domingo, 14 de outubro de 2018

Amizade - a estrutura da sorte dentro da teia de amigos






Uma aranha tece muitas teias para pegar moscas, e, quanto maior a teia, melhor será sua refeição. Assim acontece com aque­las pessoas que conseguem pegar a sorte.

 Em geral, com algumas exceções, as pessoas mais sortudas são aquelas que se deram ao trabalho de formar uma rede de contatos bem grande. Vamos ver por que isso acontece e como a estrutura em teia funciona.
***
O. William Battalia é um instrumento da sorte. É seu negócio e, na maioria dos casos, um prazer para ele levar a boa sorte para as outras pessoas.

 A sorte que ele oferece (quando é aceita) quase sempre tem um impacto enorme e é capaz de mudar vidas, e ele geralmente a oferece de forma repentina.

 Investe em seus alvos de sorte sem aviso prévio, como algum grande pássaro benevolente que aparece no céu azul que estava vazio momentos antes.

 Ele fre­quentemente pensa sobre as circunstâncias que o fazem escolher alguém em especial, e não outra pessoa que talvez seja igualmente merecedora.

Por trás dessas circunstâncias está a primeira das ra­zões pelas quais algumas pessoas têm mais sorte do que outras.

Bill Battalia é um recrutador executivo (ou, no jargão de negó­cios, um headhunter). Sua firma, a Battalia, Lotz & Associates, está entre as mais conhecidas de Nova York. Seus clientes são grandes empresas, bancos, agências de publicidade, organizações de serviços; a maioria deles é grande e bem conhecida, e todos são ricos.

 Quando um dos clientes tem uma vaga em nível executivo para preencher e não consegue absorver ninguém da própria empresa, Battalia é chamado. Ele recebe algumas instruções, em geral uma descrição detalhada da pessoa ideal para ocupar o cargo. 

“Preci­samos de um vice-presidente para resolver nossos problemas de vendas” dizem a ele. “A pessoa deve ter entre 40 e 50 anos; deve ter pelo menos 10 anos de experiência como gerente de vendas, com excelente histórico; 


deve ter tido experiências práticas na venda de produtos de consumo a varejistas; deve falar espanhol tão bem quanto inglês; deve ser atraente e gostar de falar para gru­pos grandes...”



Em resumo, a empresa quer oferecer uma chance de ouro de crescimento pessoal a algum funcionário ainda desconhecido. O salário e outros benefícios em geral estão acima de US$ 35 mil ao ano, e podem chegar a US$ 100 mil ou mais. 

Battalia sabe, ob­viamente, que não fará sentido algum procurar pessoas que já es­tão ganhando esse salário ou que estejam satisfeitas em termos de futuras perspectivas no emprego.

 A busca deve ser feita entre pessoas para as quais esse cargo será encarado como promoção — pessoas para quem, em geral, o encontro com ele será um golpe importante, talvez até mesmo colossal, de sorte.

“Sempre tenho certa sensação de frustração quando começo uma busca”, diz. 
“Sempre tenho a impressão de que centenas de potenciais candidatos estão espalhados pelo país em algum lugar, mas desses todos só encontrarei alguns. Na verdade, é mais do que uma sensação, é uma certeza. Algumas pessoas não estão visíveis.”

Battalia faz sua pesquisa seguindo muitos caminhos. Ele pro­cura em listas de associações profissionais. Consulta jornais de negócios e publicações especializadas, procurando por pessoas que escreveram artigos nas mais diversas áreas de especialização.

 Participa de convenções, conferências de negócios, seminários acadêmicos.

Além dissO; vale-se do telefone e de cartas, que disseminam a pergunta dele de ponta a ponta dos EUA: “Por acaso, você conhe­ce alguém que...?”

Os candidatos que ele encontrar e apresentar ao cliente serão pessoas que, de alguma forma, conseguiram sobressair. Alguns já fazem isso deliberadamente. São homens e mulheres que prestam especial atenção ao marketing pessoal em suas carreiras. 

