domingo, 2 de maio de 2021

1. INTEGRIDADE - Os seus poderes interiores -

 



                                

                                   1. Os seus poderes interiores

Nosso maior medo não é sermos inadequados. Nosso maior medo é que nós somos poderosos além do que podemos imaginar.

É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta. Nós nos perguntamos:

 "Quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso, fabuloso?"

Na verdade, quem é você para não ser?

 Você é um filho de Deus.

Você tem habilidades que nem imagina para empreender sua jornada. Vamos conversar um pouco sobre os poderes que as pessoas usam na sua caminhada. Alguns você já conhece, outros vai descobrir dentro de si quando tiver a coragem e a determinação de seguir em frente!

INTEGRIDADE

Tudo em nossa vida tem de começar com o respeito aos nossos valores. Sucesso tem de ser consistente. Pessoas de sucesso superficial me dão pena, pois não conseguiram entender o verdadeiro significado da palavra sucesso.

As pessoas não se dão conta dos estragos que pequenas ações sem respeito aos seus valores fazem em sua vida. Pequenas mentiras, pequenas fofocas, pequenas omissões, quando somadas, são como bombas atômicas em nosso caráter.

Muita gente quer ganhar uma partida de futebol de qualquer jeito, mesmo que seja com um gol de mão. As pessoas não imaginam a encrenca que criam em sua vida quando conquistam vitórias desrespeitando as regras ou lesando alguém.

Tenho um exemplo disso no meu trabalho: sempre levo dois livros para as minhas palestras. Muitas vezes dou um dos exemplares para alguém da plateia que teve uma bela participação no evento e guardo o outro para dar a algum amigo que apareça de surpresa.

No final da palestra as pessoas costumam vir a mim para pedir autógrafos e a coisa fica meio tumultuada no palco. Quando terminamos, eu volto ao púlpito para pegar meu livro e, surpresa: o livro foi roubado!

Para mim isso não é um grande problema. Não vou ficar nem mais rico nem mais pobre por causa de um livro. Mas fico pensando no efeito que aquele livro roubado causa na vida de quem o pegou. É devastador.

Imagine que essa pessoa coloque o livro em seu escritório. Todos os dias, quando olhar para a estante, o livro vai gritar para ele: você é um ladrão! Essa situação influencia a vida da pessoa e sua alma vai ficando fraca.


Talvez você me pergunte:

"E em relação aos políticos ladrões? Como fica a vida deles com tanta desonestidade?"

"Como será que anda a relação desses políticos desonestos com os seus filhos? Como andam seu casamento, sua vida psíquica?"

Se, por exemplo, um dos políticos corruptos se vê em uma situação em que seu filho é algemado e preso, ele pode afirmar que é um engano, que seu filho é inocente. As pessoas podem até acreditar que foi uma injustiça. Mas a alma desse pai vai ficar eternamente ferida, carregando a culpa de ter servido de mau exemplo.


Como fica, por exemplo, a vida do político que, todos os dias, vê nos jornais e na televisão denúncias contra ele e sabe que seus filhos estão assistindo ao mesmo noticiário? Na escola, é provável que os colegas passem a evitá-los em razão dessas denúncias.

Mais tarde, como esse mesmo político vai se sentir quando for chamado às pressas para a delegacia e der de cara com o filho detido por tráfico de drogas ou por agressões gratuitas contra pessoas inocentes?

Será que esses não são preços altos o suficiente a pagar por sua desonestidade?

A integridade é fundamental para conseguirmos sucesso e felicidade consistentes, e principalmente paz interior. É melhor a derrota do que uma vitória sem escrúpulos.

Agora, a integridade não diz respeito somente à ética. A integridade depende da sintonia entre valores, sentimentos e ações. Quando uma pessoa perde a integridade, perde também o respeito por si mesma, além de abalar a consideração que os outros têm por ela.

Infelizmente, muitas pessoas abandonam seus valores para agradar os outros. Lembra-se da "maria-vai-com-as-outras"?

