O inferno da mente compulsiva, agressiva e raivosa
Com este texto procuro compreender o
significado dos símbolos do inferno da mente,
com o objetivo de conhecer o universo simbólico dos dos arquétipos, dos sonhos, da mente, e dos
ensinamentos budistas, esotéricos, espiritualistas.
É
necessário estar alerta com o conteúdo onírico de um sonho envolvendo imagens,
ou figuras demoníacas ou insistência de imagens relacionadas com o fogo,
destruição e morte. Um pensamento compulsivo de destruição e morte, pode ser um
indicativo de suicídio, assassinato, loucura, surto psicótico ou de destruição.
Quando observamos a mente em meditação,
podemos ver com clareza como cada pensamento surge e cessa, como causa e efeito
operam, como estados mentais sucedem uns aos outros exatamente como uma vida
depois da outra, e como nossa permanência imaginada é na verdade um processo de
mudança contínua.
Se
aprendermos a observar todas essas coisas acontecendo nesta vida, não é tão
difícil aceitar a ideia de todas elas continuarem após a morte. Nossa própria
mente é a única coisa que podemos realmente conhecer.
Podemos aprender a ver, além de qualquer
dúvida, como criamos continuamente nosso próprio mundo através do poder da mente,
e como os seis reinos têm uma significação muito real na psicologia da
existência diária.
Trungpa Rinpoche sempre falou sobre os seis
reinos como estados mentais e enfatizou a importância de compreendê-los dessa
forma, enquanto temos a oportunidade nesta vida.
Ele
se referia a eles como estilos de aprisionamento, estilos de confusão, estilos
de insanidade e mundos de fantasia. São todos estratégias para manter o que ele
chamava de jogos do ego em face à possibilidade do despertar.
Surgem a partir dos venenos, e quando
permitimos que uma dessas emoções poderosas se desenvolva e tome conta de
nossas vidas, encontramo-nos no reino em particular associado a ela.
O
veneno corroendo o centro do ser que habita cada reino se origina do medo
básico de perder o ego, expresso nessas seis formas características. Todos os reinos
são baseados em apego e avidez, não nos permitindo que nos liberemos em direção
ao espaço.
Quando estamos completamente imersos em um
estado emocional insuperável, todo o nosso mundo se torna colorido por ele;
tendemos a ver o ambiente e as outras pessoas sob a mesma luz, de tal forma que
se torna interior da exterior.
Quando estamos felizes todos ao nosso
redor, as pessoas reagem a nós e se sentem
mais felizes também; somos capazes de desfrutar do tempo, mesmo se estiver feio
ou desagradável, e vemos beleza até na mais feia paisagem.
Da
mesma forma, quando estamos consumidos por raiva ou por ódio, tudo se torna
odioso; não sentimos prazer no ambiente que nos cerca e achamos que todos estão
direcionando sua agressividade para nós. Atraímos o pior das outras pessoas, e
mesmo objetos inanimados parecem refletir nosso mau humor, quebrando-se,
ficando no caminho e causando acidentes.
Esses são exemplos diários de morada nos reinos
do céu e do inferno. As descrições dos seis reinos podem parecer extremas;
mostram cada reino em sua forma mais intensa, não diluída por quaisquer outras
características. Para nós que somos humanos, as experiências dos outros reinos
sempre acontecem dentro da natureza humana básica; é como se víssemos apenas
suas sombras ou seus reflexos.
Platão fala de Idéias originais, das quais são
derivadas toda a matéria e as idéias subsequentes.
Essas idéias estariam nas mentes dos deuses
antes da criação do mundo; por isso, as Idéias platônicas precedem a
experiência.
Jung pensava que certas fantasias
primitivas não resultavam de uma experiência real, mas que estavam projetadas
dentro das chamadas lembranças. Imagens primordiais e dominantes do inconsciente
coletivo eram as fontes dessas fantasias posteriores (cf. Samueis, 1982).
Jung é categórico quando diz:
As representações arquetípicas (imagens e
idéias) que nos chegam do inconsciente coletivo é uma imagem do mundo que levou
uma eternidade para se formar. Nessa imagem, os arquétipos dominantes, se
cristalizam no decorrer do tempo. São eles que tem poder (CW 7,151).
Só quando os arquétipos entram em contato
com a mente, consciente, isto é, quando
a luz da consciência incide sobre eles(..)
e ele assumem um conteúdo individual(...) só então a consciência pode
aprender, compreender, elaborar e assimilar esses arquétipos.(1959,p.66)
“A mente é seu próprio lugar , e dentro
dela
Pode fazer um Paraíso do Inferno, um Inferno do Paraíso”.
