de que centenas de potenciais candidatos estão espalhados pelo país
em algum lugar, mas desses todos só encontrarei alguns. Na verdade, é mais do
que uma sensação, é uma certeza. Algumas pessoas não estão visíveis.”
Battalia
faz sua pesquisa seguindo muitos caminhos. Ele procura em listas de
associações profissionais. Consulta jornais de negócios e publicações
especializadas, procurando por pessoas que escreveram artigos nas mais diversas
áreas de especialização.
Participa de convenções, conferências de negócios,
seminários acadêmicos.
Além
dissO; vale-se do telefone e de cartas, que disseminam a pergunta dele de ponta
a ponta dos EUA: “Por acaso, você conhece alguém que...?”
Os
candidatos que ele encontrar e apresentar ao cliente serão pessoas que, de
alguma forma, conseguiram sobressair. Alguns já fazem isso deliberadamente. São
homens e mulheres que prestam especial atenção ao marketing pessoal em suas
carreiras.
Entram para todas as sociedades e associações que os aceitarem,
enviam artigos para publicações profissionais, procuram envolver-se em qualquer
tipo de apresentação pública, fazem o que podem para fazer com que seus nomes
sejam sempre lembrados.
Por trás dessa às vezes frenética atividade está uma
esperança conspícua de que serão procurados por pessoas que tenham ofertas de
trabalho melhores e mais bem-pagas — pessoas como o headhunter Bill
Battalia, entre outros.
“Mas
de todos aqueles que consigo encontrar”, afirma Battalia, “somente uma pequena
percentagem empreendeu deliberadas campanhas publicitárias pessoais para me
ajudar a encontrá-las.
A maioria nunca pensou muito na possibilidade de ser contatado
por um recrutador. Muitas dessas pessoas de alguma forma conseguiram se tornar
conhecidas de outras pessoas, em geral, sem pensar muito a respeito. E o estilo
delas. São pessoas gregárias.
Fazem de tudo para ser simpáticas. Conversam com
estranhos. São pessoas que gostam de reuniões, encontros, cumprimentos. Adoram
começar uma conversa. O jornaleiro para essas pessoas é mais do que um
conhecido. Elas sabem seu nome, quantos filhos tem e onde passou as férias.
Esse é o tipo de pessoa que procuro”.
Battalia
e seu ex-sócio, Jim Lotz, costumavam analisar demo- radamente a cadeia de
circunstâncias que os levava a encontrar um candidato. A maior parte dos casos
era cadeias de conhecidos.
Uma história particularmente interessante é de
Catherine Andrews, uma mulher que começou sua carreira profissional como
secretária e, antes dos 40 anos, em virtude do repentino aparecimento
de Battalia e Lotz, tornou-se diretora de um banco.
Nesse lance único, ela
mais do que dobrou de salário e ampliou seus horizontes. Parecia um golpe de
sorte absurdo. Mas a análise do histórico do caso mostrou que, sem perceber,
ela criara sua própria sorte.
O
que torna a história dela mais interessante é o fato de que existia outra vida
paralela à sua durante um bom tempo. Essa outra vida era vivida por uma colega
de colégio, Evelyn Taylor. Evelyn não tivera sorte na vida. Vivia na
obscuridade.
Os recrutadores souberam dela só porque Catherine Andrews por
acaso mencionou um dia no almoço. Catherine disse: “Não sei por que a boa
sorte me persegue assim. Por quê? Por que não acontece com a minha amiga
Evelyn?”
As
respostas para as perguntas de Catherine são longas.
Ela
e Evelyn Taylor cresceram juntas em um subúrbio de Detroit. Foram amigas
inseparáveis durante o ensino médio, foram juntas para a faculdade e procuraram
emprego juntas. As oportunidades de trabalho para as mulheres eram um tanto limitadas
no final da década de 1950, e ambas concluíram que sua melhor esperança para
ter renda imediata era se candidatar ao cargo de secretária.
Uma companhia de
seguros contratou ambas para trabalhar no departamento de cobrança.
Em
um ano, as diferenças entre as duas começaram a afetar suas carreiras.