"Maria-vai-com-as-outras" é a pessoa que adota sempre as opiniões alheias, faz tudo o que os amigos fazem e tem mania de deixar de lado os próprios sentimentos, só para não contrariar a turma.

Mesmo que isso não esteja de acordo com seus valores, ela acata as atividades propostas pelo grupo para ser aceita e porque lhe faltam forças para dizer não.

Você já compareceu a uma "festa estranha com gente esquisita"— conforme cantava Renato Russo — mesmo sabendo que não se sentiria bem naquele ambiente e teria de lidar com situações com as quais não concorda?

Já comprou alguma coisa que não queria ou vestiu determinado tipo de roupa apenas para se sentir parte da tribo?

Já foi induzido por falsos amigos a tomar um porre ou experimentou alguma droga contra a vontade, convencido de que "uma vez só não faz mal"?

Certas coisas, mesmo quando praticadas uma única vez, fazem mal, sim! Fazem mal porque ferem a integridade e enfraquecem a autoestima.



Ouço frequentemente histórias de pessoas que não deram ouvidos aos seus valores e, no dia seguinte, acordaram com uma gigantesca ressaca moral.

 Não a moral imposta pela sociedade, e sim a moral interior, que nos cobra coerência e nos faz sentir náusea quando avançamos o farol. Depois da ressaca vem o arrependimento por não ter seguido a voz da consciência.

João é loucamente apaixonado por Laís. E é correspondido.

Baseada nesse amor, a relação do casal sempre foi construída com muito respeito e confiança mútuos.

Em certo fim de semana, João foi com a turma para a balada, mas não levou Laís. Naquela noite, surgiu outra garota que não parava de dar em cima do rapaz.

João tentou ignorar a situação porque acreditava verdadeiramente que não devia trair a namorada. O amor e o respeito entre eles estavam acima de tudo.

Mas a turma começou a fazer a cabeça dele. Todos caçoaram de tamanha caretice e o incentivaram a ficar com a garota. "A mina é uma tremenda gata" diziam. "E uma vez só não faz mal algum."

João acabou passando a noite no apartamento dela.

Foi bom enquanto durou. Mas, no dia seguinte, João estava péssimo. Mal conseguia olhar-se no espelho. E, pior ainda, não conseguia encarar Laís, pois sentia o sabor amargo da culpa e tinha medo de que ela enxergasse a traição em seus olhos.

Gosto muito de dizer aos amigos que respeitem seus alarmes da integridade.

Esse alarme é disparado por sua consciência sempre que você está prestes a violar seus valores. Ele desperta quando a sua consciência grita pedindo socorro ao perceber que você vai fazer algo de que pode se arrepender depois.

Se o alarme da integridade toca e você não o respeita, corre o risco de fazer uma tremenda bobagem.

Quando você está prestes a brigar com uma pessoa franzina, visivelmente assustada, só para posar de valente para sua turma, sua consciência lhe dá um aviso: vale a pena agredir alguém só para ganhar um olhar de admiração de alguns amigos bêbados?

 Se você estiver alerta, vai perceber que abandonar seus valores só diminuirá o respeito que tem por si mesmo.

O alarme da integridade é calibrado de modo diferente para cada pessoa e tem como base a experiência de vida, os valores, a consciência e os limites que aceitamos como válidos em nossa vida ou em determinada situação.

 Por isso, julgar os outros é sempre complicado: podemos não conhecer o contexto de vida daquela pessoa e fazer mau juízo dela.



É lógico que existem valores universais, como não mentir, não roubar, mas tenho certeza de que você aprovaria a atitude de um dono de orfanato que mentisse para um policial da Gestapo, na Segunda Guerra Mundial, dizendo que não abrigava nenhuma criança judia.

 Ou o que dizer de um pai que, no desespero, roubasse um pão para dar ao filho faminto?

A sua consciência de integridade é aquela sensação gostosa que você tem quando age de acordo com seus valores. Mas é também aquele incômodo desagradável que toma conta de seu peito quando você insiste em fazer algo que não considera correto.

