LIBRA Parte 3
Vênus
Postado por Dharmadhannya_el
"Libra/Libra ascendente
pode tentar esse expediente por algum tempo, mas a função da sensação em geral
a leva para outro relacionamento. Temos tendência a pensar em termos de
"batalha dos sexos" desenrolando-se ao nosso redor em nosso mundo de
dualidade em que opostos, como Masculino e Feminino, parecem chocar-se como
címbalos ou pratos ruidosos.
Para James Hillman é um clichê insidioso
acreditar que as
mulheres são natural e
automaticamente tipos sentimentais e que os homens nascem pensadores. E insidioso
porque favorece a preguiça, e não propicia a integração da personalidade dos
indivíduos de nenhum dos sexos. Como seres humanos, todos temos uma função do
pensamento e uma função do sentimento a
desenvolver.
Mas, por pensarmos em termos
de opostos, muitas mulheres indolentes permitem que os homens desempenhem a
função do pensamento por elas, enquanto elas alicerçam os valores da família a
partir do sentimento.
Os homens tomam as decisões do pensamento
mundano ou, inversamente, deixam que suas mulheres e amantes desempenhem inteiramente a função do
sentimento, inclusive a da total responsabilidade pelo relacionamento.
Os homens não precisam trabalhar esse aspecto,
porque não se "espera que sejam tipos sentimentais". Eles também podem
ser negligentes relativamente a desenvolver uma valorização das artes, um gosto
pelo trajar, confiança em seu quadro de valores e em seus juízos de valor.
Hillman apresenta o exemplo
de um casal que, no aspecto do relacionamento, cada uma das partes exerce as
funções inferiores da outra, o que certamente se constitui num método fácil e muito
comum, embora também seja dos mais inconscientes.
(É trabalho árduo tentar
desenvolver a função inferior quando, afinal de contas, o cônjuge deveria de
todo modo ser bom nisso.) Todavia, o caminho à plenitude exige que nos
esforcemos. No exemplo de Hillman, a mulher leva o homem pelo braço a um
concerto e a uma loja de roupas. Ela escolheu o concerto e irá também escolher
o traje dele. Muitos de nós já vimos esse tipo de comportamento em lojas
especializadas em artigos masculinos e em concertos.
Hillman não se aprofunda na
formação básica do casal, astrologicamente. Mas um astrólogo pode identificar o
arquétipo Venusiano/Libriano do gosto e do valor nessa situação concreta.
Primeiro ele se afigura o
libriano como sendo a mulher, e o marido ou namorado como um programador de
computador Virgem duplo. Ela parece Afrodite e ele tem a aparência do sr.
Magoo. O lugar dela é junto a ambos esses ambientes de sentimento; talvez ela
pareça uma consultora de maquilagem. Ela desenvolveu ou educou sua função do
sentimento superior, que veio naturalmente com seu mapa natal. Ele desenvolveu
sua função do pensamento, mas se apóia no julgamento dela.
O comportamento que revelam
se nos parece apropriado. Eles pensam e sentem, Afrodite e seu Hermes de
meia-idade e um tanto acomodado, um casal equilibrado.
Vamos, agora, inverter a
situação, astrologicamente. Ele está com Sol em Libra – um comerciante de
móveis. Seu passatempo predileto é a fotografia, mas não desenvolveu seu gosto ou
sua função do sentimento. Ele é naturalmente bom com as pessoas e suas vendas
vão bem; é um tipo sensível, com boa dose de habilidade inata. Ela agora é a
programadora de computador duplamente Virgem que usa óculos trifocais; ela parece a Sra. Magoo! É um tipo
pensante que desenvolveu sua função superior através de uma educação
especializada. Ela é assinante da revista Computer Weekly e não se interessa por revistas de moda. Tudo na
loja parece ser de grande valor.
Mais do que isso, é difícil
para ela valorizar o que está ali. O seu Consumer
Report não pode fornecer os dados sobre o gosto ou sobre os valores
intangíveis que ela precisa nessa situação. Ela morde seu lábio inferior. A
sociedade diz que ela deve ser competente nisso; afinal de contas, ela é uma
mulher.
