sábado, 7 de março de 2015

Espelho do Eu - Glândulas






                                            O ESPELHO DO EU - Glândulas 

Embora tenhamos examinado cada glândula como se fosse distinta das demais, é importante termos em mente que, na realidade, as glândulas funcionam juntas, como um todo integrado. Deixar de parte esta integralidade do sistema glandular nos deixa propensos a crer que uma ou outra glândula é mais importante que as demais.

A realidade é que nenhuma glândula é mais importante que outra no processo da autopercepção, sendo isto claramente indicado pelo fato de que cada uma tem seu papel próprio a desempenhar. Além disto, qualquer influência que seja exercida sobre qualquer uma das glândulas logo se faz sentir em todo o sistema.

Sem dúvida, o sistema glandular pode ser afetado por fenômenos que ocorrem no interior e no exterior do indivíduo.

Do ponto de vista Rosacruz, a mais importante influência capaz de afetar o sistema glandular está associada a atividades que ocorrem no interior do Eu psíquico. É por isto que nos referimos ao sistema das glândulas como “O Espelho do Eu”. Mas o que significa exatamente o termo Eu?


Comumente, quando falamos em Eu estamos nos referindo a uma compreensão ou percepção de nossa natureza interna. Em outras palavras, não falamos do Eu em sua atualidade (natureza verdadeira ou intrínseca, na terminologia Rosacruz).

 Em vez disto, falamos de um reflexo, e a partir deste reflexo pensamos sobre qual seria a verdadeira natureza do Eu. Em nossas reflexões, frequentemente chegamos à conclusão de que o reflexo do Eu deve ser determinado pela qualidade do espelho.

Assim, devido à nossa compreensão da lei de causa e efeito, presumimos que, se pudéssemos aperfeiçoar a qualidade do espelho, também tornaríamos mais perfeita a qualidade do reflexo. Entretanto, isto é apenas parcialmente verdadeiro.

Ao tentarmos explicar muitas injustiças da existência humana, deixamo-nos seduzir, com bastante frequência, por respostas simplistas que sustentam, por exemplo, que existe uma relação causal direta entre a qualidade do “espelho”, por um lado, e a qualidade do Eu nele refletido, por outro.

 Embora tais explanações sejam lógicas, do limitado ponto de vista do intelecto objetivo, temos ainda que confrontar o espinhoso problema levantado por aqueles notáveis seres humanos que, embora as mais sofisticadas análises químicas e fisiológicas demonstrem ter seus “espelhos” um nível apenas médio de qualidade, brilham como faróis de coragem e virtude nos anais da História.

 Parece, então, que além das qualidades físicas do espelho, deve existir algum outro fator que determina a qualidade do reflexo do Eu. Este outro fator é a radiância da Luz que permitimos alcançar o espelho. De onde vem essa Luz? Como influenciamos a incidência da mesma sobre o espelho?

Após os nove meses de gestação, quando o corpo infantil está devidamente preparado pela orientação da inteligência inerente ao ser da mãe, nasce uma criança.

 Do ponto de vista Rosacruz, este fenômeno do nascimento é caracterizado pela entrada de uma personalidade-alma no corpo do bebê. Uma personalidade-alma tem em si a Divina Inteligência do Cósmico, mais a memória completa, no que se refere a todas as experiências humanas e pessoais.

 A medida que a criança cresce e a personalidade desabrocha de acordo com as limitações impostas pelas características físicas e fisiológicas, começam a emergir os padrões de comportamento. Estes padrões são reflexos de experiências passadas — hábitos do passado, desenvolvidos por aquele indivíduo em reação a determinadas situações particulares.

 Esses padrões comportamentais são regenerados e perpetuados até o momento em que o indivíduo decida modificá-los. Assim, se o indivíduo desenvolveu o hábito de virar as costas para a sabedoria, para a Luz que reside no mais íntimo de sua personalidade, este hábito será transmitido de uma encarnação a outra, do mesmo modo que um gene mutante é regenerado e perpetuado de uma geração a outra, através das células sexuais.

Da mesma forma, “bons” hábitos são trazidos pela personalidade, transmitidos que são de uma encarnação para outra. Vemos, portanto, que o princípio da regeneração se manifesta no interior do Eu psíquico da personalidade-alma, tal como ocorre no Eu físico.

O caráter é constituído por padrões de comportamento adquirido pela pessoa. Por sua vez, o caráter influencia o fluxo da energia-espírito no interior do Eu psíquico. Quando os padrões de comportamento estão em harmonia com o fluxo Cósmico no íntimo da personalidade-alma, a intensidade da Luz que flui pelo Eu psíquico é imensa.

E, como o Eu psíquico utiliza o sistema glandular como seu “espelho”, o grau de harmonia que existe no caráter é refletido no corpo. Como cultivar a harmonia no interior do Eu psíquico?

