Prece do Perdão ou Amorização
PE. ALÍRIO J. PEDRINI, SCJ
Apresento-te, em seguida, um roteiro
prático da «Oração de Amorização», detalhadamente, parte por parte.
PE. ALÍRIO J. PEDRINI, SCJ
Seguindo este
roteiro farás a tua oração pessoal para curar o teu coração. Por fim,
mostrar-te-ei um exemplo vivo, falado e concreto, que será como se estivesses
ouvindo alguém a fazê-la. Compreenderás, desta forma, toda a sua dinâmica e
observarás a sua facilidade.
Digamos, então, depois de todas as explicações dadas,
o que é a Oração de Amorização.
1. Roteiro
prático
1 —
Invoca a presença de Jesus. Faz um momento de oração espontânea com Ele:
adora-o, louva-o, agradece-lhe por todas as bênçãos recebidas.
2 —
Torna presente, na tua imaginação, urna pessoa que te feriu.
3 —
Realiza os passos do perdão. (Só os que forem necessários.)
— Perdoa
a pessoa que te ofendeu.
— Pede-lhe
perdão, se também a feriste.
— Perdoa-te
a ti mesmo pelo erro cometido contra ela.
— Pede
perdão a Jesus por ela e por ti próprio.
4 —
Realiza os passos de louvor. Elogia.
— Louva,
elogia a pessoa pelo seu lado positivo.
— Louva,
elogia a Jesus pelo lado positivo dessa pessoa.
5 —
Entrega as tuas feridas a Jesus e pede-lhe que as cure.
6 —
Agradece ao Senhor a oração de amorização realizada.
2. Explicitação
de todas as partes
Para exemplificar concretamente,
apresento pequenos
momentos de uma oração de amorização
realizada com o próprio pai.
Imaginemos que tens tido problemas com o teu pai, e este feriu o teu coração
por comportamento nem sempre bom e justo.
1. INVOCA
A PRESENÇA DE JESUS:
faz um momento de oração espontânea.
Inicia a oração de amorização,
entrando em clima de oração. Por exemplo: entra no teu quarto, fecha a porta,
põe um fundo musical, senta-te numa cadeira, na cama, ou no chão, como
preferires. Concentra-te uns instantes. Invoca a presença de Jesus, num gesto
interior de fé.
Porque Ele é Deus, é omnipresente e está, de
facto, junto de ti. Se quiseres, poderás colocar uma cadeira à tua frente e
visualizar Jesus aí sentado. Vê-o com os olhos do coração ou da imaginação.
Contempla o seu rosto, o seu corpo,
os seus olhos, o seu sorriso. Conversa com Ele uns momentos, louvando-o,
agradecendo- lhe a presença.
Elogia-o por algo de bom que te deu ou te fez
nos últimos dias. Diz-lhe que queres amorizar tal pessoa para poderes curar o
teu coração, pois desejas amá-la mais e melhor, como Ele ordenou. Pede-lhe a
graça de poderes curar-te de todas as tuas feridas.
Diz tudo com muito coração.
Se não conseguires visualizar Jesus
vivo, faz um ato de fé, crê que Ele está presente, pois Ele disse: «Estarei
contigo todos os dias...» Portanto, também agora, quando tu o invocas e dele
precisas. Poderias, como auxílio, colocar diante de ti um quadro ou um poster
de Jesus vivo, para facilitar a tua concentração.
A teu modo podes orar:
«Jesus, Filho de Deus, meu salvador,
vivo, ressuscitado, glorioso, invoco a tua presença junto de mim. Vem, Senhor
Jesus! És Deus, e por isso podes estar presente em todos os lugares ao mesmo
tempo.
Portanto, também aqui, comigo, agora. Eu te
adoro, Senhor Jesus. Reconheço-te como Deus, com o Pai e o Espírito Santo: Deus
Uno e Trino.
Louvo-te, Jesus ressuscitado, pois
mesmo sendo um Deus infinito, poderoso, perfeitíssimo, maravilhoso, és simples,
amigo, aconchegado a nós, pequenas criaturas humanas. Que maravilha poder
contar com a tua presença junto de mim. Muito grato, Senhor Jesus.
