"Regras elementares para a meditação"
Inspirado nos ensinamentos de Alice Bailey
Assagioli sugere:
“Reconheço e afirmo que eu sou um Centro da
autoconsciência pura. Eu sou um Centro da vontade e ação, apto a dominar, a
dirigir e a usar todos os meus processos psicológicos e o meu corpo físico.”12
"Regra um"
"Que o discípulo busque na caverna profunda do coração. Se lá o fogo
arde intensamente, aquecendo seu irmão sem porém abrasar a si mesmo, é chegada
a hora de aplicar-se para se apresentar à porta.1
Para compreender esta regra, será necessário rever outros conceitos da
anatomia esotérica. Segundo vários escritores, tanto na ioga como na teosofia,
a coluna etérica é formada por três canais cujos nomes em sânscrito são
sushumna , pingala e ida.
O canal central é sushumna, e pingala e ida, os laterais. Kundalini é uma palavra em sânscrito
que significa “o poder divino adormecido na base da coluna”.
A energia kundalini, às vezes chamada de “fogo da matéria”, emana do
chakra básico. Usa o canal de pingala e tem a habilidade de estimular os
chakras etéricos principais.
Outras duas energias etéricas também podem fluir por esses canais da
coluna.
O “fogo de manas” tem origem no
chakra laríngeo. Ele usa o canal ida e melhora a sensibilidade às impressões.
O “fogo do espírito” emana do
chakra coronal. Usa o canal sushuma e compreende as energias da alma. 2
Uma teia entrelaçada de substância etérica, em forma de disco, fica
entre cada par dos chakras principais. Quando intactas, essas teias etéricas
impedem o fluxo livre de energias no corpo etérico. Pela prática da edificação
do caráter e pela meditação, as teias são lenta e automaticamente desfeitas.
Cada iniciação espiritual corresponde à abertura de uma das teias,
resultando num fluxo maior de energia, e na obtenção de um estado mais elevado
de consciência.3
O cidadão de inteligência média, predominantemente controlado por sua
natureza inferior, já terá desfeito as duas teia inferiores, deixando as
superiores ainda intactas.
A primeira iniciação corresponde à abertura da teia
entre o plexo solar e ( chakra cardíaco, o que permite que a energia kundalini
alcance estimule o chakra do coração.
A segunda iniciação corresponde a abertura da
teia entre o chakra cardíaco e o laríngeo, permitindo que a energia kundalini
atinja e estimule os chakras laríngeo frontal e coronal. Antes da terceira
iniciação, diz-se que a kundalini está “dormindo”, mesmo que essa energia
esteja estimulando ativamente os chakras superiores.
A terceira iniciação corresponde à abertura da
teia entre o chakra laríngeo e o frontal, permitindo que o fogo de manas atinja
e estimule os chakras frontal coronal. Depois disso, os três fogos da matéria,
de manas e do espírito podem ser unificados no chakra básico e elevados através
da coluna tripla, para estimular ainda mais os chakras superiores Essa união
dos três fogos é às vezes chamada de kundalini “desperta”.
A primeira regra descreve alguns
pré-requisitos para a prática da meditação, e também descreve seu objetivo para
o caminho do postulado.
Os símbolos têm os seguintes
significados: “a caverna profunda do coração” refere-se à coluna espinal
etérica; “o fogo arde intensamente”, à vitalidade e à vigilância; “irmão”, à
personalidade; “aplicar-se”, à prática da meditação; e “porta”, à alma.
Interpretemos agora cada frase da primeira regra. Antes de iniciar a
meditação, você deve investigar a condição da sua coluna espinal etérica que
liga o chakra cardíaco ao chakra básico (“que o discípulo busque na caverna
profunda do coração”).
Uma vez que o corpo etérico está
abaixo do limiar da consciência, a condição da coluna espinal etérica em geral
só é reconhecida em termo da vitalidade e da vigilância, ou da falta delas.
Se você sentir que a vitalidade e a vigilância estão presentes
indicando que a energia kundalini no chakra básico está ativa (“se lá o fogo
arde intensamente”), então você preencheu o primeiro pré-requisito para a
meditação.
Por que ele é importante? Quando
as pessoas tranquilizam sua mente suprimindo o movimento do pensamento, podem
com isso retardar seu desenvolvimento e estultificar seu progresso.
Até certo ponto, todos os
principiantes recorrem à supressão antes de aprender a se precaver contra ela.
Em vez disso, procure conseguir a serenidade mental elevando a vibração da
consciência tanto quanto possível, mantendo-a assim.