Entram para todas as sociedades e associações que os aceitarem, enviam artigos para publicações profissionais, procuram envolver-se em qualquer tipo de apresentação pública, fazem o que podem para fazer com que seus nomes sejam sempre lembrados. 

Por trás des­sa às vezes frenética atividade está uma esperança conspícua de que serão procurados por pessoas que tenham ofertas de trabalho melhores e mais bem-pagas — pessoas como o headhunter Bill Battalia, entre outros.

“Mas de todos aqueles que consigo encontrar”, afirma Batta­lia, “somente uma pequena percentagem empreendeu deliberadas campanhas publicitárias pessoais para me ajudar a encontrá-las.

 A maioria nunca pensou muito na possibilidade de ser contatado por um recrutador. Muitas dessas pessoas de alguma forma consegui­ram se tornar conhecidas de outras pessoas, em geral, sem pensar muito a respeito. E o estilo delas. São pessoas gregárias. 

Fazem de tudo para ser simpáticas. Conversam com estranhos. São pessoas que gostam de reuniões, encontros, cumprimentos. Adoram come­çar uma conversa. O jornaleiro para essas pessoas é mais do que um conhecido. Elas sabem seu nome, quantos filhos tem e onde passou as férias. Esse é o tipo de pessoa que procuro”.



Battalia e seu ex-sócio, Jim Lotz, costumavam analisar demo- radamente a cadeia de circunstâncias que os levava a encontrar um candidato. A maior parte dos casos era cadeias de conhecidos. 

Uma história particularmente interessante é de Catherine An­drews, uma mulher que começou sua carreira profissional como secretária e, antes dos 40 anos, em virtude do repentino aparecimento de Battalia e Lotz, tornou-se diretora de um banco.

 Nes­se lance único, ela mais do que dobrou de salário e ampliou seus horizontes. Parecia um golpe de sorte absurdo. Mas a análise do histórico do caso mostrou que, sem perceber, ela criara sua pró­pria sorte.

O que torna a história dela mais interessante é o fato de que existia outra vida paralela à sua durante um bom tempo. Essa ou­tra vida era vivida por uma colega de colégio, Evelyn Taylor. Evelyn não tivera sorte na vida. Vivia na obscuridade.

 Os recrutadores souberam dela só porque Catherine Andrews por acaso mencio­nou um dia no almoço. Catherine disse: “Não sei por que a boa sorte me persegue assim. Por quê? Por que não acontece com a minha amiga Evelyn?”

As respostas para as perguntas de Catherine são longas.

Ela e Evelyn Taylor cresceram juntas em um subúrbio de Detroit. Foram amigas inseparáveis durante o ensino médio, foram juntas para a faculdade e procuraram emprego juntas. As opor­tunidades de trabalho para as mulheres eram um tanto limitadas no final da década de 1950, e ambas concluíram que sua melhor esperança para ter renda imediata era se candidatar ao cargo de secretária. 

Uma companhia de seguros contratou ambas para tra­balhar no departamento de cobrança.

Em um ano, as diferenças entre as duas começaram a afetar suas carreiras. Catherine sem dúvida era a mais simpática. Na lanchonete da empresa, na hora do almoço, ela conversava com qualquer pessoa que se aproximasse, na fila do almoço, na mesa ao seu redor.

 A empresa era grande, e os empregados não se co­nheciam direito. Catherine gostava de conversar com estranhos e descobrir coisas sobre suas vidas é suas maneiras de pensar. 

A enorme variedade de tipos humanos era uma diversão para ela, algo que a aliviava do tédio do trabalho em si. Evelyn, por outro lado, não tinha interesse algum por estranhos, a menos que fos­sem jovens atraentes.

 Enquanto Catherine conversava com todo tipo de pessoa nas mesas do restaurante, Evelyn ficava do seu lado, falava pouco e parecia entediada.

