Existe
música sempre que existe harmonia, ordem ou proporção: e em alto grau podemos
manter a música das esferas.
-
THOMAS BROWN
O
SOM, que cria mundos, pode atrair as pessoas para você, expandir seu carisma
pessoal. Seu efeito pode ser irresistível e dramático, e quando você vibra de
acordo com um comprimento de onda, você atrai irresistivelmente as pessoas.
“Sim,
mas a nossa voz já não está conosco desde que nascemos?” pergunta você. Sim e
Não! A maioria das pessoas não usa efetivamente todo o poder e o alcance da sua
voz.
Curiosamente,
esta afirmação aplica-se inclusive aos cantores de ópera, uma vez que a voz com
que cantam é frequentemente tão mais harmoniosa e interessante, que é difícil
imaginar que se trate da mesma pessoa.
Fiquei
perplexa ao descobrir, tanto no meu curso para jovens cantores quanto na
Manhattan School of Music em Nova York (que eu, um tanto ou quanto
excentricamente, chamei de Como Representar, Ainda que Cantando), que com frequência
os jovens cantores usavam uma voz fraca e enfadonha, independente do quão
harmoniosa e esplêndida fosse sua voz.
Este fato era ainda mais verdadeiro no que
dizia respeito às moças, possivelmente porque seu condicionamento anterior como
mulheres era talvez mais poderoso do que seu treinamento como cantoras. Era
quase como se elas estivessem ocultando a totalidade do seu talento.
Muitas
pessoas disseram-me que, quando crianças, fora-lhes recomendado que não
falassem alto, que não erguessem a voz, e, no caso das meninas, que se
comportassem “como uma dama”.
Do
mesmo modo como um poeta pode ser ousado nos seus versos, porém ter um medo
terrível de expressar em voz alta seus sentimentos, muitas das cantoras têm a
sensação instintiva de que é socialmente aceitável cantar vigorosamente, porém
inadequado ou perigoso usar a totalidade da sua voz na vida do dia-a-dia.
Não
são apenas as mulheres que são programadas para serem quietas e modestas; a
maioria das crianças também é bastante pressionada pela sociedade a não “se exibir”.
Uma
vez que começamos a reprimir a expressão dos nossos sentimentos, nossa voz
também se recolhe.
A espontaneidade natural das crianças é
refreada, algumas vezes de um modo permanente. Suas vozes tornam-se cuidadosas,
monótonas, com muito pouco alcance e colorido.
Aquilo
que soa “normal” para você é em grande parte o que você está acostumado a
ouvir.
E por isso que tantas pessoas ficam chocadas
quando escutam pela primeira vez a própria voz num gravador. “Mas minha
inflexão de voz não pode ser assim tão horrível!”
A
não ser que você já tenha treinado a voz ou a fala, a maneira como você fala
provavelmente reflete com bastante precisão os padrões de linguagem do lugar
onde você foi criado e das pessoas com quem conviveu, sua família e seus
colegas
.
Não estou me referindo apenas à maneira como você pronuncia as palavras, e sim
à questão bem mais sutil da inflexão, do alcance, da velocidade e do tom da sua
voz.
A maioria dos americanos tem sido exposta ao
sotaque padrão do “meio-atlân- tico” tanto no rádio quanto na televisão. Mesmo
assim, sua voz reflete seu lar de origem, sua formação escolar, e a fala das
pessoas com quem passaram a maior parte do tempo.
As
pessoas frequentemente me procuram para me pedir que eu faça que elas percam um
sotaque regional ou estrangeiro.
Quase
todos os estrangeiros estão conscientes da sua fala, e não percebem que os
americanos de um modo geral ficam encantados com um sotaque estrangeiro — desde que
consigam compreender o que está sendo dito.
No
caso do sotaque estrangeiro, existe uma certa hierarquia subliminar de
preferência. Os sotaques inglês, francês e sueco são em geral considerados mais
atraentes do que o espanhol, o italiano e o alemão.
