Como se livrar do passado e tecer o seu futuro.
A consecução da autonomia manifesta-se pela
liberação ou recuperação de três capacidades: percepção, espontaneidade e intimidade.
Erick Berne
A árvore mais rígida está pronta para o
machado:
A forte e poderosa vem abaixo;
A tenra e flexível eleva-se acima de todas.
(Tao Te Ching)
Entre os 18 e os 21 anos, nasce uma outra
subpersonalidade — o Jovem Adulto. É aí que milhões de nós ficam atolados.
Conquanto possamos, ser bem-sucedidos externamente, nosso crescimento pessoal
interrompeu-se abruptamente nessa altura de seu desenvolvimento.
O Jovem
Adulto pode dar a impressão de ser Adulto e passar toda uma existência- Sem ser
reconhecido. Todavia, existem diversas características que o denunciam.
Em primeiro lugar, o Jovem Adulto é rígido e
inflexível. Ele sabe que está certo e não vê muito sentido na discussão
— embora tenha prazer em mostrar-lhe por que você está errado. Enquanto o
Adolescente tem pontos de vista veementes e rebeldes, o Jovem Adulto é calmo e
condescendente diante da oposição.
Os políticos pomposos, que se gabam de nunca
terem mudado de opinião em vinte anos, ou de nunca serem influenciados pelas
opiniões dos outros, são bons exemplos do Jovem Adulto em ação.
Quer aparente ser radical ou conservador, o
Jovem Adulto orgulha-se de sua capacidade de “aguentar firme” e de ignorar os
pontos de vista das outras pessoas. Assim como o Adolescente, o Jovem Adulto vê
as coisas em branco e preto, favorece soluções simplistas e evita os
verdadeiros problemas.
O Jovem Adulto patina sobre a superfície da
vida, com opiniões, metas e crenças rígidas, incapaz de crescer e
desenvolver-se no momento presente, assustado com a proximidade e a
intimidade, emocionalmente mudo.
Ele reformulou as fantasias do Adolescente e
tomou-as como sendo suas. Mas ele não quer perceber essas fantasias.
Não; ele simplesmente gosta de fingir que as deseja — e, então,
deleita-se com os “melhor do que” e com a auto piedade que surgem quando somos
impedidos de agir assim. Segundo o Jovem Adulto, o mundo nos “deve” isso.
Os Jovens Adultos frequentemente estão muito
ocupados, pulando de uma atividade para a seguinte. Eles estão por demais
ocupados ou são demasiado importantes para desperdiçar um momento — e podem ser
muito contundentes em relação àqueles que têm tempo para ficar de pé e contemplar
o mundo. Todavia, suas realizações parecem superficiais, sem sentido e
insatisfatórias.
Não há sentido em tentar negociar com o Jovem
Adulto que existe dentro de nós. Ele é por demais arrogante, dogmático e
inflexível. Ele está inflado pelo Ego Negativo. Entretanto, ouvindo o nosso
Jovem Adulto podemos começar a reconhecê-lo e a transcendê-lo.
Se uma pessoa não tiver tomado a decisão
consciente de ser um Adulto — não apenas dizendo as palavras mas decidindo
viver como um adulto — então ela ainda será um Adolescente ou Jovem Adulto.
E se
você não for um adulto, então seu crescimento espiritual será virtualmente
impossível. Se você não for um adulto, esta será uma existência desperdiçada,
por mais “bem-sucedido” que você possa ser.
Desse modo, como podemos saber qual é a
diferença entre uma pessoa realmente crescida — um Adulto — e um Jovem
Adulto, imaturo, infantil que está se disfarçando de adulto?
Os Adultos assumem entusiasticamente a
responsabilidade pela própria vida. Eles nunca culpam sua infância ou as outras
pessoas.
Os Adultos são flexíveis e receptivos. Eles
definiram seus próprios valores, princípios, ideais e metas, mas tudo isso
está aberto a um exame minucioso e à mudança; nada é imposto às outras pessoas.
Os Adultos têm seus próprios Sonhos, rumo aos
quais movem-se ativamente — e eles sentem prazer com o processo de
fazê-lo.
Os Adultos comportam-se com honestidade e
integridade, ouvindo o seu eu interior e respeitando as outras pessoas.
Os Adultos gozam a vida — eles se divertem!
Avalie o seu status como Adulto:
•
Você assume de bom grado a responsabilidade
pela sua vida — independentemente do que aconteça?
•
Você já se definiu em relação a seus ideais,
valores, opiniões, simpatias, antipatias e crenças?
•
Eles são flexíveis e mutáveis?
•
Você reluta em tentar impor os seus pontos de
vista aos outros ou em tentar “impressionar”?