Samsara para os budistas é o estado de
vagar em círculos. A roda da vida nos apresenta um quadro não apenas da vida
humana, mas da vida como um todo — manifestando-se em todas as multidões de possibilidades
dentro dos seis reinos, movendo-se incessantemente de um para outro,
transformando- de um tipo de consciência em outro.
Em linguagem comum, os seis reinos em geral
pretendem explicar os vários tipos de existência nos quais s seres conscientes
podem nascer.
Nascemos como humanos nesta vida, mas
teoricamente é possível que pudéssemos renascer em qualquer um os outros reinos
como resultado de nossas ações.
Essas ações determinam nosso corpo físico,
nossos estados mentais subjacentes e a maneira como experimentamos o mundo e os
outros seres. Corpo, mente e ambiente são inseparáveis.
Por
exemplo, não poderíamos de repente nos encontrar em um corpo animal com uma
consciência humana; teríamos primeiro de desenvolver uma consciência animal e
perceber todo o ambiente com a mente de um animal.
Tradicionalmente, essa interpretação dos
seis reinos tem sido enfatizada como um incentivo à prática do dharma. Em uma
cultura onde a crença na reencarnação é aceita, a contemplação sobre o ciclo
infindável de vida após vida é muito poderosa e eficaz.
Mas
para aqueles de nós que não cresceram com essas idéias, como parte de seu
passado cultural, seria artificial simplesmente aceitá-las como uma questão de
fé.
Precisamos chegar a uma compreensão mais
profunda de seu significado interior, antes que possamos integrá-las à nossa
visão de vida.
Muitos budistas, cristãos ocidentais têm
dificuldades com o conceito de renascimento nos seis reinos, ou mesmo com o renascimento
por si só.
Ninguém pode nos provar o que existe além da
morte. Entretanto, podemos investigar nossas mentes aqui e agora e descobrir
todos os mundos contidos nelas. Podemos descobrir o que a vida como um ser
humano realmente significa neste exato momento, e isso pode nos levar a uma crença
razoável, baseada na experiência presente, sobre o que acontece após a morte.
Externar nossa agressividade pode nos
proporcionar um alívio de curto prazo, mas não produz de fato resultado
desejado. Queremos destruir o mundo ao nosso redor que está nos causando tanta
dor, mas em vez disso descobrimos que o mundo é um espelho cheio de nossos
próprios reflexos.
Todos os venenos emocionais são viciadores;
quando estamos sob o seu domínio, parecem ser absolutamente necessários para
nos manter em movimento, e fornecem uma razão para nossa própria existência.
De algumas maneiras, a agressão é o mais
difícil de se livrar, porque nos faz sentir muito fortemente que estamos com a
razão. O problema é sempre culpa de alguma outra pessoa, e parece não haver nada
que possamos fazer a não ser reagir com ódio ou raiva.
Nossa própria agressividade volta até nós de
todos os ângulos, ampliada e transformada em terríveis alucinações. Ela deságua
em uma situação de extrema claustrofobia, sem espaço para onde se abrir e sem
tempo para relaxar.
É
por isso que, em todas as tradições, o inferno é o mundo subterrâneo:
O reino dos seres infernais é o mais baixo
de todos os reinos e é causado pela agressão extrema. É o mais intenso, mais
confinado e mais claustrofóbico. ele jaz no mais profundo da terra, esmagado e
fechado por todos os lados, não oferecendo nenhuma esperança de escapar.
Em outras religiões, também, o inferno é
feito de fogo; mas no budismo existem dois tipos de inferno: um feito de fogo
ardente e outro feito de frio gélido. Ambos contêm oito regiões de intensidade
variável, onde diferentes tipos de tormentos são infligidos.
Já que estamos no reino humano,
presentemente só experimentamos sombras dos outros reinos filtradas pela
natureza humana.
Tão terrível quanto possa parecer inferno é
uma condição que os seres humanos conhecem muito bem. Frequentemente descrevemos suas manifestações exteriores,
tais como guerra, terrorismo, tortura, fome, sede e degradação como o inferno
na terra, embora sejam apenas projeções do inferno que é experimentado primeiro
dentro do coração dos homens.
Fúria abrasadora e raiva incandescente
conjuram a atmosfera dos nossos pensamentos, compulsões e tendências.