Como
George Orwell escreveu em Animal Farm, todo mundo é igual — apenas
alguns são mais iguais do que outros.
As pessoas do sul declararam sentir que
as do norte não as consideravam inteligentes quando falavam em seu ritmo
habitual.
Uma pessoa com um forte sotaque do Brooklyn ou
de Nova Jersey poderá parecer provinciana, “burra”, ou vulgar. Um sotaque
mexicano na Califórnia, um porto-riquenho em Nova York, um sotaque negro — em
qualquer lugar — pode desencadear o preconceito.
Algumas vezes a preferência muda. A partir do
mandato presidencial de Carter, o sotaque sulista tornou-se mais aceitável;
podemos até escutar um comentarista ou repórter com uma leve pronúncia sulista,
o que acrescenta uma diversidade agradável à nossa sociedade cada vez mais
homogênea. Seria lamentável se todas as diferenças regionais fossem eliminadas.
Os
artistas que encenam os comerciais têm plena consciência de que os
patrocinadores adoram um sotaque do Meio-Oes- te.
Eles
sentem que a maioria dos clientes está lá no coração do país, e os comerciais
devem agradá-los soando como eles. Oh, é claro que existem alguns personagens
nos comerciais que são de outras partes do país, mas, de um modo geral, o
sotaque do Meio-Oeste continua a ser o preferido nos comerciais, especialmente
nos que promovem as virtudes do sabão e dos produtos de limpeza.
Quando
fui para o Bennington College, me vi exposta pela primeira vez ao sotaque
nasal, meio britânico, da classe alta da costa leste.
Meus
colegas, com aquele assombroso (para mim) arrastar nasal, haviam, sem exceção, frequentado
o pequeno círculo exclusivo das escolas particulares, e chamavam uns aos outros
de “Stokie” ou “Smithie”.
Embora todos usassem calças jeans, a
segregação sutil decorrente dos padrões da fala era praticamente automática e
inevitável.
Na
Inglaterra, as distinções de classe baseadas na fala ainda são bastante
rígidas. Muitos jovens da classe trabalhadora que recebem bolsas de estudo para
frequentar as escolas públicasestão amargamente conscientes de que a fala é um
dos fatores que separam os “ins” dos “outs”.
Este
preconceito foi de certa forma derrubado a partir da época de Twiggy e dos
Beatles. A valiosa assimilação de talentos oriundos das classes menos
favorecidas da sociedade inglesa tornou a pronúncia de Liverpool, Birmingham e
Manchester mais conhecida de todo mundo — e respeitável.
Até
mesmo o dialeto cockney está mais aceito. Ainda assim, não é provável
que as pessoas de Liverpool fossem muito bem aceitas, mesmo hoje em dia, na
diretoria de uma importante empresa — a não ser que fossem as donas dessa empresa!
Nos
Estados Unidos, alguns círculos consideram “afetada” a fala clara do
meio-atlântico. Não obstante, vários dos meus alunos, determinados a subir na
vida “melhorando a maneira de falar”, conseguiram transformar, com sucesso, seu
estilo de fala, e estão muito felizes com a oportunidade que isso lhes deu de
ingressar em círculos anteriormente fechados para eles.
Alterar
a pronúncia requer uma alta motivação, muita perseverança e um bom ouvido. A
coisa fica mais difícil se você estiver rodeado de pessoas que falam da maneira
como você não quer falar.
Elas
poderão pensar que seu desejo de mudança indica que você as está criticando, e,
sutilmente ou não, procuram desestimulá-lo. No entanto, algumas almas
valorosas conseguem realizar essa proeza.
Diane
L., uma jovem e encantadora aeromoça, tinha o hábito de sair de motocicleta com
o namorado em seus dias de folga.
Certo
dia, vestida com seus trajes costumeiros de motociclista, composto de um short
curto e uma suéter esportiva, ela resolveu que seria divertido jantar num
restaurante elegante de um bairro residencial pelo qual haviam acabado de
passar.