Catherine sem dúvida era a mais simpática. Na lanchonete da empresa, na hora do
almoço, ela conversava com qualquer pessoa que se aproximasse, na fila do
almoço, na mesa ao seu redor.
A empresa era grande, e os empregados não se conheciam
direito. Catherine gostava de conversar com estranhos e descobrir coisas sobre
suas vidas é suas maneiras de pensar.
A enorme variedade de tipos humanos era uma diversão para ela, algo que a aliviava do tédio do trabalho em si. Evelyn,
por outro lado, não tinha interesse algum por estranhos, a menos que fossem
jovens atraentes.
Enquanto Catherine conversava com todo tipo de pessoa nas
mesas do restaurante, Evelyn ficava do seu lado, falava pouco e parecia
entediada.
Um
colega com quem Catherine começara uma dessas conversas informais da hora do
almoço era um sujeito mais velho que trabalhava no departamento de pessoal. Ele
soube duas coisas sobre Catherine em suas conversas ocasionais: que ela estava
entediada no seu cargo atual e que tinha idéias originais sobre maneiras
práticas de ampliar as oportunidades profissionais das mulheres.
Ele cruzou com
ela pelo corredor um dia, pareceu ter uma ideia repentina e parou para
conversar. Abrira uma vaga no departamento de pessoal. Se ela estivesse
interessada, ele poderia ver se conseguia a sua transferência.
Era
um trabalho de secretária também, mas tinha algumas características
interessantes. Na época, a empresa estava preocupada com as altas e crescentes
taxas de rotatividade entre as mulheres.
Tomaram a decisão de entrevistar cada
mulher que pedia demissão e, se possível, descobrir quais eram suas críticas
e.como o trabalho poderia ter sido mais atraente para ela.
A vaga no departamento
de pessoal incluía a responsabilidade de conduzir essas entrevistas.
Catherine
aceitou. Para Evelyn, ainda no setor de contabilidade, pareceu que a
transferência fora um golpe de pura sorte. Catherine também achou. “A
oportunidade veio de alguém que eu mal conhecia”, pensou anos depois. Sim, foi
sorte.
Mas ela tinha se colocado em uma posição de receber essa sorte
tornando-se conhecida por muitas pessoas. Ela não tinha como saber de antemão
quais dessas pessoas lhe dariam alguma chance, ou quando ou de que forma seria.
No entanto, ao criar uma rede de contatos, uma teia com muitos fios, tinha
aumentado as chances estatísticas de que algo por fim acontecesse.
Depois
de dois anos no cargo, Catherine conseguiu se libertar do que chama de
“armadilha de secretária” e assumiu outras responsabilidades. Tornou-se
entrevistadora em horário integral, conversando com empregados que partiam e
candidatos a emprego.
Alguns anos mais tarde, por meio do processo normal de promoção, tornou-se
diretora adjunta de pessoal. Por escolha e atribuição, suas principais áreas de
responsabilidade eram lidar com problemas especiais e ampliar as perspectivas
profissionais das mulheres na empresa.
Embora
tenha achado difícil, uma das funcionárias que ela entrevistou foi Evelyn, uma
entrevista de saída. Evelyn havia encontrado outro emprego de secretária, mas
que pagava melhor. Não tivera nenhuma onda desorte na vida. Tinha se casado e
se divorciado. Hoje ela continua trabalhando como secretária.
Catherine
quase casou, em duas oportunidades, na década de 1960, mas nos dois casos
desistiu porque previu que haveria conflitos entre sua carreira e o futuro
marido. A carreira dela continuou a ser abençoada pela boa sorte. Um dia, o
telefone tocou. Uma voz masculina disse: “Sra. Andrews? Meu nome é Bill
Battalia...”
Como
e por que Battalia chegara até ela? É uma história intrigante.
O
cliente de Battalia, um banco, precisava de uma diretora para o departamento de
pessoal e estava disposto a pagar bem pela pessoa certa. O banco vinha passando
por dificuldades bem desagradáveis e custosas advindas de questões envolvendo
discriminação sexual entre os empregados.