Senhor, preciso muito da tua presença
agora, pois quero curar o meu coração das feridas que me foram feitas, como
também das que fiz em mim mesmo, por meus próprios erros.
Preciso de curar o meu coração para poder amar
mais e melhor, para ter mais s4úde, alegria de viver e disposição de servir.
Quero usar o remédio que Tu me
destes: o perdão. Quero usar a pomada do perdão, Jesus, hoje e por muito tempo,
todos os dias, até sentir-me totalmente curado: Obrigado, Senhor, por nos teres
ensinado uma terapia tão simples e tão prodigiosa. Amem.»
2. TORNA
PRESENTE, NA TUA IMAGINAÇÃO, UMA PESSOA QUE TE FERIU
Toma presente na tua imaginação unia
pessoa que feriu o teu coração e que escolheste para amorizar. Imagina que
Jesus a recebe com alegria, pois a ama.
Eles sentam-se juntos, bem à tua
frente, a olhar para ti. Sentam-se em cadeiras — ou na cama, ou no chão.
Se, porventura, não conseguires
visualizar a pessoa, decide-te interiormente a realizar a oração, como se ela
estivesse ali, oculta por uma cortina que não deixa vê-la: a cortina escura da
tua imaginação
. Tu não a vês com a tua imaginação,
mas ela está presente. Poderias também pôr uma foto dessa pessoa.
Ou escrever o
seu nome em tamanho grande e bem legível numa folha de papel, para a colocar
diante de ti. O nome representa muito bem a pessoa.
Já estás na presença de Jesus e da
pessoa. Estão em três: dois reais, vivos, presentes: Jesus e tu. A outra, está
presente na imaginação.
Agora, tu conversas com a pessoa que
se fez presente, agradecendo-lhe a presença e dizendo-lhe da tua vontade em te
curares de todas as feridas feitas por ela, para amá-la mais e melhor. Fá-lo da
maneira mais viva possível.
A teu modo podes dizer:
«Meu pai, tomo a liberdade de
trazer-te à minha presença e à de Jesus vivo que está comigo, pois preciso de
conversar contigo sobre alguns acontecimentos dolorosos que vivemos juntos, e
que deixaram feridas no meu coração. Tenho a certeza, meu pai, que também tu
queres este encontro, pois sei que me amas e que lamentas ter-me ferido. Sei
que és bom e que desejas muito ver-me curado das minhas feridas.
Mas eu também, meu pai, desejo ver-te
curado das feridas que te fiz; das tristezas, preocupações, desgostos que te
causei. Será óptimo para nós este encontro, meu pai. Obrigado pelo teu amor por
mim. Obrigado por aceitares o meu perdão e me dares o teu.»
A tua conversa com Jesus e com a
pessoa a ser amorizada pode ser feita a meia voz. Isto é, falas de modo que
possas ouvir a própria voz. Ouvires a própria voz, ouvires o que dizes, é dar
um instrumento ao Senhor para agir dentro de ti. Ele irá usar a tua voz como
instrumento para falar e atingir o teu coração.
3. REALIZA
OS PASSOS DO PERDÃO
O perdão é o fogo que cauteriza as
feridas do teu coração. O perdão generoso, forte, consciente, vivo e repetido
muitas vezes é poderoso, infalível e eficiente para curar qualquer ferida
emocional, por maior e mais antiga que seja.
Foi por isso que Jesus o ensinou, o
ordenou e o pôs como condição necessária para sermos perdoados por Deus.
Pedro, Apóstolo, perguntou a Jesus:
— Senhor,
quantas vezes devo perdoar ao meu irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?
— Não
te digo, Pedro, até sete vezes. Mas até setenta vezes sete (Mt 18,21-22).
Noutra oportunidade, Jesus afirmou:
«Se não vos perdoardes uns aos outros os vossos pecados, tampouco o Pai
celestial vos perdoará os vossos» (Mc 11,26).
Na oração que Jesus nos ensinou,
dizemos: «Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos aos que nos
ofenderam» (Mt 6,12).
Ah! Se compreendêssemos a profunda
sabedoria e a importância destes ensinamentos e ordens de Jesus para a saúde
espiritual, psicológica, emocional e física! Quantos já nem estariam mais
doentes, nem traumatizados, nem destruídos emocionalmente, se tivessem aplicado
às suas vidas essa sábia terapia do perdão.
