Cérebro faz
"limpeza" nas memórias enquanto você dorme, sugere estudo
Pesquisa
realizada com ratos demonstra processos fisiológicos associados à memória e ao
esquecimento
Redação
Revista Galileu
Os pesquisadores
espanhóis já haviam demonstrado, dormir é um processo fundamental para a
memória. É nesse momento que o cérebro consolida lembranças relevantes e
esquece aquelas que não são tão importantes.
Estudo descobriu que "faxina" cerebral fica desregulada quando o sono é insuficiente, levando células saudáveis no processo.
Por Bruno
Carbinatto
Para observar esse processo fisiológico da memória, os cientistas anestesiaram os ratos, já que estes animais têm um sono imprevisível e que dura apenas 15 minutos, em média.
Em seguida,
os cientistas analisaram o capacidade do cérebro de fortalecer ou enfraquecer
sinapses, chamada de plasticidade sináptica. Este processo é capaz de explicar
a cimentação de algumas lembranças, mas ainda não consegue explicar o
esquecimento de outras.
Por isso, os
pesquisadores exploraram as características do sono de ondas lentas, quando a
atividade cerebral oscila a cada segundo. É nesse estado que as sinapses são
programadas para enfraquecerem, “limpando” as informações do cérebro que não
são relevantes e que só “ocupariam espaço”. Enquanto isso, memórias são
consolidadas durante os picos de atividade.
O estudo pode ajudar a estudar informações sensoriais de ratos ao reativar neurônios relevantes durante o sono.
2.Quando não
dormimos o suficiente, nosso cérebro começa a “comer” a si próprio
Estudo
descobriu que "faxina" cerebral fica desregulada quando o sono é
insuficiente, levando células saudáveis no processo.
Por Bruno Carbinatto -
Não é nenhuma
novidade que uma rotina de sono insuficiente e desregulada pode causar
problemas físicos e psicológicos variados, desde dores no corpo, mudanças de
humor e até um aumento no risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Mas se esses motivos não bastam para te
convencer a colocar o sono em dia, aqui vai uma história aterrorizante: quando
não dormimos o suficiente, nosso cérebro começa a “comer” a si próprio, segundo
um estudo.
Sabemos que o
sono funciona como um período de “limpeza” do cérebro. Além de neurônios,
outras células importantíssimas do sistema nervoso são as chamadas células
gliais, que executam várias funções de apoio no cérebro.
Dentro desse
grupo, existem as micróglias, que agem de maneira parecida com os glóbulos
brancos em nosso sangue: elas defendem e mantém o cérebro seguro e saudável ao
fagocitar (isto é, “engolir”) invasores e células mortas ou defeituosas que
precisam ser retiradas – como uma espécie de faxina cerebral.
Outra célula
de apoio é o astrócito, que, entre outras funções, consegue desfazer sinapses
no cérebro para dar lugar a outras no dia seguinte. Sinapses são ligações entre
neurônios, feitas para transmitir são ligações entre neurônios, feitas para
transmitir e armazenar informações, como memórias e pensamentos. Ao fazer isso
durante a noite, os astrócitos abrem espaço para novas informações tomarem o lugar
dessas ligações.
Já no
terceiro grupo, quando os roedores tentavam dormir por conta do sono natural,
eles eram mantidos acordados artificialmente por mais oito horas, para simular
o cérebro de uma pessoa com rotina de sono....
Esses processos
acontecem de noite, quando a atividade do corpo é menor. Acontece que, quando
não temos um tempo bom de sono, a limpeza do cérebro fica comprometida.
Porém, um
estudo de pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados
Unidos, descobriu que essa faxina acontece de uma maneira ou de outra – se não
der para acontecer durante o sono, ela será feita com o cérebro acordado mesmo.
Mas isso traz
problemas: com o cérebro em plena atividade, a limpeza fica
caótica e confusa, e acaba levando células saudáveis e benéficas por engano no processo.
Esses dois
grupos, então, mostravam situações ideais.
Já no terceiro grupo, quando os roedores tentavam dormir por conta do sono natural, eles eram mantidos acordados artificialmente por mais oito horas, para simular o cérebro de uma pessoa com rotina de sono desregulada.
No último grupo, os
camundongos foram mantidos acordados artificialmente por cinco dias seguidos,
atingindo uma situação de falta de sono extrema.
Os resultados
dos dois grupos considerados “descansados” foram positivos – o nível de
atividade dos astrócitos e das micróglias eram normais, indicando que eles
haviam feito a faxina como deveriam. Nos
dois grupos com privação de sono, porém, a história era outra.
Essas células
de limpeza foram encontradas ativas em 8% a 13,5% de todas as sinapses do
cérebro, sendo que, nos grupos descansados, elas só agiam em indica que a
eliminação de células e sinapses estava acontecendo acima do normal, em locais
onde normalmente não deveria acontecer, devido à falta do sono. Neste cenário
caótico, células saudáveis eram levadas embora.
Além disso,
os pesquisadores notaram que, nos grupos com privação de sono, as micróglias e
os astrócitos estavam agindo também em sinapses maiores e mais antigas do
cérebro, que geralmente são associadas com o armazenamento de informações e
memórias mais acessadas pelo cérebro – ou seja, lembranças e aprendizados de
maior prazo e importância.
Nos grupos
descansados, a faxina focava em sinapses novas e menores, que geralmente
armazenam e transmitem informações de menor relevância, que acabamos esquecendo
para dar lugar a novas.
Os resultados
preocupam, principalmente porque estudos anteriores já associaram atividades
desreguladas de micróglias com doenças como Alzheimer e demência.
Ainda não dá
para bater o martelo e dizer que a privação de sono causa diretamente essas
condições – outros estudos mais focados nessa questão precisam ser conduzidos
Mas os
pesquisadores alertam que a falta de sono definitivamente não parece fazer bem
para nosso cérebro: de qualquer maneira, a recomendação de uma boa rotina de
sono continua para todos.
Postado por Dharmadhannya
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