Ele é atraído por uma camisa
de sombreado azul que parece assentar-lhe especialmente bem; ele sabe do que
gosta, mas deixa a decisão final para ela. Quanto à questão de roupas, todos
esperam que os homens façam exatamente isso. Mais tarde o casal vai ao
concerto.
No caminho de casa, para
certificar-se, ela lhe pergunta: "Foi bom, não? Espero que sim; foi bastante
caro." Ele responde: "Bem, gostei", com total confiança no gosto
dele.
Hillman aprofunda o
esclarecimento que faz sobre a necessidade de desenvolvimento das funções
superior e inferior, dando um exemplo da área de "sentimento" da
música. Simples interesse pelas artes não prova que a pessoa está em contato
com a função do sentimento. Os chefes dos campos de concentração nazistas
admiravam entusiasticamente as óperas de Wagner, mas não estavam de nenhum modo
em contato com suas funções do sentimento. E também nem todo artista irá
desenvolver sua função do sentimento.
Um artista pode ter conhecimento em áreas do
pensamento como matemática, técnicas e estrutura, mas ainda estar trabalhando
para desenvolver estilo, originalidade, forma. Não podemos generalizar sobre
artistas e sobre a função do sentimento mais do que podemos generalizar sobre
homens e mulheres.
Segundo Hillman, tendemos a
ver a vida dualisticamente - a perceber o pensamento e o sentimento como
funções rivais da psique que devem sempre opor-se uma à outra, como peças de
um jogo no campo da vida.
Apesar disso, porém, elas são de fato duas pontas do mesmo eixo.
(Em astrologia, isto também diz respeito a
Áries/Libra, ou 1ª Casa / 7ª Casa.) Afirma Hillman que todos estamos orientados
no sentido de abordar a vida a partir do pensamento ou do sentimento - de
qualquer deles que se constituir na função superior. Podemos continuar
indefinidamente a refinar essa função fora de equilíbrio com relação ao outro,
se assim decidimos. Um tipo pensante pode sempre ler mais e mais seletivamente.
Um tipo sentimental pode sempre aguçar seu gosto ou ampliar seus contatos
sociais e artísticos, mas pode reservar pouco tempo para leitura; ou pode ler
indiscriminadamente, escolhendo leituras fúteis.
O pensador pode passar a vida com muito pouca
confiança em seu gosto pela arte ou por pessoas, ou por seus juízos de valor.
Se está deprimido, ele pode dizer, "Tenho estado neste estado de ânimo por
muito tempo. É muita negatividade! Isto interfere nos meus objetivos e no meu
trabalho.
"Mas ele pode não levar
seus sentimentos suficientemente a sério de modo a perguntar, "Por que
estou infeliz?". Por isso, ele pode continuar infeliz, mas consciente,
enquanto o tipo sentimental continua cheio de energia. Assim, para uma
personalidade equilibrada, inteira, feliz, é importante desenvolver e integrar
ambas as funções.
Todos poderíamos nos tornar plenos de energia e conscientes.
"E preciso estar casado
para fazer isso?" Vamos supor que você não tenha nada em Libra ou na
Sétima Casa, mas tenha um stellium de
planetas na Primeira Casa ou em Áries. Para você, a resposta é
"Provavelmente não.
" Pode ocorrer que você
não se preocupe com o Outro, com o ajustamento social; você poderia sentir-se
preso numa relação dependente; é como se você perdesse sua independência e
recebesse muito pouco em
troca. Mas para quase todos nós, o
casamento é um ótimo cadinho
alquímico para a integração do Self com o outro, do pensamento com o
sentimento, de idéias com valores.
Entre meus clientes e amigos, há muitos com Sol
em Áries/Áries ascendente que são magneticamente atraídos por pessoas com Sol
em Libra/Libra ascendente nos negócios e também nos relacionamentos pessoais.
Há também muitos indivíduos com stellium
na 1ª Casa que são fascinados por librianos ou por pessoas com stellium na 7ª. Isto, porém, pode ser
uma divisão das funções matrimoniais. "Você é a minha função pensante; eu
vou me relacionar com o mundo externo em seu lugar, vou nutri-lo, etc."