Gostaríamos de queimar o mundo inteiro com a força de nossa raiva, mas em vez
disso descobrimos que nós mesmos estamos sendo consumidos.
Cheios da necessidade de vingança, gostaríamos
de aterrorizar nosso inimigo, mas em vez disso o terror nos assombra em sonhos
e mesmo nas horas em que estamos acordados.
Pessoas nesse estado mental não conseguem ver
sua própria agressividade e não têm consciência do efeito que causam nas
outras; sentem que só elas estão sofrendo e que só elas são vítimas da hostilidade
dos outros.
Tudo que fazem volta-se para elas com o
mesmo ódio que arde em seus corações. Mesmo os elementos juntam-se na
conspiração contra elas e por isso atraem a sua atmosfera pessoas,
oportunidades e espaços para que entrem em contato no mundo externo com a
energia agressiva que queima na sua mente.. Não existe saída em nenhuma
direção.
No budismo o primeiro nível dos oito
infernos quentes da mente, neles os habitantes atacam e matam uns aos outros
incessantemente. Essa imagem é algo que podemos reconhecer na vida humana,
quando a agressão cega faz com que as pessoas ataquem com violência em todas as
direções enxergando em todo mundo um inimigo.
Mas parece indestrutível. Eles desejam morrer e
pôr um fim ao seu tormento, mas não podem; são cortados em pedaços muitas e
muitas vezes, e sempre revivem.
Mas mesmo os resultados das ações mais
negativas enfim acabam. As sementes da bondade gradualmente emergem na corrente
mental, e um ser infernal pode começar a sentir remorso ou piedade por um
colega sofredor. Aquele pequeno lampejo de compaixão é o suficiente para começar
o processo que finalmente leva ao nascimento em um reino superior.
Em todos os seis reinos, o Buda se
manifesta na forma mais adequada para se comunicar com os seres que lá habitam.
No inferno, ele aparece como Dharmaraja, o Rei do Dharma, um outro nome para
Yama, o Senhor di Morte.
De acordo
com a lenda indiana, Yama foi o primeiro mortal a morrer, por isso se tornou o
guia e o juiz de todos os mortos. Como Dharmaraja, ele é negro ou de pele
escura, e carrega vasos de água e fogo em suas mãos para aliviar o sofrimento
dos que queimam ou dos que congelam.
Aqui não há lugar para sutilezas: a dor
daqueles que sofrem no inferno é tão intensa que somente um antídoto direto irá
ajudá-los, antes que possam abrir seus corações para a mensagem da compaixão.
Em um nível mais profundo, ao mostrar-lhes
o fogo e a água simultaneamente, ele permite que experimentem um sentido de
contraste que está completamente ausente de suas vidas.
Seres infernais estão aprisionados em sua
dor porque estão convencidos que ela é real: o queimar ou o congelar tornou-se
toda a sua existência. Ver a presença simultânea do fogo e da água nas mãos do
Buda abre caminho para um súbito momento de dúvida sobre a sua condição —
talvez haja uma alternativa, afinal de contas.
Em Liberação através da audição, o caminho
que leva a este reino aparece ao simultaneamente a Akshobhya, o buda da família
Vajra, que transmuta o veneno da agressão.
O
peso insuportável do karma negativo neste reino inferior parece colocá-lo a uma
vasta distância das qualidades despertas de Vajra. Ainda assim, existe a
possibilidade de a inteligência e a clareza irromperem.
Qualquer vislumbre de despertar está sempre
conectado a um bardo, no sentido de que o inferno é o reino do apego mais intenso e da maior solidificação,
ele é particularmente associado com o bardo do morrer, onde todos os elementos
e componentes do ser se dissolvem.
Para
os seres infernais, abandonar sua agressividade é como morrer, porque estão tão
completamente identificados com ela. a raiva é uma couraça um proteção, sem ela eles sentem que são vulneráveis e fracos. O bardo é o ponto mais alto, a experiência
mais extrema do reino. Naquele momento de maior intensidade, equilibrado entre
duas alternativas, existe uma súbita oportunidade de ver além dos dois extremos
da existência e da aniquilação do ego.
Este texto é uma compilação dos ensinamentos de Francesca Fremantle
Pesquisado Por Dharmadhannyael
Este texto está livre para divulgação desde que seja citada a Font
http://dharmadhannyael.blogspot.com.br/
Este espaço está protegido pelo Arcanjo Miguel, Uriel, Rafael e Gabriel
Os eloim lutam no meu lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário