Respiração — A Ponte para a Bio-Harmonia
PNEUMA:
1.
Fôlego, respiração.
2.
Alma, espírito, segundo alguns antigos filósofos, o espírito universal ou
substância primordial.
3.
O princípio vital, vida e o Espírito superior tanto à alma quanto ao
corpo.
...uma natureza intermediária que,
embora distinta da Alma mortal ou Pneuma, é a fonte da atividade vital.
- HIPÓCRATES
...um sonho, um alento, uma espuma de
alegria fugaz.
- SHAKESPEARE, The Rape of
Lucrece, 212
A RESPIRAÇÃO é o elo entre o corpo e
a mente. No mar da emoção em que vivemos, a respiração é o mediador que altera
a química da nossa consciência.
Os yogues já conhecem há séculos
métodos detalhados para controlar o corpo e a mente, e usam práticas
respiratórias elaboradas para produzir os estados de consciência que desejam. vvxvxvxxvx
Todos sabemos que podemos viver sem
comer e beber durante algum tempo, mas não sem respirar. Exatamente por
considerarmos isso tão garantido é que se torna difícil para a maioria das
pessoas perceber como a qualidade da sua vida pode mudar radicalmente apenas
por elas serem capazes de controlar a qualidade da sua respiração.
A maioria das pessoas respira de doze
a dezoito vezes por minuto. Pare um momento para examinar quantas vezes você
respira por minuto sem fazer nenhum esforço pessoal para reduzir ou alterar de
alguma outra maneira seu padrão normal de respiração.
Você poderá perceber, se estiver
prestando atenção, que sua respiração é irregular, instável ou superficial;
pode haver uma pausa entre a inalação e a expiração; você poderá ainda
descobrir que ela é barulhenta ou que seu nariz está entupido grande parte do
tempo.
Sabemos agora (e os cientistas estão prestando
cada vez mais atenção às pouco percebidas interligações sutis entre a função
cerebral e a respiração) não apenas que todos os estados emocionais estão
relacionados com padrões particulares de respiração, como também que
simplesmente reduzindo ou aprofundando a respiração podemos:
Melhorar a memória
dominar a raiva e o medo
adormecer quando quisermos
expandir nosso campo eletromagnético
curar a insônia
baixar a pressão sanguínea
ficar mais corajosos
aliviar a dor
acalmar o nervosismo das pessoas à nossa volta aumentar nosso carisma pessoal
parar de fumar
fortalecer a vontade clarear a mente
melhorar a digestão regular os batimentos cardíacos acalmar o nervosismo
aumentar nossa vitalidade e prazer
alivia a depressão
melhorar o funcionamento e a
concentração mental
Como somos criaturas rítmicas, de fluxo e refluxo, sístole e diástole, precisamos alternar entre uma respiração desembaraçada, relaxada e pelo menos dez minutos por dia de contínua atividade (se estivermos fisicamente aptos, de preferência numa área verde).
A qualidade vital da nossa
personalidade, a vivacidade do nosso cérebro, o equilíbrio dos nossos nervos
dependem em grande parte da respiração.
Com tantos diferentes sistemas interligados
contribuindo para as complicadas interações entre nossa mente, corpo, espírito
e a sociedade e a época em que vivemos, a respiração é praticamente o único
elemento que podemos controlar totalmente e o único que pode modificar todos os
outros.
Como toda a vida segue padrões
rítmicos, “ sintonizam o- nos” com os padrões do mundo natural e nos sentimos
mais ligados à vitalidade e aos ritmos do universo quando aumentamos a
profundidade e a vitalidade da nossa respiração.
A paixão pelo yoga que tomou conta do país é
uma prova da necessidade de reafirmarmos nosso senso natural de vitalidade
psicofísica diante das condições cada vez menos naturais em que vivemos.
Alimentos comercializados, desprovidos de
nutrientes e repletos de produtos químicos que visam garantir um prazo de
validade maior; a incidência cada vez maior de doenças relacionadas com o
estresse (responsáveis por 80% da nossa taxa de mortalidade nacional); o custo
desconcertante dos hospitais, das drogas e da doença iatrogênica (induzida pelo
médico) tem pelo menos alertado um número cada vez maior de pessoas para
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a necessidade de assumir
responsabilidade pela qualidade da nossa vida e da nossa saúde.