Como Rosacruzes, começamos pelo coração — o Deus de Nosso Coração. Assim como o coração físico representa a força-agente na distribuição dos elementos nutritiva por todo o Eu físico, assim também o Deus de Nosso Coração representa a força que faz a distribuição da nutrição espiritual por todo o Eu psíquico.

 E assim como a glândula timo é o “centro do coração” pelo qual a integridade da compreensão de que o corpo existe é mantida, assim também o “centro do coração” mantém a integridade da compreensão de si mesmo pelo Eu psíquico.

 Como símbolo de nossos mais elevados ideais e aspirações, o Deus de Nosso Coração traz a Luz para o Eu psíquico, de forma análoga à ação do coração físico que atrai certos aspectos da força vitalizante de NOUS para o Eu físico.

 Podemos deduzir daí que a intensidade da Luz que flui através do Eu psíquico é um reflexo da qualidade e intensidade das aspirações idealísticas que trazemos no mais íntimo de nosso coração.

A intensidade do desejo logo encontra expressão naquele movimento de energia psíquica, dirigido de dentro para fora, que chamamos de emoção.

 Este movimento se reflete nas atividades das glândulas supra-renais que, no corpo físico, estão associadas à mobilização da energia física. Portanto, assim como os hormônios das glândulas supra-renais mobilizam as células da glândula timo para a defesa do Eu físico, assim também o desejo mobiliza as emoções em defesa do Eu psíquico.

 Por causa desta correspondência entre as emoções e o desejo, torna-se possível determinar a natureza de nossos ideais, pela análise. Assim, podemos dizer que as emoções mais elevadas refletem a natureza verdadeira do Deus de Nosso Coração”, enquanto que as emoções mais “baixas” podem ser interpretadas como reflexos da natureza inferior.

Nos círculos científicos de hoje, as glândulas supra-renais são frequentemente chamadas de “glândulas da luta ou da fuga”. O termo implica em que lutar e fugir são os principais, senão os únicos usos das enormes quantidades de energia que são colocados à disposição do indivíduo pelas atividades das supra-renais.

Alguns minutos de reflexão logo revelam que esta implicação só tem validade se o ideal de uma limitada autopreservação está no fundo de cada pensamento ou ação nossa.

 O fato é que as atividades das supra-renais também estão associadas com o amor, o êxtase e até mesmo com a inspiração divina da alma, que os Rosacruzes chamam de Paz Profunda. Assim, a natureza de uma experiência emocional está relacionada com a natureza do ideal ao qual estamos nos dedicando no momento da experiência.

Embora a natureza do ideal possa ser a mesma para vários indivíduos, a intensidade da experiência emocional correspondente pode variar muito de uma pessoa para outra.

 Mesmo no indivíduo a intensidade de uma determinada experiência emocional varia de uma ocasião para outra mesmo que a intensidade do desejo seja igual. Por que é assim?

De início, devemos levar em conta que a intensidade de uma emoção está relacionada com o grau de energia psíquica que permitimos que se manifeste na consciência exterior.

Assim, uma liberação rápida leva a uma compreensão breve porém intensa, enquanto que uma liberação mais lenta leva a uma compreensão mais demorada porém mais branda. No corpo físico, as atividades da glândula tireóide estão associadas ao grau em que a energia é liberada no sistema.

 De modo análogo, as atividades de uma função psíquica correspondente controla o grau em que a energia psíquica se move para fora, para a consciência objetiva.

O nível da atividade tireoidiana, em suas manifestações físicas e psíquicas, não é o mesmo em todos os seres humanos. Assim, da mesma forma que o grau de liberação de energia no corpo é acelerado nos indivíduos que tem tireóides hiperativas, uma situação análoga pode existir no Eu psíquico. Da mesma forma, pode haver uma lentidão psíquica nas pessoas cuja função tireoidiana for subnormal.

 Os exercícios Rosacruzes têm por objetivo harmonizar ambas as funções (psíquicas e físicas) no sistema glandular.

Os ideais que escolhemos para governar nossa vida têm profundas repercussões sobre o tipo de idéias e conceitos e até mesmo experiências que escolheremos no curso de nosso desenvolvimento espiritual.

Do mesmo modo como acontece com os nutrientes físicos, essas idéias, conceitos e experiências são decompostos em seus elementos mais simples, que são então estocados ou reunidos em componentes maiores, conforme as necessidades do Eu psíquico.

Vemos, pois, que a formação de hábitos encontra seu reflexo no processo dual de digestão-assimilação, dominado em grande parte pelo pâncreas.

 E assim como os tipos de alimentos que ingerimos determinam a variedade e sutileza das energias físicas do corpo, assim também os hábitos que formamos com base em experiências escolhidas determinam a variedade e sutileza das energias que fluem pelo Eu psíquico. Maus hábitos alimentares costumam levar à má saúde física e psíquica.