Instintivamente, as pessoas tendem
a mover-se na direção desse equilíbrio; pelo menos é o que parece. Muitos
militares têm a tendência de atrair mulheres atraentes, Afrodites artísticas,
muitas das quais literalmente possuem planetas librianos. Homens de Libra com
uma natureza teórica ou artística também gravitam em torno de mulheres com
planetas em Áries/Áries ascendente - mulheres autônomas, decididas, que organizam,
administram e programam a vida para eles.
A tendência é que os casais
abordem a integração da personalidade de um modo instintivo, inconsciente. Mas
o trabalho interior pode também ser realizado se, à medida que nos damos conta com
maior clareza de nossos padrões de comportamento, conscientemente decidimos
desenvolver nossa função inferior e também aperfeiçoar e diferenciar a função
natural ou superior.
Chegamos neste ponto a
alguns mitos de Libra. Um é relativo ao julgamento, uma questão tipicamente
libriana, e os outros se referem a dois príncipes que preferiram sentar-se à
beira da estrada e avaliar sua situação em vez de lutar - Arjuna e Telêmaco. Eles
preferiram observar a batalha como espectadores: "Sou impotente para agir.
A batalha já está perdida, ou a situação se resolverá por si mesma sem minha
participação.
" A dúvida é um
problema endêmico para os signos Ar, contrariamente à polaridade Fogo, que,
representada por Krishna ou Atena, impele à ação, a uma solução da dúvida - à
coragem na adversidade; estimula para além de gostos e
rejeições, e por fim ao
cumprimento do dever de guerreiro ou de herói
(exaltação dharmica de
Saturno).
Marte (Ares), regente da
polaridade, favorece Libra com
essas qualidades.
O mito do Julgamento de
Paris pode ser encontrado nas obras Prolegomena
de Jane Harrison, Occidental
Mythology (pp. 158-159), de Joseph Campbell, e Astrology of Fate (pp. 223-225), de Liz Greene. O mito é sobre
Libra, sobre decisões e também sobre o desejo libriano de agradar - de ser tudo
para todos e não ofender ninguém.
Esotericamente, a mim ele
quer significar que a busca de Libra é ir além do julgamento e da escolha em
direção ao Amor Divino - Afrodite Celestial, Afrodite Urânia, amor ideal, amor
puro.
O mito do julgamento
envolvia um mortal, o Príncipe Paris, e três grandes deusas: Atena, Afrodite e
Hera. Júpiter/Zeus, cujos caminhos são misteriosos aos homens, havia
predeterminado que uma maçã dourada devia ser presenteada à deusa de maior
merecimento. Hermes foi enviado com a maçã ao encontro de Paris, que estava
pastoreando um rebanho de ovelhas.
A arte cerâmica, segundo
estudos de Jane Harrison, mostra que Paris tentou fugir da escolha - a função
de juiz - na
direção de Tróia. Ele queria
voltar para casa e eximir-se da responsabilidade. Entretanto, Hermes o agarrou
pelo punho e o posicionou na direção das deusas. Como Harrison e Campbell
mencionam, elas não pareciam particularmente majestosas nos desenhos. (Você
pode ver Paris e Hermes
reproduzidos no Occidental Mythology, página 161.)
Afrodite não parecia
voluptuosa – pelo contrário, apresentava-se um tanto desalinhada. Na verdade, a
versão da história feita por Liz Greene apresenta Paris primeiro tentando
cortar a maçã em três pedaços, um para cada deusa,
como um libriano justo
faria, mas Hermes não iria permitir isso. Zeus queria uma decisão, um julgamento.
Paris, que desejava agradar, estava diante de um dilema - a escolha de qualquer
das deusas atrairia contra ele a ira das outras duas.
Segundo algumas narrações,
todas tentaram subornar Paris. Talvez até a intenção delas fosse presenteá-lo
apenas por generosidade, ou quiçá Zeus quisesse que um mortal determinasse qual
dos presentes seria o mais valioso - a bravura militar de Atena, o controle
legítimo de toda a Ásia exercido por Hera, ou o de Afrodite. Paris tomou a
decisão libriana - o amor; escolheu Afrodite. Hera e Atena, rejeitadas e
vingativas, começaram a Guerra de Tróia.
