sexta-feira, 29 de junho de 2018

Depressão adolescentes e crianças




  • Imagem relacionada
ADOLESCENTES E CRIANÇAS COM DEPRESSÃO: DICAS E SINAIS DE ALERTA
Vamos dar mais atenção e cuidado aos adolescentes?
Há poucos dias, uma notícia sobre o suicídio de três alunos do ensino médio de dois colégios tradicionais de São Paulo, num intervalo de poucos dias entre eles, chocou a todos e chamou atenção de pais e educadores. Se a morte é um assunto difícil, quando é provocada pelo indivíduo, pega a todos desprevenidos. Sendo este jovem, a dificuldade de aceitá-la é ainda maior.

O suicídio ainda é tabu, algo difícil de ser compreendido e cercado de preconceito, pois há quem o julgue ato de covardia. Nem as religiões absolvem quem o comete, independentemente do motivo, ele é considerado pecado no cristianismo, no judaísmo e no islamismo. Não há perdão para o suicida.

Os casos de suicídio têm aumentado no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, foram 722 mortes em 2015, na faixa etária de 15 a 19 anos. No mundo, o suicídio é a segunda causa de mortes de jovens. 

Se os motivos para uma pessoa cometer um ato tão definitivo muitas vezes permanecem desconhecidos, sabe-se que a depressão é um fator importante. A notícia de uma morte autoinflingida traz perguntas, e uma delas diz respeito a como a pessoa estava se sentindo: triste, sozinha, desesperançada? Deprimida? Por que desistiu de tudo?

 E que sofrimentos um adolescente pode ter que expliquem um ato radical?

Na realidade, a depressão, ao contrário do que se pensa, atinge todas as idades, mas, em indivíduos jovens, pode ser confundida com problemas de comportamento, birra ou mau humor. 

Em crianças, pode se originar de situações estressantes como conflitos familiares (separação), abuso físico e/ou emocional, morte de pessoa querida ou do animal de estimação, mudança de rotina (escola, casa) e bullying. 

A adolescência, que é uma fase de grandes mudanças, potencializada pelo turbilhão hormonal, envolve rebeldia, com a busca por autoafirmação e afastamento dos pais.


A atração pelo risco e por aventuras, por experimentar, quebrar regras e testar limites, ser legal ou ser aceito por um grupo, pode significar muita pressão para alguns jovens. Os mais tímidos sofrem com a dificuldade de encontrar uma turma e se encaixar nela, e podem se tornar mais inseguros e retraídos.

 Crescer nunca foi tão difícil.
Crianças e adolescentes às vezes têm dificuldade de expressar pensamentos ou sentimentos, por vergonha, culpa ou angústia, decorrente da imaturidade emocional, própria da idade.

 A família e a escola devem prestar atenção aos primeiros sinais de que o comportamento não é apenas uma fase. E procurar ajuda profissional, se necessário. Como diz o ditado popular, prevenir é melhor que remediar.

Sinais de alerta em crianças com idades entre 2 e 12 anos:
Manifestação de tristeza no rosto (ausência de sorrisos) e no corpo (ombros caídos); parar de brincar, seja sozinha ou com os coleguinhas;

 sonolência constante; birras e irritabilidade frequentes; muito choro e sensibilidade exagerada; diminuição ou falta de apetite; dificuldade para dormir ou sono agitado com queixa de pesadelos; dificuldade de se separar dos pais ou cuidadores; queda de rendimento na escola; 

regressão nos estágios desenvolvimento (como fazer xixi na cama e não controlar as fezes); sentimento de inferioridade (percebidos em comentários do tipo "Não sei fazer nada" ou "Ninguém gosta de mim").

Dicas para lidar com estas situações:
Respeitar os sentimentos da criança, demonstrando compreensão e empatia; incentivar a criança a fazer as atividades que apreciava e a brincar com os coleguinhas, mas sem pressão; elogiar e dar atenção à criança; cuidar de sua alimentação e do seu descanso, incentivando uma rotina saudável.

Sinais de alerta em adolescentes:
Tristeza e choro constante; problemas de memória e de concentração, queixas de cansaço; alterações do sono; variações bruscas de humor; apatia, desinteresse ou falta de prazer em atividades rotineiras, antes apreciadas, como praticar esportes ou ir ao shopping;

 perda ou ganho de peso (perda de apetite ou episódios de excessos, principalmente de comidas de conforto); evitação social, condutas antissociais e destrutivas, abuso de álcool e drogas e aparecimento de marcas de queimaduras e cortes (sinais de autolesão).