“Entramos
no restaurante”, contou-me ela, encantada, “e eu pude vê-los preparando-se para
me dizer: ‘Sinto muito, mas não podemos servi-los.’ Mas simplesmente agi como
se ali fosse meu lugar.
Usando minha nova voz e maneira de falar, eu
lhes disse que gostaríamos de jantar. Eles nos encaminharam até uma mesa e
agiram de uma forma extremamente respeitável durante todo o jantar. Foi
formidável!
Acho que eles imaginaram que se eu não fosse
uma pessoa importante não teria tido a audácia de entrar no estabelecimento
vestida daquela maneira!”
Obtenha
mais uma demonstração:
As
pessoas efetivamente vão ao encontro das suas expectativas.
De
acordo com as respostas ao questionário do Carisma, 90% das pessoas achavam que
a voz era um dos elementos importantes do carisma; 89% acrescentaram que a eloquência
também era provavelmente um importante elemento.
A maioria dos americanos, conscientemente ou
não, considera o sotaque inglês mais elegante e eloquente. A famosa atriz e
professora de arte dramática, Stella Adler, estava fazendo compras numa
elegante loja da Quinta Avenida quando alguém lhe perguntou:
“Desculpe perguntar, você é inglesa?” Ao que
a ilustre senhora respondeu altivamente: “Não, minha querida, apenas afetada!”
Meu
amigo e consultor inglês afirma que, de um modo geral, os homens de negócios
americanos tendem a ter uma voz extraordinariamente monótona e desinteressante.
Algumas pessoas, mesmo quando falam sobre algo
que lhes interessa, soam como se estivessem dando instruções sobre alguma coisa
(“Pegue para mim uma dúzia de caixas n- 10 Al”).
Além
de obedecerem às mensagens de que não devem se exibir, muitos homens de
negócios esforçam-se bastante para parecer “profissionais”.
As associações de profissionais liberais —
engenheiros, advogados, planejadores urbanos, médicos, arquitetos, profissões
sem dúvida voltadas para o cérebro esquerdo — estão repletas de pessoas que
falam praticamente sem nenhuma inflexão de voz.
Sua fala é tão desinteressante que eles fazem
com que a audiência durma. Em todo o país, as instituições de caridade, as
fraternidades e as organizações acadêmicas estão cheias de oradores que morrem
de medo de falar em público e que não aprenderam a fazê-lo bem.
Segundo
um estudo realizado em mais de três mil pessoas em todos os Estados Unidos, 41%
tinham mais medo de falar em público do que de qualquer outra coisa!
Num
estudo britânico elaborado pelo The London Sunday Timesy as
mulheres entrevistadas tinham muito mais medo do que os homens. O medo de
morrer estava em sétimo lugar da sua lista, na frente apenas do medo de voar e
da solidão, e depois do medo da altura, dos insetos, dos problemas financeiros,
das águas profundas e da doença.
Você
tem pavor de falar em público? Se a resposta for sim, marque seus motivos:
1.
Poderei fazer
papel de bobo.
2.
Vou esquecer
o que queria dizer.
3.
As pessoas
não vão me escutar.
4.
Minha voz vai
fraquejar.
5.
As pessoas
vão descobrir que não sou tão brilhante quanto elas pensam.
6.
Não serei
capaz de me expressar com clareza (item relacionado com o item 1.)
7.
Outro motivo
não mencionado.
O Poder
Instantâneo de Persuasão
Todos
parecemos maravilhosos quando estamos entusiasmados com alguma coisa. Faça
então agora uma lista de dez coisas que você gosta de dizer. Se não
estiver bem certo, feche os olhos, respire profundamente, e procure lembrar-se
da última vez em que se divertiu. O que você disse?
Frases
do tipo:
1.
Diverti-me
bastante.
2.
Eu te amo.
3.