Um colega com quem Catherine começara uma dessas con­versas informais da hora do almoço era um sujeito mais velho que trabalhava no departamento de pessoal. Ele soube duas coi­sas sobre Catherine em suas conversas ocasionais: que ela esta­va entediada no seu cargo atual e que tinha idéias originais sobre maneiras práticas de ampliar as oportunidades profissionais das mulheres.

 Ele cruzou com ela pelo corredor um dia, pareceu ter uma ideia repentina e parou para conversar. Abrira uma vaga no departamento de pessoal. Se ela estivesse interessada, ele poderia ver se conseguia a sua transferência.

Era um trabalho de secretária também, mas tinha algumas características interessantes. Na época, a empresa estava preocu­pada com as altas e crescentes taxas de rotatividade entre as mu­lheres.

 Tomaram a decisão de entrevistar cada mulher que pedia demissão e, se possível, descobrir quais eram suas críticas e.como o trabalho poderia ter sido mais atraente para ela.


 A vaga no de­partamento de pessoal incluía a responsabilidade de conduzir es­sas entrevistas.

Catherine aceitou. Para Evelyn, ainda no setor de contabilida­de, pareceu que a transferência fora um golpe de pura sorte. Ca­therine também achou. “A oportunidade veio de alguém que eu mal conhecia”, pensou anos depois. Sim, foi sorte.

 Mas ela tinha se colocado em uma posição de receber essa sorte tornando-se co­nhecida por muitas pessoas. Ela não tinha como saber de antemão quais dessas pessoas lhe dariam alguma chance, ou quando ou de que forma seria.

 No entanto, ao criar uma rede de contatos, uma teia com muitos fios, tinha aumentado as chances estatísticas de que algo por fim acontecesse.

Depois de dois anos no cargo, Catherine conseguiu se liber­tar do que chama de “armadilha de secretária” e assumiu outras responsabilidades. Tornou-se entrevistadora em horário integral, conversando com empregados que partiam e candidatos a emprego. 

Alguns anos mais tarde, por meio do processo normal de promoção, tornou-se diretora adjunta de pessoal. Por escolha e atribuição, suas principais áreas de responsabilidade eram lidar com problemas especiais e ampliar as perspectivas profissionais das mulheres na empresa.

Embora tenha achado difícil, uma das funcionárias que ela entrevistou foi Evelyn, uma entrevista de saída. Evelyn havia en­contrado outro emprego de secretária, mas que pagava melhor. Não tivera nenhuma onda desorte na vida. Tinha se casado e se divorciado. Hoje ela continua trabalhando como secretária.

Catherine quase casou, em duas oportunidades, na década de 1960, mas nos dois casos desistiu porque previu que haveria confli­tos entre sua carreira e o futuro marido. A carreira dela continuou a ser abençoada pela boa sorte. Um dia, o telefone tocou. Uma voz masculina disse: “Sra. Andrews? Meu nome é Bill Battalia...”

Como e por que Battalia chegara até ela? É uma história in­trigante.
O cliente de Battalia, um banco, precisava de uma diretora para o departamento de pessoal e estava disposto a pagar bem pela pessoa certa. O banco vinha passando por dificuldades bem de­sagradáveis e custosas advindas de questões envolvendo discrimi­nação sexual entre os empregados.

 As instruções de Battalia eram para que encontrasse um executivo experiente que, entre outras habilidades, tivesse domínio completo dos direitos trabalhistas das mulheres e tivesse demonstrado capacidade de atender às ne­cessidades das mulheres sem aborrecer os homens.

 Uma fonte de informações contatada por Battalia era uma professora universitá­ria que escrevera sobre seus problemas em uma publicação acer­ca das relações trabalhistas. Quando Battalia explicou a ela o que procurava, a professora pareceu pessimista im começo. “A maioria dos meus contatos está no mundo acadêmico”, afirmou. “Pessoas como eu. 


