Quarto Chakra. Anahata
Dharmadhannyael*
Um coração aberto é como um Sol que ilumina a todos e atrai o mundo para a sua luz.
Quando estamos presos no
passado, estamos acorrentados no carma, sem a liberdade do dharma, e não podemos expandir a luz da União com a nossa Alma ou Eu Superior.
Olhe o rosto de uma criança e
veja como ela está disponível para ser feliz, livre do ontem. A liberação acontece em nossa mente.
Um coração fechado é uma
porta fechada para a felicidade.
O perdão libera e redime. A tolerância, a gratidão e a ação para o bem
nos libera .
“Eu perdôo a mim mesmo e libero o passado. Eu perdôo
a todos que me feriram e peço perdão a todos que eu feri”.
Estamos livre e no dharma,
Quarto Chakra
– Anahata - O REINO DO SOM SAGRADO
Breaux
Charles.
Anahata, o
nome sânscrito dado ao quarto chakra, significa literalmente “não batido”. O
termo refere-se à vibração sutil que é a energia criadora do Vazio. Ele é
entoado como a sílaba sagrada OM, e diz-se que é ouvido interiormente em
meditação quando a Kundalini subiu ao chakra cardíaco.
Em geral, o quarto chakra é também mencionado
como chakra cardíaco, definindo sua posição no corpo e sugerindo sua associação
com a fonte de inspiração espiritual e o amor altruísta.
O quarto
chakra tem 12 pétalas vermelhas brilhantes. Dentro delas encontramos dois
triângulos de cor cinza interligados. Juntos, eles compõem a mandala Vayu, que
representa a relação harmoniosa entre as forças masculina e feminina do cosmos.
No interior da
mandala Vayu, que também simboliza o elemento ar, há um antílope. Conhecido
pela sua velocidade, o antílope é um bom veículo para o antigo deus do vento,
Vayu. (Veja fig. 14, p. 115.)
No Tantra
budista, o elemento fogo é associado com o centro do coração. Seu símbolo é um
triângulo vermelho apontando para cima. Lama Govinda sustenta que este fogo não
é físico, mas psíquico. Ele é o fogo da devoção religiosa e da inspiração.
Ele afirma ainda que o centro do coração é a
sede da mente intuitiva e dos sentimentos transmutados (amor e compaixão
divinos) e que é o foco primário na meditação porque está onde o universal é
realizado na experiência humana. 1
O Buda primordial Aksobhya é o senhor do chakra
cardíaco.
Ele encarna a sabedoria radiante. Sua Sabedoria Radiante dissipa a ilusão da
separatividade das coisas e reflete sua Vacuidade inata. Suas paixões sombrias
são o ódio e a aversão.
O fogo
alquímico da devoção e compaixão religiosas transformam afinal nosso sentido de
identidade pessoal. Como a fênix, o ego será
consumido e transformado. Isto pode ser traumático, resultando muitas
vezes numa grave crise de identidade. Todavia, a abertura do chakra cardíaco
eventualmente gera uma forma de identidade mais abrangente, em que a individualidade
e a universalidade começam a se fundir.
Quando o
chakra cardíaco desperta, o aumento do seu nível vibracional altera o corpo
astral, infundindo-lhe a mais sublime energia dos céus interiores. Abrir o
coração também dá início a uma relação íntima com o mistério da vida. Cada
passo leva-nos a uma união mais profunda com o desconhecido, o potencial
infinito escondido em cada momento, e a beleza, perfeição e memória distante de
remos sublimes.
Em Journeys
Out of The Body, Robert Monroe descreve experiências de êxtase no plano astral
que demonstram alguns desses fenômenos relacionados com o chakra cardíaco.
Depois de se deslocar por reinos de emoção grosseira do plano astral, ele
visitou regiões mais belas.
Robert Monroe
relata ter sido inundado por um “Ambiente Perfeito” em que experimentou um
estado de pura paz e emoção intensa. Ao retomas ao seu self racional normal,
sentiu uma profunda nostalgia daquele lugar a que ele sabia pertencer e onde
deveria ter ficado para sempre. 2
Talvez você
reconheça este sublime estado emocional. Você pode tê-lo experimentado ao ficar
sozinho numa montanha, cercado pela - majestade do céu e pela paisagem
distante. Ou pode ter sido numa floresta profunda, silenciosa — você se viu no
interior de uma catedral de árvores altivas, enquanto raios de luz iridescentes
se projetavam como deuses através da riqueza das sombras. Ou talvez isso tenha
ocorrido enquanto fazia amor — tudo parecia tão perfeito, tão maravilhoso, tão
extraordinário.
Imagem - Aksobhya
é o senhor do chakra cardíaco e personifica a Sabedoria Radiante. Sua cor é o
branco e ele rege o elemento água. Como o Buda Shakyamuni, Aksobhya expõe o
Mudrá do Toque-da-Terra, o mudrá-testemunha.
Fig. 14. O
quarto chakra, Anahata. O chakra cardíaco tem 12 pétalas vermelha brilhantes.
Dentro da mandala do ar, dois triângulos interligados, encontramos
mantra-semente YAM, que invoca o deus do vento, Vayu. O veículo de Vayu é un
antílope.
Quando o
centro do coração se abre completamente, sente-se um desejo ardente de que
todos os seres desfrutem do amor e da bem aventurança disponíveis neste nível
de consciência. Na tradição budista, este impulso é expresso como o voto de
ajudar todos os seres sencientes a atingir a iluminação. A pessoa que cumpre
este voto toma-se um Bodhisattva.
Todas as
formas de amor romântico são motivadas por essa busca de união com a fonte de
amor. É uma grande desventura que essa busca seja direcionada para fora e que a
fonte seja confundida como sendo uma pessoa que está fora de nós. O resultado traumático
dessas projeções frustradas é uma aguda sensibilidade à ansiedade abrasadora
que experimentamos por estarmos divorciados do verdadeiro Self e do seu reino
de amor universal.
À medida que o
chakra cardíaco começa a desabrochar, com frequência ele traz um mestre que
serve como encarnação deste nível de consciência. Ele também pode abrir-nos à
comunicação consciente com a hierarquia espiritual de seres que guiam as almas
neste planeta. Podemos, em contrapartida, atuar no coração de um grupo que trabalha
para guiar a evolução terrestre.
Atualmente, as
energias do chakra cardíaco estão se tomando mais ativas à medida que evoluímos
coletivamente para além dos estágios de consciência relacionados com os três
chakras inferiores. Um problema nesta transição, tão predominante no movimento
Nova Era, é a tentativa de viver no coração sem lidar com as repressões e os
impulsos do ego nos chakras inferiores.
Se, por
exemplo, estamos zangados, arrogantes, desesperados, ou emocionalmente
inseguros, o amor não flui livremente. Uma decisão forçada para ser amável não
é a mesma coisa que o jorrar espontâneo do amor sentido em profundidade.
A confusão
surge também entre o amor romântico e o amor altruísta. O amor romântico é
associado à projeção da anima e do animus e ao desejo de uma relação perfeita.
O romance é um ideal. Porque ele quer que a outra pessoa satisfaça uma
compulsão inoportuna para sentir-se completo ou seguro, o amor romântico não é
estranho a ousadias manipuladoras.
O amor
altruísta, por outro lado, é uma empatia e compaixão que nos capacita a agir de
uma maneira profundamente zelosa. Ele é uma aceitação incondicional, sem
julgamentos, discriminação da vida e dos outros. Há uma profundidade de
compreensão e de sabedoria nesse amor, que só advém de um profundo sofrimento e
de uma intensa experiência de vida.
Não se trata de projeção ou de uma forma de
controle, mas de uma abertura e entrega muito sincera ao que existe. Podemos
experimentar desapontamentos, mas nunca seremos abatidos se permanecermos
abertos ao nosso potencial por existir neste estado de amor.