Isto é
formidável.
4.
Você está
errado!
5.
Terminei o
trabalho.
6.
Isto é bom.
7.
Acho que eu
sou o próximo.
8.
Vá para o
inferno!
9.
Me dá um
beijo!
10.
Seu idiota!
11.
Sou capaz de
fazer isso.
12.
Eu o vendi!
13.
Adoro este
restaurante.
Faça
sua própria lista.
Diga
as frases em voz alta e com entusiasmo. A propósito, todos estes exemplos foram
frases que vários alunos escolheram durante os seminários.
Faça
agora uma relação de dez coisas que você detesta dizer! Como por exemplo:
1.
Diverti-me
imensamente.
2.
Eu te amo.
3.
Isto é
formidável.
4.
Você está
errado.
5.
Eu estou
errado.
6.
Sinto muito.
7.
Me dê um
beijo.
8.
Seu idiota!
9.
Será que você
pode me ajudar?
10.
Não quero
mais ver você.
11.
Vou ter que
arrasar você.
12.
Você não está
entendendo o que estou querendo dizer.
13.
Não
compreendo.
14.
Não posso
fazer isso.
15.
Outros.
Elabore
sua própria relação. Você já deve ter percebido que muitas frases constam das
duas listas! Algumas pessoas adoram dizer coisas que outras acham difícil. Esta
é uma lista altamente pessoal e profundamente importante para você. Você poderá
ficar surpreso com algumas das frases que escolher!
A
Frase Prioritária de Prazer
Escolha
agora na primeira lista a frase que você consegue dizer com mais prazer e
entusiasmo. Repita-a várias vezes cada vez com mais sentimento.
Repare em que ponto você começa a se sentir
tolo ou a ter o sentimento de que está forçando a situação. Volte então ao
ponto imediatamente anterior e retome a total expressividade daquele momento.
Se
você achar que está perdendo o sentimento original e a
sensação
de prazer, pare. Feche os olhos e veja-se novamente na situação, na ocasião e
no lugar em que disse a frase pela primeira vez.
“Vá
fundo.” Você acha mais difícil dizer coisas positivas do que negativas?
Pratique então o Grande Uau! Você acha difícil dizer coisas negativas? Precisa
ficar mais ousado, fazendo os exercícios de coragem (do capítulo 11). Dentre as
frases agradáveis, qual você mais gosta de dizer?
Agora
que já identificou a Frase Prioritária de Prazer, repita-a e observe como ela soa
e o que você sente quando a pronuncia.
Aumente progressivamente o prazer; observe o
quanto você consegue aumentá-lo sem perder o prazer genuíno.
O que seu rosto
está fazendo? Seus olhos? Sua voz? Apegue-se à imagem da sua experiência feliz
de quando você disse a frase pela primeira vez.
Veja
a si mesmo naquela ocasião. Seja capaz de reproduzir o tom da sua voz, o piscar
dos olhos, o entusiasmo que você sentiu.
“Mas
isso me daria a sensação de estar representando”, diz você.
Não
é representar. É voltar a atuar ou reapresentar.
Pratique
durante vários dias. Dedique também algum tempo a tentar detectar novas frases
de prazer no decorrer do dia. Registre-as por escrito e desfrute-as, amplie-as.
Sua lista:
1.
2.
3.
1.
etc.
Qualquer
coisa que se torne consciente torna-se uma ferramenta utilizável
para uma maior expressividade.
Experimente
diferentes maneiras de expressar o prazer. Varie o tom, a altura, a inflexão e
a velocidade da sua voz.
Experimente
fazê-lo num gravador. Observe outras pessoas manifestando prazer: seu filho,
seus amigos, estranhos, pessoas na televisão. Veja se consegue compreender a
expressão delas. Como você se sentiría com essa expressão? Você começará a
explorar expressões que nunca usou antes.
Primeira parte.
Postado por Dharmadhannya
Nenhum comentário:
Postar um comentário