O anjo Guardião
Henrique Rosa
Todos nós temos um Ser Angélico, que
na literatura esotérica aparece também com o nome de Anjo Solar, e que não deve
ser confundido com “o Anjo da Guarda” do catolicismo nem com o que outras
crenças aplicam à palavra Anjo.
O nosso Ser Angélico se
encontra ligado ao aspecto Amor- Sabedoria no Espírito, o Eu Divino, ele
procura ajudar nossa alma a se libertar e se iluminar, daí sua ligação também
com a nossa alma.
Enquanto os Guias nos acompanham
durante uma única encarnação terrena, os Mestres nos acompanham várias vidas
neste planeta o Ser Angélico Solar nos acompanha até retornarmos à
nossa Unidade Divina, ou seja, à Consciência Cósmica.
Ele também nos ajuda a fazer as
nossas religações internas com a alma e o espírito para chegarmos ao
Pai Celestial, mas o ser humano não tem, também, consciência do seu Anjo Solar.
Apenas quando areligação entre cérebro-mente- consciência-alma é feita, o
discípulo aceito começa a contatá-Lo.
O Ser Angélico Solar é um ser
cosmicamente ligado a nós e que faz parte das Hierarquias Superiores
Angélicas. Contudo, antes de o contatarmos, podemos e devemos contatar
muitos outros Seres Angélicos, visto que existem nove Hierarquias Angélicas e
cada uma delas tem várias hostes.
Nos diz o Mestre Tibetano:
“A mistura da evolução angelical, ou
dévica, com a humana. Isto é um mistério que será solucionado quando o homem
chegar à consciência de seu próprio Anjo solar, somente para descobrir que
aquela também nada mais é do que uma forma de vida, que, tendo servido ao seu
objetivo, precisa ser abandonada.
A evolução angelical, ou dévica, é
uma das grandes linhas de força, contida na divina expressão e os Anjos
Solares, os Agnishvattas pertencem — em seu aspecto forma — a esta linha.”
Nos nossos dias, os Anjos povoam as
imaginações de milhares de seres humanos.
Mas sempre o homem teve uma certa
fascinação por eles.
A palavra Anjo vem
do grego ággelos e do latim angelu que quer dizer ser
espiritual que exerce o ofício de mensageiro entre Deus e os homens.
Durante milênios os povos deram
vários nomes a estes Seres, entre muitos e em síntese temos:
— Egito
e Grécia Antiga: Deuses.
— Oriente,
Índia: Devas.
— Religiões
ocidentais de uma maneira geral: Anjos e Arcanjos e suas Hostes Angélicas.
Dentro de uma filosofia religiosa
surgiu o Anjo da Guarda, também conhecido como Anjo Custódio, que segundo o
dicionário, é um espírito celeste que se crê velar sobre cada pessoa, afastando-a
do mal e inclinando-a para o bem.
Também quando uma pessoa protege e
defende outra é chamada de anjo da guarda mas os dois casos não possuem nenhuma
relação com a linha evolutiva angélica.
“Os povos orientais, bem como
numerosos membros de celtas[1] e
outras raças naturalmente psíquicas, estão e estavam familiarizados com a idéia
da existência dos Deuses.
No Oriente eles são denominados
devas, uma palavra sânscrita significando “seres brilhantes” se referindo à sua
aparência luminosa. Eles são considerados agentes onipresentes e superfísicos
da Vontade Criadora e diretores de todas as formas, leis e processos naturais
solares, interplanetários e planetários.”[2]
As Hostes Angélicas de uma maneira
geral e até os Espíritos da Natureza, normalmente e no ocidente, recebem todos
o nome de Devas, mas na realidade, o nome de Deva, se refere aos Anjos, visto
que a palavra oriental “Deva”, é sinônimo de Anjo e não de Espírito da
Natureza.
Vamos analisar rapidamente
os três principais estágiosda
Linha Evolutiva Angélica e suas
correspondências com a Linha Evolutiva Humana para que todos possam
compreender um pouco melhor.
1. Os
Espíritos da Natureza. Correspondem em termos evolutivos, aos nossos animais e
pássaros, são impulsionados por uma alma grupalcompartilhada com outros do
mesmo gênero, cuidam de vários aspectos energéticos da natureza.