Recorda que perdoar não significa
desculpar, nem pôr panos quentes. Perdoar é reconhecer que a pessoa errou, e
decidiste dar-lhe o perdão pelo erro cometido contra ti.
Quando Deus perdoa, ele não afirma:
«Filho, tu agiste mal, mas não importa, não tem importância. Tu, afinal, não
erraste muito.»
Pelo contrário, Deus diz: «Tu
erraste. Mas porque estás arrependido, eu perdoo-te, todo o erro com toda a sua
culpa.» Deus não minimiza. Não encobre. Ele perdoa. Perdoa como foi o erro, sem
mudar nada.
Sem minimizar nem aumentar. Deus age assim porque é justo.
Como o perdão de Deus, assim deve ser
o teu. As vezes, é difícil perdoar. Principalmente quando a ofensa foi
maliciosa, ou muito covarde, ou muito grande, ou muito repetida.
Sim, é
difícil, mas não impossível. Quando se trata de perdoar, Jesus vem sempre em
auxílio, com o poder do fogo do Espírito Santo. Este sabe queimar todos os nós
de ódio, de mágoa ou de ressentimento que trazemos.
Encontrei algumas pessoas que eram
incapazes de perdoar, de dizer que perdoavam, mesmo que o quisessem. As
palavras não lhes saíam da boca, por mais que o quisessem e se empenhassem.
Um jovem, filho de um oficial
militar, estava profundamente traumatizado pela dureza e despotismo do seu pai.
A sua personalidade estava destruída.
Não conseguia sequer estudar, trabalhar,
sair de casa, fazer amizades ou conversar com raparigas da sua idade. Ao orar
por ele, pedi-lhe que perdoasse o pai. A sua voz não lhe saía da boca. As
cordas vocais eram bloqueadas pelo desamor.
Disse- lhe:
— Repita estas palavras em voz alta:
«Pai, eu perdoo-te...»
Ele foi incapaz de repeti-las.
Gaguejava irresistie1mente: Pa-papa-pai e-e-e-e-eu — Não
posso! Não consigo! — disse. O seu
psiquismo ferido bloqueava totalmente a sua voz.
O mesmo ocorreu com uma religiosa. As
palavras não lhe saíam da boca quando sugeri que perdoasse a um membro da sua
família que a havia ferido muito.
Que fazer nestes casos? Simplesmente
pedir a Jesus a força para poder falar e dar o perdão. Orar uns momentos,
solicitando a força interior, a decisão da vontade para perdoar. Procurar,
depois, repetir frases de perdão, mesmo que forçadas, ditas com o esforço da
vontade.
Tem a certeza de que o auxilio de Jesus virá. Conseguirás perdoar.
Pelo menos, poderás começar a perdoar. Depois, chegarás ao ideal.
A realização do perdão é feita em
quatro direcções. São os quatro passos do perdão.
PRIMEIRO PASSO: Perdoar a quem te
ofendeu.
Conversando com a pessoa a ser amorizada,
realiza o perdão num ato de vontade, firme e decidido. Perdoa, envolvendo todo
o teu ser.
Perdoa com a maior profundidade possível. Perdoa repetidamente até
perceberes o perdão envolvendo todo o teu ser, até à profundidade. Perdoa
muitas vezes: dias, semanas, até sentires o efeito benéfico.
Podes orar desta forma:
«Meu pai, recordo-me de que, ainda
criança, assisti a uma forte discussão entre ti e a minha mãe. Lembro-me que tu
foste muito duro, gritaste demais e até ameaçaste bater-lhe. Aquilo feriu-me
muito, muito. Lembro-me que chorei bastante ao ver a minha mãe tão agredida e
tão triste; lembro-me da raiva que senti por ti.
Meu pai, eu te perdoo por teres ferido a minha
mãe e, por isso, a mim também. Eu te perdoo por teres gritado tanto e ameaçado
a minha mãe. Eu te perdoo, pai, por todo o sofrimento que me causaste naquele
dia. Sente-te perdoado.»
«Pai, lembro-me de que nos meus doze
anos, por ter ido a uma festa de aniversário de uma colega, sem tua permissão,
e por ter voltado muito tarde, tu me bateste diante dos meus colegas. Tu me
ofendeste muito naquele dia.
