TORNOZELOS, JOELHOS e
SATURNO
Tornozelos e joelhos são
articulações (a do tornozelo é do tipo esférico e a do joelho é uma dobradiça),
e todas as articulações são encruzilhadas psicossomáticas.
Como tal, seu papel é mediar forças físicas e
também psicológicas que as atravessam. É devido à qualidade
de nossas articulações que
temos condição de ser graciosos e bem integrados, ou então espásticos e
desconjuntados.
Por este motivo, a condição psicossomática das
articulações revela muito a respeito da maneira pela qual a pessoa está lidando
com o fluxo e com o movimento de sua vida.
Além disso, quando estas encruzilhadas ficam
com o trânsito engarrafado e há uma alta incidência de barreiras, passam a ser
cronicamente tensas e bloqueadas, assim interrompendo o fluxo da harmonia da
vida que as percorre.
Quando acontece isto, as
articulações não só perdem sua graça e flexibilidade, como ainda tornam-se
extremamente suscetíveis a torções e lesões.
A saúde e a estabilidade dos tornozelos e
joelhos é especialmente crítica na medida em que estão em posições que lhes
exigem apoio constante de todo o corpomente, contra a força da gravidade.
Em termos psicossomáticos,
os tornozelos e os joelhos relacionam-se a muitos dos mesmos traços e
qualidades de caráter que foram atribuídos aos pés, tais como estabilidade; grounding, contato com a terra,
facilidade de movimento e de mudança, auto sustentação e um senso de graça e
presença.
Além disso, descobri durante
os anos em que trabalhei como instrutor de atletismo e de ioga que as lesões
dos tornozelos e joelhos estão frequentemente relacionadas a conflitos
psicológicos, em torno de sentimentos de orgulho, progresso (ou resistência ao
progresso), autossatisfação.
Tenho ficado fascinado ao
observar que em muitos casos de lesão do tornozelo ou do joelho, as pessoas
estavam envolvidas de modo considerável nalguma tensão pessoal que abrangia
tais aspectos de suas vidas.
Poder-se-ia portanto dizer
que tornozelos e joelhos refletem o senso de graça ou facilidade com o qual
evoluímos ao longo de nossas vidas e nos movemos no mundo.
Quando estes aspectos de
nossas vidas estão fluindo, estão abertos, nossos tornozelos e joelhos são
flexíveis e vitais; quando estamos entalados ou conflitados, nossos tornozelos
e joelhos terão propensão a se enrijecer e se tornar mais suscetíveis a lesões.
Dentro
desta óptica, doenças e lesões podem ser consideradas como sinais de
advertência, mensagens não-verbais que seu corpo transmite quando você não está
tomando cuidado de si mesmo, como deveria.
Se
você conseguir traduzir estas mensagens somáticas em informações
psicoemocionais, tornar-se-á muito mais consciente de suas necessidades,
paixões, conflitos.
Neste sentido, o corpomente é quem resolve
seus próprios problemas, pois as respostas erradas manifestam-se como tensão e
as certas, como vitalidade.
SATURNO e os Joelhos
Segundo
uma perspectiva superior, a função mais importante descrita por esse planeta é
a de proporcionar forma, estrutura e limites.
Quando
o homem entra no plano terrestre, precisa construir um veículo para proteger a fragilidade
da alma e do espírito. O esqueleto é o veículo do espírito inato ao homem.
Saturno
governa também os joelhos.
O intrincado mecanismo de articulação dos
joelhos dá sustentação à espinha, pois permite o deslocamento de toda a
estrutura física. Portanto, quando os joelhos são afligidos, é um indício de que
parte do problema pode estar ligada ao equilíbrio da estrutura óssea.
Numa
emergência, ou quando a saúde se deteriora de repente, as pessoas muitas vezes
sentem fraqueza nos joelhos, ficam incapazes de se sustentar.
A fraqueza crônica dos joelhos pode indicar um
problema ligado à vesícula biliar, pois, no sistema de
acupuntura, um ponto importante da vesícula biliar situa-se nos joelhos.
A vesícula produz a bílis, necessária para a
digestão. A relação entre o par de opostos é óbvia aqui. Câncer, o signo oposto
a Capricórnio, governa o sistema digestivo.