Quando a
energia psíquica flui através do centro do coração, ela tem a capacidade de
transformar e neutralizar a energia negativa. Nós podemos não só neutralizar a
nossa própria energia, mas podemos aprender a harmonizar a energia de outras
pessoas. Essa habilidade de transformar energia no chakra cardíaco é usada na
cura espiritual e psíquica. Deve-se tomar cuidado, entretanto, para não usar
este bálsamo de cura para encobrir, ou deixar de tratar, as regiões mais
obscuras de nós mesmos.
Poderíamos
pensar que a abertura do chakra do coração proporciona apenas paz e amor. Sem
levar em conta o confronto com nossas dores e com o medo reprimido de sermos
vulneráveis, muitas dificuldades surgem quando o coração se toma receptivo.
O centro do coração invoca forças intensas da
alma e dos reinos espirituais interiores. As atividades, ou a mera presença, de
uma pessoa com um centro do coração jovem pode estimular intensas reações
defensivas em outras, à medida que a vibração do amor penetra nas barreiras e
estimula à ressonância o amor que permaneceu enterrado sob incalculável dor e
sofrimento.
Em Esoteric Healing, Alice Bailey assinala que
as incertezas que acompanham a abertura do chakra cardíaco são algumas das mais
típicas e problemáticas experimentadas no caminho espiritual. Estas incluem
reações de outras pessoas que variam desde a devoção primitiva até o ódio
extremado, causando muita confusão e perturbação para o aspirante. 3
Com o passar
do tempo, aprendemos a não nos identificar com essas reações e a afastar nossos
apegos e expectativas pessoais desse amor universal. Com compaixão e paciência,
permitimos que outros aceitem ou rejeitem as forças de amor no chakra cardíaco
e acontece internamento a integração dos opostos.
O Matrimônio
Alquímico.
A conquista de
um dragão ou monstro pelo herói para libertar a donzela é um tema comum na
mitologia. Alguns heróis familiares são:
São Jorge, que
extermina um dragão; Teseu, que mata o minotauro para resgata Ariadne do
labirinto de Creta; e Perseu, que corta a cabeça da górgona Medusa e derrota um
dragão para libertar Andrômeda.
O romance subsequente entre o herói e a
donzela em desgraça simboliza a integração dos aspectos fecundos, intuitivos e
mesmo místicos do inconsciente relacionados com o chakra cardíaco.
Em História da
origem da consciência, Neumann mostra como, na mitologia, a fêmea resgatada não
está mais ligada à todo-poderosa e devoradora imagem da Grande Mãe. Liberada de
sua dominação, a donzela é uma mulher vulnerável com a qual o herói (símbolo do
ego) pode unir-se. 4
O herói frequentemente
tem de rebelar-se contra os valores convencionais (patriarcais) para realizas
seus feitos heróicos. Esses mitos obviamente registram uma perspectiva masculina.
Do ponto de vista da mulher, a integração bem-sucedida do seu lado masculino
(animus) dota-a das forças heróicas necessárias para sua descida ao
inconsciente.
Com essa
força, ela enfrenta os aspectos opressivos da Grande Mãe ou do Grande Pai (dependendo
das várias versões míticas), para liberar sua feminilidade essencial. Em
qualquer dos casos, o consequente casamento do herói com a donzela representa um
estágio psicológico importante, uma individuação das forças coletivas e a integração
da anima e do animus de modo que ambos os indivíduos possam crescer.
As imagens
arquetípicas dessa união atuam dinamicamente por trás do amor romântico.
Infelizmente, é raro compreendermos o significado dessas imagens quando vamos à
procura do cavaleiro de armadura reluzente ou da princesa encantada. Para
compreender melhor este ponto, voltemos brevemente à tradição alquímica que
floresceu na
Europa
medieval.
Este obscuro
sistema, que apresenta uma forte semelhança com o Tantra, representava a
transformação da psique através de uma série de rituais, alegorias e
contemplações.
O estágio principal dessa transformação era
simbolizado pelo Matrimônio Alquímico. O termo usado para este matrimônio
místico, coniunctio, era usado para
significar tanto o mistério das combinações químicas como o casamento do
místico com Deus.