•
Você definiu os seus Sonhos para o futuro?
•
Você está criando ativamente o seu
futuro?
•
Quanto você é sincero — consigo e com os outros?
•
Você respeita a si mesmo e aos outros?
•
Você se comporta com integridade, qualquer que
seja a situação?
•
Se não puder responder sinceramente Sim a todas
as nove perguntas, o que é que você ganha em se recusar a ser um Adulto? Quais
são os custos? Você está pronto para tomar a decisão de ser um Adulto de agora
em diante? Se estiver, de que maneiras você precisa mudar?
Maria tinha um eu interior que duvidava
constantemente de tudo o que ela dizia e que a prevenia para não acreditar em
mim porque eu iria usar isso contra ela e, provavelmente, interná-la num
hospital.
Depois de
vários meses, ela deixou.' escapar que não conseguia Ser honesta comigo por
causa dessa voz crítica e queixosa de sua cabeça, que vinha governando sua
vida desde os seis anos de idade. Ela a chamava de O Comentarista.
Naturalmente, O Comentarista estava furioso por Maria ter revelado o seu
“segredo” e, por isso, ela permitiu que ele a punisse durante várias semanas.
Todavia,
agora que conseguíramos falar a respeito do Comentarista, ela gradualmente
passou a vê-lo de uma nova perspectiva. Em vez de considerá-lo como uma prova
de que ela era “louca” e ficar aterrorizada por causa disso, ela podia vê-lo
como uma parte normal da sua personalidade, um de seus muitos eus interiores.
O único
problema era que, por acreditar que ele a protegia, Maria dera-lhe demasiado
poder. Aos poucos ela aprendeu a reconhecer-lhe a voz e, de vez em quando,
repetia os seus comentários para mim, durante as nossas sessões — para horror
do Comentarista! Então ela tornou-se capaz de decidir se iria levá-lo a sério
ou, simplesmente, assegurar-lhe que poderia tomar conta de si mesma.
Nos termos da análise transacional, O
Comentarista seria considerado uma figura Parental Crítica. A figura Parental
Crítica é o eu interior que expressa toda a negatividade e criticismo de nossas
experiências de infância.
E o eu
que reforça a crença, alimentada pela nossa Criança, de que ela não é amada nem
digna de ser amada. A figura Parental Crítica impacienta-se, reprova, repreende,
ralha, pune, castiga, passa sermões, menospreza, julga e condena.
Ela é a
voz da desaprovação e da censura — dirigida a nós mesmos e/ou às outras
pessoas. Ela privilegia palavras como “deve”, “tem” e “precisa”. Ela está
saturada de Ego.
Felizmente, temos também o Pai/Mãe
Acalentador/a. Esta figura representa toda a simpatia, amor e apoio que nos
foram oferecidos na infância pelos nossos pais, parentes, vizinhos, amigos ou
professores.
O
Pai/Mãe Acalentador/a nos estimula a cuidar de nós mesmos e dos outros — incluindo
os nossos próprios filhos —, e ajuda-nos a liberar a Criança Livre.
Muitas
pessoas podem identificar doze ou mais diferentes eus interiores. Poderá haver
o Colérico, o Toque Suave, o Olhos Arregalados, a Mãe Terra, o Lamuriento, O
Agitado, O Tagarela, o Sábio, o Pobre-de- Mim;
o Sonhador,
o Incompetente Pretencioso, o Engraçadinho, o Ditador, o Moleirão, o Puritano,
o Boa-Vida, o Pai Grosseirão, o Anjo, o Dissimulado, o Aflito, o Pequeno
Mestre, o Falastrão, o Sabotador, o Playboy, o Empertigado, o Destemido,
Mula-Empacada, o Colocador de Defeitos, o Sedutor, o Delirante;
o Fraco, o Apressadinho — e assim por diante.
Todas as vezes que o nosso “humor” muda, isso significa que passamos para um eu
diferente.
Aprendendo a reconhecer os vários aspectos de
nossa personalidade — através da experiência direta — e conhecendo as crenças,
motivos e missões ocultas de cada um, podemos evitar que eles nos controlem.
Por
exemplo: sé tivermos ciúme porque o nosso companheiro ou companheira acabou de
ver uma paixão antiga, poderemos nos sentir dominados por essa emoção. Mas se pudermos
dizer: “São apenas os Velhos Olhos Verdes dando mais uma vacilação”, então
poderemos encarar a situação de uma outra maneira.
Se você estiver atônito com a ideia de dez ou
vinte pessoas diferentes agitando-se dentro da sua cabeça, e concorrendo umas
com as outras para ver de quem serão as crenças e motivos que irão prevalecer,
não se preocupe!