Quando a vesícula biliar é afligida, pode
desenvolver pedras. Saturno rege essas pedras. A artrite é outra doença
descrita por Saturno.
Torna-se
em especial dolorosa quando há acúmulo de cálcio nas articulações ou entre as
partes ósseas do corpo. Saturno rege toda a área do corpo que absorve cálcio.
Uma pessoa com aspectos difíceis de Saturno em
seu mapa também pode ter uma deficiência de cálcio, facilmente reconhecida pela
facilidade de se quebrarem essas partes do corpo.
A
guarda do sistema realizada por Saturno focaliza-se em duas áreas muito
importantes de proteção: as costelas
e a coluna vertebral costelas protegem os pulmões, que se expandem para
permitir a respiração.
A
respiração conduz o oxigênio que purifica a corrente sanguínea, porém, mais que
isso, o sopro da vida conduz a energia espiritual por todo o sistema.
A
coluna vertebral protege o sistema nervoso, que conduz mensagens do cérebro
para o corpo. Urano é o planeta que rege o sistema nervoso e descreve a
essência espiritual.
Cabe a Saturno proteger a energia espiritual, encerrando-a
na estrutura física. A importantíssima linha de demarcação entre Saturno, o
planeta ligado à terra, e Urano, o primeiro da oitava espiritual, pode ser
vista na interação da caixa torácica com ·o diafragma (Saturno) e os pulmões
(Urano), assim como na relação entre a coluna vertebral (Saturno) e o sistema
nervoso (Urano).
O
reverso da guarda maravilhosa de Saturno é uma predisposição à rigidez. Quando
Saturno descreve condições de saúde, a manutenção da flexibilidade é a chave do
bem estar.
Saturno
descreve uma tendência a
fechar-se quando é preciso suportar uma pressão física ou emocional grande demais.
A rigidez restringe o fluxo de energia pelo
corpo.
Assim
como os joelhos devem curvar-se e ceder para a pessoa conseguir caminhar sobre
superfície! irregulares, todo o sistema precisa continuar flexível para lidar
com a superfície irregular do plano terrestre e suas provas.
Saturno
também rege a cartilagem do nosso corpo quer se trate de discos entre nossas
vértebras ou a cobertura em nossas articulações do joelho.
Então,
se você tem problemas no joelho que você pode olhar para ver se o seu Saturno,
Urano e Netuno são ou em Capricórnio ou a sua polaridade oposta, Câncer.
Se
você tiver três ou mais aspectos difíceis para qualquer um destes planetas
natais, você pode acabar com o joelho preocupações conjuntas.
Então,
ele não tem que ser o seu Sol em Capricórnio que incide sobre esta parte do seu
corpo. Se o Sol tem três ou mais aspectos difíceis, então você cair sob a
probabilidade de problemas de joelho ou da vesícula biliar em algum momento de
sua vida.
Os exercícios de alongamento são importantes
para prevenir a rigidez do corpo.
O
planeta Saturno representa o último dos planetas ligados à terra e anuncia os
planetas de orientação espiritual, ou planetas externos como Urano, Netuno e
Plutão.
Saturno
é regente de Capricórnio, que governa o esqueleto, a estrutura óssea do corpo,
os dentes e as unhas. Saturno rege as glândulas paratireóides, que regulam o
metabolismo dos minerais necessários para
se
ter ossos fortes.
Descreve todas as funções dos ossos e da medula.
SAÚDE, DOENÇA E
CRESCIMENTO PESSOAL
Creio que nesta altura
seria oportuno que eu apresentasse a vocês algumas de minhas crenças e
sentimentos com respeito a lesões e adoecimentos do corpomente.
Creio ser apropriado o uso
dos joelhos como exemplo de discussão, pois há pouco tempo passei por uma série
de problemas com meu joelho esquerdo, os quais culminaram numa ruptura de
cartilagem e em sua subsequente remoção cirúrgica.
Durante toda minha vida
sempre pratiquei alguma modalidade esportiva. Também me mostrei sempre
descuidado na forma pela qual tratava meu corpomente, enquanto estava envolvido
nestas atividades.
Em consequência disto,
sofri uma certa cota de torções, luxações, distensões e fraturas. Passando em
revista essa parte de minha vida, observo que a maioria destas lesões ocorreu nas
articulações ou próximo a elas.