A ferramenta mais simples e mais
acessível para a mudança é a respiração. O fato simples e impressionante é que
quando respiramos sete ou menos vezes por minuto, todo nosso metabolismo muda,
nossa personalidade é percebida de uma maneira diferente, somos considerados
mais tranquilos, mais autênticos e, curiosamente, mais vividos; e realmente
o somos!
Incrivelmente, a respiração registra sutilmente todas as
mudanças nos nossos pensamentos e sentimentos. Ela é a ferramenta mais
poderosa para liberar seu carisma.
As pessoas nervosas ou irritadas
respiram de um modo superficial, basicamente com a região superior do peito.
As pessoas deprimidas têm uma respiração pesada e forçada. Estudos recentes
confirmam o que todo mundo sempre soube: quando estamos felizes, respiramos
profunda e plenamente. Respirar com o peito pode, por si só, produzir a
instabilidade mental.
O adulto médio inala cerca de meio
litro de ar a cada respiração. Estou me referindo à respiração superficial
feita com o peito. No caso da respiração abdominal, este volume pode ser
duplicado.
Com o exercício Respirando com Todo o
Corpo (ver p. 388) você pode inalar de três a quatro litros de ar, o que é
provavelmente seis ou oito vezes mais do que você está inalando agora.
Um maior volume de ar implica uma melhora na
condição do coração e do pulmão, uma pele mais bonita, uma digestão mais
completa, um estado de ânimo mais elevado. Quando o pulmão enche-se de ar desde
a base até a parte superior, ele se contrai, massageando suavemente o coração.
O diafragma também, ao se contrair e relaxar, massageia o coração, o fígado, o pâncreas e melhora o funcionamento do baço, do intestino delgado, do estômago e do abdômen.
Quando pergunto às pessoas que
participam dos meus grupos de que modo elas visualizam a respiração, quase
todas sorriem e agitam levemente as mãos ao longo do corpo.
Algumas sugerem de forma hesitante que o movimento
do ar é esférico, mas em geral essa concepção é intelectual e elas não
conseguem colocá-la em prática.
Quando pedimos a um grupo para respirar
profundamente, as pessoas levantam os ombros, encolhem a barriga e dilatam o
peito com arfadas convulsivas. Depois, elas demonstram estar arrependidas porque,
obviamente, não são capazes de continuar a fazer isso. E por demais exaustivo.
A Bola de Respiração
A melhor maneira de descobrir a forma
correta de respirar é deitar-se no chão com as mãos ao longo do corpo. Se
houver uma depressão entre a região central das costas e o chão, erga os
joelhos até as costas tocarem o chão em toda a extensão. Ponha agora uma das
mãos sobre o abdômen para poder senti-lo e vê-lo se expandir enquanto você
inspira.
Imagine que toda região inferior do
abdômen e das costas é uma linda bola de gás da sua cor favorita. Ela vai se
encher a partir de baixo (entre as pernas). Naturalmente, a bola incha quando
se enche de ar.
Esteja preparado para sentir o abdômen e os
lados do corpo incharem de forma uniforme por todos os lados, exatamente como
uma bola de gás.
A mente pode processar num microssegundo
milhões de imagens, de modo que esta imagem da bola com sua cor favorita será a
perfeita professora silenciosa para seu novo processo respiratório.
É interessante observar que até mesmo
os antigos padrões são sustentados por uma imagem consciente. Embora não tivessem
percebido antes de eu perguntar, quando as pessoas faziam gestos na frente do
corpo para mostrar a direção vertical, elas de repente se conscientizavam de
que a imagem representava a maneira como elas funcionavam.
Quando você muda sua imagem, seu corpo/mente
logo interioriza todas as informações necessárias e é capaz de integrá-las num
novo processo.
Se você as descrevesse em palavras,
precisaria preencher múltiplas páginas e ainda assim seria muito difícil
compreendê-las.
Esta é a grande vantagem de aprender a partir
de uma imagem do hemisfério direito em vez de um modelo linear do hemisfério
esquerdo. À semelhança de um holograma, as informações estão comprimidas numa
única imagem, que depois se divide em componentes que serão reagrupados onde e
quando forem necessários.
Pense em como seria difícil fornecer
uma descrição linear mesmo de um processo bastante simples como caminhar ou
erguer um dedo!