Enquanto essa vibração for a mesma que a da alma em seu próprio plano,
a mente será mantida num estado de equilíbrio sem efeitos prejudiciais.
O importante é que a condição desejada só será atingida quando a vitalidade
e a vigilância estiverem presentes. Para atender a essa exigência, evite
praticar a meditação quando estiver cansado, fatigado, ou doente.
A melhor hora é de manhã, antes do desjejum, porque o processo da
digestão também pode interferir. Além disso, durma o suficiente, e mantenha
contato com o sol; coma só alimentos puros que vitalizam, como leite, mel, pão
integral, todos os vegetais que entram em contato com o sol, laranjas, bananas,
passas, nozes, batatas, e arroz integraL4
Em qualquer série de instruções de natureza realmente esotérica, um dos
principais pontos ensinados está ligado à atitude do aluno diante dos corpos
inferiores.
De acordo com a próxima frase da regra, o segundo pré-requisito para a
meditação é saber que o corpo etérico está energizando a personalidade, mas não
o eu verdadeiro ou espiritual (“aquecendo seu irmão sem porém abrasar a si
mesmo”).
Em outras palavras, reconheça-se
como uma entidade espiritual, de natureza, objetivos e métodos de trabalho
diferentes dos que regem os corpos inferiores.
Por exemplo, pense na
personalidade como semelhante a uma muda de roupa, como algo que pode ser usado
e envergado por algum tempo, mas que certamente não é você. 5
Se a kundalini estiver ativa e a atitude for correta, então terá chegado
o momento de aplicar as regras de meditação discutidas neste text (“é chegada a
hora de aplicar-se”).
O objetivo dessas regras é
elevar a vibração da consciência até que alcance da alma (“para se apresentar à
porta”). Na frase final da primeira regra, a alma é simbolizada por uma porta.
Quando você s colocar conscientemente diante dessa porta, ela se abrirá, e
permitirá que idéias intuitivas fluam para a sua mente.
Depois de a vibração da consciência ser elevada pela aplicação das
regras contidas neste capítulo, a energia kundalini elevar-se-á e, eventual e
automaticamente, subirá ainda mais ao longo da coluna etérica, rasgando a teia
que fica entre o plexo solar e chakra do coração.
Devemos evitar a queima e a
destruição prematura das teias etéricas, com determinados exercícios e é bom
evitar o uso de bebidas alcoólicas, descontrole emocional colorido pelo ódio,
ressentimento, mágoa..., promiscuidade, a busca de poder espiritual egoísta,
fanatismo, preconceito.... A luz de Deus encontra aquele que emana a luz para
todos sem julgamentos e sem discriminação de raça, religião, sexo....
As teias etéricas têm de fato uma função benéfica: impedem que os
nossos chakras recebam mais energias do que a nossa capacidade de sabedoria,
doação, purificação e condição física podem suportar.
Regra dois
Quando a aplicação tiver sido feita de forma tríplice, então que o
discípulo deixe de se aplicar e esqueça que fez.7
De acordo com a antiga tradição hindu, a primeira etapa vida de uma
pessoa é a de estudante; a segunda é a de chefe...
família; a terceira, de afastamento da família e dos negócios,
retirando-se para a floresta para encontrar a verdade espiritual. Hoje, embora
o chamado para retirar-se seja o mesmo, não precisamos abandonar o ambiente da família,
nem a nossa ocupação no mundo exterior. Podemos permanecer onde estamos,
continuando no cumprimento de nossas obrigações externas.
O único afastamento que temos de efetuar é o da nossa permanente
identificação com a vida da forma.
Assagioli enfatizou a importância desse tipo de afastamento: “Somos
dominados por tudo aquilo com o que o nosso eu se identifica. Podemos dominar e
controlar tudo aquilo de que nos des-identificamos.”8
O que significa estar identificado com a vida da forma? As pessoas
tendem a identificar-se com tudo o que lhes propicia prazer, ou a que dão
importância. Por exemplo, uma mulher que participa de um concurso de beleza
identifica-se com o seu corpo físico e seus atrativos.
Um atleta profissional se identifica com sua força e controle muscular.
Há pessoas que se identificam com sua vida emocional, talvez com seus papéis de
esposa, de marido, de mãe ou de pai. E outras podem identificar-se com sua vida
mental e orgulhar-sede sua habilidade para pensar, debater ou explicar.
A palavra sânscrita raja significa “régio”. A raja ioga, um dos
sistemas tradicionais de autodesenvolvimento criado na Índia, é considerada
régia devido ao poder e à sabedoria que confere. Pratyahara significa
“recolhimento em si mesmo” e é um passo preliminar da raja ioga. Inclui o
afastar-se da identificação com a vida da forma, desligando o eu do
envolvimento impensado com o não-eu, e centrando a consciência dentro da
cabeça.9
Pratyahara tem três etapas,
sendo cada uma descrita por uma frase da segunda regra.