Quando me lembro, sinto-me mal, humilhado, até
hoje. Pai, eu te perdoo de todo o coração. Perdoo-te pela humilhação que sofri,
pela vergonha que me impuseste diante dos colegas. Eu te perdoo, meu pai.
Sente-te perdoado, pai, para sempre.»
Deste modo, percorres todas as
feridas do teu coração, feitas pelo teu pai, no decurso de toda a tua vida.
Passas a pomada do perdão em todas, tratando uma por uma.
SEGUNDO PASSO: Pedir perdão à pessoa
pelo mal que lhe fizeste.
Para curar as feridas do teu coração
é preciso, às vezes, pedir perdão à pessoa pelas ofensas e feridas que lhe
fizeste, quando ela te feriu. Trata-se de pedir-lhe perdão em oração, para que
tu fiques curado. Fazê-lo pessoalmente seria ainda melhor, para uma
reconciliação interpessoal.
Tiveste um desentendimento com
alguém. Este agrediu-te, causou-te problemas e aborrecimentos. Ao seres assim
tratado, tu retorquiste, acusaste, agrediste. Ambos ficaram feridos: tu e ele.
Nesse caso, não basta tu perdoares-lhe.
É preciso que lhe peças perdão também.
Tu também o ofendeste, feriste, magoaste. Para a tua cura profunda é importante
reconheceres a tua parcela de erro e pedires perdão.
— Mas
foi ele quem começou!
— Não
importa. Aqui não se trata de encontrar os culpados, mas sim de tu curares as
feridas que ele te causou. Para isso é preciso perdoar-lhe, mas também
pedir-lhe perdão.
Podes agir desta forma:
«Pai, aproveito para pedir-te perdão,
pois naquela briga com a minha mãe, mesmo sendo tão pequeno, eu odiei-te.
Desejei que
desaparecesses, fosses embora para
sempre, para não mais fazeres sofrer a minha mãe. E por muito tempo guardei
ressentimento.
Perdão, meu pai. Perdão pelos maus desejos alimentados contra
ti, desejando que desaparecesses. Assim, como te perdoo, perdoa-me.»
«Eu te peço perdão, pai, porque
naquela noite que voltei tarde da festa de aniversário e tu me bateste, eu
fiquei cheio de ódio a ti e desejei-te muito mal.
Muito mesmo! E fiquei a
odiar-te, por muito tempo, esperando uma oportunidade para me vingar. Perdão,
pai, pelo meu ódio, pelos maus desejos. Perdão, pai.»
Deste modo tu percorres todos os teus
relacionamentos dolorosos com o teu pai e pedes-lhe perdão. Facto por facto.
Ferida por ferida.
TERCEIRO PASSO: Perdoares-te a ti
mesmo.
Trata-se de perdoares-te a ti mesmo
daquilo que foste culpado em algum episódio, em que tu e o outro saíram
feridos, magoados emocionalmente. Por exemplo: alguém te caluniou.
Tu
retorquiste, agredindo-o com palavras duras, com ameaças de vingança. Ambos
ficaram prejudicados. Para curar o teu coração da calúnia sofrida, precisas de
perdoar- te profundamente do teu erro de ter contra-agredido. Ele errou. Tu
também.
É preciso, pois, perdoares-te por
teres agido de forma errada. Muitos não aprenderam a perdoar-se. Nunca ouviram
falar em semelhante perdão.
Por isso vivem cheios de ódio a si próprios, de
inaceitação da sua pessoa, carregados de vergonha, medo, remorso, por causa das
suas falhas e pecados. Carregam um fardo
pesado, desagradável,
malcheiroso, pela vida fora, quando
já deviam tê-lo atirado ao fogo do autoperdão.
Cuidado! Perdoar-se não significa
desculpar-se. Nem convencer-se de que não errou. Isto seria desastroso. Seria
esconder o lixo debaixo do tapete. Seria ocultar a ferida. Perdoar-se é
reconhecer o erro e dar-se um perdão profundo. Como tu perdoas aos outros, da
mesma forma perdoa-te a ti mesmo.
Algumas pessoas têm muita dificuldade
em se perdoar. O orgulho não lhes permite reconhecer que erraram. Dão-se todas
as desculpas para não ter de admitir os próprios erros. Por isso não reconhecem
a necessidade de perdoar a si mesmas.