2. Os
Anjos ou Devas. Evoluíram na alma-grupal e se separaram, se individualizaram,
tanto que entre eles, existe uma enorme variação na escala evolutiva tal como
o ser humano.
Deva como adjetivo, também
significa: divino, celeste, glorioso, resplandecente, etc.”
3. Os
Arcanjos e outros mais elevados transcenderam as limitações da individualidade
e penetraram na consciência cósmica ou universal, tal como os Mestres de Luz
ou Ascensionados.
Os Devas ou Anjos são seres
celestiais que segundo Blavatsky, habitam “os três mundos” ou três planos
superiores ao nosso, ou seja: o astral, o mental e o búdico (um dos mundos da
alma). Diz ela que há trinta e três grupos ou trezentos e trinta milhões deles.
Na realidade são muitos Anjos, mas é
isso o que a tradição esotérica oriental ensina.
“As Hostes Angélicas podem ser
encaradas como Inteligências ativas, criadoras e construtoras de formas, de
toda a criação objetiva. São manifestações do Uno, dos Três, dos Sete e todos
os seus produtos. Da alvorada ao crepúsculo do Dia Criador, elas estão
incessantemente em ação, como diretores, administradores, delineadores, artistas,
produtores e construtores, sempre sujeitas e expressivas da Vontade Una, da
substância Una, do Pensamento Uno.”[3]
“A evolução humana deveria dar força
à dévica, e a dévica, alegria à humana. O homem deveria comunicar aos devas o
ponto de vista objetivo, enquanto estes, por seu turno, verter sobre ele seu
magnetismo curador. Eles são os guardiães do prana, do magnetismo e da
vitalidade, assim como o homem é o guardião do quinto princípio, manas”[4] ou
a mente.
Com a entrada da era aquariana, que é
coordenada pelosétimo raio, é possível haver um contato maior e mais
consciente com os Seres Angélicos ou Devas. Não podemos cair no mesmo
erro do passado, querendo ser aprendizes de Deus e em nome Dele fazer
e manipular tudo e todos a nosso bel prazer, sem espiritualidade quase nenhuma,
e sem evolução adequada.
Não há nada de errado em contatar os
Anjos, mas temos que saber nos proteger e estar bem conscientes do que estamos
fazendo e para que objetivos e finalidades estamos agindo e servindo.
Não é pelo fato de ser um Anjo que um
ser deve ser julgado como bom, elevado ou superior. Não se esqueçam de que
muitos Anjos têm uma evolução comparativa a de um ser humano comum. Os mais evoluídos
se equiparam em termos evolutivos com homens espiritualizados; somente a
evolução de um Arcanjo é que equivale a um iniciado no grau de Mestre.
A fascinação é um dos graves perigos
para aqueles que buscam uma espiritualidade. Quando alguém ficaobcecado, cego,
deslumbrado, sua mente fica obscurecida pelas trevas, o que pode levá-lo a cair
em perigosos abismos.
— E por quê?
Ele não sabe distinguir um
verdadeiro Ser Angélico,que serve a Luz, de uma entidade humana que se
encontra no mundo astral inferior que se faz passar por Anjo, e que serve as
trevas.
A imagem dos Anjos que está arquivada
no inconsciente coletivo é aquela apresentada pelo catolicismo e, pelos
pintores da idade média[5] e
pelos renascentistas[6],
ou seja, aqueles anjos com longas asas.
E também são estas as imagens que
vemos espalhadas por muitos livros, onde os Anjos são interpretados como
serviçais das vontades humanas e com isto o imaginário tem corrido solto nas
mentes dos seres humanos.
As asas são formas simbólicas que
querem dizer que esses seres não estão presos à matéria física, por isso, podem
voar, do mesmo modo que um ser humano voa para o mundo astral quando desencarna
ou quando dorme. Pela ação da mente também podemos voar pelo mundo astral,
contudo, não temos asas.
Não devemos criar imagens fantasiosas
dos Seres Angélicos porque corremos o grande risco de nos ligar ao imaginário
coletivo e ficarmos longe da verdade.
Eles não ligam muito a nomes, nós é
que precisamos de nomes, rótulos; mesmo assim, eles costumam apresentar nomes
que são mais simpáticos e familiares a linguagem dos homens. O que importa, na
verdade, são seus ensinamentos e suas energias.