Passei certa vez duas horas observando um
cisne no Central Park para ver se eu conseguiria predizer a curva exata do
pescoço do animal enquanto ele lentamente a erguia da água, repetidas vezes.
Por não ser linear, o movimento era incrivelmente variado e sutil.
Um filme em câmara lenta provavelmente
demonstraria que o movimento nunca se repetia.
O mesmo acontece com sua bola de
respiração. Se você a visualizar o mais exata e vividamente possível, será
capaz de obter uma dilatação de toda a região que vai da virilha até as
costelas inferiores, na frente, dos lados e atrás, da maneira mais natural e
orgânica possível.
Deixe então a parte superior da bola
expandir também as costelas e a área superior das costas. Mas é importante não
começar a respirar por aí.
Se agir assim, deixará de fazer a
respiração abdominal e acabará respirando da antiga maneira rápida e
superficial que usa apenas um terço da capacidade pulmonar. Ela termina antes
de lhe fazer qualquer bem.
Antes de Começar Sua Nova Respiração, Esvazie a Bola. A maioria das pessoas nunca exala totalmente o ar dos pulmões.
Um número tão grande de toxinas fica
armazenado no corpo que não sobra espaço para a penetração de energia da nova
respiração, sem mencionar a tensão residual que permanece nos músculos quando
eles não são “aspirados” pela respiração.
Exale — e veja e sinta a bola se
esvaziando até que ela fique bem murcha e achatada. Quando você achar que não
consegue expelir nem mais um pouco de ar, esvazie um pouco mais.
Então - Comece a Encher a Bola pela
Parte de Baixo. A primeira parte da inalação deverá ser praticamente imperceptível. O
erro mais comum que as pessoas cometem é precipitar-se convulsivamente como se
não houvesse espaço ou tempo para conseguir uma quantidade suficiente de ar.
Inicie a respiração o mais modesta e
silenciosamente possível. MANTENHA A BOCA FECHADA. E importante respirar pelo
nariz. Ponha uma pequena almofada debaixo da cabeça de isso fizer com que você
se sinta mais à vontade.
O Nariz Sabe
Você poderá ficar surpreso ao tomar
conhecimento de que seu nariz executa cerca de trinta funções. Ele é o lugar
mais estreito do aparelho respiratório e exige um esforço 150% maior do que
respirar pela boca (mesmo que seu nariz não pareça estar entupido).
Então, por que respirar pelo nariz?
Existem razões profundas para isso. Respiramos cerca de dezoito mil a vinte mil
vezes por dia, de modo que respirar pela boca exige muito mais energia.
Os filtros nasais provocam umidade,
dirigem o fluxo do ar, transmitem os odores, aquecem o ar, trazem oxigênio para
dentro do corpo, produzem muco, atuam como uma passagem de escoamento para os
seios paranasais, e — acima de tudo — afetam o sistema nervoso.
Temos um nariz interno e um externo.
Eles são únicos no gênero. O macaco, por exemplo, não tem nariz externo. Mas a
forma do nosso nariz tem uma relação íntima com o clima de origem dos nossos
antepassados.
As pessoas das regiões frias ou muito secas,
como o Oriente Médio, tendem a ter o nariz longo. Os habitantes das regiões
tropicais têm as narinas bem abertas, pois o ar precisa ser menos processado.
(Por alguma razão inexplicável, contudo, muitos escandinavos têm o nariz
curto.)
O nariz externo recolhe o ar e acelera seu fluxo dirigindo-o para a cavidade do nariz interno. A maneira como o fluxo de ar é orientado dentro da cabeça é extremamente importante.
O interior do nariz é muito complexo
e interessante. Seu “chão” também é o céu da boca, o palato. Se você mover a
língua para trás, encontrará um lugar onde o céu da boca de repente fica mais
mole. Atrás dele há um órgão carnudo com a forma de uma pequena lágrima — a
úvula (campainha).
O “céu” do nariz também é o “chão” do cérebro
e das órbitas, da mesma maneira como o “chão” do nariz é o céu da boca. E uma
espécie de casa de três andares com o cérebro, os olhos e os nervos óticos no
andar superior, a boca no inferior, e a cavidade nasal no pavimento
intermediário.
Poucas pessoas percebem como o nariz
interno está estreitamente relacionado com o cérebro, o sistema nervoso e a
glândula pituitária (situada na base do cérebro); o nervo olfativo possui
extremidades nervosas na parte superior do compartimento.