As instruções de Battalia eram para
que encontrasse um executivo experiente que, entre outras habilidades, tivesse
domínio completo dos direitos trabalhistas das mulheres e tivesse demonstrado
capacidade de atender às necessidades das mulheres sem aborrecer os homens.
Uma fonte de informações contatada por Battalia era uma professora universitária
que escrevera sobre seus problemas em uma publicação acerca das relações
trabalhistas. Quando Battalia explicou a ela o que procurava, a professora
pareceu pessimista im começo. “A maioria dos meus contatos está no mundo
acadêmico”, afirmou. “Pessoas como eu.
Talvez eu conheça muito os problemas,
mas quanto à experiência prática que você está procurando...” A professora fez
uma pausa e, de repente, disse: “Ala! Acabei de lembrar que conversei com uma
mulher aqui na semana passada.
Tivemos um seminário sobre direitos
trabalhistas e problemas relacionados ao trabalho. Tivemos uma boa participação
de gente das empresas. Essa moça era de uma empresa perto de Detroit, acho, e
me falou sobre algumas inovações interessantes que estava desenvolvendo no seu
trabalho. Deixa ver se consigo me lembrar o nome dela...”
O
nome da moça era Catherine Andrews. Ela tinha participado do seminário como
parte de um programa de educação contínua.
Fiel ao seu próprio estilo,
Catherine conversara com todas as pessoas ao seu alcance. Tinha falado com a
professora numa noite quando as duas estavam atravessando o pátio rumo ao mesmo
auditório.
Ela contara sobre o sucesso que estava tendo ao reduzir a rotatividade
na empresa pela metade por meio de um sistema de entrevistas informais na hora
do almoço, reuniões para expor queixas de todo tipo e outras técnicas.
A
professora ficara interessada, ao mesmo tempo encantada e envolvida pela
simpatia contagiante de Catherine.
Foi
apenas mais um contato para Catherine Andrews; mais um de centenas de outros
que ela estabelece normalmente todos os anos. Ela não podia imaginar que a
sorte grande chegaria por intermédio dessa desconhecida professora
universitária. Mas, se não tivesse sido pelo seu hábito de falar com todo
mundo, a sorte nunca teria encontrado Catherine.
Se
você espera esbarrar em alguma oportunidade de ouro por intermédio de um
estranho, de um conhecido ou de um amigo de um amigo, a verdade ilustrada pela
história de Catherine Andrews parece óbvia.
Quanto maior sua teia de contatos
amigos, maiores serão as chances a seu favor. Não há como saber que raio de
boa sorte está sendo preparado agora mesmo por algum distante mecanismo
do destino.
Não há como saber que complexa interconexão de relacionamentos
humanos guiará o raio em sua direção. Mas há como saber, com certeza, que a
probabilidade de você ser atingido pelo raio é diretamente proporcional ao
número de pessoas que sabem o seu nome.
Parece
óbvio. Ainda assim para muitas pessoas, talvez para a maioria delas, não é. Não
é mesmo óbvio para algumas das próprias pessoas agraciadas pela sorte.
Catherine Andrews é um exemplo típico.
Seu hábito de conversar com todo tipo
de gente que cruza seu caminho não foi deliberadamente desenvolvido para trazer
sorte. Ela fazia contato com as pessoas pelo contato em si. Ela simplesmente
gostava. Só em retrospecto ela percebeu que esse era o principal canal pelo
qual a sorte grande fluía em sua vida.
Kirk
Douglas e Charlie Williams, são semelhantes
nesse aspecto. Nenhum dos dois parou para pensar se deveria ou não criar uma
rede de contatos para ter boa sorte. A grande chance de Douglas, aquela que o
tirou da obscuridade e abriu as portas para sua carreira espetacular, veio por
intermédio de um contato anterior com a então desconhecida atriz chamada Lauren
Bacall.
Ela era apenas uma das muitas pessoas que o gregário jovem ator
conhecia. Com sua simpatia, ele aumentou as chances de encontrar alguém como
Lauren Bacall — alguém cuja própria boa sorte poderia mais tarde se traduzir em
boa sorte para Kirk Douglas.