Outras não se perdoam por
auto-punição. Como por uma vingança ou raiva contra si mesmas, não se perdoam,
para continuar a sofrer. São pessoas obviamente enfermas.
Encontrei alguns casos de pessoas que
— por mais que o quisessem — não podiam pronunciar uma palavra de perdão em
favor de si mesmas.
Uma senhora que havia vivido uma
vida irregular por mais de vinte anos, na sua conversão inicial, pôde perdoar e
pedir perdão a todos os que a haviam ferido, em todos aqueles anos.
Quando,
porém, lhe sugeri que se perdoasse de todo o erro praticado, ela não conseguiu.
Nem sequer pôde repetir frases de autoperdão, ditadas por mim. Após um apelo
veemente a Jesus, para que interviesse com seu poder para desfazer aquele
auto-ressentimento, é que pôde perdoar-se. Foi uma luta íntima muito grande.
Com a ajuda de Jesus, venceu! Glória a Jesus!
Perdoa-te. Não deixes de fazê-lo. Se
Deus te perdoa de tudo, seja qual for o erro, quando lhe pedes perdão; se
perdoas aos outros e eles a ti, não é justo, nem razoável, nem compreensível e
muito menos ainda sábio, tu não te perdoares a ti mesmo. Quem és, para não
quereres dar-te um perdão profundo a ti mesmo?
Podes agir desta forma:
«Eu, Mário, me perdoo, de todo o meu
coração, por ter desejado que o meu pai desaparecesse para sempre, por ter
brigado com a minha mãe. Eu me perdoo por todo o sentimento de raiva guardado e
até cultivado em mim, por tanto tempo. Eu me perdoo por lhe ter desejado mal.
Sim, eu me perdoo de todo o meu coração.»
«Quero perdoar-me, agora, por todo o
ressentimento em relação ao meu pai, guardado e cultivado, por causa daquela
sova. Eu me perdoo por não ter pedido licença para ir à festa; por ter voltado
tão tarde, sabendo que ele não suportava isso. Eu me perdoo por até ter
desejado a sua morte. Eu me perdoo de todo o coração.»»
Deste modo, tu percorres as feridas
do teu coração, feitas por ti em ti mesmo quando agiste de forma inconveniente
e errada contra quem te ofendeu, e perdoas-te a ti mesmo com toda verdade e
generosidade.
QUARTO PASSO: Pedir perdão a Jesus,
por ti e pelo outro.
O quarto passo consiste em pedires
perdão a Jesus por ti e pela pessoa que estás amorizando. Tu o fazes,
conversando com Jesus, apresentando-lhe o teu erro e humildemente pedindo-lhe
perdão. Pede- lhe, também, que perdoe a pessoa que estás amorizando.
Essa
atitude humilde de pedir perdão para ambos trar-te-á uma abertura total do
coração para receberes a ajuda poderosa do Senhor Jesus, a fim de ficares
realmente curado das tuas feridas.
Podes realizar este passo da seguinte
maneira:
«Jesus, eu te peço que perdoes a meu
pai e a mim por nos termos ferido mutuamente. Perdoa a meu pai por aquela briga
que teve com a minha mãe; por a ter ofendido tanto, entristecido tanto.
Perdoa-lhe, pois agindo daquela forma, ele feriu-me profundamente.
Perdoa-lhe Jesus, pois eu já lhe
perdoei. Mas perdoa-me a mim também, pois errei contra o meu pai, desejando-lhe
tanto mal, desejando até que desaparecesse da nossa vida. Perdão, Jesus.»»
«Peço perdão também para mim e para
meu pai, por nos termos ferido tanto naquela oportunidade em que me bateu.
Perdoa-lhe, Senhor, por ter agido daquela forma diante dos meus colegas, por me
ter humilhado tanto.
Mas perdoa-me também; pois guardei-lhe tanto ódio, desejei-lhe
tanto mal, e até esperava a oportunidade para me vingar. Perdão Jesus.
Perdoa-nos por nos termos ferido tanto.»
Deste modo falas calmamente com
Jesus, pedindo
perdão para o teu pai e para ti
mesmo.