A alquimia era, basicamente, uma forma de
imaginação ativa, a arte de comunicar-se com conteúdos inconscientes através de
sua projeção na realidade objetiva.
Os textos e diagramas, usados pelos alquimistas
na busca de sua transformação metafórica dos vários metais e substâncias,
mostram um rei e uma rainha (Sol e Lua) em várias atividades conduzentes à sua coniunctio. Encontramos uma boa
descrição dessas atividades no texto alquímico Rosarium Philosophorus.
Num desses
diagramas vemos o Rei e a Rainha num abraço sexual enquanto o espírito das
profundezas se levanta para absorvê-los.
Nesse momento de enlace aparece o maior dos prodígios; na
bem-aventurança de sua união nupcial, eles se fundem um no outro e se
dissolvem. Tomam-se um, como se fossem um só corpo. O resultado dessa união é
um filho mais refulgente e esplêndido que seus pais — ele excede em brilho o
Sol e a Lua. 5
O texto segue
lembrando-nos que o Sol e a Lua são dois vapores que surgem da matéria-prima
como o fogo aumenta dentro do alambique. Por isso, não nos defrontamos aqui com
uma mera relação sexual, mas sim com uma união de ordem superior.
Como
aprendemos no segundo chakra, a tendência a essa união mística dá vida a
encontros românticos e dá um novo ímpeto à projeção da anima e do animus.
Isso frequentemente leva à dor e à confusão
porque a síntese não ocorre entre duas pessoas. Cada pessoa tem a oportunidade,
na maioria das vezes mal compreendida e, portanto, perdida, de reconhecer sua
totalidade inata e o estado de amor inerente a ela, que foi projetado no amado.
Apesar de os relacionamentos humanos servirem
de veículos para essa experiência subjetiva, o Matrimônio Alquímico é um evento
intrapsíquico.
No Tantra
tibetano, o termo Bodhicitta é usado para descrever os efeitos dessa união
interior. Vejamos como os tibetanos trabalham com vistas ao seu
desenvolvimento.
Geração da
Grande Compaixão
Em sânscrito,
Bodhi significa consciência iluminada ou desperta; citta tem dupla conotação,
referindo-se tanto à mente como ao coração. Bodhicitta, portanto, significa
Mente e Coração Iluminados que se manifestam quando a Grande Compaixão é
experimentada. No coração do Tantra budista, há práticas e ensinamentos
baseados na intenção de manifestar Bodhicitta.
A Grande
Compaixão existe, em forma de semente, em todos nós. Os ensinamentos tibetanos
acentuam a importância do comprometimento no início da germinação desse
minúsculo grão de compaixão. Votos de renúncia a todas as formas de atividade,
físicas e psíquicas, que causam dano deliberado a outras pessoas e a nós mesmos
são um dos modos de expressar esse compromisso.
Todos os
pensamentos de fracasso ou negatividade, por exemplo, são vistos como imorais
porque implicam a negação da nossa própria natureza búdica.
Quando nossa
pequena semente de compaixão desabrocha, faz-se necessária uma grande paciência
para sofrer nossas muitas imperfeições sem perder a coragem e a intenção.
Levará tempo para que a semente da compaixão produza o fruto
divino do Bodhicitta.
Enquanto isso,
dúvida, desânimo, letargia e sentimentos semelhantes devem ser vistos como
oportunidades para exercitar a compaixão e o comprometimento.
Um zelo e uma
fé firmes e inexauríveis no poder da compaixão são os
maiores aliados
neste empreendimento.
O Tantra
tibetano sugere então que meditemos sobre o nosso sofrimento. Somos encorajados
a olhar honestamente para a nossa vida e sentir a dor da doença, das tragédias
românticas, dos traumas emocionais, dos medos, do sentido da falta de
significado, das perdas materiais e assim por diante. Tudo está em transição,
movendo-se através de ciclos intermináveis de nascimento e morte.