Infelizmente, hoje em dia, há muitas
fantasias sobre os Anjos, tentando ganhar força às custas da falta de
informação correta de muitos. São fantasias que só espelham os níveis de
neuroses de seus criadores, e tudo isso é muito triste.
São jogos de manipulação das
sombras.
Existe um ensinamento
oculto, hoje pouco conhecido do mundo físico, que diz:
No princípio da evolução da Terra não
existiam homens como hoje se conhece, porque todos eram resplandecentes Filhos
de Deus, Filhos da Mente Divina, por isso, todos eram brilhantes como os Anjos,
mas alguns não quiseram seguir as Leis Ocultas do Grande
Criador porque queriam evoluir mais rapidamente e não tão lentamente.
Daí começaram a se rebelar cada vez
mais, até que foram criando seus próprios karmas, caindo na matéria mais densa,
sua irradiação foi perdendo brilho, ficando cada vez mais opacos e aquosos, até
perderam a consciência de suas verdadeiras origens.
Estes, que acabaram por criar não uma
rebelião mas uma revolução na estrutura universal da evolução, sabiam que
quanto mais denso é o plano dimensional mais rápido é a evolução mas, em
contrapartida, maiores são as possibilidades de errar e de criar pesados karmas.
É dentro deste ensinamento oculto que
Blavatsky na sua
“A Doutrina Secreta, vol. VI” diz:
“Os chamados Anjos caídos são a
Humanidade mesma.
A queda dos Anjos é uma alegoria
Universal; representa a ação da inteligência diferenciando-se, ou a consciência
em seus diversos planos buscando a união com a Matéria, num extremo da
escala evolutiva e no outro extremo
inferior, a rebelião da Matéria contra o Espírito, ou a ação contra a Inércia
espiritual.”
[7] Nos tempos atuais há uma grande busca pelos Anjos e mais uma
vez o ser humano procura no exterior e no céu imaginário; sua personalidade não
compreende que o verdadeiro Anjo se encontra dentro dele próprio, em sua alma
e em seu espírito.
A nostalgia de um passado cheio de
mistérios e enterrado nas profundidades da alma e do espírito leva-o a buscar
suas verdadeiras origens de uma forma inconsciente e assim ele projeta para
fora, o que na realidade, sempre esteve dentro dele mesmo.
Conforme já citamos acima, segundo a
tradição esotérica, os anjos rebeldes ou os anjos caídos, somos nós, a própria
humanidade, e talvez daí venha a grande atração, amor e carinho que temos
pelos Seres Angélicos e a razão pela qual eles sempre estiveram tão perto de
nós, nos ajudando.
Quando a alma do ser humano se
ilumina, ela se torna resplandecente e brilhante como um Ser Angélico, daí que
numa fusão completa com a Luz, a alma torna-se o próprio Anjo
Solar, ela retorna às suas origens, ao Reino do Pai.
O Mestre Djwhal Khul é claro quando
disse:
“Todas as almas no plano mental tomam
as formas dos Anjos Solares, dos Filhos Divinos da Mente.[8]
O Anjo Solar nos acompanha desde
nossas origens e é responsável também pelo desenvolvimento da inteligência e
do amor- sabedoria em nós. Isto corresponde ao Terceiro e Segundo Aspectos da
Trindade interna do homem, unificados.
O Anjo Solar se funde a nossa alma e
assim, ocultamente, passa a ser o Princípio, a Consciência e também o Ser
Crístico em cada um de nós.
A alma procura revelar, chegar e se
unificar ao espírito ou ao Pai, o discípulo busca chegar a conscientização do
Anjo, de Sua presença, e o Anjo Solar se torna na própria alma, no Ser
Crístico.
Daí, a alma atinge a luz e torna-se
um Ser de Luz; este é o destino de toda a humanidade, quer acreditem ou não,
porque - em verdade, todos somos Filhos da Luz, Filhos de Deus, Filhos da Mente
Divin
[1]Os celtas eram da raça
indo-germânica, que já na Idade do Bronze chegaram às Ilhas Britânicas, através
dos Balcãs e a Gália central, e foram vencidos pelos romanos no séc. III a. C.
[6] Movimento artístico e
científico dos sécs. XV e XVI, que pretendia ser um retorno à Antigüidade
Clássica. O estilo que se caracteriza pelos abundantes ornatos dourados, largo
emprego de arcos e florões, etc.” — Dicionário Aurélio.
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