Talvez eu conheça muito os problemas, mas quanto à experiência prática que você está procurando...” A professora fez uma pausa e, de repente, disse: “Ala! Acabei de lembrar que con­versei com uma mulher aqui na semana passada.

 Tivemos um se­minário sobre direitos trabalhistas e problemas relacionados ao trabalho. Tivemos uma boa participação de gente das empresas. Essa moça era de uma empresa perto de Detroit, acho, e me falou sobre algumas inovações interessantes que estava desenvolvendo no seu trabalho. Deixa ver se consigo me lembrar o nome dela...”

O nome da moça era Catherine Andrews. Ela tinha participa­do do seminário como parte de um programa de educação contí­nua.

 Fiel ao seu próprio estilo, Catherine conversara com todas as pessoas ao seu alcance. Tinha falado com a professora numa noite quando as duas estavam atravessando o pátio rumo ao mesmo au­ditório.

 Ela contara sobre o sucesso que estava tendo ao reduzir a rotatividade na empresa pela metade por meio de um sistema de entrevistas informais na hora do almoço, reuniões para expor queixas de todo tipo e outras técnicas. 

A professora ficara interes­sada, ao mesmo tempo encantada e envolvida pela simpatia contagiante de Catherine.

Foi apenas mais um contato para Catherine Andrews; mais um de centenas de outros que ela estabelece normalmente todos os anos. Ela não podia imaginar que a sorte grande chegaria por intermédio dessa desconhecida professora universitária. Mas, se não tivesse sido pelo seu hábito de falar com todo mundo, a sorte nunca teria encontrado Catherine.

Se você espera esbarrar em alguma oportunidade de ouro por in­termédio de um estranho, de um conhecido ou de um amigo de um amigo, a verdade ilustrada pela história de Catherine Andrews parece óbvia.

 Quanto maior sua teia de contatos amigos, maio­res serão as chances a seu favor. Não há como saber que raio de boa sorte está sendo preparado agora mesmo por algum distante mecanismo do destino. 

Não há como saber que complexa interconexão de relacionamentos humanos guiará o raio em sua direção. Mas há como saber, com certeza, que a probabilidade de você ser atingido pelo raio é diretamente proporcional ao número de pes­soas que sabem o seu nome.

Parece óbvio. Ainda assim para muitas pessoas, talvez para a maioria delas, não é. Não é mesmo óbvio para algumas das próprias pessoas agraciadas pela sorte. Catherine Andrews é um exemplo tí­pico. 

Seu hábito de conversar com todo tipo de gente que cruza seu caminho não foi deliberadamente desenvolvido para trazer sorte. Ela fazia contato com as pessoas pelo contato em si. Ela simples­mente gostava. Só em retrospecto ela percebeu que esse era o prin­cipal canal pelo qual a sorte grande fluía em sua vida.

Kirk Douglas e Charlie Williams, são semelhantes nesse aspecto. Nenhum dos dois parou para pensar se deveria ou não criar uma rede de contatos para ter boa sorte. A grande chance de Douglas, aquela que o tirou da obs­curidade e abriu as portas para sua carreira espetacular, veio por intermédio de um contato anterior com a então desconhecida atriz chamada Lauren Bacall. 


Ela era apenas uma das muitas pes­soas que o gregário jovem ator conhecia. Com sua simpatia, ele aumentou as chances de encontrar alguém como Lauren Bacall — alguém cuja própria boa sorte poderia mais tarde se traduzir em boa sorte para Kirk Douglas.

 O pobre Charlie Williams, por outro lado, era um inveterado solitário com pouquíssimos con­tatos amigáveis. A probabilidade de ele ser agraciado com a sorte por intermédio de outra pessoa era extremamente pequena.

O Dr. Stephen Barrett, de Allentown, estado da Pensilvânia, é um psiquiatra que analisou bastante a diferença entre os sortudos e os azarados. Ele acredita que as pessoas de sorte são um grupo que não só tem jeito, mas o hábito de iniciar contatos amigáveis com frequência. 