Ela indispuseram gregos contra troianos e
troianos contra gregos, que, afinal, sentiam-se satisfeitos em lutar. Entretanto ,
a gota final que iniciou a conflagração foi o presente que Afrodite deu a
Paris, uma perfeita, nobre, ideal e pura mulher casada - Helena.
Este mito contém em si
vários temas do arquétipo libriano: o não querer tomar decisões, deixando em
aberto todas as opções, e procurando não perder a amizade de nenhuma das
deusas; o tema de que não fazer um julgamento adia o assumir a responsabilidade
que se segue à decisão; o tema que, para Libra, à dúvida se segue o desalento,
"O que vai acontecer se as coisas não forem bem?" Muitas vezes a
fantasia de apaixonar-se por um amor impossível, uma pessoa casada, também
aparece no padrão de vida de Libra.
Para Libra, como para todos
nós, nem toda decisão trará um resultado positivo; precisamos decidir e esperar
pelo melhor. No caso de Paris, ele e Helena permaneceram juntos por dezenove anos
e tiveram três filhos. Ele e os meninos morreram na Guerra de Tróia, mas
Helena, filha de
Zeus, foi devolvida aos
gregos.
Seu povo a amava e a
admirava mesmo depois da guerra e com ela chorava pelos seus sofrimentos.
A recepção que ela teve foi
muito diferente daquela da Rainha e heroína indiana do final do épico Ramayana, Sita. Esta também é a
história de um casal arquetípico, Rama, o rei, e sua mulher Sita. Sita, como
Helena de Tróia, foi raptada, levada a uma terra estrangeira e mantida como
prisioneira. No caso dos gregos houve o rompimento do vínculo entre o rei e a
rainha; no caso indiano entre o rei e o povo. Para que o reino de Rama
retornasse à unidade, o Feminino devia ser redimido.
Embora um rei heróico e
corajoso (um ego forte) fosse necessário, a ênfase estava posta sobre a
necessidade de religação com o Feminino. Assim, essas histórias são de tipos totalmente
diferentes. As lutas de Ulisses, Rama e Menelau parecem ser mais pessoais, mais
plenas de valor, mais intensas. Perder Helena ou Sita, ou para Ulisses perder
Penélope, significava uma perda simbólica da anima, da alma, para o Rei e para
o povo. Sem a adorável rainha, a alegria desapareceu do reino.
Assim, o povo hindu, para
assegurar-se de que conservava seu ideal de feminilidade intacto, submeteu Sita
a uma prova de fogo. Ela saiu da provação sã e salva; ela fora fiel a Rama e ao
povo, ela era íntegra.
Em nossos tempos, quando o
ideal do amor e da beleza parece menos nobre do que os ideais patriarcais, que
são virtudes do pensamento, muitas mulheres acham difícil identificar-se com
heroínas como a rainha Sita
ou Helena de Tróia. Elas querem ser sócias com direitos iguais. Hera, como
esposa legítima de Zeus, a eterna sofredora mulher de um galanteador, não pode
ser invocada.
E, todavia, a função de
suporte da mulher, a função da 7ª Casa pela qual uma mulher ambiciosa ajuda seu
marido a ter sucesso profissional e preenche as ambições dela através do
sucesso dele - o casamento
de parceria em comum é ainda popular. Rosalyn Carter e Nancy Reagan são dois
exemplos disso. A sra. Reagan fez uma quase arquetípica afirmação específica da
7ª Casa, citada em Goddesses in
Everywoman: "Minha vida era incompleta até eu encontrar Ronnie.
" A busca da plenitude
por meio do casamento é a busca da 7ª Casa. Esse equilíbrio de energia para a
personalidade da Sétima Casa talvez incluísse não apenas deusas como Hera,
Sita, e a romântica Afrodite, mas ainda a Deusa da Polaridade, a integração de
Atena. Atena, como regente da 1ª Casa (Logos/Self), equilibra a Sétima Casa
(Eros/Outro) porque representa a habilidade de lutar pela individualidade, de
evitar de perder a própria identidade por uma fusão
dependente, um total
entregar-se ao sentimento da ligação - pelo casamento - que é a 7ª Casa.