Dicas para lidar com estas situações:
Apoiar e incentivar o jovem a fazer atividades prazerosas que o tirem do casulo e o ajudem a extravasar os incômodos naturais desta fase de mudanças; trocar o controle pelo diálogo, orientar mais do que proibir; incentivar que o adolescente expresse suas dúvidas e tristezas, sendo compreensivo e não crítico.

Por Maria Cristina Ramos Britto - Psicóloga com especialização em terapia cognitivo-comportamental.

Depressão

Imagem relacionada

DRAUZIO VARELLA Depressão é uma doença crônica, recorrente, muitas vezes com alta concentração de casos na mesma família, que ocorre não só em adultos, mas também em crianças e adolescentes. O que caracteriza os quadros depressivos nessas faixas etárias é o estado de espírito persistentemente irritado, tristonho ou atormentado que compromete as relações familiares, as amizades e a performance escolar.

De acordo com a “American Psychiatric Association”, um episódio de depressão é indicado pela presença de 5 ou mais dos seguintes sintomas, quase todos os dias, por um período de pelo menos duas semanas:

* Estado de espírito depressivo durante a maior parte do dia;
* Interesse ou prazer pela maioria das atividades claramente diminuídos;

* Diminuição do apetite, perda ou ganho significativo de peso na ausência de regime alimentar (geralmente, uma variação de pelo menos 5% do peso corpóreo);
* Insônia ou hipersônia;
* Agitação psicomotora ou apatia;

* Fadiga ou perda de energia;
* Sentimento exagerado de culpa ou de inutilidade;
* Diminuição da capacidade de concentração e de pensar com clareza;
* Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida ou qualquer tentativa de atentar contra a própria vida.

Na ausência de tratamento, os episódios de depressão duram em média oito meses. Durações mais longas, no entanto, podem ocorrer em casos associados a outras patologias psiquiátricas e em filhos de pais que também sofrem de depressão.

A doença é recorrente: para quem já apresentou um episódio de depressão a probabilidade de ter o segundo em dois anos é de 40%, e de 72% em 5 anos.

Em pelo menos 20% dos pacientes com depressão instalada na infância ou adolescência, existe o risco de surgirem distúrbios bipolares, nos quais fases de depressão se alternam com outras de mania, caracterizadas por euforia, agitação psicomotora, diminuição da necessidade de sono, idéias de grandeza e comportamentos de risco.
Antes da puberdade, o risco de apresentar depressão é o mesmo para meninos ou meninas. Mais tarde, ele se torna duas vezes maior no sexo feminino. A prevalência da enfermidade é alta: depressão está presente em 1% das crianças e em 5% dos adolescentes.
Ter um dos pais com depressão aumenta de 2 a 4 vezes o risco da criança. O quadro é mais comum entre portadores de doenças crônicas como diabetes, epilepsia ou depois de acontecimentos estressantes como a perda de um ente querido. Negligência dos pais e/ou violência sofrida na primeira infância também aumentam o risco.
É muito difícil tratar depressão em adolescentes sem os pais estarem esclarecidos sobre a natureza da enfermidade, seus sintomas, causas, provável evolução e as opções medicamentosas.

 Uma classe de antidepressivos conhecida como a dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (fluoxetina, paroxetina, citalopran, etc.) é considerada como de primeira linha no tratamento em crianças e adolescentes e os estudos mostram que 60% respondem bem a esse tipo de medicação, que apresenta menos efeitos colaterais e menor risco de complicações por “overdose” do que outras classes de antidepressivos.

A recomendação é iniciar o esquema com 50% da dose e depois ajustá-la no decorrer de três semanas de acordo com a reação da pessoa e os efeitos colaterais. Uma vez que a resposta clínica tenha sido obtida, o tratamento deve ser mantido por seis meses, no mínimo, para evitar recaídas.

A terapia comportamental mostrou eficácia em ensaios clínicos e parece dar resultados melhores do que outras formas de psicoterapia.
Por meio dela, os especialistas procuram ensinar aos pacientes como encontrar prazer em atividades rotineiras, melhorar as relações interpessoais, identificar e modificar padrões cognitivos que conduzem à depressão.

Outro tipo de psicoterapia eficaz em ensaios clínicos é conhecida como terapia interpessoal. Nela, os pacientes aprendem a lidar com dificuldades pessoais como a perda de relacionamentos, decepções e frustrações da vida cotidiana. O tratamento psicoterápico deve ser mantido por seis meses, no mínimo.

Como o abuso de drogas psicoativas e o sucídio são consequências possíveis de quadros depressivos, os familiares devem estar atentos e encaminhar os doentes a serviços especializados assim que surgirem os primeiros indícios de que esses problemas possam estar presentes.
Postado por dharmadhannya


Nenhum comentário:

Postar um comentário