Experimentamos
a dor como resultado de nossas tentativas de manter uma situação permanente ou
estável na esteira da natureza fluida do mundo. Apegando-nos à noção da
consciência do ego e lutando compulsivamente para satisfazer-lhe os desejos,
andamos aos trambolhos através de numerosas existências, ignorantes da nossa
herança espiritual, temendo a dor dilacerante da mudança e da perda e
defendendo-nos dela.
Uma vez que,
através das defesas e do orgulho do nosso ego, olhamos para a imanência e
profundidade de nossas próprias tribulações, podemos verdadeiramente abrir o
coração para o sofrimento de nossos pais, amigos, conhecidos e inimigos e para
a carga de sofrimento em todo o mundo.
Visto de uma
direção, sentimos pesar à medida que conceitos, vínculos emocionais, posses e
identidades são arrancados. Se deixarmos fluir e olharmos ao redor, entretanto,
veremos que o fluxo da vida está sempre apresentando novos e misteriosos
horizontes. A beleza e renovação da criação emergem continuamente.
Veja se você
consegue se lembrar da sua infância por um momento. Talvez, como eu, você visse
o mundo em considerável confusão. Eu não podia compreender por que todos eram
tão infelizes. Lembro-me de jurar ardentemente que eu seria feliz quando
crescesse. Dentro de cada um de nós repousa a habilidade para conhecer e
experimentar a felicidade.
É nesta parte de nós mesmos que a Grande
Bem-aventurança de Bodhicitta jaz enterrada sob sofrimentos emocionais inenarráveis e sob desordens
mentais. Para encorajar este crescimento, os lamas tibetanos sugerem a
meditação como se tivéssemos atingido o estado de perfeição de um Buda.
Uma atitude
importante para se tornar alguém que está desperto (um Buda) é a imparcialidade
— isto é, ver familiares e amigos na mesma luz que inimigos e estranhos.
Todos são
seres que sofrem e anseiam por paz e felicidade. Através da visualização, podemos
começar a desenvolver a imparcialidade vendo todos os seres encontrando seu
caminho para a paz interior.
Enquanto em
meditação sobre a libertação dc todos os seres das fadigas do mundo, podemos
dedicar nossa vida à remoção do peso da ignorância e do sofrimento. Este não é
um esforço superficial ou idealista, mas um profundo desejo do coração
resultante de um lampejo obtido na meditação.
É uma tarefa corajosa, que requer grande
integridade. Essa parte ativa da compaixão é a mais importante, ainda que dependa
de passos anteriores.
Alimentando
outras pessoas com amor divino e verdade, somos automaticamente transportados
para além das limitações da realidade pessoal auto-orientada. Seres como Cristo
ou Buda são janelas abertas para as profundezas espirituais de todos nós.
O serviço desses seres demonstra forças
espirituais para aqueles ainda atados ao mundo egóico da ilusão e do
sofrimento. O esplendor que brilha através deles desperta- nos dos sonhos
terrenos, assim como cada ato de compaixão sincera em nossa vida clareia o
mundo à nossa volta.
Havia uma vez
um monge tão feio e deformado que, quando passava mendigando de porta em porta,
as pessoas o mandavam embora. Às vezes ele se sentia rejeitado, tinha
pensamentos amargos e retirava- se para a floresta. Buda, com sua onisciência,
observou o apuro desse monge e manifestou-se num corpo que era mais grotesco
que o dele.
Quando o monge
viu aquela criatura infeliz saindo da floresta, ficou tomado de compaixão. Essa
compaixão foi tão profunda que o monge alcançou a iluminação.
Outra atitude
importante para a geração da Grande Compaixão é tornar-se mais atento a todas
as formas de desejo e aos padrões mentais e emocionais negativos.
Assim, já
começamos a observar o estado comum de caos dentro da mente. Imagine quanta
energia psíquica precisamos para alimentar todos esses mecanismos mentais e
emocionais. A seguir, imagine a energia vital adicional necessária para ativar
o corpo físico para responder a todos esses estímulos interiores, e você terá
uma idéia de quanta energia nós literalmente jogamos fora. Ao mesmo tempo,
essas forças caprichosas continuamente nos empurram para o labirinto do carma.