Atena é uma deusa que pode
discriminar, assumir uma posição de destaque, agir de acordo com suas decisões,
e expressar raiva de modo apropriado - diferentemente da raivosa Hera. Ela é
uma versão mais inteligente (esotérica) de Ares/Marte. Afinal de contas, sua
coruja representa a
sabedoria.
Os astrólogos hindus
mencionam que Libra é o único signo do zodíaco cujo símbolo não respira. Os
outros são pássaros ou animais, um homem e dois peixes -símbolos que respiram.
Mas para Libra temos a
balança e o livro, dois objetos inanimados. Eles são símbolos tanto mentais quanto
morais, mas não têm vida ou prana porque
não podem respirar. "A letra da lei sem o espírito da lei é morta",
poder-se-ia dizer em termos de interpretação. Ou poder-se-ia observar este
Curioso signo Ar como
espectador ou observador da vida, que teme cometer erros e acumular carma ruim -
o Arjuna ou o Telêmaco que sente que a sorte está contra ele e é acabrunhadora;
por isso, por que lutar?
Esta visão da vida como um conjunto de
problemas éticos que não requerem atividade física para que sejam solucionados
também não tem vida. É apenas na área do romance, quando estão apaixonados, que
se sente que os planetas de Libra estão vivos; e nisso, naturalmente, pode
haver fantasia - um sonho
impossível - um amor inacessível como a nobre Helena já unida a Menelau.
Penso que uma chave à falta
de vida ou prana pode estar no
fato de Thot, o juiz egípcio, ter escrito um Livro da Respiração - um livro de técnicas aparentemente
esotéricas como as que os hindus chamam pranayama
- manter a corrente interior, a força da vida em atividade.
Para mim, pessoalmente, outra chave é o fato
de que Libra, como outros signos, está localizada a 180 graus de um signo Fogo
ativo, vivo, corajoso - Áries. Libra pode manifestar-se sobre a energia de
Áries desse modo: "É impetuosa. É implacável na batalha. É temerária. É
arrojada." Libra não tem como deixar de reconhecer a coragem, a decisão, a
confiança e a vitalidade de Áries.
Há dois mitos, um da índia e
outro da Odisséia grega, que parecem demonstrar a integração da polaridade
Áries por figuras librianas arquetípicas. Seus Orientadores Divinos os impelem
a praticar as usuais virtudes heróicas de Áries.
Entretanto, uma vez obtida a
coragem heróica, a mesma é empregada na redenção do Feminino. O primeiro mito
tem como personagem o herdeiro grego ao reino de ítaca -o jovem
Telêmaco. Seu pai, Ulisses,
está desaparecido desde o fim da Guerra de Tróia, perdido entre mulheres
mágicas - bruxas, sereias e outras. Ulisses tenta encontrar seu lar e sua
mulher Penélope, sua parceira da 7ª Casa (o Outro), seu lado feminino. Telêmaco
perdeu toda esperança efetiva de rever seu pai vivo. Senta-se abatido, vendo os
cortejadores de sua mãe - homens altos, atléticos e fortes, hábeis no manejo
das armas, nutrindo-se do alimento de sua mãe e vivendo no palácio de seu pai.
Cheio de tristeza e dúvida, ele pensa, "O que posso fazer, jovem como sou,
sem qualquer habilidade, inexperiente, um único garoto contra tantos? Eu simplesmente
devo desistir. Como poderia lutar? E mesmo que tentasse, de que adiantaria com
meu pai já morto? Que utilidade haveria nisso?"
