A alma o Anjo Solar e a Iniciação
Esse processo de iluminamento é levado a efeito através de nossos esforços direcionados ao pensar correto, à concentração, à meditação; e a uma vida vivida em harmonia com o ritmo da Presença interior, até que a luz, ou o intelecto da alma humana, seja despertada e liberada em sua capacidade plena para fundir-se com o intelecto da Alma e então reintegrá-la.
A Sabedoria Antiga ensina que há no homem uma Presença que pensa... Essa presença é uma luz localizada na atmosfera mental superior. Ela tenta alcançar os átomos da substância física, emocional e mental, penetrá-los com sua própria luz e coordenar, fundir e criar um instrumento através do qual sua luz possa irradiar como energia iluminadora, curadora e voltada para o mundo superior.
No homem comum essa luz é vacilante e não consegue penetrar em todos os estados da mente para tocar o cérebro. Somente em ocasiões raras e críticas a luz pode manifestar-se e proporcionar ao homem uma orientação e inspiração breve, incomum. Num homem evoluído, essa luz lentamente penetra na substância toda da mente e, à medida que penetra, a consciência do homem se expande.
A consciência do homem é a área iluminada da mente atingida pela luz ou pelo intelecto dessa Presença. Se ela atinge uma área de uma polegada de diâmetro, essa é a dimensão de sua consciência verdadeira. Se essa área iluminada se expande, sua consciência se expande.
Sua consciência se expande quando a mente, em parte ou no todo, é gradativamente capaz de assimilar e refletir a luz e transformar-se em luz. Os átomos de sua mente têm inicialmente uma luz esmaecida, mas à medida que se tornam sensíveis à luz da Presença, tornam-se átomos radioativos na atmosfera mental.
A Sabedoria Imemorial ensina que:
“Antes que nosso globo assumisse a forma de ovo, unia longa faixa de poeira cósmica ou névoa de fogo movia-se e retorcia-se como unia serpente no ESPAÇO.”
“Milhões incontáveis de anos... decorreram até que essa poeira se agregasse para formar o globo em que vivemos...”2
“Cada globo é uma cadeia setenária de mundos dos quais somente um membro é visível.”3
“A Terra estava numa condição comparativamente etérea antes de chegar ao seu último estado de consolidação.”4
Tem-nos sido dito repetidas vezes que a Terra era etérea, ígnea e depois tornou-se radiante, em seguida aquosa e na seqüência materializada.
O mesmo aconteceu ao homem. O homem era essencialmente etéreo e ígneo, depois tomou-se radiante, a seguir aquoso e finalmente desenvolveu seus ossos e corpo físico.
Nosso globo está agora no quarto ciclo de sua grande jornada. Cada globo tem de passar por sete grandes ciclos, denominados Rondas. Nosso globo está agora na Quarta Ronda.
Nosso sistema solar é o corpo de uma Grande Entidade, entidade essa que tem sete grandes centros em Seu corpo.Esses sete centros são as grandes vidas que animam sete planetas sagrados. Planetas sagrados são aqueles cujas Almas passaram por certas iniciações e desdobramentos cósmicos.
Em cada período global desenvolveram-se sete raças principais e sabemos que hoje nos encontramos na Quinta Raça.
Nosso planeta teve a Primeira Raça e depois a Segunda Raça (5) A Terceira recebeu a denominação de Raça Lemuriana. A Quarta foi chamada de Raça Atlântida. E a Quinta, a atual, é a chamada de Raça Ariana.
No período mediano da Terceira Raça, a Lemuriana, dezoito milhões de anos atrás, aconteceu um grande evento. A Grande Vida(6) de nosso planeta viu que a humanidade não estava se desenvolvendo na proporção do desenvolvimento das vidas dos outros planetas e, de certo modo, estava retardando o seu progresso dentro do sistema solar.
Ela decidiu reencarnar nos níveis etéricos superiores e ajudar a humanidade. Com este objetivo, Ela trouxe dos reinos superiores alguns Seres que eram Almas evoluídas em ciclos anteriores. Ela também pediu, a ajuda de seis outras Grandes Vidas que estavam carmicamente próximas a Ela.
Em muitas religiões,, no Ramayana, Mahabharata, Bíblia, nos antigos escritos da China, Caldéia, Grécia e América do Sul, encontra-se a tradição de que Seres avançados e hostes de Anjos visitaram este planeta e andaram entre os homens.