Também são pessoas com certo magnetismo que as torna alvo de simpatia de outras pessoas. Dr. Barret chama esse magnetismo de “campo da comunicação  empatico... Parece dizer: ‘Venha falar comigo, seremos bons amigos’”.

Muitas das pacientes do Dr. Barrett são adolescentes e univer­sitárias. Durante muitos anos, ele ficou intrigado com o “fenôme­no das moças sem namorado” — um fenômeno que é familiar em todos os grupos de jovens, mas que poucos conseguem explicar.

 A menina que nunca é convidada para sair talvez seja tão inteligente e bonita quanto as amigas mais socialmente ativas — na verdade, em alguns casos, ela pode estar entre as mais atraentes do local. 

De modo superficial, sua condição solitária pode parecer um caso aleatório de falta de sorte — o rapaz certo ainda não apareceu — ou ser atribuída às circunstâncias à sua volta: pertencer ao grupo errado ou ter uma mãe rigorosa demais.

Todavia, segundo Dr. Barrett, a causa do problema está no seu jeito — um campo da comunicação — que assusta os rapazes, deixam-nos desconfortáveis e os afastam.

 “Esse mesmo campo da comunicação pode afastar as outras meninas também. Ela pode ser uma pessoa totalmente solitária — mas para ela o desconcertante nisso tudo é que ela não quer ser solitária nem entende por que está nessa condição. Já atendi muitas moças assim no meu consultório.”

Em que consiste esse campo da comunicação? Dr. Barrett acre­dita que pode haver centenas de componentes:

 expressões faciais, posturas do corpo, tons de voz, escolha de palavras, maneiras de usar os olhos e sustentar a cabeça. Esse grupo de maneirismos é difícil de analisar isoladamente, mas o eleito total é visível para as outras pessoas.



 “Todos sabemos instintivamente se alguém gosta ou não da gente”, afirma o Dr. Barrett. “Sabemos quando alguém é simpático ou não, caloroso ou frio. Podemos encontrar um estra­nho completo e saber em apenas alguns segundos se esse estranho quer ou não passar mais tempo com a gente. 

Em geral, as pessoas que são consideradas sortudas — pessoas a quem oportunidades são oferecidas o tempo todo — são aquelas cujo campo da comu­nicação é convidativo e confortável”.

Apesar de algumas tentativas recentes de analisar a “linguagem corporal” e reduzi-la a uma ciência, não é possível fingir um campo da comunicação amigável. 

Não importa a largura do seu sorriso ou quanto suas palavras são carinhosas, as pessoas conseguem identi­ficar rapidamente qualquer sinal de falsidade. Elas não sabem ex­plicar como, mas terão certeza de suas conclusões.

 Essa é uma das primeiras lições que todos os vendedores profissionais aprendem. Tom J. Watson, fundador da IBM e provavelmente um dos vende­dores mais brilhantes da história do planeta, costumava passar esta lição para os jovens recrutas:

 “Se você não gostar genuinamente do seu cliente, são grandes as chances de ele não comprar com você.” 

Parecia um conselho tolo e simplista para alguns dos aprendizes mais sofisticados, e alguns ficavam cansados de ouvi-lo e pediam demissão — que era a intenção de Watson desde o princípio.

 Todo vendedor de sucesso considera o conselho de Watson uma verdade absoluta. Se você não gosta de estranhos, não adianta fingir, porque nada conseguirá ocultar esse fato e você não terá muito futuro como vendedor.

Um motivo pelo qual a falsidade não faz sucesso,, é que pelo menos alguns elementos do seu campo da comunicação não estão sob controle voluntário. O tamanho das suas pupilas, por exem­plo. Dr. Eckhard Hess, um psicólogo da Universidade de Chicago, vem estudando esse fenômeno específico há anos.