A deusa Atena, a conselheira
familiar, o espírito da sabedoria e da inspiração, decide ir a ítaca e infundir
vida e coragem em
Telêmaco. Ela se disfarça de estrangeiro, um viajante de nome
Mentor, um homem "que conhecia Ulisses bem". Ela entra no palácio e
diz a Telêmaco que seu pai está vivo nas ilhas e é exatamente por aí que ele
pode começar a procurar Ulisses. Suas palavras são as seguintes:
" '...Concentre sua
sagacidade e elabore um bom plano para matar esses parasitas, por astúcia ou
por luta aberta. Na verdade, já passou o tempo de ficar brincando de criança;
seus dias de infância foram-se. Você não ouviu falar do notável nome que
Orestes, o jovem brilhante, construiu para si no mundo quando matou o traidor
Egisto, que havia assassinado seu famoso pai?
Você também, meu caro jovem,
nobre e belo como o vejo agora, seja forte, para que possa ter um nome honrado
nos
lábios dos homens por muitas
gerações... Após dizer isso, afastou-se como um pássaro, indo para o lanternim
do telhado. No espírito do jovem ela deixou coragem e confiança e ele pensou em
seu pai ainda mais do que antes. Ele compreendeu o significado de tudo, e
estava admirado, porque acreditava que ela era um deus.
Voltou imediatamente para o
bando grosseiro, mais parecendo um deus do que um homem."
The
Odissey, Mentor Edition, páginas 17 e
18.2
Telêmaco pôde acreditar em
si mesmo e resgatar sua mãe (seu feminino interior) com a ajuda de seu pai (seu
lado masculino). Ao final da história também Ulisses recuperou não apenas sua
coragem, mas ainda encontrou seu lado feminino, sua fiel Penélope. A Odisséia e o Gita são
histórias mais profundas,
mais plenas de valor em comparação com muitas outras narrativas de heroísmo
egóico.
Entretanto, minha história
favorita sobre Libra procede do Bhagavad
Gita Nas primeiras páginas dessa escritura hindu, encontramos um diálogo
entre o Senhor Krishna, uma encarnação de Vishnu, e seu discípulo, príncipe
Arjuna, o suposto herói. A história tem um nível esotérico e também dá uma
ênfase mundana à assimilação da coragem e esperança de Áries. (O Gita é uma discussão de 200 páginas
sobre ética em meio a uma ação mais ampla, o Mahabharata.) Krishna e
Arjuna recolheram-se no meio
de um enfurecido campo de batalha para discutir práticas e valores de ioga.
Esotericamente, esse campo
de batalha está dentro de todos nós. Ele se chama "Kurukshetra - o campo
de batalha do coração". O Gita nos
recomenda não desejarmos receber os
"frutos de nossos
labores" nesta vida mas, ao invés disso, cumprir nosso dever com espírito
de correção; afastarmo-nos dos gostos e rejeições mesquinhos; viver uma vida equilibrada;
não comer nem demais nem de menos; e nem dormir muito nem pouco. Ainda, o iogue
aprende a respirar – a controlar a força vital.
"Oferece a inspiração à expiração e a
expiração à inspiração." Essa ênfase posta sobre o pranayama é resquício do Livro
da Respiração de Thot. Esse é um texto muito rico,
não apenas para os que
participam do arquétipo de Libra, mas para todos nós.
No primeiro capítulo da
história, Arjuna senta-se deprimido, depois de ter lançado distante seu arco e
flechas, seus olhos cheios de lágrimas e compaixão por seus parentes, as forças
inimigas.
"Por que deveria eu
matar meus parentes, e em assim fazendo, seus filhos e netos? Isso não me trará
paz de espírito. Por que abatê-los nos alvores da vida? Mesmo que fosse para
tornar-me Rei dos Três Mundos, e não apenas de um reino terrestre, o que
ganharia eu? Que proveito terei com a morte de parentes?"
"Mulheres serão raptadas
por soldados de uma casta inferior e disso resultará a mistura de sangue e a
ruína da própria casta."
2. Em português, A Odisséia, Editora Cultrix, São
Paulo. (N. do E.) “O que dizer se uma flecha
perdida matar meu próprio venerado mestre de arco Drona, que aconselha meus
primos? Isto seria uma grande desonra."
"O outro lado, os cem
filhos de Dritherastra, são apenas ignorantes (Dritherastra significava 'cegueira')
e não maus. Como posso trucidá-los - eles não fizeram mal algum."