O pobre Charlie Williams, por outro lado, era um
inveterado solitário com pouquíssimos contatos amigáveis. A probabilidade de
ele ser agraciado com a sorte por intermédio de outra pessoa era extremamente
pequena.
O
Dr. Stephen Barrett, de Allentown, estado da Pensilvânia, é um psiquiatra que
analisou bastante a diferença entre os sortudos e os azarados. Ele acredita que
as pessoas de sorte são um grupo que não só tem jeito, mas o hábito de iniciar
contatos amigáveis com frequência.
Também são pessoas com certo magnetismo que
as torna alvo de simpatia de outras pessoas. Dr. Barret chama esse magnetismo
de “campo da comunicação empatico... Parece dizer: ‘Venha falar comigo, seremos bons
amigos’”.
Muitas
das pacientes do Dr. Barrett são adolescentes e universitárias. Durante muitos
anos, ele ficou intrigado com o “fenômeno das moças sem namorado” — um
fenômeno que é familiar em todos os grupos de jovens, mas que poucos conseguem
explicar.
A menina que nunca é convidada para sair talvez seja tão inteligente
e bonita quanto as amigas mais socialmente ativas — na verdade, em alguns
casos, ela pode estar entre as mais atraentes do local.
De modo superficial,
sua condição solitária pode parecer um caso aleatório de falta de sorte — o
rapaz certo ainda não apareceu — ou ser atribuída às circunstâncias à sua
volta: pertencer ao grupo errado ou ter uma mãe rigorosa demais.
Todavia,
segundo Dr. Barrett, a causa do problema está no seu jeito — um campo da
comunicação — que assusta os rapazes, deixam-nos desconfortáveis e os afastam.
“Esse mesmo campo da comunicação pode afastar as outras meninas também. Ela pode
ser uma pessoa totalmente solitária — mas para ela o desconcertante nisso tudo
é que ela não quer ser solitária nem entende por que está nessa condição. Já
atendi muitas moças assim no meu consultório.”
Em
que consiste esse campo da comunicação? Dr. Barrett acredita que pode haver
centenas de componentes:
expressões faciais, posturas do corpo, tons de voz,
escolha de palavras, maneiras de usar os olhos e sustentar a cabeça. Esse grupo
de maneirismos é difícil de analisar isoladamente, mas o eleito total é visível
para as outras pessoas.
“Todos sabemos instintivamente se alguém gosta ou não
da gente”, afirma o Dr. Barrett. “Sabemos quando alguém é simpático ou não,
caloroso ou frio. Podemos encontrar um estranho completo e saber em apenas
alguns segundos se esse estranho quer ou não passar mais tempo com a gente.
Em
geral, as pessoas que são consideradas sortudas — pessoas a quem oportunidades
são oferecidas o tempo todo — são aquelas cujo campo da comunicação é
convidativo e confortável”.
Apesar
de algumas tentativas recentes de analisar a “linguagem corporal” e reduzi-la a
uma ciência, não é possível fingir um campo da comunicação amigável.
Não
importa a largura do seu sorriso ou quanto suas palavras são carinhosas, as
pessoas conseguem identificar rapidamente qualquer sinal de falsidade. Elas
não sabem explicar como, mas terão certeza de suas conclusões.
Essa é uma das
primeiras lições que todos os vendedores profissionais aprendem. Tom J. Watson,
fundador da IBM e provavelmente um dos vendedores mais brilhantes da história
do planeta, costumava passar esta lição para os jovens recrutas:
“Se você não
gostar genuinamente do seu cliente, são grandes as chances de ele não comprar
com você.”
Parecia um conselho tolo e simplista para alguns dos aprendizes mais
sofisticados, e alguns ficavam cansados de ouvi-lo e pediam demissão — que era
a intenção de Watson desde o princípio.
Todo vendedor de sucesso considera o
conselho de Watson uma verdade absoluta. Se você não gosta de estranhos, não adianta
fingir, porque nada conseguirá ocultar esse fato e você não terá muito futuro
como vendedor.