3. Realizar
os passos de louvor
Para amar é preciso, antes, fazer
curativos nas feridas do coração. É preciso, porém, completar a obra, por meio
do louvor, ou seja, do elogio à própria pessoa, e a Jesus, pelas qualidades
dessa pessoa dentro do teu coração e, por isto, traz uma nova realidade de amizade
e bem-querer.
O elogio e o louvor têm a capacidade
de nos levar a reconhecer, a descobrir e a admirar muitas qualidades
espirituais, psicológicas, morais e físicas das pessoas e, com isso, leva-nos a
admirá-las e amá-las.
No início deste texto afirmava-te que
o nosso amor, a nossa amizade e bem-querer para com alguém dependem da imagem
que temos desse alguém dentro de nós. Se a imagem é boa, gostamos; se a imagem
é desfigurada, não gostamos. Dissemos, ainda, que aquilo que faz ou desfaz a
imagem de alguém em nós são as boas ou más lembranças que guardamos das
pessoas.
Podes perceber a importância do
louvor, do elogio. Ele refaz a imagem. Toma-a bela. Sempre mais bela, quanto
mais tu elogias e louvas, pois pelo louvor vais descobrindo e acrescentando
qualidades, belezas.
ompreendeste? Elogiando, vais
embelezando a imagem da pessoa dentro do teu coração. Quando a imagem fica
bela, tu gostas, amas.
Não te aconteceu já, alguém dizer-te:
«Eu já gostava de ti, antes de te conhecer pessoalmente!»
Por quê? Porque
alguém falou bem de ti a essa pessoa. Falando bem de ti, fizeram bela a tua
imagem nesse coração, e ela passou a gostar de ti, mesmo sem te conhecer.
Aqui está mais um dos tão belos
ensinamentos de Jesus. Mandou falar bem das pessoas. Isto é, mandou elogiar.
Jesus mandou falar bem de todos. Falar sempre e só bem.
Uma das maneiras mais
fáceis e perfeitas de amar, de crescer no amor, é elogiar. Jesus mandou amar,
elogiando.
MODO PRÁTICO DE REALIZAR OS PASSOS DO
LOUVOR, DO ELOGIO.
É simples, como o fazes na conversa
de todos os dias, entre amigos. Voltemos ao quarto onde estás amorizando o teu
pai. Após passar a pomada do perdão em todas as feridas, tratando uma por uma,
fazes elogios ao teu pai, por todas as suas qualidades, virtudes e boas acções.
Podes agir desta forma:
«Meu pai, se é verdade que houve
acontecimentos dolorosos que nos feriram; se é verdade que tu me feriste e me
fizeste sofrer, e que eu te feri, é bem verdade também que eu vejo e admiro o
teu lado bom, o teu lado positivo, as tuas qualidades e virtudes.
Pai, sabes, eu admiro-te muito, como
marido. Tu és um bom marido! Se é verdade que houve aquele incidente, e alguns
outros momentos de desamor com a minha mãe, é também verdade que mil vezes eu
vi-te amar, alegrar, acariciar, fazer a minha mãe feliz.
Quero elogiar-te, pois
tu és um bom esposo. Digo, até, que és um exemplo que posso seguir no futuro.
Fico tão feliz ao ver-te sempre tão unido, delicado, bondoso, amante. A minha
mãe é muito feliz por ter-te como marido.»
«Jesus, muito obrigado pelo exemplo
do marido que é o meu pai. Sabes, Senhor, isto faz-nos um bem tão grande, a
todos, em casa? Obrigado, Jesus! Quero louvar-te, Senhor, por todos os muitos
momentos bons que o meu pai deu à minha mãe, pelos meses e anos vividos em
tanto amor. Abençoa-os, e que tenham muitos anos de vida, vividos sempre num
amor maior. Obrigado, Jesus.»
Desta maneira fazes elogios ao teu
pai, e depois a Jesus vivo, por todas as qualidades que reconheces nele:
qualidades espirituais, morais, físicas. Elogia-lo pelos bons momentos que te
proporcionou, pelas surpresas e presentes.
7.4. Entregar
as feridas a Jesus
Jesus está muito interessado em que
cures o teu coração. Ninguém está tão interessado como Ele, pois sabe quanto é
importante para a tua saúde espiritual, psicológica, emocional, física,
familiar e comunitária a cura do teu coração.