 Ele considera que o tamanho das pupilas não é afetado unicamente pela intensi­dade da luz, mas pelo fato de você gostar ou não do que está fazen­do. Quando você olha para algo ou alguém de quem gosta, suas pupilas dilatam. Quando você não gosta do que vê, as pupilas se contraem. 

Hess acredita que essa mudança de tamanho é um dos sinais mais reveladores que as pessoas enviam e recebem umas das outras, inconscientemente. Os olhos, é claro, estão entre os ins­trumentos de comunicação mais importantes. Falamos sobre os olhos com adjetivos como calorosos, brilhantes, cortantes, frios e assim por diante. Dr. Hess acredita que fazemos esses julgamen­tos emocionais unicamente com base no tamanho das pupilas. 

Se você conversar com alguém e suas pupilas estiverem pequenas, você talvez seja considerado uma pessoa antipática, mesmo que esteja com um largo sorriso estampado no rosto.

Como você não pode andar por aí com colírio para dilatar as pupilas, e como outros elementos do seu campo da comunicação sem dúvida também são difíceis de esconder, o que pode ser feito no caso de seu campo precisar de ajustes?

 Conselho do Dr. Barrett: “É mais fácil mudar do que se pensa. Certamente não há ne­cessidade de fingir.”

Ele conta a história de uma universitária que o procurou por­que estava deprimida com o que parecia ser uma condição de so­lidão crônica. “Ela tinha um lindo rosto”, lembra o Dr. Barrett. “Se você tivesse visto uma foto dela no livro do ano da faculdade, teria pensado que a moça deveria ser a mais disputada entre os rapazes. Mas não era esse o caso. Ela se sentia sozinha. Sentia-se uma foras­teira que não fazia parte do grupo.”

Ela e o Dr. Barrett conversaram sobre seus sentimentos em re­lação às outras pessoas. Esses sentimentos, como o de todo mun­do, eram complexos. O Dr. Barrett, psiquiatra honesto que é, não tenta encontrar uma explicação simplificada para eles.

 Mas, nesse caso, alguns dos fatos essenciais pareciam ser que ela temia a re­jeição, ela temia ouvir que não gostavam dela, ou que não era que­rida, e, por isso, não se arriscava a fazer novos contatos a não ser quando necessário. 

O medo da rejeição acabou causando rejeição. Seu campo da comunicação parecia dizer: “Não se aproxime. Te­nho medo do contato, porque tenho medo de você não gostar de mim. Será menos arriscado para nós dois se você se afastar.”

Dr. Barrett disse a ela o que considera uma verdade absoluta sobre os seres humanos: que estamos instintivamente dispostos a gostar das pessoas e ajudar uns aos outros.

 Seu conselho para a moça foi que ela deveria se esforçar mais para conversar com as pessoas, incluindo estranhos, e observar o quanto elas queriam interagir e ser aceitas.

 “Não dá para contabilizar todas as mudanças que ocorreram com essa moça depois disso” diz ele, “mas sei que a mudança no seu campo da comunicação foi rápida”. Na semana seguinte à sua consulta com o Dr. Barre tt, a jovem praticamente abandonada foi convidada para sair quatro vezes.


Dr. John Kenneth Woodham, um psicólogo de Nova Jersey, é outro estudioso do que chama de “síndrome do solitário”. Ele concorda com a proposição de que a boa sorte muitas vezes chega por intermédio de outras pessoas e que uma pessoa solitária, por­tanto, dificilmente terá sorte na vida.

 “De qualquer modo”, afirma, “não é divertido ser solitário mesmo não levando em conta o fator sorte. Ouvimos falar de lobos solitários que estão supostamente felizes com sua condição, mas nunca conheci ninguém assim.

 Não acho que o ser humano goste de isolamento. É por isso que esti­mulo as pessoas a sair e a conversar bastante, não só com gente conhecida, mas também com estranhos. Sobretudo estranhos.