Um
motivo pelo qual a falsidade não faz sucesso,, é que pelo menos alguns
elementos do seu campo da comunicação não estão sob controle voluntário. O
tamanho das suas pupilas, por exemplo. Dr. Eckhard Hess, um psicólogo da
Universidade de Chicago, vem estudando esse fenômeno específico há anos.
Ele
considera que o tamanho das pupilas não é afetado unicamente pela intensidade
da luz, mas pelo fato de você gostar ou não do que está fazendo. Quando você
olha para algo ou alguém de quem gosta, suas pupilas dilatam. Quando você não
gosta do que vê, as pupilas se contraem.
Hess acredita que essa mudança de
tamanho é um dos sinais mais reveladores que as pessoas enviam e recebem umas
das outras, inconscientemente. Os olhos, é claro, estão entre os instrumentos
de comunicação mais importantes. Falamos sobre os olhos com adjetivos como
calorosos, brilhantes, cortantes, frios e assim por diante. Dr. Hess acredita
que fazemos esses julgamentos emocionais unicamente com base no tamanho das
pupilas.
Se você conversar com alguém e suas pupilas estiverem pequenas, você
talvez seja considerado uma pessoa antipática, mesmo que esteja com um largo
sorriso estampado no rosto.
Como
você não pode andar por aí com colírio para dilatar as pupilas, e como outros
elementos do seu campo da comunicação sem dúvida também são difíceis de
esconder, o que pode ser feito no caso de seu campo precisar de ajustes?
Conselho do Dr. Barrett: “É mais fácil mudar do que se pensa. Certamente não
há necessidade de fingir.”
Ele
conta a história de uma universitária que o procurou porque estava deprimida
com o que parecia ser uma condição de solidão crônica. “Ela tinha um lindo
rosto”, lembra o Dr. Barrett. “Se você tivesse visto uma foto dela no livro do
ano da faculdade, teria pensado que a moça deveria ser a mais disputada entre
os rapazes. Mas não era esse o caso. Ela se sentia sozinha. Sentia-se uma forasteira
que não fazia parte do grupo.”
Ela
e o Dr. Barrett conversaram sobre seus sentimentos em relação às outras
pessoas. Esses sentimentos, como o de todo mundo, eram complexos. O Dr.
Barrett, psiquiatra honesto que é, não tenta encontrar uma explicação
simplificada para eles.
Mas, nesse caso, alguns dos fatos essenciais pareciam
ser que ela temia a rejeição, ela temia ouvir que não gostavam dela, ou que
não era querida, e, por isso, não se arriscava a fazer novos contatos a não
ser quando necessário.
O medo da rejeição acabou causando rejeição. Seu campo
da comunicação parecia dizer: “Não se aproxime. Tenho medo do contato, porque
tenho medo de você não gostar de mim. Será menos arriscado para nós dois se
você se afastar.”
Dr.
Barrett disse a ela o que considera uma verdade absoluta sobre os seres
humanos: que estamos instintivamente dispostos a gostar das pessoas e ajudar
uns aos outros.
Seu conselho para a moça foi que ela deveria se esforçar mais
para conversar com as pessoas, incluindo estranhos, e observar o quanto elas
queriam interagir
e ser aceitas.
“Não dá para contabilizar todas as mudanças que ocorreram com
essa moça depois disso” diz ele, “mas sei que a mudança no seu campo da
comunicação foi rápida”. Na semana seguinte à sua consulta com o Dr. Barre tt,
a jovem praticamente abandonada foi convidada para sair quatro vezes.
Dr.
John Kenneth Woodham, um psicólogo de Nova Jersey, é outro estudioso do que
chama de “síndrome do solitário”. Ele concorda com a proposição de que a boa
sorte muitas vezes chega por intermédio de outras pessoas e que uma pessoa
solitária, portanto, dificilmente terá sorte na vida.
“De qualquer modo”,
afirma, “não é divertido ser solitário mesmo não levando em conta o fator
sorte. Ouvimos falar de lobos solitários que estão supostamente felizes com sua
condição, mas nunca conheci ninguém assim.
Não acho que o ser humano goste de
isolamento. É por isso que estimulo as pessoas a sair e a conversar bastante,
não só com gente conhecida, mas também com estranhos. Sobretudo estranhos.