Aliás, ao iniciar a sua missão,
Jesus afirmou que veio também para «curar os corações feridos» (cf. Lc 4,
14-22).
Já Isaías profetizava: «É por suas
feridas que nós somos curados» (cf. Is 53,5).
Entrega a Jesus vivo as feridas do
teu coração para que apresse a cura. Falando com Ele, entrega as tuas feridas,
as dores que sentes ou sentiste, as suas consequências. Suplica que as toque e
as cure.
Podes orar assim:
«Senhor, entrego-te agora as feridas
do meu coração para que as cures. Entrego-te, Jesus, aquela ferida tão dolorosa
feita em mim por meu pai, quando ameaçou bater na minha mãe. Entrego-te toda a
tristeza que senti, toda a tristeza que percebi na minha mãe, toda a raiva e
mágoa que senti e alimentei em mim. Toca, Senhor, nesta ferida, e cura-a
profundamente, totalmente.»
«Entrego-te, Senhor, aquela ferida tão dolorosa que
o meu pai me fez, ao me bater diante dos meus colegas. Entrego-te, Jesus, toda
a dor, toda a tristeza sofrida, toda a vergonha daquele momento, toda a raiva,
e até o ódio que senti pelo meu pai. Toca, Jesus, nesta ferida tão dolorosa e
cura-a totalmente.
Cura, Jesus, todas as consequências que permaneceram em mim,
por aquela sova recebida. Cura, Senhor, toda a vergonha, toda a humilhação.
Cura, Jesus. Muito obrigado, Senhor, porque estás tocando e aprofundando a
minha cura. Obrigado pelo teu amor redentor.»
Desta forma, entregas as feridas, uma
por uma, e
pedes ao Senhor que as toque e as
cure.
5. Agradece
a oração de amorização realizada
Após teres feito todo o processo de
perdão e de louvor, termina este período de oração com uma palavra de
agradecimento a Jesus, pela sua presença e pela ajuda que te proporcionou. No
caso de perceberes alguma modificação íntima, como paz, alegria ou libertação,
não deixes de agradecer imediatamente ao Senhor. Que esta oração seja bem
pessoal e íntima, concreta e criativa.
Podes orar assim:
«Senhor Jesus, agradeço-te de todo o
coração pela tua presença tão benéfica e tão desejável. Agradeço-te, de modo
todo particular, por esta terapia maravilhosa que nos ensinaste, a terapia do
perdão.
Que maravilha. Senhor, poder curar as feridas do coração, por meio do
perdão. Muito agradecido, Senhor, por este momento de oração, no qual pude
aprofundar a minha cura emocional. Agradeço-te todo perdão que pude dar, que
pedi e que dei a mim mesmo.
Muito agradecido, Senhor, pois sinto o quanto este
momento me fez bem. Afirmo-te que áspero contar com a tua presença, o teu poder
e à tua bênção de cura, sempre que voltar a fazer os curativos às feridas do
meu coração. Espero poder fazê-lo todos os dias. Obrigado, Senhor. Ámen.»
Por certo percebeste a importância, a
facilidade, a riqueza e até a beleza de poderes curar a tua, história, de
poderes cicatrizar todas as tuas feridas emocionais. Basta, agora decidires-te
a realizar a oração de amorização. cada dia um pouco; todos os dias, at6 que
estejas curado, inteiramente curado.
Oração de Amorização é um modo
dinâmico e pessoal de orar, modo concreto, sábio e profundo, pelo qual tu e
Jesus vão curando todas as feridas dó teu coração. A cura acontece com o perdão
que vai sendo dado, realizado, repetido, durante a oração.
Esta oração de perdão vai fazendo desaparecer
todas as dores do desamor sofrido, e faz renascer um novo ou renovado amor para
com a pessoa que te feriu, bem como para com os demais com quem convives.
Disse: tu e Jesus. Exato. Sem os dois
não se faz oração! E sem a presença de Jesus e a do poder do Espírito Santo, o
resultado ou será pequeno, ou não acontecerá.
É importante que seja «oração». Isto
é, um encontro entre ti e Jesus vivo, para realizarem juntos a cura de todas as
tuas feridas Postado por Dharmadhannya
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