No entanto, a mobilização, disponibilidade e grau de liberação de energia não se refere necessariamente à sua utilização inteligente. Para um sistema integrado poder ser auto-suficiente, ele deve ser autocontrolador e auto-regulador.

O aspecto auto controlador encontra expressão nas atividades do eixo hipotálamo-pituitária do cérebro. Como podemos lembrar, esta parte do cérebro é apuradamente sensível às influências das outras glândulas.

 Por causa desta sensibilidade, o hipotálamo e a pituitária liberam hormônios reguladores apropriados, em respostas ao nível de atividade de cada glândula. Entretanto, a menos que adotemos a conclusão de que o conjunto hipotálamo-pituitária é mais importante que outras glândulas, temos que lembrar que, ao harmonizar e regular as atividades de outras glândulas, as atividades da pituitária e do hipotálamo são por sua vez reguladas e harmonizadas.

Este sistema de regulação recíproca é um reflexo da infinita sabedoria do Cósmico. Uma inteligência harmonizadora semelhante se manifesta no Eu psíquico e abrange o princípio da autoconsciência.

É interessante notar, porém, que não foi estabelecida uma regulação do timo pelo conjunto hipotálamo-pituitária. Esta falta relativa de influência reguladora direta assume particular importância se lembrarmos que alguns hormônios do timo exercem profundas influências sobre as atividades da glândula pituitária.

 De fato, sendo o centro da compreensão do corpo de que existe, o timo parece ter mais afinidade com a glândula pineal do que com o hipotálamo e a pituitária. Isto pode muito bem ser um reflexo da relação complementar que existe entre a “sabedoria da cabeça” e a “sabedoria do coração”.

Tudo na vida tende à autopreservação. Entretanto, tudo na existência está eternamente se transformando, sempre se tornando alguma outra coisa. Entre estas duas tendências desenrola-se o drama da vida. Juntas, estas duas tendências representam a cabeça e a cauda, o início e o fim do círculo — a totalidade do SER.

Como já indicamos, a tendência à autopreservação ou auto perpetuação se manifesta ao nível das gônadas. Entretanto, pouco foi dito sobre a tendência ao tornar-se alguma outra coisa.

Em sua função endócrina, a glândula pineal serve como o instrumento que sincroniza os ciclos do nascimento também dos ciclos de desenvolvimento físico e mental. Além disto, as atividades da pineal estão associadas com a sincronização da atividade rítmica de cada glândula e com o ritmo integrado de todo o sistema glandular.

 Mais ainda, através de sua sensibilidade à luz, a pineal sincroniza o ritmo do sistema glandular com os ritmos e ciclos de todo o cosmos. De forma semelhante, por sua sensibilidade à luz psíquica, a pineal psíquica une e sincroniza os ritmos do Eu psíquico com os sublimes ritmos que caracterizam a lei e ordem do Cósmico.

Mas, como é de se esperar, o grau de harmonia que existe entre a ação rítmica do Eu psíquico e o Cósmico é determinado pela qualidade dos ideais que decidimos servir. Assim, se no íntimo de nossa percepção do Eu mantemos pensamentos de totalidade, unidade e comunhão com tudo o que existe, ou poderia existir, porque o Cósmico é o TODO, então estamos em harmonia com o Cósmico, que não faz distinções entre uma pessoa e outra.

Como é somente pela harmonia e ressonância que a energia é transmitida de um estado a outro, quando estamos em harmonia com o Cósmico tornamo-nos divinamente conscientes.

O trabalho do estudante, portanto, está em descobrir uma Senda pessoal que leve ao objetivo do pensamento harmonioso, da ação harmoniosa, da vida harmoniosa. Esta Senda é dual em natureza, possuindo atributos que são internos e externos.

Os atributos externos incluem um espelho adequado que, por meio de suas qualidades refletoras, serve muitas vezes como um indicador confiável para o estudante na Senda, quanto ao sucesso ou deficiência do esforço empreendido.

 Entretanto, não devemos perder de vista o fato de que frequentes vezes o aspecto espiritual do Eu escolhe “espelhos defeituosos” para que o Eu psíquico experimente certos aspectos bem definidos de sua própria percepção.

 Estas escolhas desafiam o engodo das explicações fáceis e nos levam a pensar, a questionar. “Por que nasci nestas circunstâncias? Não estaria eu melhor se tivesse nascido rico e feio em vez de pobre e bonito?”

A resposta correta a este tipo de pergunta só pode ser: “É possível, mas por que você não descobre a forma de utilizar do melhor modo possível as circunstâncias de seu nascimento para alcançar uma harmonia maior com o Deus de Seu Coração”? Onslow W.

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