Especialmente, a maioria destes assim chamados
acidentes afetou ou meus tornozelos ou meus joelhos. Sempre acreditei que estes
problemas aconteciam porque alguém me empurrou, ou porque caí do modo errado,
ou porque o chão onde corria estava escorregadio.
Ultimamente, à medida que me fui tornando mais
consciente de minha própria natureza psicossomática
e comecei a assumir maior
responsabilidade por um número maior de atos por mim realizados;
notei que todas as minhas lesões se deram em
momentos e em pontos do corpomente nos quais incidia uma pressão psicossomática
extrema; por causa desta, estes locais ofereciam um limiar rebaixado de
vitalidade à atividade do movimento agressivo que eu estava praticando.
A mais recente de todas as
lesões de meu joelho se deu no ano passado, após um longo intervalo de anos de
manutenção da saúde preventiva, isento de lesões.
Após o problema inicial e
antes da operação cirúrgica corretiva, passei nove meses com uma dor e um
aborrecimento intermitentes que me mantiveram continuamente consciente das
necessidades de meu joelho, além de sensível a elas.
Quem quer que já tenha alguma vez torcido um
tornozelo ou distendido um punho sabe o que é não poder contar com o
funcionamento integral de uma parte tão importante de seu corpo.
Tive oportunidade de
aprender muito a respeito de mim mesmo durante estes meses e percebi que a
atenção redobrada que prestava ao meu joelho, me permitia começar a ver
exatamente o que estava acontecendo ali e por que, para início de conversa, eu
o lesionara.
Foi uma pena eu não ter
tido tão claras essas informações a respeito de meu corpomente, antes da época
desta lesão.
Foi basicamente através de
meus estudos de Yoga que criei um modo simples e valioso de considerar minha
lesão - e todas elas, por falar no assunto - modo este que me permitiu um
melhor entendimento de meus próprios processos de saúde/ doença.
Esta explicação Yogue da autoconstrução e da
autodestruição, da saúde e da doença que irei explicar brevemente a seguir,
oferece uma perspectiva sobre a doença e a saúde consideravelmente diferente daquela
que se nos é apresentada pelo nosso sistema médico contemporâneo;
e creio que a colocação dos iogues é um meio
mais apropriado para entender o modo como o corpomente se investiga a si mesmo,
funciona e desfunciona por si.
A palavra ioga deriva
deyuj, que se traduz grosseiramente por "juntar", "unir". A
implicação do termo é que, através da investigação iogue de si mesmo, o
indivíduo pode alcançar um estado de união consigo e com o universo do qual faz
parte.
Existem quatro caminhos
essenciais na ioga: karma ioga, que é o caminho da ação; bhakti ioga, que é a
ioga da devoção e do amor altruísta; jnana (ou Jnani) ioga, que o caminho da
auto reflexão e da sabedoria, a ioga filosófica; e raja ioga, considerada a
"ioga suprema".
A raja ioga contém elementos dos outros três caminhos
da ioga, mas se caracteriza basicamente por técnicas de exercício físico, de
meditação e pranaiama (exercícios respiratórios).
Raja é a forma da ioga com
a qual estamos mais acostumados. Uma vez que este tipo de ioga está voltada
para o desenvolvimento físico, mental e emocional, inclui uma variedade de disciplinas
corpomentais bem conhecidas, como a Hatha Yoga, a prana ioga, a tantra ioga,
Kundalini Yoga e sida Yoga.
Tenho praticado Hatha ioga
regularmente durante os últimos oito anos; jnana ioga venho examinando há
cinco. Posso acrescentar que, na realidade, não tenho efetivamente praticado
hatha ioga.
Ao contrário, tenho
praticado a "mim mesmo" com o concurso da Hatha ioga: Da mesma forma,
não tenho examinado a jnana ioga, antes venho "me" examinando por
meio das práticas da jnana ioga. Acredito que a ioga só pode ser entendida
quando é experienciada pelo corpomente inteiro.
Dado que é uma forma de auto investigação que
se baseia principalmente na experiência, não se presta muito bem a uma
descrição intelectual.
Conquanto hatha e jnana
ioga abordem aspectos diferentes do autoconhecimento, descobri que quando são
investigados e traduzidos por intermédio do corpomente, começam a emergir como
expressões aproximadamente idênticas do mesmo conhecimento básico.