"Meu arco arde em minhas
mãos; abrirei meu peito ao inimigo; não lutarei."
Krishna responde à série de
racionalizações de Arjuna com o argumento de que não há de fato morte no campo
de batalha; é apenas a aparência da realidade - um jogo de sombras. Ele diz: "Como
esta fraqueza tomou conta de ti? Donde brota tão inglória inquietação,
vergonhosa ao bravo, obstruindo o caminho da virtude? Não, Arjuna!... Não te
permitas ceder à fraqueza, se Marte é teu nome guerreiro. Lança para longe de
ti tua disposição covarde. Acorda! Sê tu mesmo.
Levanta! Flagelo dos teus
inimigos!
... Tu te atormentas onde
tormento não deve haver. Falas palavras desprovidas de sabedoria. Porque o
sábio de coração não pranteia os que vivem nem os que morrem... Tudo o que vive
vive sempre. "A alma que com intensa e constante serenidade considera a
tristeza e a alegria com indiferença vive a vida que não morre.
Aquele que diz, 'Veja, eu
matei um homem', ou 'Veja, eu estou morto', esses dois não sabem nada. A vida
não pode matar. A vida não está morta.
"Não deixes que a perda
seja temida... fé; sim, um pouco de fé irá salvar-te da angústia do teu pavor. Busca
a recompensa plena no agir de modo correto. Deixa que os atos corretos sejam
teu impulso, não o fruto que deles provém. E vive em ação. Trabalha. Faz
dos teus atos a tua piedade.
Põe de lado todo ego,
rejeita o ganho e o mérito; uniforme no bem e no mal: uniformidade é Ioga, é
piedade. ... Despreza os que praticam a virtude pela recompensa que oferece. A
mente de devoção pura, mesmo aqui, não leva em conta nem os bons nem os maus
atos, passando por cima deles.
Dedica-te à devoção pura:
com a meditação perfeita vem o ato perfeito... e a ascensão justa. Isto é Ioga
- isto é paz."
"The Song
Celestial", Bhagavad Gita, Sir
Edward Arnold, páginas 9-25 "Faz dos teus atos a tua piedade!" Há
muita verdade esotérica na fusão do Fogo Áries e do Ar Libra - a reflexão ou
meditação libriana com os atos de Áries, e a calma e equanimidade de Libra com
a força e coragem de Áries.
A fé otimista de Áries para modificar o medo
de errar de
Libra - de ser injusto,
ímprobo. Urano, o regente esotérico, também entra pela passagem. Urano representa
o distanciamento dos pares de opostos - alegria e tristeza, vida e morte.
Finalmente, Krishna insiste com Arjuna que se desapegue do desejo da recompensa
da virtude ou do mérito -
que não se preocupe com
relação a seus atos serem bons ou maus ou de ser premiado por eles - mas que
simplesmente pratique suas ações como um verdadeiro guerreiro Kshatriya que
conhece seu drama.
Muitas pessoas com Sol em
Libra e Libra ascendente têm Netuno, um planeta romântico, particularmente
idealista, em conjunção com eles. Essas pessoas estão "Apaixonadas pelo
próprio amor", e muitas vezes têm dificuldades em encontrar um parceiro no
mundo real que possa preencher suas expectativas. Elas procuram colocá-lo (a)
num pedestal e este invariavelmente desmorona. Libra então se sente ferida e
desapontada. Penso que as pessoas com Netuno forte em contatos de Libra com
planetas natais ou com ângulos como a cúspide da Sétima Casa tirariam muito
proveito com a leitura do livro We, de
Robert Johnson.
Nesse valioso tratado,
Johnson guia o leitor através da tradição do amor cortesão na Europa medieval e
pelo mito romântico de Tristão e Isolda. Ele identifica duas Isoldas distintas:
o amor humano de Tristão, a Isolda das Mãos Brancas. E a Isolda imperfeita por
intermédio da qual ele experimentou grandes prazeres, sofrimentos e uma
sensação de traição. A segunda Isolda, Isolda a Justa, é sua guia espiritual, a
Isolda impessoal, divina. Como Afrodite na filosofia de Platão, ela representa
o Amor Divino impessoal, o ideal perfeito da alma.