Diz-se que há milhões de anos essas hostes de Anjos se aproximaram da humanidade para lançar a centelha em suas mentes ou para nelas fazer sua morada, mas viram que o homem primitivo ainda não estava pronto para ser carregado com uma voltagem tão alta de energia e assim se afastaram.
A segunda onda de Anjos, séculos após, fez outra aproximação e esses Anjos viram que o animal humano estava agora parcialmente preparado. Puseram então uma substância ígnea de sua natureza na nuvem mental de alguns dos homens primitivos. Isto inicialmente criou um grande desastre à forma, e milhões de formas dos homens primitivos fragmentaram-se e se desintegraram.
Por outro lado, quando estes animais humanos encarnaram novamente eles tinham corpos mais bem equipados para suportar o fogo mental e para receber os Anjos Solares.
Este fogo mental deu ao homem a qualidade de “eu”, um sentimento de identidade e o impulso para buscar e inquirir.
A terceira onda de Anjos veio mais tarde, e penetrou naqueles animais humanos que haviam recebido a substância ígnea. Eles se posicionaram no plano mental, no qual a onda anterior de Anjos havia depositado a substância ígnea.
Essa substância formou uma atmosfera apropriada em que eles podiam operar para construir a ponte entre o homem inferior e a “centelha decaída”, ou para despertar o Homem real, a Mônada, ajudá-lo a controlar o mecanismo inferior e expressar a si mesmo plenamente através desse mecanismo com o fim de adquirir experiência. Foi aqui que teve origem a ioga.
A vinda desses Anjos não foi simultânea. Eles chegaram em períodos sucessivos. Aqueles que primeiro receberam a centelha de fogo progrediram rapidamente, e os homens que primeiro receberam os Anjos tornaram-se instrutores e líderes do resto da humanidade. Mas aqueles que, devido ao retardo, não puderam nem mesmo receber a centelha, esses “permaneceram sem mente”.
O Livro de Dzyan, um dos mais antigos registros da sabedoria, narra esses acontecimentos com as seguintes palavras: -
“Os filhos da sabedoria, os filhos da noite, prontos para o renascimento, apresentaram-se. Viram a forma vil do primeiro terço. ‘Nós podemos escolher’, disseram os Senhores. ‘Nós temos sabedoria.’
Alguns entraram nas sombras. Alguns projetaram uma centelha. Alguns adiaram até o quarto. Com sua própria forma encheram o Kaina. Os que entrataram tornaram-se Arhats. Os que receberam apenas uma centelha permaneceram destituídos de conhecimento: a centelha queimava baixo. Os da terceira permaneceram sem mente. Suas vidas não estavam prontas. Esses foram parados dos sete. Eles se tornaram tacanhos. Os da terceira estavam preparando ‘Nesses é que habitaremos’, disseram os Senhores da chama e da sabedoria negra.”7
OBSERVAÇÕES
1. “Filhos da noite” são aquelas Almas que estavam tomando expressão após uma pralaya, que é o longo ciclo de descanso após um longo ciclo manifestação. Na literatura sânscrita, esses ciclos são chamados as Noites os Dias de Brahma. Esses Anjos eram Almas evoluídas de ciclos de manifestações anteriores e, após um longo ciclo de descanso, vieram ajudar a humanidade infante, “em virtude de efeitos cármicos”.
2. “Primeiro terço” refere-se à primeira metade da Raça Lemuriana, Terceira Raça. A “Quarta” é a Quarta Raça, ou Raça Atlântida.
3. As “formas vis” eram os animais humanos que não tinham intelecto a Centelha, a Mônada, ainda estava inativa. Eles não tinham Almas. Nas três Rondas anteriores e nas “primeiras duas e meia raças da Ronda atual”, essas formas cambiantes revestiram a Mônada, a Centelha, o Homem Real.
4. Esses Anjos vieram para entrar no homem por duas razões: dar um grande impulso ao progresso da raça humana, criando uma ponte entre a Mônada e a forma, e também dar prosseguimento à sua própria evolução.
A Doutrina Secreta ‘diz que “o manas (desses Anjos) devia passar por experiências humanas terrestres para tomar-se todo-sábio e ser capaz de dar início ao ciclo ascendente de retorno”.8
A vinda desses Anjos acelerou enormemente a evolução da raça humana. Alguns indivíduos chegaram a alcançar um estado de consciência que denominamos plenificação da Alma, em que o Anjo e a luz do Anjo fundem com a luz da alma humana em evolução. Esses seres evoluídos tornaram- líderes de grupos humanos em diferentes campos, de acordo com seus raios ou tipos.
