Mulheres acima dos 50 podem engravidar por fertilização
Conselho Federal de Medicina suspende limite de idade. Paciente deve estar saudável. Estímulo à reprodução no Brasil: em 2014, os 106 centros de fertilização realizaram 60 mil procedimentos
Foto: Reprodução
Jornal : O DIA 23.09.2015
Rio - A partir de
amanhã, mulheres com mais de 50 anos que queiram engravidar vão poder recorrer
a técnicas de reprodução assistida, desde que assumam os riscos do
procedimento.
Antes, era preciso ter a autorização do Conselho Federal de
Medicina (CFM). A decisão faz parte de nova resolução divulgada ontem pelo CFM,
que atualiza as regras para reprodução assistida no Brasil.
Especialistas no
assunto comemoraram a decisão, que, segundo eles, representa um grande avanço
frente à última resolução do órgão, de 2013.
“A norma atual veio
para corrigir alguns pequenos problemas. A resolução evita abusos e resguarda a
saúde da mulher.
Antes, uma mulher de 49 anos, hipertensão e que tinha diabetes
podia utilizar a reprodução assistida e uma de 50, mesmo saudável, não.
O
conselho corrigiu isso e cabe o discernimento do médico para decidir se é
possível fazer ou não”, comenta Luiz Fernando Dale, especialista em Reprodução
Humana e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.
Maria Cecília Erthal,
especialista em reprodução humana e diretora-médica do Vida – Centro de
Fertilidade da Rede D’Or, concorda.
“Entendemos que existem riscos, mas a
decisão da mulher prevalece, desde que ela receba todos os esclarecimentos do
médico que a acompanha. Além de expandir o alcance das normas, é importante
garantir a segurança do paciente e a ética no trabalho do especialista”.
Apesar da nova
resolução, o CFM continua defendendo o limite máximo de 50 anos para a mulher
passar pelo procedimento. Isso porque, alega a entidade, há graves riscos tanto
para a mãe, como hipertensão e diabetes gestacional, quanto para o feto, como
prematuridade.
O texto altera ainda o
capítulo sobre o diagnóstico genético pré-implantação de embriões, para os
casos em que existe uma doença genética na família, como hemofilia ou distrofia
muscular progressiva.
Será possível usar a
evolução da medicina para evitar que uma criança nasça com graves problemas de
saúde, além de permitir a seleção de embrião compatível para doar
células-tronco a um irmão doente, por exemplo.
Em 2014, os 106 centros
especializados em fertilização no Brasil realizaram mais de 60 mil
transferências de embriões. Como o Congresso Nacional ainda não se manifestou
sobre o assunto, vale a decisão do CFM.
Sim à gestação
compartilhada
A nova resolução
esclarece melhor outra questão polêmica: casais homoafetivos do sexo feminino
agora poderão recorrer à chamada gestação compartilhada, quando o embrião
gerado com o óvulo de uma das mulheres é implantado na parceira.
O texto restringe ainda
a doação de gametas (espermatozóides e óvulos).
Apenas mulheres com até 35 anos
em processo de reprodução assistida poderão doar óvulos para outras que não
podem mais produzi-los, em troca do custeio de parte do tratamento.
“Para a mulher a
retirada dos óvulos para doação não é justificável.
A retirada dos óvulos é
um procedimento invasivo e com riscos e não justifica passar por esse
procedimento se não esta em tratamento para si próprio também”, afirma Dale.
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