Todos esses eus podem ser classificados como
Criança, Adolescente ou Pai/Mãe, e muitas pessoas simplesmente trabalham com a
Criança interior, reconhecem os motivos do Ego e ignoram o restante de sua
comunidade interna!
A boa notícia é que todos temos dentro
de nós os eus libertador, criativo, alegre e amante. Temos tudo o que
precisamos para criar uma vida cheia de amor, paz, alegria e satisfação. Cada
um de nós tem uma Criança Livre, um Adolescente Curioso e um Pai/Mãe
Acalentador/a — embora muitos tenham tentado reprimi-los. E a sinergia deles
resultante (mais um Ego Solidário) — o todo, que é maior do que a soma das
partes — constitui o Adulto.
Seus eus interiores
Durante os próximos dias, verifique quais de
suas subpersonali- dades vêm à tona em diversas situações. Aprenda a distinguir
suas diferentes vozes, comentários e fraseado, e aprenda a amar e a aceitar a
todas elas.
Esteja preparado para se defrontar com a
Criança Ferida — magoada, manipuladora, ávida por receber aprovação, confusa e
assustada; com a Criança Livre — que gosta de divertir-se e é espontânea; com
o Adolescente — aterrorizado, perfeccionista e tentando impressionar, ou,
então, curioso e criativo;
com o Jovem Adulto — rígido condescendente e
insensível emocionalmente; com o Pai/Mãe Crítico e o Pai/Mãe Acalentador; e com
o Adulto maduro e integrado. Quais subpersonalidades estão comandando a sua
vida? Quais são fracas ou ausentes? Quais eus você deseja cultivar ou
desenvolver?
As figuras sombrias do passado são justamente
aquilo do que você precisa fugir. Elas não são reais e não têm nenhum poder
sobre você, a não ser que as traga consigo... Pois o passado não pode projetar
sombras para escurecer o presente, a não ser que você tenha medo da luz. (A
Course in Miracles)
Nosso atual conceito de tempo linear leva-nos a
acreditar que temos um passado fixo e imutável. Sentimo-nos convencidos de que
o passado é Real, que não pode ser modificado, que é estável e permanente.
Mas a metafísica sustenta que temos inúmeros
passados prováveis. Podemos selecioná-los! Na verdade, fazemos isso o tempo
todo. Estamos continuamente reescrevendo o passado, como acontece quando
relembramos algumas coisas e reprimimos outras ou, mesmo, quando criamos
inconscientemente novas recordações, conforme vão se modificando as nossas
crenças.
Não
estamos à mercê do nosso passado porque estamos constantemente criando esse
passado.
Se as recordações da infância estiverem
perturbando a nossa vida de adulto, então podemos mudar essas
recordações.
Nossas recordações baseiam-se nas nossas
crenças. Se acreditarmos que tivemos uma infância desesperadamente infeliz, ou
uma madrasta malvada, ou que fomos incessantemente alvo de zombarias na
escola, então iremos recordar seletivamente acontecimentos que confirmam e
apoiam essas crenças.
Se estivermos permitindo que as nossas crenças
negativas interfiram na nossa vida, então teremos ajustes de contas e, missões
ocultas que nos levarão a fazer isso — talvez uma necessidade de nos punirmos,
um apego à auto piedade, uma fuga às responsabilidades ou uma desculpa para fracassar.
Mas
quando nos livramos de nossos ajustes de contas, podemos liberar as recordações
antigas e selecionar novas lembranças — recordações de momentos felizes na
infância, de ocasiões em que a madrasta mostrou-se bondosa e dedicada, de
ter-nos divertido na escola.
(Sim,
essas recordações estarão escondidas em algum lugar!) Trata-se da mesma infância,
porém de um conjunto diferente de recordações.
Fazendo analogia, se você costumava ver a sua
infância como um pato (como ba famosa figura do pato-coelho abaixo) agora ela
se parece com um coelho! Você ainda consegue ver o pato, se preferir assim, mas
agora que viu o coelho o pato nunca voltará a ser o mesmo de antes.
Se quisermos, poderemos até mesmo apagar o
pato-coelho e, em seu lugar, desenhar um esquilo. Se alguns aspectos do passado
lhe parecerem tão perturbadores que você desejaria que eles nunca tivessem
acontecido, então poderemos “cortar” esses eventos e tirá-los da ilusão —
semelhante a um filme — que chamamos de nosso “passado”.
Poderemos simplesmente tirar fora essa parte
do filme. Afinal de contas, a realidade é uma ilusão criada por nós.