A Presença em nós é o Anjo Solar. Este é o Pensador dentro de nós. Mestre tibetano, estabelecendo as regras para magia, diz:
“O Anjo Solar recolhe-se, não dispersa sua força, mas, em profunda meditação, comunica-se com sua reflexão.”9
“Quando a sombra responde, em profunda meditação o trabalho prossegue. A luz inferior é lançada para o alto; a luz maior ilumina os três e o trabalho do quarto prossegue.”10
A meditação é um dos meios utilizados para fortalecer a influência da Presença sobre a personalidade e torná-la sensível à sabediria que se irradia dessa Presença.
A reflexão é a sombra da Mônada; ela aparece como uma luz difusa nos veículos inferiores, nos planos físico, emocional e mental. À reflexão, ou sombra, damos o nome de alma humana em evolução, a qual tem como origem a Mônada, a Centelha.
O homem em sua essência é a Mônada, a Centelha, mas a Centelha “decaiu” e vai à escola através dos reinos elemental, mineral, vegetal, animal e humano. É somente no reino humano que, pela ajuda do Senhor que vem, a luz difusa da Centelha começa a ser despertada e a formar a consciência da identidade do sentido de “ipseidade”, de “Si-mesmo”, ou um centro em si mesmo, uma individualidade.
Este florescimento ou despertar necessitará de eras. A alma humana em evolução passará, através de iniciações (expansões de consciência), ao estágio em que será capaz de ver sua própria profundidade interior e seu próprio devir.
Ela perceberá sua qualidade real e conscientemente vai caminhar até seu trono para presidir seu reino como um Senhor consciente, liberando as pequenas vidas com as quais entra em contato.
Este é o estágio em que o Anjo Solar se afasta e o Homem Real toma-se uma Alma vivente. Em livros de ocultismo, esta etapa de desenvolvimento é definida como a Quarta Iniciação, quando o corpo causal, ou o corpo da Presença, é destruído e o Habitante passa a caminhos superiores de evolução.
O corpo causal tem a forma de um lótus. Ele também é chamado de Cálice, o Cálice que contém a Centelha doadora de vida ou a Jóia, que irradia luz, amor e poder à medida que o homem prossegue em sua meditação e na sua vida de serviço de oferenda.
O homem, a Mônada “caída”, o “fragmento”, ou a semente, está no caminho de construção de seus veículos de manifestação. Ele tem seu corpo físico e etérico, seu corpo emocional e mental, e está no processo de construção de seus centros de força e energia nos planos etérico e mental superior.
É nesse nível que se encontra o homem comum.
Um iniciado de terceiro grau tem um Lótus de nove pétalas desdobrado e construiu a primeira parte do Antahkarana, a, Ponte do Arco-Íris.
O Anjo Solar é a visão e o modelo do homem. O homem se eleva de baixo até essa visão e até esse modelo. O Anjo Solar desce do alto, como a contrapartida superior do homem.
Além do plano mental, o homem comum não tem nenhum mecanismo superior. Os veículos intuitivo, átmico, monádico e divino estão em embrião no núcleo da “Mônada”, mas ainda não estão abertos e não têm cxistência Ativa.
O corpo intuitivo, os veículos átmico, monádico e divino do Anjo SOLAR que fazem parte da natureza do homem não pertencem a ele, mas são veículos do Anjo Solar.
Até o final da Quarta Iniciação, o homem gradativamente constrói seus veículos intuitivo, átmico e monádico a partir de sua própria essência, com a correspondente substância do Logos Planetário. Sua formação ocorre à semelhança do modelo dos veículos do Anjo Solar.
Depois que esses corpos estão até certo ponto formados e utilizados pelo homem em si, o Anjo Solar o deixa com Seus corpos superiores, para dirigir-se a reino superiores.
Em raros momentos de exaltação e êxtase, o homem experimenta a beleza e a beatitude dos veículos superiores do Anjo Solar através da iluminação da inspiração, mas em seguida volta ao seu hábitat ordinário, os veículos da personalidade.
Sua comunicação com os planos superiores torna-se mais fácil quando ele começa a agir sobre os planos mentais superiores através do Antahkarana.
Como o homem constrói a Ponte do Arco-Íris da unidade mental ao átomo mental permanente, do mesmo modo, a seu tempo, ele construirá o correspondente superior da Ponte do Arco-Iris, que passa através do átomo mental permanente para a Tríade Espiritual.
Quando constrói essa ponte, ele tece, partir de sua própria essência e a partir da substância do Plano Físico Cósmico as correspondentes vestes e veículos, para poder trabalhar e viver nesses plano superiores.