As piores situações que você pode enfrentar surgem quando não ouve a si mesmo e avança seus limites, principalmente quando tem a intuição forte de que está prestes a fazer besteira.

Sugiro que você consulte sempre a sua consciência antes de fazer qualquer coisa que talvez não lhe caia bem. Ela será sempre o seu melhor guia!

 Tenha a coragem de dizer não quando o alarme da integridade indicar que deve dizer não. É sempre melhor arriscar perder a amizade de pessoas que não têm os mesmos valores que você do que arriscar sua paz interior.

Todo mundo quer ser genial, todo mundo quer ser campeão, mas nossas vitórias só têm sentido quando respeitamos as regras do jogo.

Quando nossas ações contrariam nossos valores, perdemos a integridade e isso nos torna incompletos diante da vida. Perdemos o ritmo da jornada. Mais importante do que obter uma vitória é construí-la em paz.

Respeite seus valores, ouça seus sentimentos na hora de agir, tenha consciência de como as suas decisões podem afetar a vida dos outros e busque conquistar o campeonato de maneira digna. Esse é o verdadeiro sentido da vida.

Se você quiser, pode até trapacear com seu colega de estágio para ficar com a vaga dele. Mas como ficará a sua reputação com os futuros colegas que o viram trapacear? Pior ainda: como ficará o conceito que você tem de si mesmo? Será essa a melhor forma de construir um futuro profissional?

Certa vez, num reino distante, um fazendeiro muito rico perdeu uma bolsa com 40 moedas de ouro. Desesperado, mandou avisar todos os habitantes da vila de que recompensaria quem achasse sua bolsa.

Um lavrador muito humilde encontrou a bolsa e apressou- se a levá-la ao dono.

Desejoso de fugir ao compromisso de recompensar o lavrador, o fazendeiro inventou uma artimanha. Chamou o pobre homem e disse:

— Minha bolsa tinha 50 moedas e aqui só há 40. Você não vai ganhar recompensa nenhuma. É melhor retirar-se logo antes que eu mande prendê-lo por roubo.

Dias depois, ao tomar conhecimento da história, o rei, conhecido por seu senso de justiça, convocou o rico fazendeiro e o pobre lavrador para uma audiência e pediu que a bolsa fosse levada ao palácio.

O rei tomou a bolsa nas mãos, inspecionou seu conteúdo e rapidamente perguntou ao homem rico:

— Quantas moedas você disse que havia aqui?

0 fazendeiro imediatamente respondeu:

— Cinquenta moedas, majestade.

0 rei, espirituoso e sagaz, logo retrucou:

— Então esta não é sua bolsa, pois aqui há apenas 40 moedas.

E, virando-se para o lavrador, arrematou:

— Pode levar esta bolsa com você, meu bom homem. E vamos continuar a procurar a bolsa que o fazendeiro perdeu.



Não é possível sustentar uma vida coerente sem sentir orgulho de nossa obra. A honestidade vai ser sempre premiada e deve servir de fundamento para nossas escolhas. Por maiores que sejam os exemplos de falta de integridade que encontremos pelo mundo, é fundamental que nossos valores liderem sempre nossas ações.

A pessoa desonesta sempre paga caro por sua desonestidade. Ela pode até não ser pega pela Justiça, mas sua consciência sempre lhe acusará e a lembrará dos seus deslizes. Não importa o fato de ninguém ficar sabendo quando somos desleais. O que importa é que "nós mesmos sempre o saberemos"

Existe ainda um outro som na sua consciência, que costumo chamar de "o canto dos anjos" A sua consciência também sussurra ao seu coração o orgulho por uma ação em que você respeitou seus valores.

Como naquele dia em que você estava com pouca grana e deixou de comprar um livro que queria muito para comprar flores para dar de presente de aniversário para sua avó.

Vale muito mais a pena atrasar nossas conquistas do que realizá-las profanando nossos valores. O que realmente importa é que tenham uma base sólida.


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