Tudo o que precisamos fazer é repassar esse período diversas vezes em nossa
imaginação — vividamente e com grande emoção e desejo, mas sem o trauma
— e nos “lembrarmos” do futuro diferente que veio em seguida.
Isso não é uma forma de enganar a nós mesmos,
mas uma verdadeira recriação do passado, uma escolha de um diferente “passado
provável” e que, ao mudar o passado em nossa mente, também mudamos o nosso
presente e o nosso futuro.
Passamos
para uma diferente “realidade provável”. (Se você perceber alguma resistência
que o impeça de se livrar facilmente do passado, isso indica que os seus
ajustes de contas o estão mantendo atolado. Ou, quem sabe, você aprendeu
importantes lições com essas experiências — lições que você não quer esquecer.)
Se isso lhe parece difícil de acreditar, então
você pode mudar o passado de maneiras mais simbólicas. Durante a meditação,
você pode tornar-se a mãe ou o pai amoroso de que a sua Criança precisou
no passado.
Ou, se
as recordações das constantes brigas entre os seus pais estiverem reforçando a
sua crença de que o casamento nunca dá certo, você poderá visualizá-los sendo
amorosos, atenciosos e afetuosos um com o outro.
Se o
futuro de nossos Sonhos parecer incoerente com o nosso passado, então poderemos
mudar o passado! Temos o poder de inventar novas “recordações” para nós mesmos,
que estão de acordo com as nossas novas crenças.
A
infelicidade do presente nunca é “causada” pelo passado; porém, ela pode ser
resultado do modo como decidimos ver o passado, neste exato momento.
Ao muidar o passado na sua mente, você muda a
sua vibração e começa a desenhar para si mesmo um novo futuro... Não importa
se esse foi o seu “verdadeiro ” passado; o seu subconsciente não sabe a
diferença. Ele vai atrair para você circunstâncias que combinam com o seu
passado imaginário.
Para se livrar do passado
1) O que você diz a si mesmo ou às outras
pessoas a respeito da sua infância? Quais as suas crenças negativas a respeito
de sua infância e adolescência — acerca de seu relacionamento com os pais,
irmãos ou de suas experiências na escola ou com os amigos, ou quanto aos
efeitos das circunstâncias em que vivia a sua família?...
Escreva o inverso de cada crença — por exemplo:
“Minha madrasta me adorava”, “Meus anos de escola foram maravilhosos” — e
busque em seu passado recordações que sustentem essas crenças positivas. Ou,
simplesmente, imagine um novo passado para você.
Se sentir alguma resistência em fazer isso, ou
se a sua mente ficar em branco, verifique o que você ganha apegando-se às
velhas crenças. Apague da sua mente o cenário que você era um personagem
sofrido saia de cena, e entre em cena como um vencedor. Transforme a estória da
sua vida e mude o final.
2) Pense nos dois, ou três períodos mais
difíceis, traumáticos e solitários do passado, quando você realmente precisou
de amor, de apoio e amizade — ocasiões de que você ainda se lembra de vez em
quando, que ainda parecem estar carregadas de emoção.
Em seguida, na meditação, visite aqueles eus
“primitivos” e dê-lhes amor, força, coragem e esperança. Você talvez queira
imaginá-los envolvidos por uma luz branca; ou apresentar-se como o futuro eu
deles e abraçá-los e incentivá-los; ou, ainda, “rebobinar” o filme e escrever
uma nova cena para o seu passado.
As fontes de canalização sugerem que agora o
futuro está exercendo uma influência cada vez maior na nossa vida. A Criança
Interior e o Adolescente vão permanecer tão ativos como sempre na Nova Era,
mas a “tela de fundo do passado” vai parecer cada vez mais insignificante.
Atualmente está perdendo credibilidade a ideia
de que o presente é um mero efeito do passado. O nosso corpo físico — dos
lóbulos e ventrículos frontais às nossas glândulas endócrinas e sistema
imunitário — está voltado para o futuro, para as possibilidades e
probabilidades que se encontram à frente. Nosso presente é motivado por aquilo
em que estamos nos tomando.
E mais: somos responsáveis não só pelo nosso
futuro pessoal, mas também pelo futuro global que estamos
ajudando a criar. Nunca foi tão importante deixar para trás os domínios
sombrios do passado, liberar a nossa Criança e Adolescente de seus eternos
tormentos — e começar a Sonhar com o futuro.
Este texto é resultado de uma pesquisa é uma compilação inspirada em vários mestres do assunto.
Pesquisado por Dharmadhannya
Este texto está livre para divulgação desde que
seja citada a fonte http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/
Este espaço está protegido com a Divina
Presença do Arcanjo Miguel.
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