 Se você tem medo dos outros ou tem medo de ser rejeitado, a cura mais rápida é sair e fazer contato. Observe o que eu disse: "cura". Um psicólogo só usa essa palavra quando está absolutamente cer­to do que quer dizer. 

Quando você sai em busca de outras pessoas, a troca é muito gratificante. Quanto mais experiências desse tipo você tiver, mais gostará desses encontros.”

E quanto mais você gostar, maiores estarão suas pupilas. Se você acha que sua rede de contatos anda pequena demais, o con­selho do Dr. Woodham seria começar a falar com pessoas des­conhecidas, aleatoriamente, sobre qualquer assunto. 

Ele ressalta um fato peculiar: que uma das maneiras mais rápidas de fazer um estranho sorrir é pedir ajuda, mesmo que seja a mais banal possí­vel. 

Perguntar a hora certa resulta não só em uma resposta factual, mas algo a mais: “Bem, são quase dez e dez. Acho que a hora está certa porque acertei meu relógio pelo rádio hoje de manhã...”

 Ao acrescentar essas informações, o estranho está dizendo que acha bom conversar com você. Os varejistas adoram quando alguém lhe pede conselho sobre os produtos vendidos na loja. 

Talvez a melhor forma de começar uma conversa a bordo de um avião seja pedir alguma dica sobre hotéis na cidade de destino.

Assim começa a crescer uma rede de contatos. A grande maio­ria das pessoas que você conhece o divertirá e depois sairá da sua vida, para nunca mais ser vista ou ouvida. No entanto, algumas podem voltar para trazer boa sorte.



Um dos pacientes do Dr. Woodham era um viúvo de meia-ida­de solitário cujos filhos tinham crescido e indo embora de casa. Sua vida parou. Ele parecia temer que ela logo acabaria.

 A pedido do Dr. Woodham, o homem fez um esforço deliberado para con­versar com as pessoas com mais frequência. Uma mulher com quem ele conversou era dona de uma loja onde ele normalmente comprava cigarro. 

Ele via essa mulher havia anos — a loja ficava na esquina onde ele pegava o ônibus para o trabalho —, mas nun­ca dissera nada além de “Bom dia”, o nome da marca de cigarro que queria e “Obrigado”.

 Ele passou a fazer comentários banais sobre o tempo, foi estimulado pela resposta simpática da senhora e lentamente aumentou o tempo das conversas. Em poucas sema­nas, estavam se tratando pelo primeiro nome e conheciam alguns detalhes triviais um do outro.

 Um detalhe que ele apresentou 
ftoi que seu passatempo favorito era colecionar moedas.
Ele passou na loja um dia de manhã e encontrou a dona an­siosamente lhe esperando. Ela informou que uma amiga dela, que vivia nas redondezas, estava com um problema.

 O pai da amiga havia morrido, deixando uma casa antiga de herança. Em um quarto dilapidado no porão, aparentemente esquecido pelos avaliadores da propriedade, ela encontrara uma caixa do que pa­reciam ser moedas europeias muito antigas. 

Ela não tinha ideia de quanto valiam ou do que fazer com elas. “Lembrei que você disse que era colecionador de moedas", disse a dona da loja. “Não existem avaliadores de moedas na cidade e... bem, pensei que você talvez pudesse...”

O homem podia, e foi. A amiga da dona da loja era uma atraente viúva da idade dele e também sofria com a solidão. Hoje eles estão casados.
Além disso, a coleção de moedas européias era bem valiosa. Mas esse não é o fim da história. A sorte, quando chega, parece que vem acompanhada por ondas generosas.

 O homem não que­ria a coleção europeia porque sua especialidade eram moedas americanas, por isso sua nova esposa a vendeu. O casal usou o dinheiro para ir para o norte do estado do Michigan, uma região que adoravam, e resolveram alugar uma cabana à beira do lago para passar um mês de lua de mel. Enquanto estavam lá, o homem comprou um bilhete da loteria do Michigan e ganhou US$ 25 mil.
Postado por Dharmadhannya




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