A parte interna do nariz é acidentada,
encaroçada, e inteligentemente projetada para deslocar o ar em determinadas
direções. Os cornetos, três saliências em forma de concha que você poderá ver
se inclinar a cabeça e olhar no espelho, agitam o ar, fazendo-o circular, e
também protegem os sensíveis tecidos do pulmão, adicionando umidade.
Os cornetos desviam o curso do ar, o agitam e
são indiretamente responsáveis pelo fato de nosso nariz ficar pingando no
inverno (quando exalamos, a umidade contida no ar quente condensa-se do lado
de fora).
A membrana mucosa também ajuda a parte interna
do nariz a limpar a si mesma — porque ela recolhe poeira e micróbios e, como
está em constante movimento, conduz para fora os detritos indesejáveis.
A membrana mucosa, com seus milhões
de cílios, minúsculas estruturas semelhantes a fios de cabelo, é um dispositivo
inteligente para manter todos os micróbios em movimento, de modo que não se
acomodem e causem infecções.
E um sistema brilhante, mas nem
sempre funciona. Se o muco estiver espesso demais, ele seca e forma uma crosta;
se estiver excessivamente fluido, o nariz começa a escorrer.
O alimento que ingerimos está
diretamente relacionado com a contextura e a quantidade do muco. Os laticínios
e as frutas cítricas como as laranjas, bem como os alimentos açucarados e os
amiláceos, estimulam a produção de um muco mais denso.
O muco não é apenas uma secreção que protege
nosso pulmão, mas também uma excreção, quando os outros órgãos excretores
(pulmões, pele, intestinos, rins e útero) não conseguem eliminar do corpo os
resíduos acumulados.
Tudo está relacionado. Os alimentos
processados bloqueiam o sistema digestivo, os antiperspirantes impedem a pele
de desempenhar seu papel como função excretora, a falta de fibras gera a prisão
de ventre.
Os sistemas recuam. O corpo responde
descarregando uma grande quantidade de muco. E dessa maneira que o excesso de
comida, uma alimentação deficiente ou a prisão de ventre podem provocar um
resfriado.
Comer apenas verduras e legumes verdes durante
um ou dois dias, suprimir a carne e os laticínios, tomar um laxante, beber
várias vezes ao dia uma colher de chá de vinagre de cidra de maçã dissolvida em
água são maneiras rápidas de restabelecer o equilíbrio alcalino do corpo e evitai
contrair resfriados e infecções respiratórias.
A maioria dos órgãos reflete outros
órgãos do corpo. A curva da pélvis repete-se na palma da mão e no ouvido. A
metade superior do corpo é uma imagem espelhar da inferior.
As mãos e os pés estão relacionados —
através de ambos, pontos sensíveis ou de pressão são capazes de aliviar os
órgãos em todo o corpo. Curiosamente, o nariz está relacionado com os órgãos
sexuais.
Debaixo da membrana mucosa existe uma camada
esponjosa de tecido erétil, também encontrado nos órgãos genitais e nos seios.
Freud escreveu a respeito da interação entre
os órgãos sexuais e o nariz. Ele desenvolveu originalmente sua teoria básica
correspondendo-se com um otorrinolaringologista, Wilhelm Fliess. Ambos se
interessavam pelos reflexos que ligam o revestimento nasal e os órgãos
reprodutores.
Eles descobriram que podiam “curar” as cólicas
menstruais anestesiando certas partes do revestimento nasal. Existe um
interessante fenômeno chamado “nariz de lua-de mel”, conhecido pelos
otorrinolaringologistas.
A contínua estimulação sexual do período da
lua-de-mel faz com que o tecido erétil do nariz fique cronicamente ingurgitado,
como os órgãos genitais estimulados.
A ligação com o cérebro também é
profunda. Em geral, o ar flui inicialmente pela narina direita e depois pela
esquerda, fazendo um revezamento que varia entre noventa minutos e duas horas.
Este é um ritmo biológico natural, chamado de
“ritmo infradiano” pelos cientistas ocidentais que “descobriram” o que os
antigos yogues já sabiam há milhares de anos, (Certas atividades são mais
apropriadas para o fluxo da narina direita, outras para o da esquerda.
Primeira parte - continua no proximo post
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