Identidade e Vedanda. SwamiParthasarathy

Identidade e Vedanda.  

Resumo de uma entrevista com o  Swami Parthasarathy

Em termos semelhantes, o Vedanta nos diz para buscar e encontrar nossa identidade. Assim que nos entendermos vamos entender o mundo e seu funcionamento, e daí em diante não teremos motivo algum para estresse ou tensão.

 COMO ALGUÉM SE TORNA AUTO-REALIZADO?

Pare de ser egoísta é um grande passo, diz Swami. "A vida é a combinação de espírito e matéria.Quando você está atendendo à matéria, é egoísta. Quando você atender ao espírito, é o Self. O oposto do egoísta. Prosseguir a Self, que é o último. "

Vedanta ensina que Deus, a Fonte, está dentro de cada criatura não só não fora, separado. Como a luz do sol que reflete na lua, não há luz na lua, mas vemos luar. A luz de Deus reflete dentro de cada um de nós, se nós deixarmos.

O que o senhor quer dizer por “identificar a si mesmo”? Tornar-se cônscio de si mesmo?

Quando um ator entra em cena, passa por tragédias macabras e por comédias hilárias. Ele não está se divertindo quando é uma comédia, nem sofrendo quando é uma tragédia. Assim, pode estar representando Hamlet e decidir se deve viver ou morrer. Em Hamlet, o tio assassinou o pai do rapaz e o fantasma lhe diz que o tio o matou.

Hamlet fica arrasado decidindo “ser ou não ser”. Está passando por uma terrível tragédia, mas o tempo todo é apenas um ator num palco. Nunca perde sua identidade, seja tragédia ou comédia.

Shakespeare diz em As You Like It: “Todo o mundo é um palco,/ E todos os homens e mulheres apenas intérpretes:/Têm suas saídas e entradas em cena.”

 Não importa o papel que o ator interpreta, se é bombeiro, pregador, carpinteiro ou professor, ele tem de representar e seguir em frente. Mas quando interpreta esses papéis, precisa lembrar-se de que ele é o ser, o ser-identidade. Se mantivermos essa identidade presente nos vários papéis que representamos na vida, jamais teremos um problema.

Também não faz parte da aspiração que o “ser” ao qual o senhor se refere precisa estar subordinado ao ser universal? O ser não pode existir isolado e uma ênfase excessiva nele pode levar a problemas de egotismo. Assim, qual é o equilíbrio que busca o ser humano?

É preciso ser músico para entender música, É preciso ser exímio jogador de críquete para entender a diferença entre Tendulkar e Brian Lara. Do mesmo modo, aqueles que comentam sobre o ser devem ter acesso ele. Este ser ao qual me refiro é diferente do ser egoísta ao qual o senhor se refere.

Qual é o âmago principal, a mensagem essencial cio Vedanta?

A palavra Vedanta vem de: “veda” e “anta”. Veda significa conhecimento e anta fim. E o fim do conhecimento. Vedanta trata do aperfeiçoamento de um indivíduo. Como todos sabem, a vida consiste de dois fatores: o indivíduo e o mundo. Este tem sido melhorado pela ciência, mas o indivíduo tem sido negligenciado, e a no ser que se desenvolva o indivíduo, nenhum desenvolvimento do mundo vai ajudar.

Hoje, uma parte do mundo é muito ativa, produtiva e próspera. Contudo, por sua própria vontade, as pessoas do Ocidente perderam a paz de espírito. Em contraste, as do Oriente são relativamente calmas e felizes, mas não há ação, produção e prosperidade. O Vedanta gira em torno de combinar ação dinâmica com perfeita paz mental.

O individual não foi tratado em qualquer literatura com tanta perfeição o quanto no Vedanta. Neste, “sanatana dharma” quer dizer princípios eternos, e a partir deles se difundiram todas as religiões. A religião, como sabe, é baseada numa personalidade.

O Vedanta não se baseia numa pessoa em particular. E o conhecimento da nossa própria personalidade. São apenas declarações de fato. O Vedanta fixa a sua identidade, ajuda-o a identificar a si mesmo, quando então você é capaz de se relacionar com o mundo.

Ao acreditar que a felicidade está no mundo, as pessoas tentam torná-lo um lugar melhor para viver, mas se dão conta de que nenhum relacionamento aqui proporciona a paz desejada. A mesma pessoa pode ser amada por um e detestada por outro, assim não é o mundo que causa prazer ou dor, alegria ou tristeza. E como se trava conhecimento, e relaciona-se com ele.

Só podemos manter um relacionamento certo com o mundo quando nos identificamos como alguém que perdeu a identidade. Do contrário, não conseguimos e sofremos. 

O ser é universal, alguma coisa parecida com eletricidade. Não é eletricidade, mas estou usando essa comparação.

A eletricidade é universal, e passando por uma lâmpada ela gera luz, por um aquecedor gera calor, por um ar-condicionado gera frio. Mas a eletricidade não tem calor nem frio, nenhum movimento ou luz, é um shakti.

 Esses dispositivos não a governam. Dc modo semelhante, o ser é universal. Não existe o “seu ser” e o “meu ser”. Não existe o “ser cristão”, o “ser indiano”, ou o “ser muçulmano”. Ele é universal! Mas quando o ser se identifica com o corpo, a mente e o intelecto, desenvolve uma individualidade egoísta.

 Essa individualidade tem o ego, não o ser. Portanto, no momento em que nos dirigimos para o ser, nos tornamos universais.

O senhor escreveu extensamente sobre a doutrina do carma. Fatos como o terremoto de Gujarat chocam a todos nós e as pessoas se perguntam por que tantos em Gujarat têm de sofrer. E um carma coletivo, e como esse carma coletivo se manifesta num contexto social assim tão grande?