A primeira frase é “quando’ a aplicação tiver sido feita de forma
tríplice”. Pratyahara começa com a aplicação deliberada de um exercício de
des-identificação em três campos de observação:
sensações, sentimentos e pensamentos.
A abordagem discrimina ativamente entre o eu interior, ou consciência
pura, e os campo que são o conteúdo da consciência. O primeiro campo é o da
sensações físicas produzidas por condições corporais, como c conforto, a
fadiga, a fome, o calor, etc.
Pela observação serem dessas sensações, descubra duas razões para a
des-identificação em relação ao corpo físico: as sensações físicas são
transitórias fugidias, e muitas vezes contraditórias, ao passo que o eu
interior é estável e permanente; e, também, as sensações podem sei observadas, ao
passo que o eu interior é o próprio observador.
Devido à antiquíssima
identificação com o corpo físico, será útil afirmar com convicção o seguinte:
“Eu tenho um corpo, mas não sou
o meu corpo.”
Esse exercício de des-identificação é semelhante ao ato de descascar
uma a uma as várias camadas de uma cebola. Depois dc considerar as sensações
físicas, investigue o campo das emoções ou dos sentimentos, como o desejo, o
temor, a esperança a irritação.
Ao reconhecer que os sentimentos
são inumeráveis contraditórios e mutantes, e que podem ser observados, compreendidos
e depois dominados, entenda a diferença entre corpo emocional e o eu interior.
Para ajudar a desfazer a identificação com o corpo emocional, afirme
com convicção: “Eu tenho sentimentos, mas não sou os meus sentimentos.”
O campo final de observação é o da atividade mental, ou seja, os vários
pensamentos, crenças, conceitos, atitudes, e idéias. Pelo fato do eu interior
poder observar, notar, desenvolver, e disciplinarmente, entenda que o eu não é
a mente.
Nesse caso é útil:afirmar: “Eu tenho um intelecto, mas não sou o meu
intelecto.”10
A segunda frase da regra é “então que o discípulo deixe de se aplicar”.
Ao completar o exercício anterior, você descobrir que existe um Observador que
registra a sucessão de sensações sentimentos e pensamentos.
Em seguida, elimine o esforço de des-identificar com o não-eu e, em vez disso,
identifique-se deliberadamente com o verdadeiro eu: o Observador - aquele que percebe, o Ator interno.
Como apoio nessa etapa, é útil fazer outra afirmação. Bailey sugere,
por exemplo, a apreciação reiterada das seguintes palavras:
“Eu sou o EU, o EU sou eu.”11
Como outro exemplo Assagioli sugere:
“Reconheço e afirmo que eu sou um Centro da
autoconsciência pura. Eu sou um Centro da vontade, apto a dominar, a dirigir e
a usar todos os meus processos psicológicos e o meu corpo físico.”12
A terceira frase é “e esqueça que a fez”.
Através da desidentificação
deliberada com a personalidade e a identificação deliberada com o Observador
interior, você elevará de forma automática sua consciência até um ponto que
fica na região das glândulas pituitária e pineal, dentro da cabeça.
Dessa posição central, você
poderá efetuar o último passo de pratyahara, que é observar sua personalidade
com uma atitude de desapego.
Todavia, para estar totalmente
mergulhado na observação imediata, esqueça todas as afirmações feitas durante
as duas etapas anteriores porque reiterá-las agora representa uma distração. Em
lugar disso, observe simplesmente o que de fato está se passando, dentro e fora
da personalidade, sem qualquer justificativa, reação ou defesa.
Pratyahara é a primeira técnica de meditação que deve ser aprendida no
caminho do postulado, sendo um pré-requisito para todas as técnicas
posteriores.
Os aspirantes devem desenvolver
o hábito da prática dos passos de pratyahara, ao menos uma vez ao dia, de
preferência logo de manhã cedo.
Criando esse hábito, poderão conseguir o controle do conteúdo
psicológico com o qual estavam identificados anteriormente, e proteger-se
contra o fluxo constante de influências que tentam manipulá-los e dominá-los;
podem encontrar um novo senso de liberdade, e uma presença mais marcante de seu
ser; desenvolver uma maior habilidade para manter a atitude de auto-observação
durante o resto do dia, e preparar-se para um trabalho de meditação mais
avançada".
Postado por DharmaDhnannya
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