Tentarei compartilhar com vocês um pouco desta
perspectiva. A óptica ioga admite que cada um de nós é composto por um grande
número de forças, sentimentos, limites, possibilidades e paixões. Estes
aspectos existem no seio de meu corpo e da minha mente e, coletivamente,
definem os limites que em geral identifico como "eu".
Portanto, a qualquer ponto
no tempo, existe toda uma infinidade de limites e pontos críticas que aguardam
minhas investigações e crescimento. A nível físico, estes limites são vividos
como tensão muscular, movimento restrito, dor. Psicologicamente, são experimentados
como dogma, ignorância e medo.
Todos eles contam com
potencial para se modificarem e auto reestruturarem continuamente.
Bem, se agora me sento no
chão e tento pegar meus dedos do pé com minha mão, observo que só consigo me
alongar a mais ou menos uns 12 a 13 em de distância de meus pés, quando então começo
a perceber tensão e uma dor moderada.
Neste ponto, os músculos
da região lombar (minhas costas) e os músculos da parte de trás (barriga) de
minhas pernas estão por demais tensos para que eu consiga ir mais um pouco à
frente.
Neste instante, estou sentindo um de meus
limites. -
Nesta altura da estória, este
ponto crítico é de alta importância pois, segundo a cosmologia iogue, é
considerado um professor criativo como qual posso aprender coisas a respeito de
mim mesmo.
Se eu me aproximar deste professor/ponto
crítico com amor, sensibilidade e percepção, descobrirei que ele irá
deslocar-se, permitindo para mim um maior âmbito de movimentação.
Se me afastar dele intimidado, nada aprenderei
de novo e, com o tempo, meu próprio dogma/tensão irá contrair-se sobre si mesmo
e eu ficarei ainda mais contraído.
Se tentar ultrapassá-lo
violentamente poderei iludir-me e pensar que aprendi e expandi-me mas, na
realidade, o que acontece em geral é que estou só me impressionando
temporariamente com um ataque de ambição e tal sentimento irá provavelmente contrair-se
sobre si mesmo;
na forma de insegurança e medo, forçando-me a
entrar numa confusão ainda maior ou então em incompreensões potencialmente
perigosas.
Quando, a nível físico, me aproximo delicada e
conscientemente de um ponto crítico, meu corpo responde focalizando a energia e
a atenção neste ponto, eu me concentro nessa área, minha mente e minha alma se
unem ao meu corpo, e a consciência espiritual da Luz da harmonia do meu corpo
estimula a cura áurica e etérica;
e assim, é possível o sangue e a energia banharem
os músculos e órgãos descontraídos com vitalidade e vida, o que me permite
experimentar o verdadeiro crescimento e o verdadeiro nutrir-me a partir de mim
mesmo.
Porém, se eu não tentar um contato com esse ponto
crítico, meu corpo, destituído de motivo de enfoque, terá dificuldade pata
isolar o local em questão e alimentá-lo, do que decorrerá pouco crescimento e
pouco aperfeiçoamento.
Para colocar a coisa nos
extremos: se eu jamais explorar meus limites, meu corpomente irá aos poucos se
enrijecendo e se tornando inconsciente com regularidade de maneira cuidadosa, e
corajosa, irei me expandir e crescer.
Mas se eu quiser me forçar
a ir mais além de onde consigo honestamente chegar, não estarei mais praticando
"ioga;' mas, ao contrário, irei praticar "cobiça", arrogância, e
provavelmente serei defrontado pela dor e pela doença.
Em linguagem nua e crua: é a diferença entre
ignorar,
amar ou estuprar a si
mesmo.
Outro aspecto fascinante é
que o professor/ponto crítico, além de definir os limites da expansão e da
contração, também distingue a sutil demarcatória existente entre a
autodestruição e a autocriação.
Neste sentido, o artista
se esforça para estar constantemente ultrapassando os limites de suas próprias
capacitações e ignorâncias, a fim de experimentar uma nova ideia, um insight criativo,
uma visão iluminadora.
Mas se ele se forçar com muita intensidade ou
com muita pressa na ultrapassagem destes limites, sentirá tensão, dor e
sofrimento.
O mesmo acontece com o atleta ou com o iogue.
Quando o crescimento psicológico ou físico são forçados demais, o movimento
para a expansão e para a criatividade é muitas vezes forçado a procurar outro
caminho, enveredando pela dor, pela pressão, pela desintegração.