Uma vez
liberadas essas energias psíquicas dos complexos, defesas e compulsões fortes,
as práticas tântricas podem dirigi-las espinha acima até o chakra da coroa.
Essa reversão
da energia psíquica abre o lótus das mil pétalas, inundando o corpo com o
“néctar da bem-aventurança criadora”. No Tantra hindu, esse néctar é associado
miticamente ao sêmen transcendental liberado através da união extática da
Kundalini Shakti com seu amante divino, Shiva.
Poderia haver
alguma base científica para este néctar da bemaventurança criadora? Em seu
livro, Biology, Helena Curtis relata que os cientistas especularam em 1972 que
o corpo é capaz de produzir narcóticos.
Em 1975, ficou provado que, sob certas
circunstâncias, o corpo produz narcóticos endógenos (mais tarde chamados endorfinas).
Quatro dessas endorfinas foram analisadas quimicamente; duas delas são
encontradas no tecido cerebral e funcionam para inibir impulsos nervosos.
As outras duas
são liberadas, como hormônios, da glândula pituitária (associada com o chakra
da coroa). Um desses hormônios pituitários é 48 vezes mais forte que a morfina
quando diretamente injetado no cérebro. Esses narcóticos, ficou provado, são
gerados pela meditação, pela corrida de longa distância, por tratamentos de
acupuntura analgésica e pelo sentimento de amor.6
A Grande
Bem-aventurança (Bodhicitta) é simbolizada no Tantra tibetano pela divindade
Vajrasattva em abraço sexual meditativo com sua consorte,
Vajra Dignidade.
Vajra é o
termo sânscrito usado para qualidade diamantina indestrutível e prístina da
Consciência do Ser. Espírito ou Eu superior é, provavelmente, o conceito
ocidental mais aproximado. Para perceber essa condição prístina, nossa mente
deve estar aberta e, por isso, livre de todas as elaborações mentais. O
potencial para este estado de claridade é chamado sattva, traduzido
literalmente por essência.
Vajrasattva e
sua consorte são a personificação da pureza da consciência que traz o
bem-aventurado despertar do Ser na sua natureza essencial prístina e
indestrutível.
Sua união gera a jnana ambrosia, ou sabedoria visualizada como não-substância
leitosa, a qual jorra de seu corações e genitais para premiar-nos com a Grande
Bem-aventurança quando os invocamos em meditação.
A analogia de
sua união sexual expressa o sentido de fusão que experimentamos quando
transcendemos os parâmetros do objeto/sujeito para dissolver-nos na Grande Bem
aventurança. Uma vez atingido, esse nível de consciência preenche todas as
formas de ligação com o amor e a compaixão divinos.
O Poder de “Ajuda” — é um poder protetor que
resulta da aspiração a entrar no caminho que conduz ao desenvolvimento d
Bodhicitta (compaixão). Reconhecendo o nível de consciência personificado na forma
do Bodhisattva Vajrasattva e refugiando-nos neste arquétipo, somos “abençoados”
e fortalecidos pela energia psíquica nele corporificada.
(1) Lama Govinda, Foudarions
of Tibetan Mysricism (York Beach, ME Saxnuel Weiser, 1974; e Londres: Rider &
Co., 1974), p. 179.
(2) Robert A. Monroe, Journeys Out ofthe Body (Nova York : Doubleday.
197l),pp.77-8.
(3) Alice
Bailey, Esoteric Healing (Nova Yrk: Lucis Publishing Co., 1977), pp. 123-24.
(4) Erich Neumann, The Origins and History of Consciousness,
Bollingen Series, Vol. XLII (Princeton, NJ: PrincetonUniversity Press, 1970),
pp. 195-200.
(5) Pararnaiores ifoaçs,ver Cari Jung, Psychology
ofthe Transfere nce (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1966), pp.
85-6.
122
(6) Helena Curtis, Biology (Nova York: Worth
Publishers, 1968), p. 162.
Pesquisado por Dharmadhannya
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