O carma é a lei de causa e efeito. Tire a causa e o efeito e não existirá mundo. O mundo não passa de uma manifestação de causa e efeito. Não se cursa uma faculdade de medicina para se tornar engenheiro. Se alguém nunca abriu um livro, não se torna literato.

 Isto é a lei do carma, e ela é imaculada, irrefutável. Não há nenhuma dúvida quanto a isso. O que aconteceu em Gujarat também é resultado da lei do cama foi um efeito de que as pessoas precisavam.

Na maioria dos casos, os seres humanos se dão conta de que a lei do carma se aplica a todos os seres, não apenas aos humanos. Há aproximadamente seis bilhões de seres humanos. Seis bilhões é infinitesimal comparado à população total de seres vivos. Por exempio, quando a pessoa ferve a água para o chá, milhares de criaturas são mortas, mas ela não vê os seres vivos.

 Milhares estão morrendo a qualquer tempo, mas ignoramos isso. Porque vemos a devastação do terremoto de Gujarat, ficamos ruidosos e falantes. Isso não é nada extraordinário. Acontece a cada momento, todo dia, em nossa própria casa.

Temos em nossas tradições algumas das mais sofisticadas técnicas de exercício da mente. Como se podem usar essas técnicas para realizar uma mudança significativa nas próprias reações da pessoa? Eu talvez conheça as implicações negativas da raiva, mas como controlar a raiva?

Nenhum professor, nenhum livro pode lhe dar sabedoria ou conhecimento. Você precisa receber o conhecimento, assimilá-lo, absorvê-lo e ele então se metamorfoseia em sabedoria. Quando ganhamos a sabedoria, abandonamos o conhecimento.

Contudo, até ganharmos o conhecimento, podemos falar dele, escrever livros e até dar aulas sobre ele, mas tudo continua sendo a mesma coisa.

O senhor passou muito tempo trabalhando no simbolismo de deuses e rituais hindus. Em um nível, o Vedanta parece dizer que só uma mente muito cerebral e intelectual pode ser transformada.

Que papel têm então os deuses nesse processo de transformação? No hinduísmo, ou em qualquer religião, há apenas um Deus. O hinduísmo não é politeísta, como acreditam muitos indianos. Há apenas um Deus chamado Brahma.

 Os cristãos se referem a ele como o Pai no Céu. Os muçulmanos como Alá. Há só um Deus, mas as manifestações são muitas. O Vedanta fala da infinita realidade informe, que é Brahma, o deus supremo.

 Como isso não é compreendido pelo homem comum, nem acessível a ele, dão-lhe símbolos para representar essa realidade suprema. Por isso esses símbolos são ídolos.

Que valores têm eles?

Eles têm um valor porque não é possível conceber diretamente o informe. Isto dá uma orientação para orar ou fazer devoções, além de ajudar a concentrar a mente em Deus.

 Nossos sábios e santos, sendo pessoas práticas, descobriram para onde vai a mente e em todo lugar que ela ia eles plantavam deuses e deusas.

Se sabiam que a pessoa procurava dinheiro, diziam que dinheiro era Lakshmi. Os que buscavam conhecimento se dedicavam a Saraswati. Mesmo as doenças eram definidas. Desse modo, onde quer que fosse sua mente você não podia evitar deuses e deusas. Foi um engenhoso plano de transformar tudo em culto religioso.

Que acontece quando a pessoa se torna espiritualmente madura? Ela passa a ser totalmente independente do mundo. Agora você é dependente do mundo. Se o tempo é bom, fica feliz e se o tempo é ruim, deixa de ficar feliz.

 Cada coisinha neste mundo — física, mental, intelectual — perturba-nos. Portanto, somos colhidos no que é conhecido como “dwandvas”. Dwandvas quer dizer pares de opostos. Mas assim que a pessoa ganha a sabedoria, não conhecimento, mas sabedoria, alcança “dwarzdvatita7n”, que significa que você atravessou os pares de opostos.

 Este é o significado do Senhor Ganesha. Se vir uma verdadeira escultura de Ganesha, ele tem um imenso par de orelhas, o que quer dizer grande sabedoria. Também uma das presas está quebrada, o que significa que ele está acima dos pares de opostos. Por isso, temos uma sensação de emancipação ou libertação dessa servidão de pares de opostos".


Um pequeno resumo de uma palestra.

Sua mensagem principal do dia foi que nós devemos aceitar que "viver é uma arte, uma habilidade, uma técnica" e que "precisamos de aprender e praticar como se fosse um jogo ou um instrumento musical".

Parte desse aprendizado, ele insiste, centros de auto-gestão: "Se você não pode gerenciar a si mesmo, você não pode controlar tudo ao seu redor!"

O desenvolvimento do intelecto, que "controla os caprichos da mente" e que, ao contrário da inteligência, não podem ser ensinados a você por outros, mas tem de ser desenvolvido - "como construir músculos" - por si mesmo. E como desenvolver o intelecto? Através da técnica, simples antigo de continuamente questionar e desafiar a si mesmo.

"O intelecto é desenvolvido por meio de perguntas", diz ele. "Pergunte a si mesmo Por que  você está trabalhando?. Você tem que perguntar isso muitas vezes e perceber que, se os seus objetivos de trabalho são todos auto-centrados, você vai ter dificuldade de manter o seu entusiasmo e produtividade.

 Você vai se cansar. Incentivos - escritório dinheiro, casa grande carro, fantasia e canto - não são orgânicos e eles só dirigi-lo por um tempo. Você precisa ter um propósito maior para conduzir iniciativas maiores, que manterão seus níveis de energia e alcançar a paz e sucesso real. "

postado por Dharma dhannyael