Muito bom, mas o que é que
tudo isto tem a ver com saúde, doença e crescimento pessoal? Bem, a implicação
desta perspectiva iogue é que à saúde, a doença e o crescimento pessoal são
todos aspectos do modo como você lida consigo mesmo.
Quando você está numa disposição amorosa a seu
próprio respeito, livre de conflitos cronicamente dolorosos, seu corpomente
manifesta um estado de saúde.
Da mesma forma, quando você está numa
disposição inconsciente e carente de amor com relação a si mesmo, você corre o risco
de levar seu corpomente a um estado de doença e de tensão que destruirá sua
saúde e prejudicará seu crescimento.
Está cheio de vida e em contínua expansão é
estar investigando constantemente a interação destas possibilidades
corpomentais inextricavelmente interligadas.
Esta perspectiva sugere também que o meio mais
eficaz e eficiente para o desenvolvimento pessoal consiste em ser tão
consciente e perceptivo quanto possível, respeitando todo o tempo os limites de
si mesmo e considerando a expansividade continuamente regeneradora.
Esta perspectiva reflete a
abordagem iogue holista da não violência, da não competição, com respeito à
educação, ao crescimento, à saúde, contrastando com nossa filosofia ocidental e
nossas práticas de saúde, que são frequentemente competitivas, agressivas e
insensíveis a si mesmas.
Quando o corpomente se
trata de modo insensível, geralmente causa lesões, estiramentos, desfuncionamentos
e a localização específica deste mal-estar é normalmente uma excelente
indicação do tipo exato de descuidada agressividade que esteve em ação contra
si mesmo.
Um exemplo perfeito de
como o corpomente sob pressão é levado à doença psicossomática pode ser
observado nos fatores que contribuíram para a ruptura de cartilagem que
provoquei em meu joelho esquerdo.
Há dois anos, estava eu
vivendo pacificamente numa pequena cabana rodeada por uma floresta de sequóias.
Já estava morando ali perto de dois anos e minha vida se havia tornado
confortável e assentada.
Certa manhã, meu senhorio bateu à minha porta,
me acordou e me disse que havia decidido deixar que alguns amigos seus morassem
na minha casa, de modo que eu deveria me mudar dentro dos próximos dias.
Fiquei no mesmo instante
completamente infeliz perante aquela inesperada modificação de minha vida.
Me deparava com diversas
perguntas conflitantes. Deveria ficar na cidade ou mudar?
Se fosse o caso de sair, para onde e por que
iria para outro lugar?
Naquela época, minha vida profissional estava
atingindo um estágio crítico que me fazia confrontar minha própria popularidade
crescente dentro do movimento pelo potencial humano.
Desnecessário dizer que
meu próprio ego e minhas ambiciosas motivações pessoais estavam embaraçosamente
ativas.
Dentro das próximas quatro
semanas, estava programado para dar início a uma série de palestras e workshops
que iriam durar seis semanas no total, percorrendo a Costa Leste,
de modo que retirei todas
as minhas coisas de dentro daquela casa e as coloquei na soleira da porta da
casa de um amigo até que chegou o momento de partir para Nova York.
Fiquei tão aborrecido de ter de deixar minha
bela casa e de empacotar todas as coisas nas caixas que minha ioga sofreu um
certo abalo e meu corpo ficou tenso.
Enquanto estive na Costa
Leste, minha mente andava às voltas com decisões iminentes sobre minha vida,
mantendo-me parcialmente sem grounding,
onde quer que eu estivesse.
Meus pensamentos estavam repletos de
insegurança e meu corpomente foi obrigado a experimentar e armazenar toda esta pressão
acumulada.
Sendo assim, minha
estabilidade pessoal, minha capacidade de me sustentar; meu ego, minha
agressividade, tudo isto estava em conflito e tal conflito manifestou-se nos
joelhos, especialmente no esquerdo, o qual estava tentando me dizer que eu
devia ir mais devagar e me tornar mais receptivo-aos acontecimentos.
Se eu tivesse prestado mais
atenção a mim mesmo, poderia ter respondido a estes sinais e poderia ter
conseguido me equilibrar eliminando todas as confusões que prevaleciam em meu
corpomente;
porém, como é comum em
situações tumultuadas, eu estava ainda menos razoável do que de costume.