Considero importante que
todos reflitamos sobre o arquétipo libriano, se temos ou não algum planeta
libriano. Vivemos numa cultura que enfatiza o amor romântico como um ideal.
Isto está no ar que nos rodeia. Todos temos Afrodite/Vênus em alguma casa em
nosso horóscopo e Libra em (ou interceptado em) uma das cúspides de nossa Casa,
também. Nessas casas lidamos não somente com o Bem, a Verdade e o Belo, mas com
a intenção, o desejo e a ansiedade por calor e companhia. Nessa casa, se somos
buscadores, também nos relacionamos com a aspiração espiritual.
Espiritualmente, associamos
Libra, a balança (idealmente) equilibrada, com equilíbrio da mente, uma
importante virtude do iogue, e também com a serenidade, a calma e a
equanimidade.
Muitos librianos são alegres
na adversidade, frios e recolhidos nos tempos de crise. Eles mantêm sua cabeça
no lugar quando todos ao redor estão perdendo a sua. Este equilíbrio interior
deve ser admirado e imitado, especialmente por aqueles cujo Marte os impele a
reagirem descontroladamente ou com rapidez excessiva, fora de proporção em
relação à situação.
O capítulo II do Bhagavad Gita explica que mesmo que o guerreiro Kshatriya deva
travar suas lutas no mundo exterior, ele deve agir a partir de um estado de paz
interior. Tranqüilidade interior, porém, não significa que se possa sentar ao
lado do campo de batalha da vida.
Urano é um planeta
libertador, um planeta transpessoal. Ele eleva o ideal (Afrodite) ao nível do
belo, do amor, da verdade e do valor universal. Como libriano esotérico,
Mahatma Gandhi libertou seu país do domínio estrangeiro. Seu valor da
não-violência, ahimsa, foi
desenvolvido na África do Sul e na índia, onde sua coragem e fé foram testadas
pelas autoridades políticas.
Gandhi permaneceu fiel a seus princípios na
adversidade e no final alcançou a vitória. Colocou seu ideal político à frente
de seu próprio relacionamento pessoal com sua mulher; pôs em risco sua paz e harmonia
no lar para alcançar um objetivo mais elevado. Seu esforço em integrar a
polaridade da
coragem (Áries), em mostrar
disposição de manter-se firme e enfrentar o inimigo, de agir com decisão, de
acreditar em si mesmo e em seu dever são uma inspiração para todos nós,
qualquer que seja nosso nível de sintonia em Libra,
Vênus/Afrodite ou Urano.
A progressão de trinta anos
através de Escorpião é uma passagem do Ar luminoso, alegre, para a Água
profunda. Uma palavra de cautela ao leitor de Libra/Libra ascendente que está entrando
em Escorpião agora: Agarre-se ao seu senso de humor. É de um a dois anos aproximadamente
o tempo necessário para acostumar-se à nova energia, intensa, ardente e importante.
Se o Sol em progressão entra em conjunção com Mercúrio natal em Escorpião ou se
Mercúrio libriano natal
entra em Escorpião, Libra tem possibilidade de sentir uma premência a dedicar-se
a algo prático de um modo atento e disciplinado. Para muitos librianos,
especialmente para aqueles com nível baixo em Terra, esse ciclo prático pode
parecer muito estranho.
"Isto não se parece
comigo", diz o libriano cuja formação universitária deu-se num campo exótico
como matemática pura, lingüística, belas artes, ou teoria política ou
econômica.
"Estou pensando em
cursar contabilidade tributária; vejo a possibilidade de tornar-me um corretor
de investimentos."
As mulheres librianas,
aquelas verdadeiras Afrodites que se deliciaram em ficar em casa arranjando
flores, decorando, passando o tempo e que no domingo se arriscam a tocar órgão
na igreja ou a fazer arranjos de flores, podem também tornar-se práticas.
Continua LIBRA Parte 4 - Postado por Dharmadhannya_el
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