Saúde Mental - Sintomas
iniciais do Alzheimer
Livro conta o caso raro
de uma paciente que conseguiu regredir a doença. Ela descreve em detalhes de
como sentia durante os primeiros anos e alerta para os sinais. Quanto antes se
percebe menores os danos. Ana Bardela
Um dos problemas do mal
de Alzheimer, doença incurável que provoca lesões cerebrais e causa perda de
memória e de funções cognitivas, é que, ao contrário de outras doenças, seus
primeiros sinais não provocam desconforto.
De acordo com o livro O Fim do Alzheimer (Ed.
Objetiva), no momento em que os sintomas são notáveis a ponto de
fazer com que a pessoa procure um médico, a doença está relativamente avançada
e difícil (quando não impossível) de tratar. O início, em geral, ocorre de 15 a
20 anos antes de o diagnóstico ser feito.
Para piorar a situação,
quando os sintomas se desenvolvem, a tendência é procurarmos justificativas
para nos assegurar de que nada grave está acontecendo. Dizemos que as palavras
estão “na ponta da língua” ou que determinado comportamento “é sinal da idade”.
Muitos realmente não estão sofrendo com o
desenvolvimento da doença, porém, alguns estão - como aconteceu com a paciente
relatada na obra: Eleanor tinha apenas 40 anos quando passou a notar os
primeiros sinais do Alzheimer. Ela é um dos raros casos em que foi possível
melhorar a cognição por meio do tratamento.
Ou seja: voltou a desenvolver pensamentos e
acessar memórias quase da maneira como fazia antes de ser diagnosticada com a
doença.
Animados com o caso, médicos pediram a ela que aproveitasse a
experiência no assunto e detalhasse o que sentiu durante nove anos, antes de
procurar ajuda: sua descrição pode ajudar outras pessoas a fazerem o
diagnóstico mais precocemente.
Cegueira
Facial
A dificuldade em
reconhecer e lembrar rostos foi a primeira das mudanças
Clareza
mental declinante
(Especialmente no fim
do dia)
Comecei a sentir um
cansaço mental cada vez maior, sobretudo após as 3 ou 4 horas da tarde. Errei em
pensar que isso era apenas um cansaço extremo. Ajudar meus filhos a fazer a
lição de casa era mentalmente exaustivo.
Era similar ao que eu sentia quando estava na
faculdade e na pós-graduação, depois de estudar intensamente e fazer provas
longas, exceto pelo fato de isso acontecer no meio da tarde, sem que eu tivesse
feito nenhum esforço mental. Nas reuniões de trabalho m sentia “zonza” tendo
pouco a acrescentar, em particular feitas no final do dia.
Declínio
do interesse por conteúdos
Incapacidade de
acompanhar leituras e filmes com tramas complicados ou de se envolver em
conversas mais complexas.
Declínio da capacidade
de recordar
“Era exaustivo ter de
tentar lembrar das coisas, como uma lista de compras no mercado ou qual comida
meus filhos queriam pedir.
Declínio do
vocabulário
Eleanor diz que sofria
para encontrar palavra certa e começou a usar vocabulário mais simples. “Costumava
buscar as palavras enquanto falava e talvez fizesse uma pausa procurando a
palavra certa. Isso era desconcertante para mim, mas não tão óbvio, mas não tão
obvio a ponto de ser notado pelos outros”.
Além, disso, tinha
dificuldades em falar línguas estrangeiras nas quais, antes era proficiente.
Misturando
as palavras
Não era incomum que eu
misturasse o nome dos meus filhos de vez em quando. Mas o que começou a
acontecer foi que eu usava palavras completamente erradas. Um dia fui chamar
minha cachorra no quintal e a chamei pelo nome da comida que estava comendo”.
Declínio da
velocidade de pensamento
Ela não só pensava mais
devagar como também digitava mais vagarosamente, como se os sinais do cérebro para
seus dedos tivessem de atravessar espécie de substância pegajosa.
Ansiedade crescente em
dirigir e encontrar o caminho
As inúmeras coisas que
os motoristas precisam ver e processar, desde a posição e movimentos dos outros
veículos e os movimento dos pedestres, deixavam Eleanor em um estresse tão
extremo que ela se sentia incapaz de dirigir
Dificuldade
em lembrar de uma lista de coisas para fazer
E também de compromissos, sentindo-se
assoberbada com frequência com o que precisava fazer.
Ela começou a perder
compromissos e “estava ficando muito ansiosa e estressada em não ser capaz de acompanhar
aquilo que acontecia na vida”.
Usava calendários e
mantinha bilhetes por toda parte, mas continuava esquecendo as coisas.
Sono interrompido
“Eu acordava com facilidade e quando isso
acontecia tinha muita dificuldade em voltar a pegar no sono: às vezes, levava
horas. Sempre acordava várias vezes á noite.
Cafezinho sem efeito
Fim do efeito
estimulante da cafeína.
Stress
Ainda não ficou
totalmente claro se o estresse contribui para o aparecimento da doença, mas
estudos dão corpo a essa ideia.
O cérebro é o principal
órgão para controlar como lidamos com experiências estressantes e todo estresse
leva a algum tipo de alteração nos circuitos dos neurônios.
Um exemplo são os
veteranos de guerra: aqueles que sofrem com transtorno de estresse pós-traumático
têm quase o dobro de chances de sucumbir à demência.
E pacientes de
Alzheimer com níveis mais elevados do hormônio cortisol, associado ao estresse,
têm deterioração mais rápida. Em nosso incessante esforço para fazermos e
sermos mais, acabamos integrando o estresse à vida diária. 0 crucial é
reconhecer quando ele pode ser evitado e fazer o possível para controlá-lo.
Alimentação
Um grupo de
pesquisadores de Chicago sugere que a dieta mediterrânea diminui pela metade a
probabilidade de desenvolver a doença.
Para colocá-la em
prática é necessário um alto consumo de frutas e vegetais, além de incluir no cardápio cereais integrais, leite,
produtos de carne de baixo teor de gordura, usar margarina vegetal e óleo de
semente de canola em vez de manteiga.
Além disso, ingerir
pelo menos duas porções semanais de peixe.
Exercícios
A relação direta ainda
não está comprovada. No entanto, sabe- se que os benefícios gerais à saúde são
consideráveis. Mesmo o exercício moderado pode baixar significativamente a
pressão sanguínea e melhorar a saúde cardiovascular. E esses fatores
influenciam no desenvolvimento da doença. Tanto a pressão alta quanto a baixa
aumentam os riscos.
Sono
Cientistas têm estudado
a relação entre sono e memória. Acredita-se que a consolidação das lembranças
aconteça em uma fase do sono chamada NREM.
Por isso, quem não consegue atingir esse
estágio entraria em um ciclo de danos cerebrais, favorecendo a doença. Por esse
motivo é importante
Sempre ter boas noites
de sono.
Revista Anamaria.
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