De modo que, certo dia quando estava fazendo
meus exercícios diários, decidi dar uma "colher de chá" para o ego e
tentei realizar uma postura de ioga extremamente difícil que só poucas vezes
antes eu tinha conseguido realizar.
Esta postura exigia que eu
forçasse simultaneamente uma grande quantidade de minhas regiões musculares ao
máximo de seus limites, causando uma espécie de ato de malabarismo consciente, dentro
de meu sistema psicofísico.
A área de menor percepção e de maior pressão,
meu joelho esquerdo, simplesmente não pôde suportar a tensão de tanta pressão
psicossomática. Cedeu e rompi a cartilagem mediai do menisco, na parede interna
do joelho esquerdo.
Isentando-me de todo
julgamento de valor a respeito do benefício ou do prejuízo de lesões, consigo
ver claramente que essa lesão me apresentou uma nítida colocação de como estava
meu corpomente naquele momento de minha vida.
Como um
grito físico, recordou-me de quem e do que era eu, naquele instante em
particular. A
lloucura
de se machucar é que freqüentementefrequentemente
isso nos força por
fim a prestar atenção em nós mesmos.
Assim que senti
a ruptura e a dor, minha reação imediata de tristeza e de
confusão modificou-se aos poucos para riso e autoconsciência,
pois
que eu reconhecia
dolorosamente que durante semanas me
mostrara desatento e inconsciente de mim mesmo.
A dor no joelho
devolveu-me à consciência de minha responsabilidade
por
mim mesmo. Conquanto transtornado pela lesão, fiquei estranhamente
satisfeito
pela intimidade que mais uma vez voltava a
sentir em
relação a mim mesmo.
Não estou sugerindo que todo
mundo
tenha que começar a partir seu corpo em pedaços a fim de
chegar
a conhecê-lo. No entanto, estou propondo que o corpomente
exige
e merece atenção e autoconsideração, e que
quando é negligenciado ou pressionado
torna-se mais suscetível a lesões.
No meu caso pessoal, o
ponto de adoecimento ocorreu exatamente na
encruzilhada
que mais explicitamente ilustrava meu estado de
falta de consciência e
de desintegração, naquela época
de minha vida.
Durante momentos
de conflito como aquele, é necessária uma concentração da
atenção a fim de manter a harmonia do corpomente;
não
obstante, muitos de nós prestamos em geral menos
atenção
afetuosa a nós mesmos, durante períodos de tumulto e de
tensão.
Este exemplo
extraído de minha vida particular, é do tipo em que uma lesão
aguda emergiu de um estado crônico de pressão do
qual
não havia reconhecimento e para o qual não havia dado
atenção
ou cuidados.
O bloqueio foi a
manifestação de todos os fatores de minha
vida que não haviam sido solucionados e de todos
os
sentimentos que existiam em meu íntimo, com relação a tais
fatores.
De modo que essa lesão não foi algo que me
sucedeu e
sobre
a qual eu não possuía controle. Tampouco tratou-se de um
acidente.
Ao contrário: foi uma colocação honesta e
precisa daquilo
que
eu estava fazendo comigo e para mim e que simplesmente
estava
se refletindo de volta através da
linguagem de meu corpomente.
Desde essa lesão
no joelho, e devido à minha percepção cada
vez maior, segundo a yoga,
de que o funcionamento do corpomente
está
associado a meus próprios estados
internos de harmonia e
de saúde;
fiquei muito mais sintonizado nas
necessidades de meu corpomente e,
por meio disto, muito mais capaz de curar e de
harmonizar,
consciente e amorosamente, a variedade de forças e de
paixões
que existem dentro dele ... dentro de mim.
Embora seu
corpomente seja uma máquina espantosa em sua eficiência,
durabilidade, capacidade de curar-se por si e de evoluir,
tem
também seus limites.
Se os pontos críticos psicossomáticos não são objeto
de cuidado, ou se são maldosamente explorados, seu
corpomente
irá experimentar tensão, pressão, dor, doença, lesões e
por fim a
autodestruição.
Fui levado a crer que o corpomente desfunciona em
geral em momentos de pressão e em pontos psicossomáticos
que
estão voltados para interações tensionantes, a ponto
de
o limiar saudável para a doença ter sido rebaixado, o que dá
então
margem a fraquezas ou adoecimentos.