Cada iniciado tem suas próprias vestes nos planos búdico, ático monádico e divino, em graus variados de beleza e desdobramento. As vezes mesmo grandes Iniciados fazem uso de veículos dos outros para ir ao encontro de necessidades especiais dos ciclos. Por exemplo, diz-se que Cristo utilizar o veículo búdico do senhor Buda quando reaparecer no plano físico.
No Novo Testamento há uma pista sobre vestimentas. Em uma de sua parábolas, Jesus disse que um homem apareceu numa grande festa, mas com não estava vestido apropriadamente, foi conduzido para fora.
A festa refere-se a um estado elevado de consciência nos planos superiores mental, búdico átmico ou monádico. Ele entrou num desses planos, possivelmente o plano mental superior, sem ter o direito a isso, provavelmente através de exercícios de respiração, ou devoção e aspiração excessivas.
Uma estrofe muito antiga que fala sobre o mistério do homem é apresentada no Imã da Vida:
“Há um sol.
Outro sol surge no horizonte.
Entre esses dois sóis surge uma forma.
O segundo sol esconde o primeiro,
E então os dois sóis se combinam e se fundem...
Um terceiro sol é visto.”
Temos aqui três Sóis. Primeiro, “havia um sol”. Este era a Centelha, a Mônada, a qual, como o filho pródigo, se materializou e se identificou completamente com o reino mineral.
Eras e eras se passaram até que pudesse iniciar-se nos remos vegetal e animal. Durante o Quarto Globo, essas Mônadas foram iniciadas como a primeira humanidade-animal na Terra.
O progresso aqui foi muito lento, tão lento que o Ancião dos Dias e os Anjos Solares decidiram apressar a evolução da humanidade através do processo de individualização. Sanat Kumara reencarnou nos planos etéricos superiores, e os Anjos Solares entraram naqueles corpos que estavam preparados para recebê-los.
Cada Anjo Solar era um “Sol”. E cada ser humano que estava pronto tinha um Anjo Solar, um Sol, que tinha poderes para dar vida, luz e amor a cada forma animal chamada de ser humano, em que o primeiro Sol estava perdido ou adormecido.
Imediatamente, quando este segundo Sol apareceu nos reinos mentais superiores do ser humano, uma forma tornou-se visível entre esses dois Sóis. Esta forma era o botão do Lótus ou Cálice,11 utilizada pelo Anjo Solar para dar Sua luz, amor e poder ao primeiro sol e torná-lo capacitado a galgar a escada da evolução, a cumprir seu destino.
Por fim, este primeiro sol, que estava identificado com os mundos físico, emocional e mental, foi gradualmente absorvido pela luz e pela realidade do Anjo Solar e tornou-se um com Ele. Assim, ele foi suprimido como sol separado, embora não perdido.
As eras se passaram. Esse sol suprimido lentamente nasceu do ventre do Anjo Solar, galgou a escada espiritual e tornou-se ele mesmo. Este é o terceiro Sol que é “visto”, a Mônada em toda a sua glória.
O primeiro e o terceiro Sóis são um. O primeiro se perdeu em maya, no encanto e na ilusão, e se tornou um mero reflexo do seu verdadeiro Eu.
O segundo o libertou e o conduziu, primeiro, à consciência Solar ou consciência da Alma, onde ele foi suprimido (se perdeu para se encontrar). A seguir, Ele o conduziu ao seu verdadeiro Eu. Quando o primeiro sol tornou-se o seu verdadeiro Eu, “um terceiro sol foi visto”; o reflexo estava perdido na sua verdadeira Realidade.
1. Blavatsky, H. P., The Secret Doctrine, Vol. 1, p. 103.
2. Ibid., p. 667.
3. Ibid., Vol II, p. 739.
4. Ibid., p. 261.
5. Raças Polar e Hiperbórea.
6. Esta Grande Vida é conhecida por nomes diferentes em diferentes tradições. É chamada de Ancião dos Dias, Sanat Kumara, Observador Silencioso, Juventude das Fontes Eternas, Melquisedeque etc.
7. Blavatsky, H. P., Two Books of lhe Stanzas of Dzyan, pp. 192-194.
8. Blavatsky, H. P., The Secret Doctrine, Vol. II, p. 176.
9. Bailey, Alice A., A Treatise on White Magic, p. 51.
10. Bailey. Alice A., A Treatise on White Magic, p. 71.
11. Ver Saraydarian, H., The Science of Becoming Oneself, Cap. XII, e The Hidden Glory of the Inner Mon, Cap. XII.
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