Se
você tem medo dos outros ou tem medo de ser rejeitado, a cura mais rápida é
sair e fazer contato. Observe o que eu disse: "cura". Um psicólogo só usa essa
palavra quando está absolutamente certo do que quer dizer.
Quando você sai em
busca de outras pessoas, a troca é muito gratificante. Quanto mais experiências
desse tipo você tiver, mais gostará desses encontros.”
E
quanto mais você gostar, maiores estarão suas pupilas. Se você acha que sua
rede de contatos anda pequena demais, o conselho do Dr. Woodham seria começar
a falar com pessoas desconhecidas, aleatoriamente, sobre qualquer assunto.
Ele
ressalta um fato peculiar: que uma das maneiras mais rápidas de fazer um
estranho sorrir é pedir ajuda, mesmo que seja a mais banal possível.
Perguntar
a hora certa resulta não só em uma resposta factual, mas algo a mais: “Bem, são
quase dez e dez. Acho que a hora está certa porque acertei meu relógio pelo
rádio hoje de manhã...”
Ao acrescentar essas informações, o estranho está
dizendo que acha bom conversar com você. Os varejistas adoram quando alguém lhe
pede conselho sobre os produtos vendidos na loja.
Talvez a melhor forma de
começar uma conversa a bordo de um avião seja pedir alguma dica sobre hotéis na
cidade de destino.
Assim
começa a crescer uma rede de contatos. A grande maioria das pessoas que você
conhece o divertirá e depois sairá da sua vida, para nunca mais ser vista ou
ouvida. No entanto, algumas podem voltar para trazer boa sorte.
Um
dos pacientes do Dr. Woodham era um viúvo de meia-idade solitário cujos filhos
tinham crescido e indo embora de casa. Sua vida parou. Ele parecia temer que
ela logo acabaria.
A pedido do Dr. Woodham, o homem fez um esforço deliberado
para conversar com as pessoas com mais frequência. Uma mulher com quem ele
conversou era dona de uma loja onde ele normalmente comprava cigarro.
Ele via
essa mulher havia anos — a loja ficava na esquina onde ele pegava o ônibus para
o trabalho —, mas nunca dissera nada além de “Bom dia”, o nome da marca de
cigarro que queria e “Obrigado”.
Ele passou a fazer comentários banais sobre o
tempo, foi estimulado pela resposta simpática da senhora e lentamente aumentou
o tempo das conversas. Em poucas semanas, estavam se tratando pelo primeiro
nome e conheciam alguns detalhes triviais um do outro.
Um detalhe que ele
apresentou
ftoi que seu passatempo favorito era colecionar moedas.
Ele
passou na loja um dia de manhã e encontrou a dona ansiosamente lhe esperando.
Ela informou que uma amiga dela, que vivia nas redondezas, estava com um
problema.
O pai da amiga havia morrido, deixando uma casa antiga de herança. Em
um quarto dilapidado no porão, aparentemente esquecido pelos avaliadores da
propriedade, ela encontrara uma caixa do que pareciam ser moedas europeias
muito antigas.
Ela não tinha ideia de quanto valiam ou do que fazer com elas.
“Lembrei que você disse que era colecionador de moedas", disse a dona da
loja. “Não existem avaliadores de moedas na cidade e... bem, pensei que você
talvez pudesse...”
O
homem podia, e foi. A amiga da dona da loja era uma atraente viúva da idade
dele e também sofria com a solidão. Hoje eles estão casados.
Além
disso, a coleção de moedas européias era bem valiosa. Mas esse não é o fim da
história. A sorte, quando chega, parece que vem acompanhada por ondas
generosas.
O homem não queria a coleção europeia porque sua especialidade eram
moedas americanas, por isso sua nova esposa a vendeu. O casal usou o dinheiro
para ir para o norte do estado do Michigan, uma região que adoravam, e
resolveram alugar uma cabana à beira do lago para passar um mês de lua de mel.
Enquanto estavam lá, o homem comprou um bilhete da loteria do Michigan e ganhou
US$ 25 mil.
Postado por Dharmadhannya
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