Por exemplo, quando uma parte do
corpomente é mantida em tensão, isolada do fluxo da
energia
e da nutrição que percorre o corpo com regularidade,
aquela
região terá propensão a entrar em disfunção e a morrer
antes
das demais.
Assim, está dentro do corpomente humano; as regiões de
conflitos irresolvidos podem se tornar desertos psicossomáticos
áridos,
coexistentes com um sistema de economia vital,
exceto
por tal região.
As áreas sufocadas de vida e de energia irão
perder vitalidade, tornar-se mais frágeis, mais adoecidas e
portanto
mais
propensas a lesões e moléstias.
Os pontos de
pressão psicossomática podem surgir em
qualquer local do
corpomente. Na barriga, podem se constituir num
cólon
espásticos, ou num cisto
de ovário;
no peito, podem manifestar-se como tórax frio, asma,
ou ataque de bronquite; na pelve, em tensão e
bloqueio que são a frigidez sexual ou uma condição
ciática;
no pescoço, o conflito pode ser vivido como tensão e movimento
limitado.
Os conflitos
podem também aparecer nas articulações
porque, conforme já
mencionei as articulações são encruzilhadas e portanto
tornam-se extremamente suscetíveis a bloqueios e
conflitos.
Este
texto é resultado de uma pesquisa, é uma compilação, um resumo, inspirado em
vários mestres do assunto: Liz Greene,
Sasportas, Nauman E., e outros mestres do assunto.
muito bom obrigado
ResponderExcluirObrigada pelo texto e também por compartilhar o nome dos outros escritores!
ResponderExcluirObrigada, atualmente estou num conflito comigo mesma, com a familia, com meu joelho esquerdo doendo...
ResponderExcluirAgradeco muito por compartilhar sua experiencia e ensinamentos que vc aprendeu com ela. Eu torci meu joelho esquerdo recentemente e lendo esse texto descobri muito do que esta além da torção em si.
ResponderExcluirMuita luz, saude e harmonia para todos nos, no nosso corpomente!
Agradeço profundamente por compartilhar a sua experiência vivida e o seu saber! Ampliando a consciência,alargando os horizontes e fortalecendo o campo dentro das infinitas possibilidades. Acabei de destruir meu tornozelo esquerdo, depois de pensar que tinha resolvido o direito, num processo desde 2011... Ok, a busca continua! O bom, ainda que eu esteja morrendo de dor, é que o recado é claro! Então, converso amorosamente com meu corpo, com a minha mente cheia de dúvidas, que não consegue ter coragem de fazer a escolha... e converso também com o buraco, quase em tom de agradecimento! rsrsrs. Penso nesse momento, que a escolha do caminho já não tem mais volta. A coragem vem, logo menos. A Phoenix que habita em mim sempre foi tão forte e agora custou tanto. Mas agora vai! Com dor mesmo...rsrsrs
ResponderExcluirO ridículo é precisar de um sinal tão contundente, né?...
Gratidão pelo texto! Bjo no coração!
Pensando aqui na relação dessa batalha com os meus tornozelos com relação a Saturno, Urano e Netuno. Meu mapa é um dos mais desafiadores que eu já conheci, com quase todo mundo retrógrado. Mas meu Saturno Natal é um dos dois diretos e bastante empoderado em Áries, na casa 2. O outro também, infelizmente é Vênus também ariana, o que ainda que venha conferir força dá uma confusão danada no contexto geral...
ResponderExcluirNetuno junto com Marte, ambos retrógrados, justo no meu ascendente, Escorpião. Águas profundas e Karmas pra serem transmutados, à rodo...rsrsrs
Por fim, Urano junto com Plutão, ambos Rx, super desafiados e desafiadores na casa 11 em Virgem, e dividem a casa 11 com o Nodo Norte, ainda em Leão. Tarefa pouca. Se vim com ela é pq tenho ferramentas pra dar conta. Já admiti isso!
Só não consegui estabelecer uma relação deles com as minhas "dobradiças"... No caso as minhas que sofrem não são os joelhos (ou eles sofrem muito menos). Minha luta está com o tornozelo e as minhas escolhas, talvez.
Valeu a reflexão! vou refletir depois com menos dor. Bjo no coração!